Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 27
Indispensável




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– Como sempre, seu plano é ridículo. – disse Sakura honestamente depois de ouvir a ideia de Naruto, que ainda estava entusiasmado consigo mesmo. – Mas pode dar certo.

O amigo sorriu e ela suspirou derrotada, sabendo que iria ceder de qualquer forma.

– Espero que dê certo, seus pais não acreditarão por muito tempo nas minhas desculpas, você tem que ser rápido. – ela suplicou, já prevendo as falhas e ele acenou positivamente, já em direção a janela de seu quarto. – Por que você simplesmente não conta a eles que...

Mas Naruto já tinha saído do quarto, deixando Sakura sozinha e ansiosa em seu quarto, pensando no que falaria para os pais deles quando aparecessem no cômodo a procura do filho recém recuperado.

Naruto corria em direção a casa de Hinata, que felizmente era relativamente perto da sua. Ele estava determinado em convencer os pais dela do quão impressionante era sua filha e de que não deviam deixá-la de castigo por ter um bom coração. Tentava pensar em algum jeito de explicar a situação sem mencionar a parte sobrenatural, mas nada parecia surgir em sua cabeça.

Ele chegou ofegante na frente da casa dela e ficou encarando a porta de madeira por alguns minutos, quando abriu-se subitamente, revelando Neji Hyuuga.

Naruto sempre tivera desentendimentos com Neji, desde que ele defendeu um amigo de um trote de veterano que o Hyuuga estava dando. Depois disso, parecia que a missão de vida do mais velho era achar qualquer maneira de incomodar Naruto.

– Uzumaki? – Neji perguntou, surpreso, enquanto o loiro ainda o encarava com incredulidade, nunca tinha parado para pensar que ele e Hinata eram parentes. Tinham o mesmo sobrenome afinal. – Então é verdade.

Naruto se lembrou que seu rosto estava estampado em todos os canais da TV e em todos os jornais e que todos estavam falando de sua história de não morte e o escândalo da empresa Uchiha.

– É. – foi tudo o que ele conseguiu dizer. Já tinha esquecido de seu plano ou de qualquer coisa que faria para tirar Hinata dali. Tudo o que conseguia pensar é que teria que aturar Neji fazendo piadas mórbidas por um ano inteiro.

– Seu namorado deve estar bem feliz. – o outro provocou, como sempre fazia, se referindo a Sasuke.

– Sasuke está em coma. - Naruto respondeu sério. Ele não estava com nenhuma paciência para aturar qualquer tipo de provocação de Neji, estava cansado de ter que lidar civilizadamente com aquele cara, ele sempre ia longe demais.

Se Neji se ressentiu pelo que falou, não deixou parecer, fazendo Naruto franzir ainda mais a testa de raiva.

– O que veio fazer aqui, se perdeu? – o moreno perguntou por fim, em um tom de voz de deboche, como se já estivesse pronto para outra piada.

– Vim ver Hinata.

Neji fez um barulho de desdém e revirou os olhos.

– O que você quer com aquela fracassada? – começou, enquanto Naruto se enfurecia gradualmente. – Espera, você também é fracassado, então acho que devem se entender. Dois patéticos, sem...

– Chega! – Hinata exclamou de repente, aparecendo por trás da porta. Naruto a fitou com satisfação no olhar e sorriu de forma contida, como se não fosse permitido sorrir em uma hora como aquela. – Você não pode tratar Naruto-kun assim. Ou eu.

Ela sabia que não devia comprar aquela briga e sabia que dificultaria sua vida muito mais na escola se fosse inimiga de Neji, mas de repente não ligava. Lembrou-se de Sakura o enfrentando e Naruto dizendo que ela não precisava ficar calada, enquanto ela ainda nem sabia quem era ele e ganhou forças. Forças para finalmente lutar. Lutar contra a opressão de seu pai e agora de seu primo.

Porque apesar de gostar de ser invisível, não gostava de ser muda, nunca gostou, apenas se acomodou e assim ficou por mais tempo que gostava de admitir.

