Passados Distantes E Futuros Grandiosos escrita por Arianny Articunny


Capítulo 35
Capítulo especial 2 - Tragédia em cativeiro


Notas iniciais do capítulo

Oiii, gente! Eu sei que falei que ia postar até domingo, passado. E realmente queria, mas minha linda amiga Giu, surgiu na minha casa e me arrastou pra rua com ela. Fiquei na casa dela durante todo o carnaval, sem meu computador. Aí quando voltei pra casa(isso foi quarta), achando que finalmente ia escrever, até que consegui escrever um pouquinho, fiquei doente. Passei os dois dias seguintes praticamente dormindo o dia todo. É acho que eu realmente não sou o tipo de pessoa de sair. Eu saio e minha imunidade cai. Mereço! Bem mais aqui está! Com muito amor e carinho!
Boa leitura!



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Fazia exatamente uma semana desde que aqueles ladrões contrabandistas haviam matado Kazuo e capturado as crianças e Naruto. Demorou um pouco pra entenderem sua situação, que a partir daquele momento eles haviam virado mercadoria daqueles caras. Haviam conhecido outras crianças que assim como eles haviam sido pegos e pouco depois levadas e não voltavam mais, provavelmente vendidas. Algumas eram descendentes de alguma linhagem especial, como a nobreza ou algum clã ninja, essas demoravam mais de três dias para serem vendidas por serem mais valiosas.

—Michi-chan(a garotinha mais nova, de cabelos encaracolados. 5 anos.), Daisuke-kun, Chiyo-chan (os irmãos. 8 e 7 anos, respectivamente), venham. -chama a garota mais velha, Hotaru, afinal desde que chegaram nesse lugar, uma espécie de fazenda, cuidar da lavoura perto da casa e pegar os legumes pras refeições, além de ajudarem as outras crianças que chegavam e iam praticamente todos os dias, passou a ser tarefa deles. Já que por algum motivo eles continuavam ali, ao contrário de todos os outros. O motivo pra isso eles não sabiam. -Você também, Ichiro (ele e Hotaru tinham mais ou menos a mesma idade de Naruto, sendo a menina mais velha.)! Ande logo, se demorar mais eles poderão punir a gente por isso.

—Hai! Aquele maldito Naruto! Ele está atrasado ou não vai vir de novo? -reclama o garoto olhando emburrado na direção da casa.

—Deixa quieto, Ichi-nii. Você sabe que o Kirigaya-san e os outros volta e meia dão outras tarefas, as mais difíceis, pra ele. Ele sempre volta exausto e às vezes machucado. Ele provavelmente sempre pega essas tarefas pra nós não façamos nada perigoso. -argumenta Daisuke, enquanto caminhavam.

—É Ichi-nii, nós sabemos que você, a nee-chan e o Naru-nii querem nos manter seguros! -fala Michi, querendo deixar claro que apesar de ser a mais nova não era boba.

—Vocês não precisam nos proteger! Agora nós só temos uns aos outros, então todos vamos cuidar uns dos outros! Né? -fala Chiyo, que havia corrido e se virado pra encarar os outros séria colocando as mãos na cintura.

—É verdade. Vocês têm razão. Gomenne, minna. -responde Hotaru sorrindo uns para os outros.  Logo chegaram na lavoura e se dividiram fazendo automaticamente suas tarefas rotineiras. Parecia que as coisas ficariam assim para sempre, tranquilas e felizes, apesar da onde estavam.

Enquanto isso dentro da casa Naruto os observava pela janela da sala, via-os sorrindo, brincando e se divertindo, isso o deixava mais tranquilo. Afinal, significava que apesar de tudo eles estavam bem e que ele estava conseguindo cumprir o desejo final do bondoso senhor que o acolheu na “família”. E ele faria qualquer coisa pra cumprir o que Kazuo o havia pedido no leito da morte, era sua obrigação, ou pelo menos sentia que era, manter eles, os primeiros que havia feito laços, seguros.

—Hey! Naruto, pare de ficar aí viajando. Estamos de saída, ande logo, moleque! –grita um dos capangas do grupo, mal humorado olhando na direção do menino, que apenas suspirou e o acompanhou pra fora da casa.

