Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 25
Colateral




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Depois do que pareceu uma tarde perfeita, Hinata finalmente voltou para a realidade quando disse:

– Precisamos voltar, seus pais precisam te ver.

Naruto se sobressaiu, como se fosse a primeira vez que tivesse pensado nisso desde que tinha acordado de seu estado translúcido.

– Eles sabem?! – perguntou, agora adotando um tom de incredulidade e fitando Hinata com olhos surpresos.

Ela acenou com a cabeça relutante e suspirou antes de informar:

– Eu liguei e expliquei tudo. Menos a parte de você ter sido...

– Um fantasma. – ele completou exaltado. – É, foi bom você omitir essa parte.

Hinata sorriu e sentiu o aperto sutil que Naruto deu em sua mão. Percebendo o nervosismo dele, sorriu de forma gentil, tentando confortá-lo. Entendia o motivo dele estar naquele estado, afinal, ia ver os pais depois de longos meses sendo invisível e vendo o sofrimento alheio sem poder fazer nada.

Em silêncio, eles seguiram de volta para o hospital, entrando pela mesma porta por onde tinham saído, surpreendendo-se com a facilidade da operação. Hinata sentia a hesitação de Naruto, que andava lentamente de volta para o seu quarto como se estivesse seguindo para a sua sentença de morte.

– Vai ficar tudo bem. – ela tentou tranquilizá-lo, mesmo sabendo ser em vão, sabia que seria difícil para ele lidar com os seus pais.

– Você! – alguém gritou por trás, fazendo-os virar subitamente. – Por onde você esteve? Você ainda não recebeu alta!

Era a enfermeira de Naruto que pareceu estar decidindo se usava um tom de irritação ou preocupação e acabou ficando no meio termo. Ela deu passos largos em direção ao casal e pousou a mão na cintura, demonstrando impaciência.

– Então?! – perguntou, batendo o pé.

– Fui... Pegar um ar. – ele disse, o que não era mentira e soltou seu famoso sorriso. – Estava cansado do hospital, tia.

Hinata viu a cor subir no rosto da enfermeira e suas sobrancelhas franzirem imediatamente, enquanto ela o encarava.

– Tia?! – ela exclamou, incrédula. – Volta já para o quarto!

Naruto não contrariou, apenas segurou uma risada e voltou para a cama, sendo seguido por Hinata, que sentou-se ao seu lado, enquanto a enfermeira fazia todos os procedimentos a contra gosto.

– Eu espero que meus pais pelo menos tragam roupas limpas, porque isso está começando a feder. – ele disse, referindo-se às roupas que tinha encontrado na mansão de Madara antes de ir embora.

– De tudo o que você poderia pensar, é realmente nisso que está pensando? – Sakura brincou, surpreendendo-o ao entrar no quarto subitamente.

Ela já tinha o visitado dois dias antes, quando explicou para ele e Hinata o que tinha acontecido na sala de jogos na ausência deles e ouviu tudo sobre o projeto Fênix e como ele ainda estava vivo, então Naruto não hesitou em perguntar:

– Como está Sasuke?

Ela deu um suspiro rápido antes de responder, como se estivesse pensando em uma verdade menos dolorosa ou uma mentira não tão otimista.

– Vivo. – foi o que ela escolheu responder, sem satisfazer os interesses de Naruto, que já começara a protestar. – Ele vai ficar bem. – ela o cortou friamente antes que ele falasse coisas que ela não estava preparada para ouvir.

– Quando ele acordar, é bom me dar uma explicação do porque foi tão idiota. – o loiro resmungou para si mesmo principalmente, como se uma promessa dessa garantisse que o amigo acordasse. Ele sabia que nada que Sasuke tinha feito foi idiota ou imprudente, mas tinha que se agarrar em alguma coisa para poder continuar sendo otimista.

Depois da enfermeira sair da sala, não antes de um aviso irritado sobre sair da sala sem supervisão, Sakura se aproximou da cama e ficou fitando os olhos azuis de Naruto.

– Eu sei que já falei isso várias vezes, mas eu ainda não acredito que você está vivo. – ela falou, mudando a sua expressão rígida para algo mais gentil, que só guardava para ocasiões especiais. Sakura era do tipo que não gostava de demonstrar fraquezas, tornando-se raras as ocasiões em que ela baixava suas barreiras.

