Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 2
Surpresa




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2 meses antes...

Hinata Hyuuga estava dormindo tranquilamente quando acordou subitamente com o alarme ao seu lado. Apesar de estar acostumada com o horário, ainda custava-lhe sair da cama quando o sol ainda nem tinha aparecido por completo. Mas ela sabia que tinha que levantar-se para ir estudar, afinal, seu futuro dependia daquilo.

Sonolenta, arrumou-se e desceu para tomar café da manhã. Como sempre, comeu e preparou o seu lanche para levar para a escola, ela já estava acostumada a fazer as coisas sozinha, não gostava muito de exigir ajuda de ninguém e sentia-se na necessidade de cuidar de si mesma.

Adiantada, colocou seu capacete e pegou sua bicicleta. Para a sua sorte, a escola ficava a apenas algumas quadras de distância, então ela raramente precisava depender de seus pais para levá-la, apenas quando estava doente ou machucada.

Sentou-se nas fileiras de trás em todas as aulas, como de costume, e quando finalmente chegou a hora do intervalo, foi até a sua mesa de sempre acompanhar os seus amigos. Apesar de ser extremamente tímida, ela conseguira formar alguns amigos ao longo dos anos, mais por causa de trabalhos em grupo do que por qualquer outra coisa.

– E ai, Hinata, como vai a vida? – Kiba Inuzuka perguntou com o seu jeito expansivo. Hinata costumava achar que ele só queria chamar atenção, mas depois de conhecê-lo, percebeu que era a sua personalidade mesmo.

Ela contentou-se em apenas acenar com a cabeça enquanto sentava-se do lado de Shino Aburame, outro de seus colegas de sala. Ela e Shino tinham se conectado imediatamente quando tiveram que fazer um trabalho de filosofia juntos. Ambos eram quietos e preferiam o silêncio.

– Eu acho que o seu primo está causando de novo. – Kiba disse, de repente, apontando com a cabeça para a mesa de trás. Quase que imediatamente, a morena encarou os cabelos compridos de seu primo e imaginou o que ele estaria falando.

Neji Hyuuga era um ano mais velho que ela, mas parecia ser mais novo por suas atitudes infantis. Ele sempre pegara no pé de Hinata e usava qualquer desculpa para enchê-la de insultos desnecessários.

– Cara, eu não ligo! Você tem que se virar! – ele disse em um tom alto o bastante para que o refeitório inteiro ouvisse. Hinata corou de vergonha pelo primo e encolheu-se na cadeira, ela odiava aquilo.

– Neji, você é muito babaca. – a menina de cabelos rosas respondeu, com um tom prepotente.

– Sakura realmente sabe se impor. – Shino comentou, observando atentamente a cena, como se quisesse analisá-la depois em casa.

– Ela vai se arrepender disso. – Kiba respondeu, como se soubesse exatamente a causa daquela cena toda.

A essa altura, todo o refeitório já estava olhando para Neji e Sakura. Hinata queria desaparecer. Por que o seu primo sempre tinha que estar envolvido em algum tipo de confusão? Já não era fama o suficiente ele ser capitão do time de futebol e representante de sua turma?

Se nada daquilo não a afetasse, ela não ligaria, mas todo mundo sabia que Neji era seu parente, era impossível ver os olhos dos dois e não ver semelhança. Eram de um azul tão claro que podiam ser confundidos com olhos de um cego.

Além disso, a família de Hinata ainda a culpava por não cuidar direito de seu primo e deixá-lo ir para o mau caminho. Era certamente muito incômodo e ela odiava ser reconhecida na escola como a prima do problemático Neji. Na verdade, ela odiava ser reconhecida de qualquer maneira...

– Eu sou babaca? Você nem é do meu ano, por que eu deveria me importar com o que a sua turma acha dos preparativos para a festa de inverno? – o Hyuuga falou, agora de pé.

– São os veteranos que tem que arrecadar dinheiro para festa. E é muito difícil preparar qualquer coisa sem dinheiro, já que você não arrecadou nada! – Sakura respondeu, agora ficando levemente vermelha.

Hinata viu o olhar de Neji tornar-se incrédulo e seu rosto tomar uma expressão de completo ódio.

– Eu não tenho que arrecadar nada sozinho! – respondeu, furioso.

