O Dia-a-dia Da Família Shion escrita por Hari Zang Elf


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novo á todos os leitores, embora tenha passado um pouco da data!



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– Vocês se conhecem desde quando? - Miku se arriscou a perguntar. Os mais velhos apenas pensando no que fazer com eles agora que sabiam enquanto Chihaya andava de um lado para o outro.

– Desde o primário. - Rina responde depois de algum tempo, profundamente irritada. - Por que vieram até aqui?

– Ouvimos o Gino gritando. - Akaito se levanta, andando em direção a mãe. - Se o que ouvimos é verdade então essa pessoa também é responsável pelo incêndio, não é?

– Terminamos a gravação amanhã, para seus quartos. - Chihaya aponta para a porta sem expressão. Era uma das raras vezes que eles fariam as coisas sem comentários, mas mais da metade deles já eram adultos e era eles que corriam riscos. Mereciam respostas.

– Não.

– Eu mandei irem para os quartos! - O tom de voz dela aumenta. Os mais novos saem levados por Big Al, que apesar de não saber o que acontecia entendia que não era bom eles estarem lá, deixando Mokaito, Akaito, Kaito, Zeito e Taito ali.

– Não. Não somos mais crianças. - Mokaito olha para a mãe preocupado, se dirigindo para o pai. - Podemos ter nossos defeitos mas vocês sempre nos ensinaram a nos defender sozinhos. Pelo menos podemos ajudar.

– Você não vai fazê-los mudar de idéia. São tão teimosos quanto você. - Raito sorri para a esposa, vendo-a ficar emburrada e vermelha.

– Bom, podemos precisar de ajuda mesmo. - Nikumo diz arregaçando a manga do terno e pegando uma das malas de trás do sofá.

Agora que notaram tinha várias malas espalhadas pela sala, inclusive as que eles trouxeram no carro. Eles abriram cada uma das malas, mostrando seus conteúdos: armas dos mais variados tipos, pistolas, facas, lanças, taco de beisebol, panelas... ´Panelas?´ Pensaram os garotos, Kaito tirando uma delas da mala.

– É bem útil e ainda posso fazer uma omelete depois! - Hina tira a panela da mão dele. - Escolham o que acharem melhor!

– Isso não parece agradável... - Mokaito fala retirando um bastão kwan de uma das malas, a sensação familiar da arma das aulas de artes marciais.

– Estou com medo de perguntar como vocês vão terminar com isso... - Akaito pega o taco de beisebol, se lembrando de quando jogava, balançando um pouco enquanto via Riku com um par de pistolas 9mm e uma espingarda, enquanto Clarence pegava um Colt antigo.

– Eles podem estar enganados... - Kaito comenta retirando e colocando de volta um chicote na mala. - Pode ser só brincadeiras sem graça de algum fã... Ou até algum fã obsessivo...

– Eu não acho... - Taito diz, brincando com um picador de gelo, jogando-o no ar e pegando de volta, oferecendo um para Zeito, que recusa com um movimento de cabeça e olhando para os pais e mães da sala. - Mas parece que eles tem certeza de quem é...

– Sim, parece... - Kaito abre outra mala, retirando uma metralhadora de lá e deixando-a cair de volta, fechando-a com força e olhando para uma das gêmeas que arrastava a mala para perto da porta, onde a irmã estava.

– Foi ele quem pediu por guerra. - Diz Rina atirando uma das adagas de seu cinto contra a porta, quase atingindo Raito que recolhia duas tonfas da mala, fazendo uma careta. - Só espero que ele esteja tão enferrujado quanto nós!

– Duvido. - Nikumo segurava o bisturi com firmeza, assim como seu conjunto de facas, atingindo perfeitamente uma flor de um vaso e fincando-a na parede, sorrindo de maneira cruel e recolhendo o objeto.

– É capaz que esteja. - Gino recolhe sua velha maça com um sorriso, movendo o item com uma agillidade quase sobre-humana. - Se não, por qual motivo faria esses joguinhos idiotas?

– Não importa. - Chihaya fala de maneira gélida, sentia como se voltasse a ser adolescente, sentindo o peso de "Clock", seu machado de estimação. - Desta vez, ele morre.

Ao dizer isso Kaito se vira para ela com os olhos esbugalhados e engole em seco, preocupado. Ao ver isso ela sorri da maneira gentil de sempre, rindo ao vê-lo segurando de maneira desajeitada uma panela. Ele sempre fora o anjinho dela! Nunca fora bom em lutas e com certeza acabava sendo alvo de brincadeiras dos garotos da vizinhança... Mas ele tinha o charme e o carisma dela. O mesmo carisma que tinha criado uma guerra entre dezenas de garotos da cidade por causa dela. Ela se vira para os outros filhos com um sorriso terno. Akaito, explosivo e forte, mas ainda muito gentil. Mokaito era sábio e responsável, além de muito ponderado. Seu sorriso se tornou mais preocupado ao ver os outros dois. Eles tinham herdado seu instinto cruel e assassino. Mas esperava ter ensinado eles bem, pelo menos. Zeito era frio e sádico, ele se divertia com o sofrimento dos outros. Foi difícil ensinar um pouco de compaixão. Mas nada que amor e paciência não fizesse. E Taito era obsessivo e psicótico. Ponderação era algo complicado, mas ele se esforçava. A luz começa a piscar repentinamente e apaga.