Naruto sorriu, feliz.

– Eu também não. – concordou. – E graças à vocês. – acrescentou, olhando de canto para Hinata, querendo comunicar-lhe silenciosamente que ela tinha maior importância no caso.

Sakura tentou esconder as lágrimas que se acumulavam, mas Hinata viu de relance o brilho nos olhos esmeraldas da amiga.

– Enfim, eu vim aqui pra falar que seus pais chegaram. Eu estava conversando com eles, só falta eles preencherem algumas papeladas e já poderão entrar. – ela informou. – Hinata, vem comigo, consegui encontrar algumas roupas limpas para nós. E um lugar para um banho.

Hinata sabia que era impossível ela ter achado um lugar para tomarem banho, depois de tentarem achar incansavelmente por dois dias, por isso entendeu que era só uma desculpa para deixar Naruto a sós com os pais.

A morena deu um sorriso de encorajamento para Naruto, que sorriu de volta claramente nervoso e saiu do quarto com Sakura, que a levou para o saguão de entrada novamente.

– Naruto nunca iria chorar na sua frente e eu tenho certeza que ele vai querer chorar quando os pais deles aparecerem. – ela esclareceu rapidamente, achando graça.

Hinata deu uma risadinha de apreciação e sentou-se.

– Enquanto eles conversam, nós podíamos voltar para casa e tomar um banho. – ela disse, sabendo que ir para casa significava ter que lidar com os seus pais.

– Esqueceu dos parasitas ali na porta? – Sakura perguntou desanimada, apontando para os jornalistas de plantão que se instalaram na porta do hospital.

– Eu e Naruto achamos uma porta dos fundos. – Hinata informou e viu a face de Sakura iluminar-se.

– Por que não falou logo? Vamos, eu preciso urgentemente lavar o cabelo. – ela disse e ambas foram para suas respectivas casas, enquanto Naruto lidava com a ansiedade de ter que falar com os pais depois de tanto tempo.

A porta do quarto se entreabriu e ele engoliu um seco, não sabia porque estava tão ansioso, eram seus pais, ele os conhecia desde sempre. Sabia que não era nenhum teste ou montanha-russa, mas o frio na barriga ainda o consumia como se fosse.

– Naruto? – foi Kushina quem chamou de forma hesitante, entrando lentamente no quarto, como se ainda não acreditasse que aquilo era a realidade e que seu filho estava mesmo vivo.

Ele sorriu da forma como melhor sabia e sentou-se de lado, encarando a mãe, que agora pairava inconformada na porta. Ele levou a mão para a nuca e ficou esperando alguma reação, quando Minato saiu de trás de Kushina e encarou o filho com os mesmos olhos incrédulos.

– Oi. – Naruto riu de forma nervosa.

– OI?! – Kushina berrou, agora aproximando-se rapidamente. – Você volta da morte e fala “oi”?! Quem você pensa que é? Desaparecendo e voltando assim? Como você faz uma coisa dessa? Eu... Não...

Naruto percebeu que ela estava a beira de lágrimas. Sempre que ela gritava desse jeito, era porque estava oprimindo suas emoções, ele a conhecia o suficiente para saber dessa característica, então apenas continuou sorrindo, feliz por ela tê-lo visto e continuado a ser ela mesma.

– Me desculpa... ? – ele murmurou, rindo, mas já era tarde demais. Ela já tinha o envolvido em um abraço apertado, urgente, seguido por soluços e choro histérico, enquanto balbuciava coisas incompreensíveis.

Sob o ombro da mãe, Naruto encarava o pai, que sorria de forma familiar e tentava ao máximo não soltar as lágrimas que acumulavam-se em seus olhos azuis. Ele sempre fora calmo e racional, mas parecia estar deixando-se levar pelas suas emoções.

– Bom te ver de novo, filho. – foi tudo o que ele disse, no meio dos murmúrios incompreensíveis de Kushina, que continuava chorando. Naruto ergueu o polegar para o pai e continuou a consolar a mãe, dando leves tapinhas em suas costas e dizendo que estava tudo bem.