– Não ouse falar comigo assim, sua...

– Cala a boca, cabeludo. – Naruto disse e se aproximou. Nunca fora violento, mas por alguma razão estava se sentindo extremamente protetor de Hinata e com uma vontade incontrolável de dar um soco na cara de Neji.

Neji encarou os dois com incredulidade e desdém, ainda se achando na posição de superioridade.

– Ou o que? – ralhou e Naruto chegou mais perto, pronto para atacá-lo de verdade dessa vez. Estava prestes a pegar no seu colarinho, quando outra figura apareceu por trás de Hinata.

– O que está acontecendo aqui? – o Hyuuga mais velho perguntou com uma clara impaciência e irritação.

Hinata se sobressaiu e virou-se para fitar o pai, que a encarava com autoridade.

– Hinata está me caluniando. – Neji se apressou em dizer.

Em outros tempos, ela apenas ficaria calada e aceitaria a bronca que seu pai desse em silêncio e sem delongas, apenas esperando que aquilo acabasse logo para que pudesse ir para o seu quarto.

Mas não dessa vez. Dessa vez Naruto estava a encarando, estava logo ali, fitando-a com seus olhos azuis cheios de uma esperança recém adquirida de que ela poderia ser algo mais do que nada. Ele tinha a confiança em seu olhar que ela não tinha nela mesma, mas que adoraria ter e que algum dia teria se continuasse a almejando.

Ela o viu acenando com a cabeça de leve e percebeu que estava lendo seus pensamentos, como tão facilmente fazia, mesmo sendo tão imperceptível em tantos outros sentidos.

– Pai, Neji está mentindo. Ele sempre mente. Ele sempre me xinga, me desrespeita e me trata como lixo. Me fez acreditar por muito tempo que eu era insignificante, que eu não mereço o nome da família Hyuuga. E apesar de acreditar que talvez o senhor ache isso também, não mereço esse tratamento. Eu estou cansada de fingir que nada disso acontece e sofrer em silêncio. Ele é um crápula. – Hinata soltou rapidamente, como se tivesse medo de que se não dissesse tudo de uma vez, não falaria nunca.

Hinata viu Naruto sorrir discretamente e sentiu o restante do frio da barriga ir embora, ele lhe dava toda a confiança que faltava.

– Isso é verdade? – o mais velho perguntou, encarando Neji com indiferença, como se não acreditasse plenamente em Hinata e precisasse de uma confirmação para tomar o seu lado.

– É claro que é! Por que você duvida da sua própria filha? – Naruto soltou finalmente, cansado de ver tamanha injustiça sem poder fazer nada. Felizmente, ele já não era mais mudo e invisível.

O pai de Hinata o encarou com incredulidade e superioridade, surpreso por alguém como Naruto falar com ele com tanta insolência.

– Quem é você? – ele perguntou friamente, enquanto Neji se posicionava estrategicamente atrás do homem.

– Pai, isso não importa, eu... – Hinata tentou intervir.

– Fica quieta! – ele exclamou com autoridade e ela estremeceu, fazendo Naurto chegar em seu limite. Como um pai podia tratar a filha assim? Será que ele não percebia o quanto a afetava. Ele finalmente entendeu de onde vinha toda a timidez e insegurança de Hinata.

Naruto estava pronto para bater em alguém quando viu os olhos claros de Hinata se acumularem com lágrimas e o tanto de esforço que ela estava fazendo para não deixá-las cair pela sua face.

– Eu não tenho tempo, nem paciência para me envolver com os seus dramas adolescentes, Hinata. E você, para de atormentar a minha filha e vê se cresce. – ele falou, claramente impaciente.

Ela sabia que isso não mudaria muita coisa, mas já era alguma coisa.

– E você, o que você quer? – perguntou finalmente para Naruto, que ainda o encarava com incredulidade e raiva.

