Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 24
Quatro letras




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Depois da mansão, tudo aconteceu rápido demais, o hospital fez questão de internar Naruto e alegaram que ele só estava se mantendo de pé por causa da adrenalina. Para a felicidade de Sakura, Sasuke estava vivo, apesar de muito ferido. E Hinata ficou encarregada de falar com a polícia e mostrar todas as fotos e tudo o que tinha descoberto.

A última coisa que queria fazer era encarar os jornalistas que pairavam na frente do hospital de plantão, então ela fez questão de ficar ali dentro, junto com Sakura até os dois acordarem.

— Precisamos ligar para os pais dele. – Sakura disse a certo ponto. – Vai ser surreal.

Hinata concordou. Não saberia como reagir se algum dia achasse que alguém voltou da morte, ainda mais um filho.

— Acho melhor você fazer isso, você tem um jeito com as pessoas. – Sakura continuou, fazendo Hinata se sobressair. Ela não queria estragar tudo, mas sabia que se Sakura tentasse, ia se sair pior. As pessoas confiando nela para tarefas era uma coisa nova, mas ela gostava, se sentia mais responsável.

Hinata pegou o número que a outra passou-lhe e ligou pelo celular. Não saberia como começar a falar, isso era tarefa da polícia ou das enfermeiras do hospital, não de uma estudante qualquer.

— Sra. Uzumaki? – ela perguntou quando uma voz feminina atendeu. – Tudo bom? Sou Hinata Hyuuga, eu estudava com Naruto.

Então, ela explicou-lhe toda a história, omitindo a parte do fantasma para ser mais convincente, dizendo apenas que descobriram tudo investigando a morte de Itachi.

Como era de se esperar, Kushina não acreditou e a xingou por estar pregando uma peça de tão mal gosto, acreditando ser apenas uma adolescente passando um trote. Hinata teve que encontrar em si mesma o tanto de gentileza e bondade que conseguiu para lidar com a situação.

Depois de várias explicações e ataques de ansiedade da parte de Hinata, ela finalmente conseguiu convencer os Uzumakis de que Naruto estava realmente vivo e no hospital.

— Eles estão vindo. – ela disse, respirando fundo, aliviada. – Eu pedi para eles ligarem a TV e verem o escândalo.

— Boa. – Sakura respondeu, claramente exausta. Ambas já estavam há dois dias no hospital, se alimentando de petiscos e ainda com as roupas de gala. – Eu vou ver se já posso ver Sasuke.

Hinata sabia que não, Sasuke estava em um estado grave e provavelmente só a família poderia visita-lo naquela altura, mas entendia que Sakura só queria ter alguma coisa para fazer, para não ter que encarar os jornalistas do lado de fora e o tédio da sala de espera.

Cansada de esperar também, Hinata foi ver Naruto, que já estava acordado e completamente inquieto, querendo sair do hospital a cada minuto.

— Hinata! – ele exclamou ao vê-la entrando. – Achei que fosse uma enfermeira. Quero sair daqui!

Ela sorriu de forma contida e se segurou para não se desculpar.

— Você ficou muito tempo inconsciente, eles querem fazer todos os testes possíveis antes de deixá-lo sair. – ela explicou pacientemente, se aproximando da cama.

— Mas eu estou bem! – ele disse, claramente determinado em convencê-la.

Hinata conseguia ver o quanto ele estava bem. Ativo, alegre e inquieto, não tinha como estar melhor. Não conseguia parar de sorrir, ele estava vivo e estava ali, olhando para seus olhos, não os tinha esquecido ou fingindo que nada tinha acontecido. Parecia um sonho.

Antes, ela não imaginava um cenário no qual a amizade deles daria certo, mas com tudo perfeitamente encaixado como estava, não conseguia imaginar outro jeito.

— Hinata, por favor me tira daqui. – ele suplicou, levantando-se. – Se eu tomar mais da sopa desse hospital, eu com certeza vou morrer!