– É hora do show... - Kaito dizia com um gemido. ´Maravilhosa hora para aprender ironia´.

*

– Vocês imaginavam que tudo isso estava acontecendo? - Len pergunta enquanto todos esperavam no saguão de entrada, interrompendo o silêncio de vários minutos.

– Isso o quê? Eles nem nos explicaram direito. - Miku dizia, irritada por estar sendo excluída daquilo. Odiava o fato de ser tratada como um bebezinho indefeso pelos pais.

– Mas dá para criar muitas teorias... - Kikaito começa, empolgado pelo novo assunto. - Sabemos que têm alguém querendo fazer mal a nós e que nossos pais sabem quem é!

– É, e eles vão resolver do jeito deles! - Rin responde, ficando entediada na sala, se encostando no irmão, não querendo se meter nos negócios dos adultos.

– Nós podemos ter ouvido errado... Pode ser só uma brincadeira de mal gosto... - Kaiko tenta tirá-los daquele assunto. Não gostava quando o irmão viajava naquelas idéias de conspiração maluca.

– Eu duvido. - Oliver diz em inglês, depois de Len ter explicado a ele e Big Al sobre a conversa. - Eles estavam muito preocupados.

– Talvez devêssemos tentar nos apertar em uma das vãs e ir embora... - Big Al começou, preocupado com os mais novos. - Eu tenho carteira de motorista internacional.

– Huh... Aposto que deve ser um stalker maluco... - Len começou, pensando em como aquele tipo de coisa era comum.

– Talvez algum fã pirado... - Oliver alfinetou, já que eles haviam mudado a conversa para o inglês.

– Aposto que deve ser alguma máfia ilegal com que eles já fizeram negócios! - Kikaito terminou subindo em cima da mesa.

– Ele consegue ser tão idiota quanto o Kaito... - Rin disse irritada, apenas não sabendo se pelo tema do que ele disse, por estarem inventando idéias malucas ou pelas palavras "máfia ilegal", afinal, se era a máfia, óbvio que seria ilegal, pensava.

– Aposto que eles eram assassinos e agora querem apagar eles! - Miku disse de maneira decidida, chocando Rin.

– Não se junte a esses imbecis! - Rin gritou, sendo completamente ignorada.

– Mas aí eles não atacariam a gente... - Kaiko diz angustiada, vendo um furo na lógica deles.

– Esse assunto me dá medo! Quando a mamãe vai voltar? - Nigaito pergunta para a irmã, se escondendo debaixo da mesa.

– Vamos embora, como eles pediram certo? - Big Al tenta ainda convencê-los, em vão, nesse instante a luz apaga, deixando-os no escuro.

– Mamãe!!! - Nigaito sai correndo escada acima, sendo perseguido pela irmã preocupada com ele e deixando os outros paralisados de medo no andar de baixo.

Completamente assustados eles ouvem tudo ao redor deles, notando passos que se aproximam apressados e uma respiração ofegante.

– Por aqui. - Zatsune acende uma lanterna no seu rosto, sua voz sem emoção, dando um susto em todos que gritam e se espalham em disparada. - Droga!

Mas ela não teve tempo de perseguir nenhum deles, alguém tenta atacá-la por trás com uma espada de esgrima, da qual se desvia por pouco, recebendo um corte do lado direito. Ela rapidamente se equipa com o soco inglês e começa a usar movimentos de boxe para atingi-lo ao mesmo tempo que ele tenta acertá-la, sem sucesso para nenhum dos lados.

– Você é bom... - Zatsune sem fôlego observa a escuridão, quebrada apenas pela sua lanterna no chão, sua visão se acostumando e avistando o perfil do adversário. - Mas não o bastante...

Ela o ataca com uma arrancada, fazendo uma curva para mudar a sua direção, caso ele tenha gravado pela voz a sua posição, pretendendo atacá-lo de lado. Mas antes que seu soco tenha a chance de atingi-lo uma lâmina surge do nada tentando perfurar seu braço. Ela consegue desviar mas ele pega a lateral, fazendo um corte feio próximo do pulso.

Zatsune respira fundo, recuperando o fôlego, sem se mover, vendo-se cercada por alguns cabos. Ela tinha caído em uma armadilha e isso a deixava muito irritada. Sem mais tempo para se recuperar os cabos se movem, ela desvia com destreza, mas algumas lâminas fazem cortes em seu braço já ruim, no rosto e estragam a sua saia favorita.

Sem muitas opções ela corre na direção da escada, recebendo mais facas. Ela se abaixa, desviando delas com o auxílio do corrimão e chegando no corredor do segundo andar, mas uma das facas a atinge na perna, fazendo com que caia. O vulto se aproxima rapidamente para golpeá-la, mas cai após o som de uma batida seca.

– Você está bem meu anjinho? - Hina fala enquanto aponta a lanterna para a filha, que responde com um grunhido e se levanta com a ajuda de Kaito.