Ele detestava as tarefas que fazia, não havia um pingo de honra nelas, preferia ficar junto com os outros mas sabia que era impossível. Desde que foram capturados e que Kirigaya Koji descobriu que ele era um ninja, Koji o chantageava. Em troca de “manter em segredo” dos amigos do Naruto e não os vende-los, Naruto havia virado uma espécie de faz-tudo. Hoje mesmo ele tinha mais uma das tarefas que mais lhe eram comuns: servir como guarda-costas durante a entrega do “produto” ao comprador da vez.

—Até que enfim! –exclama Koji vendo o garoto seguindo seu companheiro. –Pensei que você estava pensando em me deixar na mão dessa vez, Naruto-kun. Mas é claro que você não faria isso né? Sabe como suas habilidades são importantes e necessárias... –fala sorrindo maliciosamente enquanto o loiro desviava o olhar, pela primeira vez vendo a criança da vez.

—Naruto-kun! –exclama uma bonita garota de cabelos lilás, surpresa ao vê-lo, que tinha entorno de uns 15 anos, que um dia tinha feito parte da família de um senhor feudal de um pequeno país mas bastante influente na região. Naruto desviou o olhar. Não havia nada que pudesse fazer por ela. Sabia porque ela estava lá e pra onde estava sendo levada. Os pais dela tinham alguns inimigos poderosos, que inclusive encomendaram e compraram o sequestro dela, pois aparentemente eles tinham uma divida não paga com essa pessoa que resolveu pegar a filha como pagamento. –Por que está aqui? Você... Você também foi vendido? –pergunta nervosa, apavorada com este destino.

—... –Naruto voltou a olha-la sem saber o que dizer e apenas balançou a cabeça negativamente, enquanto segurava o próprio braço desconfortável. Foi quando ela reparou que, ao contrário dela, as mãos dele estavam soltas. Ou seja, ele não estava ali como prisioneiro.

Eles caminharam um bom tempo em silencio, o loiro continuava andando de um lado da jovem a escoltando, mas sem voltar a olha-la. Pouco depois eles chegavam ao ponto de troca, uma clareira com uma cabana. La estavam o comprador, um homem alto e imponente, vestido de forma que deixava claro sua alta posição social, sem se importar em chamar a atenção, junto com ele estavam 3 outros homens, provavelmente seus seguranças, e pouco atrás uma carruagem.

—Ora ora, pensei que não chegariam mais. –cumprimenta o rico bem humorado, quando eles chegaram mais perto.

—Sinto muito pela demora Kamiki-sama. –fala Koji, que na verdade era o cabeça do grupo. –Não pudemos correr devido a hime aqui.

—Entendo. –fala o Kamiki. –Se não é a Yumi-hime, você virou uma bela moça. Digna de se casar com meu filho. –comenta sarcástico, logo voltando a atenção pro outro novamente. –Aqui está seu pagamento. Cem mil ryous como combinado. –um dos seguranças entrega uma mala de dinheiro, que rapidamente é conferido por um dos comparsas de Koji.

—Está tudo certo com o pagamento. Entregue a garota. –fala o homem acenando pro mesmo homem que havia chamado Naruto na casa que no momento segurava a garota, que começou a guia-la na direção da carruagem.

—Não! –grita a jovem se rebatendo em pânico. –Por favor! –haviam lagrimas em seus olhos enquanto olhava pra todos em busca de ajuda, o loiro estava de cabeça baixa. Em um ato de desespero ela dá um pisão no pé de quem a segurava e correu rapidamente pra dentro da floresta numa tentativa de escapar.

—E não é que ela tentou escapar mesmo? –fala o contador olhando pro amigo. –Não é que você adivinhou mesmo, Koji? Como pode acertar sempre?

—Porque se não não teria graça. –sorriu o rapaz de pele morena e com uma cicatriz na bochecha direita. –Vá busca-la. –ordena pra Naruto como se ele fosse um cão.

O Uzumaki rapidamente obedeceu, afinal era pra momentos como aquele que estava ali. Ele não tinha muito treinamento como ninja mas era rápido e possuía o kage bushin, que havia descoberto na verdade não ser uma técnica de academia. Em alguns segundos ele e dois clones a alcançaram e a derrubaram.

