Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 26
Contratempo




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– Você não pode fazer isso! – foi a primeira coisa que seu pai disse quando a viu. Sob o olhar de zombaria de Neji e o de irritação de Hanabi, Hinata estava sentada no sofá, encarando os pais tentando manter a compostura.

– Você tem noção do perigo em que se meteu? Podia ter morrido! – a mãe completou, já a par de tudo o que a filha tinha feito. – Tudo isso pra que?

– Para ajudar os meus amigos. – ela respondeu imediatamente, mesmo sabendo que seus pais não entenderiam. Ela sempre fora extremamente leal, mas nunca deixou de fazer suas obrigações antes para ajudar alguém e seus pais sabiam disso. – Eu devia ter avisado.

Depois do que pareceu uma eternidade levando bronca e tentando se justificar, seus pais finalmente concordaram em dar-lhe um castigo definitivo por duas semanas, sem poder sair de casa a não ser para ir para a escola. Hinata teve que concordar para não piorar a sua situação e, assim que subiu para o seu quarto, mandou uma mensagem para Sakura informando seu paradeiro e situação, explicando que não poderia voltar para o hospital.

“Ok. Quando Naruto tiver alta, eu te aviso.”, a outra respondeu e Hinata sorriu para si mesma.

Como seria voltar para a escola com Naruto? Será que ele continuaria se importando com ela ou voltaria a ser o que era antes, quando nem sabia de sua existência? Hinata não pôde deixar de se perguntar se ele fingiria que nada aconteceu para não ter que explicar-se para ninguém, afinal, como tinha virado amigo dela do nada?

Suas inseguranças estavam prestes a aumentar, quando Neji apareceu na porta de seu quarto e a fitou com desdém.

– Nem quando você faz coisas certas, você está certa. – ele ralhou, achando graça. – Como consegue ser tão fracassada?

Ela encarou os olhos dele, que eram tão parecidos com os seus e se perguntou porque aguentou todos aqueles insultos por tanto tempo sem dizer nada e o que a fazia os questionar agora. Por que se deixou ser a “prima de Neji” invés de ser “Hinata”?

– Eu não sou como você. – ela disse, mas sem nenhum rancor na voz. Seu tom era de pura sinceridade, sem um pingo de veneno ou irritação. Ela estava constatando uma verdade com alívio, não queria ser como ele e nunca seria.

Neji franziu a testa e a encarou com incredulidade.

– Quê? – perguntou irritado.

– Você gosta de oprimir pessoas fracas para se sentir melhor. – continuou. – Eu não sou assim.

Ele não acreditava no que estava ouvindo, Hinata finalmente estava se defendendo?

– Não, você é patética. O que aconteceu nesses dias? Por que resolveu falar tão de repente?

– Eu percebi que não preciso ser invisível para agradar a todos. – ela afirmou, segura de si como nunca tivera antes. Suas mãos prestes a tremer lembravam do corpo de Naruto tocando o dela e voltavam ao normal. Ele era a âncora que ela precisava para se manter firme.

Neji soltou uma gargalhada desdenhosa e fingiu cuspir no carpete do quarto.

– Se você fosse invisível, estaria fazendo todos nós um favor. Não percebe que é o fracasso da família? Na sua idade eu já tinha todos os contatos para ser alguém na vida. Até a sua irmã menor já está com a carreira feita.

Hinata respirou fundo e repetiu:

– Eu não sou como você.

O primo balançou a cabeça em reprovação e saiu do quarto depois de soltar um som de desprezo.

Assim que ele a deixou sozinha, Hinata sentiu-se leve, como se todo o peso que carregou por tanto tempo finalmente tivesse abandonado seus fracos ombros e ela pudesse ser quem ela era sem repressões.

Sorriu sozinha novamente e começou a fazer os deveres de casa atrasados, pensando em como tudo tinha mudado em tão pouco tempo e como seria as coisas ao ir para a escola. Certamente devia explicações a Kiba e Shino, que lidaram com toda a situação sem se irritarem ou questionarem muito. Mas como explicaria como estava envolvida em todo o escândalo dos Uchiha? Ela os conhecia bem para saber que saberiam de todas as fofocas antes mesmo de chegarem aos próprios ouvidos.

Ela queria se concentrar nisso, mas não conseguia parar de pensar em como Naruto estava no hospital e como tinha lidado com os seus pais. Ela esperava que ele saísse logo para poderem se encontrar na escola e ela confirmar suas inseguranças de uma vez por todas.

Ao deitar-se para dormir, pensou que sua mente estaria ocupada demais para que conseguisse adormecer, mas a exaustão do seu corpo a alcançou e ela caiu quase que imediatamente em um sono profundo e sem sonhos.

Hinata acordou com o alarme lembrando-a da realidade em que se encontrava.

Teria que ir para a escola como se nada tivesse acontecido, como se os últimos meses da sua vida tivessem sido um sonho esquecido. Roboticamente, ela se arrumou e desceu para comer, aguentando mais uma vez um grande sermão de seus pais, o que ela já esperava.

O que não foi inesperado, era o bando de jornalistas na porta da sua casa, fazendo todos os tipos de perguntas absurdas, para as quais ela apenas ignorava, sem reação. Depois de contorná-los com dificuldades, foi para a escola de bicicleta e imaginou como seria se Naruto voltasse a aparecer e a fizesse cair novamente.

Ao entrar no prédio, recebeu todos os olhares cheios de dúvidas a fitando de cima a baixo, enquanto ela andava timidamente pelos corredores com o rosto vermelho.

Para a sua sorte, Sakura a puxou para longe dos olhares julgadores, a encurralando no banheiro feminino.

