Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 23
Limite




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Lá estava ele, com os olhos fechados como se estivesse dormindo. Hinata encarou o rosto do corpo imóvel e voltou o olhar imediatamente para a figura ao seu lado, que felizmente não tinha sumido. Ela não queria demonstrar seu alívio, mas soltou um suspiro.

Depois de alguns segundo aceitando o quão estranho era aquela cena, começou a notar as coisas importantes. Baixou o olhar para o peito de Naruto, para ver se ele estava respirando e se surpreendeu com a respiração lenta, mas uniforme dele. Aliviada, encarou o outro Naruto com animação, enquanto ele fixava o olhar em outra parte do corpo.

Hinata o acompanhou e viu que sua barriga estava coberta por um plástico opaco, que ela não ousou tirar. De lá, saiam vários tubos que ligavam à maquina ao lado dela, além disso, diversos outros tubos saiam de outras partes de seu corpo, indicando que ele estava sendo dopado. Ela respirou fundo e ouviu o barulho constante que o aparelho fazia, indicando que ele estava vivo.

– Você está vivo. – ela cochichou, não sabendo exatamente porque estava abaixando o tom de voz.

Naruto acenou de leve com a cabeça, sem conseguir tirar os olhos do corpo à sua frente.

– Isso é tão bizarro. – murmurou, agora começando a rir. – Bom, você tem que me acordar.

Hinata se sobressaiu e o encarou, sem entender.

– Eu não sei a sua situação, posso piorar tudo, eu não posso... – ela tentou convencê-lo, não queria arriscar sua vida.

– Você é a minha única chance. – Naruto retrucou, sério. – Eu confio em você.

Hinata quis dizer que estava longe de ser sua última chance, que podia chamar alguma enfermeira depois que desmascarassem Madara e que tudo daria muito mais certo se ela não estivesse envolvida, mas notou o tom de confiança na voz dele e corou, ele estava depositando a sua vida nas mãos dela.

– Eu não sou capacitada para isso. – ela disse, séria. Sabia que tinha feito aulas extra curriculares e que tinha grandes noção de medicina, já que queria ser médica no futuro, mas não podia arriscar perder Naruto de verdade.

– É sim. – ele afirmou com mais convicção do que ela jamais teria. – Eu vejo as suas tarefas extracurriculares, você é incrível, vai ser uma ótima médica!

Hinata o fitou com preocupação, não acreditava que ele estava confiando a sua vida nela.

– Eu não tenho nada a perder. – ele argumentou, finalmente.

“Mas eu tenho”, ela pensou imediatamente. Quis dizer a ele que não queria podia perdê-lo, mas não queria ser mais egoísta, sabia que era aquilo que ele queria. Hinata respirou fundo e acenou de leve com a cabeça.

Com calma, ela retirou o plástico que cobria uma parte da barriga dele e engoliu um grito. Embaixo dele, havia uma ferida grande aberta, com diversos tubos presos no intestino de Naruto. Ela percebeu imediatamente que não havia nenhum dano grave e que parte do interior dele aparentemente tinha sido recuperada. Talvez Madara tivesse curado Naruto do acidente e estava o tornando perfeito para seus experimentos, mantendo-o sedado.

Hinata suspirou de alívio, costurou a abertura pacientemente, retirou os tubos cuidadosamente e tirou a droga que estava sendo injetada em suas veias pelo braço. Olhou para o lado, afim de encontrar os olhos azuis de Naruto, mas encontrou apenas o branco desbotado da parede.

Tentou não se desesperar, mas o choro já estava entalado em sua garganta. Ela hesitou ao encarar o corpo e usar os dedos para checar a pulsação. Aliviada, conseguiu sentir as batidas fracamente sob a pele dele. Hinata afastou as lágrimas e esperou pacientemente.

Quando os minutos já pareciam ter sido horas, Naruto abriu os olhos lentamente, como se tivesse acabado de acordar de um sono profundo e o coração de Hinata pareceu pular para fora de seu peito.

Ela não conseguiu resistir ao impulso de abraçá-lo, tomando cuidado para não encostar na ferida recém fechada. Com a sua pele do rosto sendo molhada pelas lágrimas que escorriam livremente de seu rosto, ela não se importou em parecer patética. Naruto estava vivo e ao seu alcance.

– Quem é você? – ele perguntou, fazendo-a se afastar imediatamente e o encarar com puro choque e ressentimento. As lágrimas imediatamente se transformaram, tornando-se mais pesadas e reais.

Então, ele deixou sua expressão séria e sorriu.

– Brincadeirinha. – falou, rindo, enquanto levantava-se devagar. Hinata deu um suspiro de alívio e corou, sem saber como reagir. – Você foi demais! Obrigada, Hinata.