—Me ajude, por favor! Me deixe ir, eu te imploro. Não quero ter que me casar com alguém que não conheço! Eu só quero ir pra casa! Por favor! –pede chorando, logo após perceber que apesar do garoto ser bem mais novo, e menor que ela, era muito mais forte e com habilidades shinobi.

—Não posso fazer isso. –responde Naruto a arrastando de volta.

—Por que?! Porque esta do lado deles?! – pergunta indignada, tentando se libertar a qualquer custo.

—Me desculpe. –sussurra triste antes de a nocautear, deixando-a inconsciente entregando-a ao segurança da carruagem e voltando pro lado de Koji.

—É um bom menino que você tem aí, hein Kirigaya? Um ninja, apesar de bem jovem. –comenta o homem interessado.

—Sim. Foi uma boa aquisição. Mas não esta a venda. –respondeu o outro enquanto Naruto se esforçava pra manter a cara neutra, como sempre fazia em situações como essa.

—Que pena. Me avise quando outro produto assim surgir ou se mudar de ideia. –falou o homem pouco antes de entrar na carruagem e partir. Fazendo o grupo se virar pra retornar.

—O que diabos foi aquilo, Satou? –pergunta Koji descontente. –Como pode deixar a garota fugir com tanta facilidade na frente de um dos nossos melhores clientes?!

—A desgraçada me pegou desprevenido, chefe. Ela tinha se comportado tão dócilmente até aqui que... –foi derrubado por um soco.

—Eu não te pago pra ser tão inútil assim. Até o pirralho aqui tem sido mais útil que você ultimamente. E olha que ele nem é parte do grupo! –ralha o outro enfurecido.

—Isso não vai mais se repetir, chefe. –afirma Satou.

—É claro que não vai. –sorri pro parceiro que por um instante achou que estava perdoado. Ledo engano. –Ei, Naruto. Acabe com ele. –ordena após dar um soco e derrubar Satou.

—O-o que? –pergunta o Uzumaki em choque.

—Eu mandei você matá-lo. –rosna Koji olhando o loiro irritado.

—N-não! Eu não vou fazer isso. –responde Naruto, como aquele homem podia pedir pra ele matar alguém, um companheiro assim, sem mais nem menos?

—Você está contestando minhas ordens?! –olha furioso pro garoto. –Mate-o. Ele é inútil agora. Se não o fizer... –a ameaça não era pra ele, mas sim direcionada a seus amigos, fazendo o loiro engolir em seco e sacar uma kunai e a pressionar no pescoço de Satou, fazendo sair um filete de sangue.

—E-eu não consigo... –diz Naruto recuando, de cabeça baixa, com medo da reação de Koji. E não era pra menos. Pois esse fechou a cara e jogou o garoto pro lado enquanto enfiava a kunai no pescoço do ex-parceiro e o deixava no chão agonizando até morrer, enquanto o encarava frio e o garoto em choque.

—Enquanto a você... –começa Koji indo na direção do menino, segurando e levantando-o pela gola da blusa. –Sabe que não devia ter me desobedecido! –gritou e jogou a criança contra uma arvore com muita força, ao ponto de cuspir sangue. –Será que, por acaso, por um minuto esqueceu a posição em que está? Ou será que devo punir seus amiguinhos pela sua desobediência? Hein?! –pergunta o homem, após chutar o garoto que ficou quieto. –É bem melhor assim não? Ficar quieto e obedecer. –continua a bater no menino que volta e meia soltava caretas de dor, e isso continuou por alguns minutos sem nenhum dos dois falar nada. –Eu gosto de você, garoto. Mas...–da uma pausa. –Você não se cansa de apanhar? Por acaso gosta de ser um saco de pancadas pros outros? –e de alguma forma essas palavras o afetaram muito mais que todas as surras que ele havia passado em toda a vida. Fez ele levantar a cabeça e olhar nos olhos do outro irritado. –Isso! Esse é o olhar. –Koji o parabeniza e se afasta. –Você tem que decidir, garoto. Vale a pena fazer tudo isso por eles? Se se livrar deles poderá ser livre novamente. Afinal, eles nem te conhecem de verdade mesmo. –fala e recomeça a andar sem esperar o garoto se reerguer. Quando notou que Naruto já estava atrás deles acrescentou. –Eu notei. Você recuou porque você realmente queria mata-lo e isso te assustou.