– Eu não vou aguentar! – ela exclamou, assim que viu que estavam a sós. – Já me perguntaram se a volta do Naruto foi um golpe de marketing da empresa Uchiha. E outra menina acabou de me acusar de louca por andar com uma feiticeira!

Sakura parecia surtada, enquanto Hinata ainda estava em choque com toda a atenção que tinha recebido tão de repente.

– Vamos passar por isso juntas, por favor! – ela exclamou por fim e a morena acenou rapidamente.

– Como estão eles? – Hinata perguntou, antes de saírem.

– Naruto já está em casa e Sasuke está na mesma situação... – Sakura murmurou um pouco apreensiva. – Vamos.

As duas saíram e, ainda sob os olhares de todos, tiveram suas aulas, tentando evitar todo tipo de interrogatório e quando o expediente finalmente terminou, pareciam ter saído de uma prisão.

– Finalmente. – Sakura murmurou, suspirando de alívio. – Eu vou passar na casa de Naruto, antes de ir para o hospital, você quer ir?

Por impulso, Hinata acenou com a cabeça, mas então lembrou-se do que os seus pais tinham dito e percebeu que aquela era uma briga que definitivamente não queria comprar.

– Você não está de castigo? – perguntou, sentindo pena de si mesma.

– Não. – Sakura respondeu, sorrindo. – Acho que meus pais já estão acostumados com encrencas relacionadas ao Naruto.

Hinata suspirou, querendo ter pais tão compreensivos e soltou uma expressão de tristeza.

– Eu te aviso qualquer coisa. – Sakura prometeu e as duas foram para caminhos diferentes.

O caminho para casa de Naruto era tão familiar, que Sakura não se surpreendeu ao perceber que estava indo quase que automaticamente para lá, mesmo que tivesse passado meses sem ir.

– Sakura?! – Naruto exclamou imediatamente ao vê-la da janela do seu quarto, ela sorriu nostálgica e acenou com a mão, imaginando que Kushina nunca o deixaria sair de casa logo após sair do hospital.

– Vem pelos fundos, a frente está cheia de jornalistas! – ele gritou de cima e ela acenou virando a esquina contrária da que iria virar.

Os pais de Naruto pareciam radiantes e Sakura ficou feliz de revê-los naquelas condições. Depois de trocar conversa rápida com eles, ela subiu as escadas e entrou no quarto do amigo, que parecia ainda mais bagunçado, mesmo que ele só estivesse ali há apenas um dia.

– Como está Sasuke? – ele perguntou imediatamente.

– Na mesma.

Naruto pareceu perder todo o entusiasmo que estava exalando e Sakura perguntou-se se ele só ficara feliz de vê-la porque achou que possuía noticias do amigo.

– E ai, quando vai poder ir pra escola? – ela perguntou, tentando mudar de assunto.

– Não sei. Eu estou ótimo, mas meus pais querem fazer todos os exames possíveis com os médicos particulares antes de me deixarem fazer qualquer coisa. – ele parecia cabisbaixo, enquanto brincava com uma bolinha de elástico.

– É compreensível, né? – ela disse com um tom de brincadeira e os dois riram da situação surreal em que se encontravam.

– E a Hinata, cadê? – ele indagou tentando ser descontraído e Sakura percebeu que ele desviou o olhar e corou ligeiramente ao mencionar o nome dela.

– Está de castigo. – respondeu e o viu reagir com angústia. Naruto a encarou com incredulidade. – Não foi culpa sua... – ela tentou consolá-lo, mas já era tarde demais.

Naruto apertava a bola de elástico com ferocidade, enquanto rodeava o quarto, em sinal de ansiedade. Sakura o conhecia bem para saber que ele estava planejando alguma coisa e não sabia se gostava disso, não era como se já não tivessem tido problemas para a vida toda.

– O que você está pensando? – ela desistiu e perguntou depois de um suspiro de derrota.

Mas ele não respondeu, estava concentrado demais em seus próprios pensamentos.

– Naruto, você não está pensando em... – Sakura começou, em vão.

– Ela me ajudou a escapar do hospital...

– Espera, ela o que?

– Precisamos arranjar um jeito de distrair meus pais e ir lá ajudá-la. – ele completou, ignorando o protesto da amiga.

Sakura só não o encarou com mais incredulidade, porque estava acostumada com seus planos malucos, mas aquilo beirava ao ridículo. Não podia estar pensando seriamente em enganar os pais que tinham acabado de ter seu filho de volta.

– Eles me tem pro resto da vida. – Naruto protestou, lendo seus pensamentos.

A outra quis apontar toda a ironia daquela frase, mas preferiu não ter que explicar o que era ironia para ele.

– Eu acho injusto...

– Sakura, é só por alguns minutos! – Naruto apontou e ela revirou os olhos, não importava o tempo em que ficaria fora, deixar seus pais preocupados era a pior coisa que podia fazer naquela hora, mas ela sabia que ele não tinha esse tipo de sensibilidade. – E eles não vão saber.

Sakura respirou fundo, preparando-se para o pior ao perguntar:

– Qual é o plano?


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Notas finais do capítulo

Gente linda, tenho uma notícia boa e uma ruim para vocês hehe. A boa é que o cap novo chegou, AE AE. E a ruim é que viajarei no domingo e voltarei só no meio de agosto. Então os últimos dois caps da fic ficam pra lá, tudo bem? Se eu conseguir dar um tempinho de escrever lá, ou escrever antes e programar a postagem, farei, mas eu duvido muito, então já deixo avisado. Mil perdões.

Mas desgraças de lado (já não basta o 7x1 né, não vamos falar disso), gostaram do cap? S2

Beijão :*



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