Agora que ele estava tão real, tão perto, ela pensou no quanto foi ingênua ao pensar que o fantasma possuía alguma energia. Agora que ela o via vivo, ela não conseguia começar a pensar em como eles eram diferentes. Era como se o fantasma fosse a lua e o vivo, o sol. Soltando um sorriso, notou como Naruto exalava mais brilho a partir do azul de seus olhos, como a cor da sua pele tinha sombras e falhas, sendo perfeitamente colorida e como a opacidade de seu ser o tornava tão mais concreto.

– Vamos, não temos tempo a perder, temos que achar Sasuke e Sakura. – ele falou, já de pé e vestindo um casaco qualquer por cima de suas vestes de hospital. Ela percebeu o quanto ele estava feliz por estar vivo, mesmo tentando esconder por trás de suas atitudes altruístas.

Não se importou com o que ele disse, e voltou a jogar seus braços sobre seu corpo, dessa vez sendo retribuída. Tentou ignorar o calor que sentia e a sensação familiar em seu estômago, mas era impossível. Era completamente diferente abraçar o Naruto vivo. Infinitamente melhor.

– Estou feliz que esteja bem. – ela falou baixinho, depois de se afastarem.

Ele sorriu e a encarou.

– Espera! – exclamou, de repente. – Lembrei! Eu sei porque apenas conseguia te ver! Você foi a última pessoa que eu vi antes de morrer!

Ela o encarou confusa.

– Eu tenho certeza! Eu lembro. Sasuke estava de porre e dormindo e a última coisa que eu vi foi você andando na calçada. – ele afirmou, agora com um tom de entusiasmo em sua voz, como se tivesse descoberto a verdade por trás do universo. – Eu devo ter me distraído, porque não vi o carro que bateu de frente comigo.

Hinata lembrou-se vagamente de um acidente que tinha presenciado, mas que teve que sair de cena por pedido da polícia e levou as mãos na boca. Nunca podia imaginar que era Naruto quem estava naquele carro e que ele a vira na calçada quando ninguém mais a viu.

Ele soube como era ser invisível por seis meses, ela se sentia assim desde sempre. Até então.

– Fico feliz que tenha sido eu. – disse, sorrindo. Eternamente grata por ele ter entrado em sua vida.

– Eu também! – ele exclamou feliz e começou a procurar alguma ferramenta. – Vamos, precisamos mesmo ajudá-los. – concluiu, pegando uma chave de fenda. Antes de saírem da sala, fizeram questão de tirar fotos de tudo, afinal, aquilo era a prova de que precisavam.

Na sala de jogos as coisas não estavam tão promissoras, já que Sasuke se contorcia de dor, acordando lentamente de seu estado dormente.

– Você sempre foi menos inteligente que Itachi, não é mesmo? – Madara perguntou, provocando-o. – Ele já tinha se tocado que não conseguiria argumentar comigo. Ele foi o primeiro a tentar me impedir. E o primeiro a morrer.

Sasuke cuspiu sangue no chão, simplesmente enojado com o homem que se dizia seu tio. Não conseguia acreditar que eram mesmo parentes.

– Mesmo que eu morra. – ele falou entredentes, completamente fora de si e com dificuldades de respirar. – Meus pais ainda estão vivos.

Madara gargalhou de forma maníaca e Sasuke apertou sua ferida na barriga, não resistiria por muito tempo, já tinha perdido muito sangue e sua visão estava começando a ficar comprometida.

– Não seria terrível se eles morressem em um acidente de avião? – o homem perguntou de forma sádica e Sasuke apenas continuou o fitando com desprezo.

– Eu sempre soube que você era louco, mas matar o próprio irmão é outro nível. – ele conseguiu dizer fracamente, enquanto rastejava para onde Sakura estava caída. – E eu me pergunto como você vai me matar na sua própria casa e não se incriminar.

A essa altura, ele só estava tentando ganhar tempo, já sabia que o tio tinha um plano infalível para acabar com todas as evidências, assim como fez com Itachi. Ele só precisava arranjar um jeito de sair dali. Tentava pensar racionalmente, mas o ferimento em sua barriga estava doendo demais para qualquer tipo de concentração.

– Sakura? – ele perguntou baixinho no ouvido da namorada quando finalmente a alcançou, sem obter resposta. Madara estava discursando o seu plano de forma entusiasmada, enquanto rodava a faca ensanguentada em suas mãos.

– Sakura, por favor... – ele implorou. Não podia perder mais alguém. Não depois de Naruto e Itachi, simplesmente não aguentaria. Ele deitou a cabeça no abdômen dela, completamente exausto, já não conseguia distinguir as cores e pontos pretos estavam ocupando seu campo de visão. Então, fechou os olhos e pensou em desistir.

– Sa... Sasuke... – ele ouviu bem baixinho e ergueu sua cabeça imediatamente, fitando os olhos de Sakura, que agora estava entreabertos. Suspirou de alívio e a abraçou, de repente sem se importar com a sua barriga. – Se finge... Se finge de morto.

Ele não precisava fingir, morreria de fato em questões de segundos. Imaginou que talvez ela não tivesse visto o ferimento dele e preferiu não contar, mas agora que sabia que ela estava viva, precisava fazer alguma coisa. Não podia morrer assim.