– Neji, pelo amor de deus, você entendeu o que eu quis dizer! Você é o representante, você que tem tomar alguma atitude. – a de cabelos rosas respondeu, agora com um tom mais calmo. Ela parecia estar cansada de discutir.

Hinata queria falar alguma coisa. Ela queria ir e dizer que seu primo estava errado, que de fato ele deveria tomar uma atitude, mas ela foi simplesmente incapaz. Invés disso, simplesmente afundou-se ainda mais na cadeira, corando.

– Você não vai fazer nada? Ele é o seu primo, não é?! – de repente ouviu claramente, como se tivesse alguém realmente sussurrando em seu ouvido. Com um susto, quase caiu da cadeira.

– Ei, tudo bem? – Kiba perguntou e ela acenou que sim, olhando para trás para ver quem tinha dito aquilo. Ela não viu ninguém perto o suficiente para que pudesse dizer aquilo com aquela clareza e franziu o cenho, teria imaginado aquelas palavras? Seria a sua consciência pregando-lhes peças?

– Você não manda em mim, Haruno. Eu tomo as atitudes que eu quiser. – Neji ralhou, desviando a atenção de Hinata da voz misteriosa.

– Ótimo, continue sendo um idiota, então! – ela vociferou com raiva.

A face de Neji tornou-se ainda mais vermelha e Hinata chegou a pensar que ele seria capaz de bater em Sakura se ninguém o impedisse.

– Por que você não impede?! – ouviu e sobressaltou-se. De novo levou um susto e virou-se ainda mais rápido para ver o dono da voz. Nada novamente.

“Estou cansada, estou provavelmente imaginando coisas...”, pensou, um pouco preocupada. Ela sabia que a sua timidez era uma barreira e que ela não queria ser daquele jeito, mas ouvir vozes era simplesmente ridículo.

O Hyuuga fechou os punhos com força e respirou fundo. Mais rápido do que Hinata esperava, ele já estava cara-a-cara com Sakura.

– Olha aqui, sua... – para a surpresa de todos, sua fala foi impedida por um soco na cara.

– O que você ia fazer, Neji? Bater em uma mulher? – o moreno que deu-lhe o soco disse, irritado. – Por que você não pega alguém do seu tamanho? – completou, sugestivo.

– Sasuke, não! – Sakura disse e o puxou para longe. – Não vale a pena.

Neji, ainda tentando se recuperar do soco, não se levantou a tempo de ver o olhar de descaso que o casal jogou em sua direção antes de irem para longe.

Apesar de estar um pouco preocupada, Hinata agradeceu por aquilo ter terminado sem que nada pior acontecesse.

– Eu queria ver Sasuke dando um pau no Neji... – Kiba disse. – Sem ofensas. - completou rapidamente, olhando para Hinata.

– Tudo bem. – ela respondeu. – Será que ele está bem?

– Não acredito que você ainda se importa, o cara só sabe te ofender, Hinata! – o outro respondeu, inconformado.

– Ele é meu primo, Kiba... – a morena disse simplesmente.

Ele revirou os olhos e continuou a comer sua comida de forma exagerada.

– Não é porque ele é seu primo que ele tem direito de te tratar mal!

Hinata pulou.

– O que você disse? – perguntou em desespero, olhando para Shino.

– Eu não disse nada... – o outro respondeu. Hinata arregalou os olhos e encarou Kiba, fazendo-lhe a mesma pergunta.

– Eu também não falei nada... Tem certeza que você está bem? – o moreno perguntou e ela acenou roboticamente com a cabeça. Estaria ouvindo coisas? Sempre soube que sua timidez passava dos limites, mas aquilo era novidade.

Assustada, levantou-se rapidamente e foi para fora do refeitório, com a respiração a mil. O que estava acontecendo? Estaria enlouquecendo?

Ela tentou respirar e pensar em uma explicação lógica, mas não conseguiu chegar a nenhuma conclusão, então simplesmente foi para aula. Não conseguiu prestar atenção em uma palavra se quer do professor e sentiu-se culpada por não conseguir se concentrar, aquilo era ridículo.

Ainda completamente afetada, pegou sua bicicleta para ir embora. Focou-se ao máximo para não bater ou cair e já estava a quase um quarteirão de distância de sua casa, quando subitamente bateu de frente com um garoto que pareceu ter surgido do nada.