Ela o encarou e analisou todas as máquinas e soros que ele estava tomando e concluiu que ele estava bem. Podia ver em seus olhos o quanto ele estava ansioso para sair na rua e ser visto, fazer coisas que sentia saudades e se sentir presente.

— Ok, vamos. – ela decidiu subitamente, sendo tão impulsiva o quanto gostaria de ser mais vezes. Naruto se sobressaiu por um instante, mas logo abriu um sorriso infantil, próprio de alguém que estava acostumado a aprontar e agir impulsivamente.

Os dois encontraram uma saída de emergência alternativa pelo fundo do hospital, na qual Naruto tentou atravessar, lembrando-se inutilmente de que não podia mais atravessar paredes.

— Dã. - disse para si mesmo, rindo e abriu a porta. - Preciso lembrar que não sou mais um fantasma. Isso é tão estranho.

Naruto parecia ver o mundo com outros olhos, encarando todos na rua incansavelmente, sem parar quando o encaravam de volta. Ele fazia questão de esbarrar alguém de vez em quando só para ter certeza de que existia.

— Onde estamos indo? – Hinata perguntou a certo ponto, quando percebeu que ele sabia exatamente que caminho seguir.

— Você vai ver! Eu estava morrendo de saudades disso. – ele respondeu.

Antes que ela pudesse questionar o que era “isso”, ele parou na frente de um restaurante pequeno e aconchegante que servia comida japonesa e majoritariamente ramen.

Esse é o Ramen Ichiraku, o lugar que vendo o melhor ramen de todos! – Naruto disseextremamente feliz. Hinata conseguia ver a excitação transbordando de seus olhos quando ele entrou no estabelecimento e sentou no balcão. – Teuchi!

Um homem de aparência simpática surgiu das cortinas que davam para a cozinha e encarou Naruto com incredulidade.

— Naruto?! Faz tanto tempo que você não vem aqui, achei que tinha morrido! – ele disse sorrindo e os três riram por motivos diferentes.

— Eu quero o de sempre, velho! Traga dois! – ele pediu entusiasmado.

Demorou apenas alguns minutos para o pedido ficar pronto.

— Esses são por conta da casa! – Teuchi falou, ao entregar as duas tigelas para eles e sumir para atender outros clientes.

— Não acredito que depois de tanto tempo só observando, vou finalmente poder comer! – Naruto pensou em voz alta, feliz com sua situação. Hinata sorriu e experimentou o ramen. Era de fato gostoso e ela apreciou o fato dele levá-la ali para conhecer algo que ele gostava tanto.

Ela ficou observando Naruto comer incansavelmente o prato dele e sorriu com a felicidade dele.

— Ai cara, podia comer isso o dia todo! – ele disse ao terminar. – Você gostou?

Hinata acenou com a cabeça, satisfeita.

— O que mais você quer fazer? – perguntou, pronta para acompanhá-lo em sua jornada para apreciar sua nova vida.

— Não sei!

Naruto levantou-se e pegou a mão de Hinata de forma descontraída, sem pensar muito, e a levou junto para fora do restaurante. Juntos, andaram por um tempo em silêncio, Hinata apreciando a vista e a companhia e Naruto aproveitando seu novo estado de não invisibilidade.

Quando eles chegaram em uma praça, ele correu para cima de um banco e gritou o mais alto que pôde, sendo encarado de diversas formas por todos que o rodeavam. Mas ele não ligava, queria ser notado. Finalmente podia ser notado.

Hinata o encarou com adoração, ela entendia como ele se sentia, afinal ela prórpia se sentia invisível de sua certa forma, antes de conhecê-lo.

Ignorando os comentários, enquanto ria abertamente, Naruto voltou para o lado dela e disse:

— Muito obrigada por me ajudar.

Ela corou imediatamente. Ele não entendia que tinha a ajudado o mesmo tanto também?

— Eu... – tentou. Apesar de já se sentir muito mais confortável com ele do que anteriormente, ainda tinha a sua imutável característica tímida. – É...