– ... vai ser como Romeu e Julieta, ninguém vai desconfiar de nada. E eu, um pobre homem que perdeu o sobrinho na própria casa. Que tragédia. – Madara continuava a discursar, enquanto Sasuke pensava em alguma coisa inutilmente.

– Você... Você nunca vai escapar tão fácil... – sua voz vacilava e ele não conseguia focar o rosto do Uchiha mais velho.

– Você não estava me ouvindo? – o outro replicou, achando graça. – É um plano perfeito.

– Não é... Eu encontrei... Eu encontrei uma... Uma falha. – Sasuke mentiu, desesperado. Não sabia o que conseguiria fazendo o tio ficar nervoso, mas precisava de mais tempo para pensar.

– Você está blefando. – Madara falou, agora sério.

– Por que... – ele tentou. Falar estava cada vez mais difícil. – Por que eu... Blefaria... Em uma situação como essa?

Madara o encarou com curiosidade, ponderando se deveria acreditar ou não. Mas não importava, porque Sasuke já não conseguia ficar consciente, as cores se misturaram e o mundo pareceu rodar. Então, ele caiu sobre Sakura, que não se mexeu.

– Que pena, estava ficando divertido. – o Uchiha mais velho falou e virou-se para implantar falsas evidências na cena do crime. Sakura abriu os olhos devagar e cutucou Sasuke, esperando uma resposta física que não veio. Preocupada, ela virou-se o suficiente para encará-lo. Assim que viu sua face, sufocou um berro. Ele estava pálido e sua blusa estava encharcada de sangue, onde sua mão pairava cobrindo um ferimento grave no meio da sua barriga.

Sakura segurou as lágrimas e mordia os lábios para não gritar. Ela encarava as costas de Madara e pensou no que poderia fazer o mais rápido possível, precisava tirar Sasuke dali e levá-lo para um hospital o quanto antes.

Ela não percebeu o espelho que estava na frente do homem, que viu tudo pelo seu reflexo.

– Temos uma espertinha aqui. – ele murmurou com escárnio, virando-se bruscamente para encará-la com seu olhar alucinado.

Sakura então soltou tudo o que estava engolido e começou a chorar, dizendo coisas sem sentido para Madara, que só a encarava com sadismo. Ele se aproximava lentamente com a faca na mão e ela tremia, pairando na frente do corpo caído de Sasuke.

Fechou os olhos e esperou pelo fim eminente, mas um estrondo a despertou.

Naruto apareceu pela porta e ela esfregou os olhos, sem entender. Achou que estava morta, que finalmente tinha se juntado ao seu amigo e que em alguns segundos iria para o céu, para o inferno ou para qualquer outro lugar.

Mas nada aconteceu. Seu corpo ainda tremia e seus olhos ainda a enganavam com a imagem de Naruto atacando Madara pelas costas com uma chave de fenda. O loiro bateu forte na cabeça do Uchiha, que caiu no chão.

– Hinata, tudo bem, pode vir! – ele berrou para a porta, de onde Hinata surgiu, hesitante.

Sakura estava respirando fundo e suas lágrimas não paravam de cair. Estava em completo choque, enquanto Naruto amarrava o corpo de Madara em um cano sobressalente. Quando ele finalmente julgou que o homem estava preso o suficiente, encarou-a e ela não soube o que fazer.

Estava vendo fantasmas? Era como Hinata agora?

– Sakura, você está bem?! – ele perguntou, urgente, se aproximando e ela não se mexeu.

Hinata estava ajoelhada do lado de Sasuke, tentando conter o sangramento e olhando com urgência para Naruto. Precisavam sair dali, não era hora de reencontros.

– Por que... Por que eu consigo te ver? – Sakura gaguejou, olhando fixamente para Naruto, que a encarava de volta com preocupação.

– Na verdade Madara não queria me matar ele queria matar Sasuke que estava no mesmo carro que eu mas acabou me afetando sem querer então ele resolveu me usar para pegar meus órgãos e... – Naruto começou a explicar rapidamente sem respirar, deixando Sakura ainda mais confusa.

– Naruto, não temos tempo. – Hinata sussurrou, cautelosa. - Precisamos levar Sasuke para o hospital.

O nome de Sasuke fez Sakura acordar de seu transe e fitar Hinata com preocupação. Ela não ligava se Naruto era um fantasma, um vampiro ou qualquer outra coisa, só queria que Sasuke estivesse bem.

Naruto ajudou a erguer Sasuke e os quatro saíram da mansão, indo direto para o hospital. O caminho foi silencioso, mas cômodo, tudo tinha acabado.


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Notas finais do capítulo

Oooie lindocos!
To feliz (ainda) pq Brasil ganhou da Croáciaaa, aeaea! Hahah, enfim, cap novo procês! :D
Gostaram? *-*

Beijocas :*



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