Com a mão no rosto e pronta para cair, sentiu falta de um tombo. Olhou para trás e o menino ainda estava ali, intacto. Ela tinha o atravessado? Completamente abismada, perdeu o equilíbrio da bicicleta e finalmente levou o tombo que deveria ter tomado antes.

Ela piscou os olhos com firmeza e continuou encarando o garoto loiro, que agora corria em sua direção.

– Desculpa, desculpa! Não queria te fazer cair! Mas isso quer dizer que você pode me ver! Você pode me ver, não pode?!

Sem saber mais o que pensar, Hinata contentou-se em apenas acenar com a cabeça, ainda completamente incrédula. Mais próximo, ela podia notar os olhos incrivelmente azuis e os cabelos loiros do garoto a sua frente. Corou imediatamente, nunca tinha falado com alguém tão bonito.

– Não acredito! – ele berrou, feliz. – Você realmente consegue me ver? Eu percebi que conseguia me ouvir, mas nossa, eu não acredito que você consegue me ver!

O loiro continuava comemorando e celebrando e tudo o que Hinata conseguia pensar era em como ela tinha atravessado seu corpo. Será que estava alucinando novamente? Aquele dia estava certamente muito estranho, ela teria que ir em um médico ou algo assim.

– Ei, fala alguma coisa! Você ainda consegue me ver? – ele perguntava repetidamente e a morena ficava acenando com a cabeça, sem saber o que dizer. Era óbvio que ela conseguia vê-lo, por que não conseguiria?

Arranjou forças para levantar-se e, já de pé, pegou sua bicicleta e montou, pronta para ir embora. Não queria ter que lidar com pessoas loucas àquela hora da tarde.

– ESPERA! – o outro berrou, percebendo o gesto. – Não vai embora, você é a única que consegue me ver!

Ainda sem entender, continuou a pedalar e ficou com outra mão em um spray de pimenta que levava consigo o tempo todo para ocasiões como essa. Ela podia ser frágil, mas sabia se defender.

– Ei, espera! – o loiro pediu e ela continuou pedalando. Quando já achava que tinha dado uma boa distância dele, o garoto materializou-se na sua frente novamente e ela caiu de novo.

– Eu não queria fazer isso, mas eu preciso falar com você! – ele exclamou e Hinata começou a berrar.

– Eu vou chamar a polícia! – ela gritou, apontando o spray para a cara do loiro. Sua mão estava tremendo e seu olhar nada convicto, fazendo com que o garoto risse da situação.


– Eu não vou fazer nada com você! – ele disse, com as mãos para o alto, mas isso não adiantou. Hinata já estava espirrando o spray na cara dele, que ficava sem reação.

Ela percebeu que o spray estava ultrapassando o rosto dele e começou a gritar ainda mais.

– Isso não está acontecendo... – ela começou a murmurar para si mesma. – Eu estou louca, estou ficando louca...

Começou a levar sua bicicleta com as mãos, desistindo da ideia de pedalar e levar outro tombo.

– Você não está louca. Eu também não entendi no começo... – o loiro dizia, enquanto acompanhava ela.

Hinata estava tentando ignorar a voz do garoto ao seu lado, certa de que estava alucinando. “Devo estar com febre”, pensou, tentando se convencer.

– Por favor fala comigo, preciso saber se você ainda está me vendo. – ele disse, preocupado.

Ignorando-o com a esperança dele sumir, ela continuou andando com a cabeça alta.

– Por favor, por favor, por favor! – ele repetia, irritando-a. Ele certamente era teimoso e não desistiria fácil.

– Eu... Eu consigo te ver. – ela respondeu com a voz fraca, ainda completamente afetada pelo medo e confusão que estava sentindo.

O loiro deu um suspiro de alívio, mas não parou de segui-la.

– Você precisa me ajudar! – ele disse, de repente.

Apesar de ser instruída desde sempre para nunca falar com estranhos, ela simplesmente não sabia como se livrar daquele loiro a não ser conversando com ele. Então simplesmente respondeu:

– Claro, o que você precisa?

– Meu nome é Naruto Uzumaki e... Eu meio que estou morto. – ele respondeu, simplesmente, e depois sorriu, como se tivesse acabado de recitar uma receita de bolo.


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Notas finais do capítulo

Oooie, ta aí o primeiro cap!Obrigada a todos que comentaram no prólogo, espero que continuem gostando *---*O que acharam? ♥:*