– Fazer as malas?!! - Gritaram todos ao mesmo tempo.

– Mas eu acabei de chegar!

– Temos um serviço?!! Finalmente você conseguiu algo útil para nós! - Diz Akaito, feliz e dando um tapa nas costas do irmão.

– Esse trabalho veio em boa hora, querem fazer um clipe com todos juntos, o estúdio já está cuidando da locação! - Diz Taito, olhando para a mãe, que parecia preocupada.

– Na verdade os outros provavelmente estarão lá, já que vão aproveitar o local e fazer vários trabalhos juntos! - Grita Kaito feliz, já fazia algum tempo que ele não fazia um trabalho com todos.

– Vamos ver o Big Al e os outros também! - Taito fala com um tom um pouco mais alto, fazendo Kaito se encolher ao lembrar do que aconteceu, o irmão olhando para ele de maneira sugestiva.

'Ele sabia!' Kaito desviou o olhar para os outros, vendo a mãe dar um sorrisinho, e os outros irmãos sem jeito.

– A Zatsune contou para o Zeito, o Kikaito estava perto, ouviu e contou para todo mundo... - Disse Mokaito, sem jeito. - Sinto muito, Kaito.

– Kaito se encolheu em um canto, deprimido. A mãe deu um suspiro. Ele sempre foi tão bobinho e meio inocente, ele cresceu e não perdeu isso, pelo jeito.

– Que seja, temos trabalho, obrigado pelo abrigo mãe, a gente tá indo embora! - Diz Akaito indo em direção as escadas e sendo interrompido por Chihaya.

– Esqueceu de algo? O trabalho é para todos e eu ainda sou a responsável pelos Zeito, Kikaito, Nigaito e Kaiko. - Diz a mãe com um largo sorriso, extremamente animada. - Vai ser um maravilhoso passeio em família, não acha?

– Sim, vai mamãe... - Responde o filho com um suspiro e terminando de subir as escadas, os outros o seguindo para arrumar as suas coisas, enquanto Taito falava sobre os detalhes do trabalho, que parecia ser bem simples, exceto pelo fato de que eles teriam que partir no dia seguinte.

– Pelo menos eu não vou ter esse trabalho... - Diz Kaiko colocando a mala na entrada e ficando vermelha ao se virar para a mãe. - Tem sorvete?

– E o regime? - Pergunta a mãe surpresa.

– Não preciso mais... Eu ... Levei... Um fora...

– Quer conversar um pouco? - Chihaya leva a filha a beira das lágrimas para o sofá, enquanto ela contava o que aconteceu para a mãe. Mas parte da consciência dela estava em outro lugar. O marido tinha percebido. E agora? Talvez fosse melhor contar a verdade para ele? E ia ser ela que iria "levar um fora" dessa vez...

*

– É a hora da verdade? - Pergunta Raito ao entrar em casa e ver a esposa sentada no sofá, o esperando, com a expressão séria.

– Você chegou cedo. - Responde a esposa, levantando e levando-o para o quarto deles.

– Parece que eu estou certo. - Suspira ele depois de ser jogado na cama pela esposa e vê-la trancando a porta. Ela o observa, hesitante. - Estou pronto.

– Por onde começo?

– Que tal pela parte em que você diz que parou com os remédios?

– Mas eu não parei. Quem parou com os remédios foi o Taito. - Diz ela com um olhar preocupado. Raito arregala os olhos, surpreso. Por essa ele não esperava.

Eles perceberam que ele era diferente desde que tinha 5 anos. E com a experiência da mãe, eles tomavam todos os cuidados para que o filho não se tornasse perigoso. Mas quando estava no colégio as coisas quase foram por ralo abaixo... Ele tinha se apaixonado por uma garota. Ou talvez a melhor palavra seria estar obcecado. Os dois conversaram com ele, explicaram que ela poderia não retribuí-lo, e se o fizesse, ele deveria ter cuidado para não levar isso longe demais. E ela retribuiu. Os dois começaram a namorar. Depois de quase seis meses de namoro a idiota resolve traí-lo com outro moleque, mesmo depois de terem avisado-a que era melhor terminar com ele se quisesse fazer alguma bobagem. Taito atacou o garoto com quem a menina ficou e o feriu, mas eles haviam conseguido resolver e encobrir o caso, além de parar o filho antes que isso piorasse. Os remédios e o acompanhamento tinham ajudado muito, e morar com os irmãos depois garantiu que ele não fizesse besteiras... Até agora.

– Você está lembrando daquela garota estúpida. - Disse a esposa estranhando o longo silêncio.

– O que ele fez agora, Chihaya? - Pergunta o marido, olhando nos olhos da esposa.

– Ele não fez nada.

– Então por que você disse aquilo?

– Escute! - Diz a esposa revirando os olhos e se sentando ao lado dele. - Ele parou de tomar os remédios e me ligou porque queria fazer algo estúpido. Eu fui até a casa deles para conversar com o Taito. Ele achava que estava alucinando, vendo alguém rondar a casa. Ele achava que o sorrateiro queria fazer mal aos irmãos e por isso queria matá-lo! Eu usei isso para convencê-lo a tomar os remédios de novo, disse que ficar preocupado não era motivo para parar e que iria investigar, mas quando vasculhei o local havia mesmo alguém lá! E no dia seguinte a casa pegou fogo! E ontem alguém tentou envenenar o Kaito!

– Espere! Espere! Vamos por partes!

– Isso começou com o Taito achando que estava vendo coisas, mas era real.

– Como dizem, predadores reconhecem o cheiro dos seus iguais.

– O que isso significa? - Diz Raito, a esposa querendo falar novamente. - Deixa, deixa! Você assiste tv demais! No dia seguinte a casa pegou fogo.

– Sim, a polícia está investigando e eles não deram ouvidos para o que eu disse.

– Você contou para eles? - Gritou o marido, irritado, ela ficou amuada. Ele respirou fundo. 'Por que era sempre o último a saber?' - Você sabe que depois do que aconteceu com o Kaito quando era pequeno eles ignoram completamente qualquer coisa que você diga sobre perseguição!

– Mas no final era verdade.

– Ah... E o Kaito foi envenenado ontem? Mas ele só ficou com alucinações, não é?

– Queriam matá-lo! O que acontece é que ele é mais resistente do que parece porque o Zeito e o Taito gostavam de colocar algumas coisinhas na comida dele quando o Kaito estava no colégio.

– O QUÊ?!!!

– Acho... Que isso era algo que você não deveria saber...

– Eu vou tirar férias!

– Ótimo! Partiremos amanhã para a locação do clipe!

– OHH!!!! - Enxaqueca. Uma daquelas que não tinha a anos! E tinha a impressão que iria piorar!

– Eu te amo, meu anjo!

– Eu também te amo sua manipuladora sociopata!