Naruto sorriu com a cor avermelhada que tomou conta das maçãs do rosto de Hinata e se aproximou devagar. Ela tinha o ajudado por pura vontade própria, sem motivo nenhum, apenas pela bondade de seu coração. Não tinha como agradecer o suficiente tudo o que ela tinha passado por ele apenas pelo seu desejo de ajudar.

Sem pensar muito, como tudo o que fazia na vida, ele pousou as mãos no rosto dela e se aproximou involuntariamente, sem desviar o olhar do azul claro profundo que coloriam os olhos de Hinata.

Conseguindo sentir o calor e a proximidade, ele já não estava pensando racionalmente quando tocou seus lábios nos dela. Aquilo bastava, não precisavam de palavras bonitas ou de música e chuva. A conexão que tiveram imediatamente era quase palpável e fez o tempo congelar.

Uma sensação de calor subiu na espinha de Hinata, que não ousou se mexer, com medo de estragar aquele momento tão tênue, que já não sabia diferenciar se era realidade ou sonho. Por um momento, nada mais existia, o vento não batia, os raios do sol não batiam em seus rostos, as pessoas não caminhavam... Só havia os dois e seus lábios se tocando ternamente.

De repente, era como se conhecessem há anos e tudo o que fizeram até então os guiassem para aquele momento. Nenhum deles conseguia colocar em palavras o que estavam sentindo.

Hinata, absolutamente maravilhada por descobrir que tinha o seu amor correspondido, desafiava o tempo para que ele não passasse. E Naruto, redescobrindo uma paixão que tentou suprimir e ignorar inconscientemente, sentiu-se como nunca tinha se sentido antes. Finalmente descobriu o que sentia por Hinata e entendeu definitivamente o que era amor, notando que seus sentimentos por Sakura eram completamente fraternais.

Cedo demais, Naruto se afastou, deixando Hinata sem reação.

— Eu... Desculpa! – ele pediu imediatamente, corando. – Foi.. Sem querer! Quer dizer, não sem querer! Eu quis, mas... quer dizer...

Hinata nunca o tinha visto dessa forma e acharia completamente adorável se ainda não estivesse em completo choque pela inciativa dele.

— Eu não devia ter feito isso! – Naruto continuava tagarelando de forma contínua, enquanto Hinata processava tudo.

— Naruto... – ela murmurou, baixinho, tentando interromper as desculpas. – Não se desculpa.

Mas ele não estava escutando, estava preocupado demais em se desculpar por agir impulsivamente, sem pedir a permissão dela. Ele achava que só ele tinha se sentido tudo aquilo e ela estaria o odiando no momento.

— Naruto? – ela o chamou novamente, mas ele ainda estava surtando.

Então, ela concentrou toda a coragem que tinha adquirido nas ultimas semanas, segurou o rosto de Naruto e o beijou novamente, dessa vez mais intensamente, tentando demonstrar como se sentia e como estava amando tudo sobre aquele momento.

Dessa vez, foi ela quem se afastou primeiro, fitando diretamente nos olhos dele, que também ainda estavam maravilhados com a visão.

A essa altura, Hinata já não ligava para rejeição ou em se fazer de ridícula. Depois da iniciativa de Naruto, sentiu-se pronta para declarar tudo o que sentia e o que estava sentido faz um tempo. Queria mostrar que estava ali para ele para qualquer coisa e que ajudá-lo acabou fazendo-a sentir-se melhor.

— Não se desculpe. – ela repetiu, dessa vez com a atenção dele.

Naquele instante, Naruto esqueceu-se que já não era mais invisível porque a única pessoa que importava era Hinata e ele só ligava se ela podia vê-lo ou não.

Sorrindo de forma expansiva, ele colocou o braço no ombro dela e continuaram andando juntos, sem se importar com nada mais ao redor.


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Notas finais do capítulo

Oi gente linda, cap novo pra vocês *-*
Gostaram?

Beijocas :*



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