—Q-que? É claro que não! –retruca o loiro assustado com a afirmação do outro. Que apenas o observou.

—Se você diz. –Koji da de ombros e o silencio se mantém por todo o percurso.

Naruto andou pensativo até chegarem na casa. Tudo o que o homem havia dito o tinha deixado irritado, com todas aquelas suposições, como se o conhecesse. Mesmo o tendo deixado com raiva também havia deixado duvida. Parte dele dizia que havia verdade naquelas palavras, mas todo o resto ficava com repulsa só de imaginar isso. E ainda por cima tinha ousado supor dele abandonar e trair seus amigos, isso tudo pra ser livre. Mas se era pra ter liberdade novamente ele levaria seus amigos junto. Ficou pensando tanto nisso que quando chegou dentro da casa estava com uma carranca na cara.

—Ele chegou! –gritou Michi correndo do quarto até a porta. –Naru-nii por que você tá com essa cara assustadora? –pergunta a menininha que havia parado assustada.

—Ah! Desculpa, Mi-chan. –o Uzumaki sorriu pra mais nova e fez um carinho na cabeça dela indo pro quarto.

—Tudo bem! Ih é, hoje é o dia, anda logo! –ela fala e entra no quarto primeiro, correndo, é claro. Naruto sorriu e balançou a cabeça, Michi as vezes conseguia ser mais animada e energética do que ele demonstrou a vida toda.

—Naruto-nii! Você tá atrasado! –reclama Chiyo emburrada logo que ele estava entrando no comodo. –Quase começamos o “Dia dos segredos” sem você!

—Kami-sama! O que aconteceu com você? –pergunta Hotaru assim que viu o estado cheio de hematomas do amigo. –Chiyo-chan, pega o kit de emergência pra mim, por favor.

—Eu não! Pede pro D. Tô ocupada. –fala a menina sem nem tirar os olhos do livro que tinha pego a meio minuto, fazendo a mais velha revirar os olhos e olhar pro irmão da mesma que pegou sem precisar nem pedir.

—O que foi que ele te pediu dessa vez? Foi o Kirigaya-san que te deixou assim? –a garota pergunta enquanto tratava dos machucados melhor que podia.

—Nada demais. –Naruto respondeu para não preocupa-la, mas não poderia contar a verdade de qualquer jeito. Mesmo com ela fuzilando-o pela resposta evasiva.

—Levaram mais uma hoje. –comentou Daisuke. Todos abaixaram a cabeça sabendo exatamente do que ele estava tratando. –Queria saber porque só nós ficamos...

—Talvez porque não queiram nos separar. Somos uma família afinal! –responde Michi convicta, fazendo o loiro sorrir pra ela.

—A Mi-chan tem razão. Eles não ousariam nos separar. –Naruto concordou, os outros assentiram. Eles realmente acreditavam que os laços deles bastariam pra ficarem juntos pra sempre, como toda criança.

—Vamos começar? –pergunta Ichiro, entrando no quarto.

—Quem será que vai ser hoje? –pergunta Chiyo subitamente empolgada, largando o livro pra qualquer lado e catando e girando uma garrafa. –Naruto-nii! –anuncia batendo palmas e dando pulinhos.

—Ne, nos mostra seu bem mais precioso? –pede Hotaru.

—Vocês o veem todo dia. –falou e as outras crianças o olharam confusas. –São vocês, minna. –revela, olhando pro lado e coçando o queixo envergonhado.

—Isso não vale! É impossível você não ter trazido nada de casa! –protesta Daisuke olhando pra irmã e piscando.

—Não! –o loiro grita correndo atrás da menina que pegou sua mochila. –Eu não gosto que mexam nas minhas coisas!

—Para de ser chato! Até parece que tem algo a esconder! –retruca Chiyo, enquanto eles brigavam pela mochila, puxando cada um pra um lado.

Até que a mochila rasgou. Fazendo tudo cair pelo chão. Uma pilha de roupas esparramadas, uns dois livros e algumas outras coisas que fizeram barulho e ficaram por baixo de tudo. Curiosos todos se aproximaram, e a menina rapidamente se abaixou pra tentar descobrir o que fizera aquele barulho.