– Eu vim aqui falar que Hinata me ajudou, quando ninguém mais me ajudou. Ela foi generosa, honesta e bondosa, coisas que eu realmente não sei de quem ela puxou. Vim dizer que não há motivos para você deixá-la de castigo, porque tudo o que ela fez foi ser uma boa pessoa. Mas percebo agora que não adianta. Nada do que eu falar vai fazer você perceber a ótima filha que você tem e não merece. – Naruto soltou de uma vez, com um tom de voz firme e olhos determinados. – Vem Hinata, vamos sair daqui.

Ele passou por um Neji perplexo e pegou na mão de Hinata, que não protestou. Ela tinha certeza que ainda ouvia o pai protestando e falando outras coisas, mas não se importava. Era tão bom simplesmente não ligar para as repressões que a mantiveram tão acomodada por tanto tempo.

Ela olhou pra o perfil de Naruto, que ainda estava com a testa franzida, claramente irritado e murmurou um “obrigada”, que passou despercebido por ele, que caminhava rapidamente.

Hinata não sabia para onde estavam indo e Naruto também não saber, mas andar ao seu lado era suficiente. Estava aproveitando o silêncio confortador, quando o celular de Naruto começou a tocar.

Ele atendeu e mudou de expressão gradualmente enquanto falava, de extrema raiva para felicidade instantânea.

– Sasuke acordou! – ele exclamou, assim que desligou. Hinata sorriu, feliz.

– Isso é ótimo. – disse, com o humor renovado. – Você precisa ir lá e falar que você está vivo antes dele ver em outro lugar.

Naruto concordou e começou a correr, puxando a sua mão. Ela hesitou, ela não precisava ter ido, não era tão próxima de Sasuke, e eles eram amigos faz tanto tempo, sentia-se como se fosse ser apenas um empecilho.

– Espera, acho que vou para casa. – ela disse, mas Naruto apenas bufou.

– Não seja boba, tudo deu certo por sua causa, sem você, nunca teríamos colocado Madara na prisão, Sasuke vai querer te agradecer. – ele retrucou. – E eu quero que você vá comigo.

Essa última parte ele disse sem fita-la, um tanto envergonhado e ela achou adorável. Não podia recusar se ele achava que ela seria um apoio ao contar para o amigo que ainda estava vivo.

Enfim, concordou e os dois foram direto para o hospital. Lá, encontraram uma Sakura completamente fora de si, absolutamente surtada.

– Me disseram que ele já acordou do coma, mas está dormindo! Eu não sei o que isso quer dizer, ele não estava dormindo antes? Estar em coma não é a mesma coisa que estar dormindo? – perguntou incansavelmente, assim que viu os amigos.

– Calma. – Hinata tentou acalmá-la, mas sabia exatamente o que ela estava sentindo. Sentira a mesma coisa quando acordou Naruto e não sabia se ele realmente estava vivo. – A enfermeira já deixou você entrar?

– Não, ela disse que só tem um horário de visita, então preferi esperar vocês. Só duas pessoas podem entrar por vez. – Sakura explicou, excitada. Estava claro que ela não gostou de ter que esperar.

Sendo assim, Hinata concedeu seu lugar de bom grado e deixou os dois entrarem exaltados na sala de visita, enquanto ficou na recepção, torcendo para o melhor.

– O que aconteceu? – Sasuke acordou sendo fitado de perto por Sakura, que ainda estava ofegante e completamente histérica. Ela suspirou aliviada e afastou as lágrimas involuntárias de seus olhos, envolvendo Sasuke em um abraço apertado.

– Eu salvei sua vida, foi isso que aconteceu. – Naruto respondeu, em tom brincalhão do outro lado, já esperando uma reação de choque do moreno, que pulou de susto.

– Eu morri?! – ele perguntou, incrédulo. – Mas que mer...

– Não, idiota! – o outro replicou, rindo. – Eu estou vivo! – exclamou, feliz. Naruto não tivera muito tempo para pensar em um bom jeito de contar uma coisa tão importante, então simplesmente resolveu improvisar.