Quando finalmente suas lágrimas se esgotaram, Kushina deu passagem para que Minato abraçasse o filho e os três ficaram conversando de forma entusiasmada até Naruto cair exausto nos braços da mãe, que o deixou dormindo sem ousar sair de sua posição. Nunca mais sairia do seu lado.

Era fácil de imaginar como as coisas sairiam assim que Hinata entrasse em casa, mas isso não a impediu. Ela estava cansada de fugir de seus problemas, tinha que encarar seus pais e explicar tudo o que tinha acontecido e o porque. Não podia continuar fingindo que estava satisfeita com a sua vida sob pressão para ser uma aluna perfeita e ainda cuidar de seu primo problemático.

– Neji?! – ela saltou surpresa ao vê-lo sentado na mesa de jantar, assim que entrou em casa.

– Hinata? – ele perguntou com o mesmo tom, fitando-a de cima a baixo com uma expressão de dúvida. – Seus pais estão loucos atrás de você! Me deixaram aqui para Hanabi não ficar sozinha.

– Onde eles estão? – Hinata estava aflita, apenas imaginando as consequências de ter ficado tanto tempo fora de casa sem avisar ninguém. Não tinha feito por mal e nem por um ato de rebeldia, apenas não tivera tempo para avisá-los, era tudo muito surreal para começar a explicar.

– Não sei, você devia ligar para eles! – Neji retrucou, ainda confuso. – O que aconteceu com você?

Para a sua surpresa, ele parecia preocupado, característica nada comum para o primo que tanto pegava no seu pé por nada.

– Por que você está com roupas de gala? – ele perguntou, agora adotando um tom de impaciência.

– Meu celular está sem bateria. – ela suspirou, vendo o visor do aparelho desligado. – Eu já volto.

Hinata correu pelas escadas e achou o telefone fixo no escritório, respirando fundo antes de ligar para os pais. Não tinha parado para pensar nos efeitos colaterais de suas ações até o momento em que a voz de seu pai disse um “alô” desesperado.

– Neji? Tudo bem aí? Hanabi está bem? – ele continuou, enquanto Hinata tentava encontrar a sua voz.

– Sou eu. – ela murmurou com a voz fraca.

– Hinata?! – o pai exclamou imediatamente e ela quase podia senti-lo exaltado de surpresa. – Nós vimos as notícias da TV, achamos que você estava...

– Eu estou bem. – ela se apressou em afirmar, enquanto ouvia sua mãe de longe do outro lado da linha. A última coisa que ela queria era causar aquilo tipo de preocupação. Enquanto estava tentando acalmar os pais e contar o que tinha acontecido, Hanabi apareceu na porta do escritório, fitando-a incrédula.

– Onde você esteve?! – ela exclamou, nervosa. – Estava todo mundo louco atrás de você. Até Neji foi legal e você sabe que isso é novidade!

Hinata estava apreensiva e completamente arrependida de pelo menos não ter informado a sua família de seu paradeiro. No fundo, ela achava que eles não iam ligar se ela desaparecesse, mas percebeu o quanto estava errada.

Ela apontou para o telefone para a irmã e continuou falando com os pais. Em qualquer outro cenário, estaria a beira de lágrimas, sem saber como reagir e se desculpando roboticamente. Mas não agora, agora estava segura de que suas ações tinham valido a pena.

Pensava no beijo de Naruto e estava tudo bem. Nada estragaria aquilo nunca e ela tinha forças para lutar, porque agora tinha um motivo para fazê-lo. Respirou fundo e continuou explicando a situações para os pais de forma calma e paciente. Admitia seus erros, mas de forma alguma prometia não fazê-los novamente, se errar significava alcançar o tudo o tinha conseguido nas últimas semanas, então talvez errar fosse certo.

Quando finalmente conseguiu desligar o telefone, após uma promessa que ficaria em casa até os pais chegarem, explicou para Hanabi que contaria tudo assim que tomasse um banho e se trocasse.

Era bom estar em casa e perceber que tudo realmente tinha acontecido e não fora um sonho.


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Notas finais do capítulo

Ooie, como vcs tão?
Cap novo pra vocês lindocos, espero que gostem! S2
Bom, como vocês devem ter percebido, a hist está chegando ao fim, mas ainda prometo alguns capítulos bonitinhos antes de acabar, prometo! Haha

Beijão, até o próximo :*