—O que será que tem aqui? –cantarola a menina sacudindo a bolsa que achou, que fazia barulho de metais se chocando. Mas quando abriu ela jogou pra longe com um grito, quando caiu no chão de lá saíram varias kunais e shurikens. –Por que você tem e-essas coisas?!

—Koji me deu... Ele quer que eu aprenda a lutar... –mentiu Naruto, mas fez a face da menina relaxar, acalmando um pouco seus corações.

—Ele te deu isso também?! –pergunta Ichiro de forma fria, jogando algo pro loiro. Naruto congelou quando viu o que era. Sua bandana.

—N-não é o que você está pensando... –Naruto falou com a voz tremula, aquilo só podia ser um pesadelo. –Eu não sou um n... –foi interrompido pelo outro com raiva.

—PARE DE MENTIR! –grita o garoto. –Você mal mexeu na sua bolsa e tem tomado cuidado com ela desde que encontrou a gente! Acha mesmo que eu não notei?! Aposto que é por que essas coisas estão lá desde o inicio!

—Isso é verdade? –Hotaru olhou incrédula de Naruto até Ichiro, que acenou positivamente. –Então porque você mentiu pra gente? Porque não salvou o Kazu-jii?!

—Eu... –o Uzumaki travou.

—POR QUE?! –perguntou novamente, com lagrimas nos olhos. A esse ponto todas as outras crianças estavam do outro lado do cômodo e ele sozinho, com elas o olhando acusando-o de mentiroso.

—Eu tentei! Mas não consegui... cheguei tarde demais... –contou.

—Mentiroso! –grita Chiyo. –Aposto que você não quis! Você provavelmente só se aproximou da gente por uma daquelas missões estupidas! Usando uma daquelas técnicas pra nos enganar! –acusa, ainda gritando com os olhos fechados.

—N-não! –retruca o loiro, magoado. Realmente só bastava isso pra eles o abandonarem e desistirem dele? Era só descobrirem que ele era um ninja pra esquecerem tudo que ele fez por eles?

—Não acreditamos em você! –gritaram todos. Menos a pequena Michi que o olhava assustada com tudo que estava acontecendo. Ele olhou pra ela com esperança que pelo menos a pequena, aquela que ele mais considerava uma irmãzinha acreditasse nele.

—Michi... –chamou esperançoso. Mas esta olhou para baixo e se escondeu atrás dos outros, se recusando a olhar pra ele. –Minna...?

—Seu mentiroso! Vai embora daqui! –gritam, e ele é atingido como se seu coração tivesse sido atingido por milhares de laminas.

—Por que...? Por que estão fazendo isso comigo...? –Naruto pergunta de cabeça baixa pra ninguém especifico. E então os sentimentos que havia negado durante toda a vida o alcançaram. A dor da rejeição o havia pego mais intensa que nunca, a dor dos anos de solidão também vinha logo atrás, relembrando-o de todo seu passado. Até seus amigos o rejeitavam, ele realmente estaria destinado a ficar sozinho para sempre? Raiva. Se sentia traído. Ele nunca havia feito nada para sofrer assim. –POR QUE?! –gritou levantando o rosto para encara-los, mas quando o fez eles deram alguns passos para trás, seus olhos estavam rubros, os olhos da besta, mesmo que ele não soubesse. Ele deu alguns andou até eles, mas a cada passo eles recuavam mais. Havia medo e pânico em seus olhos. Estavam quase começando a parecer aquele olhar, que ele tanto odiava.

—Fica longe da gente! –grita Daisuke apavorado, nunca tinha vistos olhos como aqueles, eles eram demoníacos. O loiro parou fechando a cara, não entendia o comportamento deles.

—M-monstro...! –fala a pequena Michi agarrada em Hotaro, cheia de medo.

E aquela palavra foi a gota d’água. Naruto sentiu todo seu corpo esquentar, ódio. Como eles o ousavam chamar assim? Como até eles o consideravam isso? Até a sua pequena, aquela que uma vez o chamara de anjo. O pior de tudo que Koji tinha razão, eles não o conheciam e quando souberam o traíram, justo como ele havia insinuado tantas vezes. E isso doía até o fundo de sua alma. Naquele momento algo quebrou dentro dele. Ao ponto de pela primeira vez na vida ter contato direto com o chakra da raposa, que rapidamente o envolveu. E depois disso foi como se algo tivesse se apossado de seu corpo.