– Isso foi um pouco fácil demais, não acha? - Gino fala levantando a pessoa encapuzada e arrancando a peça de roupa, revelando uma garota adolescente com os cabelos bagunçados, muito bonita e usando uma camiseta que dizia "Odeio a Miku" e calça moletom. - Mas o que é isso?!!

– Uma menina? - Hina responde, com um sorriso alegre e bobo, vendo a filha se aproximar.

– Mais uma idiota que me confunde com a minha prima! - Zatsune grita furiosa, tentando surrar a garota desacordada, mas sendo impedida por Gino.

– Isso não é um bom sinal... - Hina comenta, dando meia volta para o quarto junto com os outros e abrindo a porta aos berros. - Não é ele!

– O que você está falando? - Rina começa, se aproximando da irmã e dando um tapa em seu rosto. - Não faça isso, quase te dei uma facada!

– É isso que ela está falando! - Gino entra e balança a garota desacordada na frente da mãe de Miku.

– Odeio a Miku? - Ela lê os dizeres perfeitamente, mesmo no escuro, enquanto sua cabeça acompanha os movimentos dela.

– Sua beleza nunca esteve em seu cérebro, não é? - Nikumo diz com um suspiro, pegando a garota, colocando-a na poltrona e jogando água em seu rosto. - Quem é você?

– O qu... - A menina começa, o homem de cabelos esverdeados enfia a faca na poltrona, ao lado da mão dela, fazendo um pequeno corte do lado, o susto o suficiente para fazê-la berrar e tentar se levantar, sendo impedida por Rina que rapidamente sobe em cima dela e a envolve em cordas, saindo em seguida, Nikumo apontando a faca para ela novamente - Sakura!

– Isso não é tortura? - Kaito pergunta assustado, lembrando das brincadeiras sem graça que o Taito e o Zeito costumavam fazer. Apesar de mais novos eram eles que acabavam protegendo-o quando eram pequenos, por isso sempre andavam juntos, mas eles gostavam de fazer algumas coisas complicadas. Como aquilo.

– Não. Só fazendo perguntas e garantindo respostas. - Gino o responde com o seu sorriso torto, fazendo com que um arrepio passasse em sua espinha.

– O que faz aqui? - Ele pergunta novamente, a garota tremendo como vara verde diante de seu olhar frio, mas não dizendo uma palavra.

– Eu lembro dela! Você perdeu nos testes da gravadora para a minha filha, não é? - Hina se aproxima dela levantando sua franja e sorrindo. - Posso não ser inteligente, mas tenho boa memória!

– Então você é a mãe daquela trapaceira!

– Trapaceira? - Rina pisca por um momento, depois soltando uma gargalhada intensa. - Se você pensa assim então é péssima para julgar os outros... Então tentar esfaqueá-la é a sua forma de se vingar?

– Escolheu uma péssima forma de se vingar. - A voz de Zatsune sai rouca de raiva, sem esperar por uma resposta, fazendo a garota se encolher mais ainda.

– Eu sinto muito! Vocês duas no escuro são igualzinhas!

– Nossas vozes são diferentes! Você se considera uma cantora quando não consegue nem diferenciar isso! - A morena tenta pular em cima dela, sendo impedida por Kaito que a segura e a afasta lentamente da outra garota.

– Não se preocupe. Ela não vai te machucar. Ainda. - Rina fala, acariciando os cabelos de Sakura enquanto fala com a voz suave e aguda, parecida com a filha. - Então, foi você que deixou as lembrancinhas na nossa casa? E na de nossos amigos?

– Que lembrancinhas? - A garota responde com a voz trêmula, fazendo a mulher ao seu lado revirar os olhos e se aproximar mais dela, segurando firmemente sua cabeça e movendo-a conforme falava.

– Responda. Ou talvez prefira escolher. Minha sobrinha que no momento quer te bater até cansar. Meu marido que adora cortar pessoas. Meu velho amigo que gosta de quebrar ossos...

– Tá! Fui eu! Eu deixei os bichos mortos! Eu mandei as cartas! Mas foi só pra Miku! Pros outros foram outras pessoas que tinham problemas com eles! Mas ele disse que se nós fizéssemos, ele cobriria nossos rastros e iríamos embora do país e ninguém descobriria nada! Todos aceitaram! É sério! Não é mentira!

– Ele? - Nikumo se aproximou dela, com a adaga em mãos, mas pulou para o lado ao ouvir o barulho do tiro de uma espingarda.

– Você está bem? - Kaito se aproximou de Sakura, preocupado, procurando por algum ferimento. A garota estava só desmaiada, o buraco enorme no estofo do sofá ao lado de sua cabeça.

Ele então a desamarrou e a colocou no chão, longe da visão da janela. Gino estava do lado dela e olhava para fora, vendo um vulto descendo da árvore e correndo para dentro da mansão.


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Notas finais do capítulo

Estamos chegando ao fim... No mais tardar acredito que a estória vai acabar no capítulo 10 ... Ou talvez não... Ficou maior do que imaginava, bem maior!



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