Sasuke soltou-lhe um olhar de incredulidade e depois voltou o olhar para Sakura em busca de confirmação.

– Eu também achei isso no começo. – ela explicou, cautelosa. – Mas é verdade.

O Uchiha ficou alguns segundos apenas fitando-a, esperando que ela desmentisse e risse ou alguma coisa assim, mas não recebeu nada em troca, apenas o olhar determinado e frio da verdade. Ele voltou a encarar Naruto, que ainda estava com um sorriso no rosto e murmurou, inconformado:

– Seu retardado! Como você pode mentir sobre uma coisa dessa?! Eu vou te matar, eu juro que...

– Eu já morri, espertão. – Naruto retrucou, desarmando Sasuke, que não conseguiu mais manter a sua máscara de repressão e começou a gargalhar, sendo acompanhado pelos outros.

– Ele não mentiu. – começou Sakura, depois do ataque de risos. – Ele estava mesmo morto. Quer dizer, semi-morto ou sei lá. Madara estava usando o corpo dele para pegar seus órgãos.

Então, ela explicou a situação toda e como tudo tinha se desenrolado. Contou que ele ficara desacordado por dois dias e enquanto isso, ela e Naruto tinham desmascarado Madara com as câmeras de sua própria casa e o colocado na prisão, onde ficaria pelo resto de sua vida.

– Aquele maldito merecia morrer. – Sasuke disse amargamente, depois de ouvir tudo com atenção. – E Naruto, não acredito que nem em morte conseguimos nos livrar de você.

O amigo riu e se aproximou.

– Não vou sumir tão cedo. – afirmou, erguendo o polegar. Sasuke revirou os olhos e sorriu de forma contida, nunca admitiria o quanto estava feliz por ter seu amigo de volta.

Os três se encararam com o olhar caloroso de uma amizade antiga e suspiraram. Tudo tinha acabado bem

– Vamos, vamos, tenho que fazer alguns teste no Sr. Uchiha. – uma enfermeira falou, ao entrar na sala. Sakura e Naruto a obedeceram e se juntaram a Hinata do lado de fora, na recepção.

– Ele está bem? – a morena perguntou imediatamente, se aproximando.

– Sim, já está até me zoando. – Naruto respondeu sorrindo, enquanto Sakura se afastava para pegar alguma coisa para comer.

Hinata suspirou aliviada e sorriu junto.

– Que bom. – ela disse, honestamente.

– É. – Naruto concordou e fitou-a. Ela o encarava com seus grandes olhos de cor surreal, repletos de honestidade e bondade, fazendo-o pensar que não existia ninguém mais importante do que ela naquele momento. Não sabia porque, mas tinha que dizer que queria ficar com ela para sempre, que não suportaria mais um dia sem encarar aqueles olhos. – Hinata... Eu...

Ela sorriu, encorajando-o e ele corou, desviando o olhar. Esses últimos dias, ele tinha percebido o quão ela era necessária para ele e de repente simplesmente sabia como se sentia e o que queria, como nunca tinha sentido antes. Na recepção de um hospital, depois de falar para o seu melhor amigo que na verdade não estava morto, parecia a pior hora e o pior lugar possível para ter aqueles sentimentos, mas isso não o impediu.

– Eu queria dizer que... – ele começou novamente, mas não sabia como continuar. Ela apenas o fitava pacientemente, com sua expressão gentil e adorável que o fez se apaixonar por ela há meses atrás. – Que eu quero que você seja minha namorada!


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Notas finais do capítulo

Gente, haha, depois de alguns anos estou de volta. Bom, como eu disse no último cap, eu fui viajar e voltei umas duas semanas atrás. Não deu para escrever, porque tive que me conectar de volta no mundo real, mas finalmente consegui um tempinho para os meus hobbies, hehe.
Então aqui está o cap novo, espero que tenham gostado! A fic está acabando, mas prometo momentos fofis até la *-*
Obrigada pela paciência S2

Beijão :*



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