Pouco depois, quando o calor da raiva e ódio passou, ele estava no meio do quarto. Só que dessa vez sua única companhia eram os corpos estraçalhados das crianças que uma vez foram seus amigos. Ele próprio estava coberto de sangue. O sangue deles. O resto do quanto também. Mas não tinha sido como se ele tivesse perdido o controle, pois se lembrava bem claramente de tudo. De cada grito deles, de cada vez que suas garras os cortava, de cada membro que arrancou, do completo desespero deles tentando inutilmente escapar. Ele gritou quando notou o que tinha feito. Vomitou. Estava em choque, em pânico pelo que havia feito. Lagrimas desciam pelo seu rosto. E ele nem ao menos se achava digno de derrama-las. Em meio a esse desespero Koji e seus capangas surgiram pra ver o que havia ocorrido pois tinham escutado gritos vindos de lá. Mas chegando lá tiveram apenas uma leve surpresa ao ver o estado do lugar, antes de friamente retirar e se livrarem dos restos dos corpos.

—Sabe, não era isso que eu quis dizer quando falei pra se livrar deles. –foi a única coisa que o Kirigaya falou antes de ir embora, o deixando completamente sozinho.

Passaram-se alguns dias desde o acontecido. Nesse meio tempo o loiro quase enlouqueceu. Mal havia se movido e nem havia comido direito. Durante aqueles dias havia feito contato com a raposa, que o havia feito companhia de certa forma. Tinham trocado algumas palavras, mesmo que em sua maioria eram de zombamento dela, que ria de sua desgraça. Mas tinha uma afirmação da mesma que o incomodava mais que tudo:

“Você sentiu prazer ao matá-los.”

Talvez porque parte dele sabia que era verdade. Realmente havia gostado de ter sangue em suas mãos. Como um predador apreciando a morte da sua presa. Por mais que o humano nele soubesse que isso era completamente abominável. Errado. Essa, penosa, autorreflexão durou todos aqueles dias, fazendo-o chegar a uma única conclusão. Talvez tudo que os moradores do vilarejo falaram talvez fosse verdade. Talvez ele estivesse realmente se tornando um monstro.

No quinto dia foi diferente. Ele acordou com uma barulheira vindo do lado de fora, parecia uma luta mas ele não se importou. Nada mais importava. Até que abriram a porta. Uma silhueta veio em sua direção, ele reconhecia aquela mascara. Era um Anbu. Mas não parecia muito com os Anbus do Sandaime, mas não importava. O homem se abaixou e o pegou no colo cuidadosamente, como se ele pudesse quebrar. Afinal o corpo já magro do garoto estava pior que nunca.

—Está tudo bem. Vamos tirar você daqui. Vamos te levar pra casa–falou antes de tira-lo daquele lugar. Falou sem emoção, neutro. Mas isso não importava. Casa? Será que alguém como ele tinha direito de ter algo assim?

O percurso até Konoha foi rápido, talvez porque ele estivesse semiconsciente na maior parte. Pensou que o levariam até o Sandaime ou ao hospital, mas quando deu por si estava em um lugar completamente desconhecido. Talvez subterrâneo. Tinha alguém lá. Um velho com uma bengala. O levaram até ele.

—Obrigado, Waki. –falou o homem pro Anbu que o escoltava. –Bem vindo, Uzumaki Naruto. –o garoto levantou a cabeça. –Eu sou Shimura Danzo. Posso te dar poder e um motivo para viver. –sorriu pro garoto de olhos sem vida, vazios.

 


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Notas finais do capítulo

Bem, o que acharam? Talvez a verdade tenha sido um pouco mais cruel do que vocês imaginaram no cap passado. E esse final com Danzo? O que será que aconteceu depois disso? Alguém se arrisca a opinar? Bem, hoje vou ter uma reunião no curso técnico, talvez as aulas vão enfim começar. Mas vou escrever e postar o mais breve possível. Ainda esse mês eu juro! Torçam por mim!
Beijinhos! Até breve!



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