Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 12
A Mansão




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O fim de semana chegou mais rápido do que Hinata esperava e a ansiedade estava enlouquecendo-a. Ela realmente não queria se meter em encrenca, mas agora já era tarde demais para repensar. Sem pensar muito, pegou sua mochila que tinha preparado pensando em tudo o que poderia acontecer; desde assombrações improvisadas até fugir da polícia.

Naruto ainda não tinha aparecido e ela não queria ir sozinha, mas teve que sair para não se atrasar.

Assim que chegou no enorme portão da mansão Uchiha, ele abriu-se automaticamente e ela seguiu o caminho para a porta principal, notando as estátuas e grandes arranjos ornamentais ao redor. Os Uchihas eram mesmo muito ricos e tinha um gosto no mínimo excêntrico.

– Hinata! – Naruto exclamou ao vê-la.


A morena deu um pulinho de surpresa e logo corou com a menção de seu nome vindo da voz do amigo.

– Que bom que veio! – ele falou, não ajudando em nada ao tom vermelho de sua pele. Ela apenas sorriu e se aproximou. Naruto estava parado na frente da porta principal, parecendo impaciente. – Estou aqui faz um tempo já, não sei onde eles estão.

Hinata se perguntou se ele não podia simplesmente se materializar dentro da casa, mas preferiu não mencionar a ideia para não deixá-lo frustrado.

– Eles já devem estar vindo. – ela disse, pensando que Naruto estava entusiasmado demais para a situação. Eles estavam prestes a investigar um caso de morte, e, apesar dele estar feliz com o recente reencontro com os amigos, ainda era muito cedo para mostrar sua felicidade.

O loiro apenas bufou e cruzou os braços. Hinata sentiu um frio na nuca, ela estava com um péssimo pressentimento sobre tudo. Ainda não tinha certeza se descobrir a verdade sobre Itachi era a melhor ideia. Talvez fosse melhor todos continuarem achando que ele morreu em um acidente...

– Hinata! – Sakura exclamou em surpresa quando abriu a porta. A outra deu uns passos desajeitados pra trás e murmurou um “olá” baixinho. – Sasuke já está vindo, nós já elaboramos um plano certinho, não se preocupe. Não vamos deixar que esses idiotas façam nenhuma besteira.

– Ei! – Naruto exclamou e Hinata conteve um sorriso que não passou despercebido pela colega.

– Ele está aqui? – ela perguntou e a morena acenou.

– Oi, Naruto. – Sakura cumprimentou o ar e sentiu-se patética.

– Oi! – ele respondeu.

Hinata suspirou. Teria que ser intérprete o dia todo?

– Ele disse “oi”.

Sakura sorriu, provocando um sorriso ainda maior na face do loiro. A porta abriu-se novamente e, dessa vez, foi Sasuke quem saiu.

– Que bom que já estão todos aqui. – ele disse, sem perguntar se Naruto realmente estava ali.

Às vezes Hinata se perguntava se Sasuke conseguia sentir a presença do amigo de alguma forma, porque ele sabia exatamente para onde olhar quando continuou:

– Naruto, você vem comigo. Hinata, com a Sakura.

Sakura revirou os olhos e explicou:

– Basicamente, eles vão entrar no escritório do Sr. Uchiha e pegar as chaves da empresa, enquanto nós ficamos na porta evitando que qualquer empregado entre.

Hinata apenas acenou, sabia que nada que ela dissesse ia fazer alguma diferença. Sasuke estava bem determinado com o plano e ela só queria ajudar Naruto, em qualquer coisa que ele viesse a fazer.

Os quatro entraram na mansão e Hinata não pôde deixar de notar que tudo era extremamente luxuoso e de bom gosto. Aquelas pessoas sabiam gastar o dinheiro que tinham. Haviam obras de arte por todo o canto e instrumentos musicais, parecia mais como um museu do que como um lar.

Ela pensou que poderia ser bem solitário morar ali, cercada de quadros e cômodos espaçoso e frios. Agora que Itachi tinha falecido, Sasuke devia estar ainda mais sozinho naquela enorme casa. Ela duvidava que os pais dele ficavam com ele por mais de trinta minutos.

Ela procurou incansavelmente por algum sinal de que pessoas de verdade viviam ali, mas não conseguiu encontrar nada. Nenhuma sujeira, um copo fora do lugar, um jornal aberto. Nada. Era sufocante.

O clima a fez sentir falta de Hanabi e de seus pais. E de seu lar, que não tinha nada de luxuoso, mas tinha resquícios de vida. Ela quis subitamente abraçar Sasuke e falar que tudo iria ficar bem, mas sabia dos limites da compaixão.

Afinal, seu sonho sempre fora ser capaz de poder ajudar as pessoas de alguma forma.

– É aqui. – Sasuke parou na frente de uma porta dupla de madeira envernizada que Hinata encarou por alguns minutos. – Escuta Naruto, as chaves ficam na primeira gaveta da direita. Eu vou fazer com que ele levante da mesa, não se preocupe. Pegue as chaves e jogue no chão, entendeu?

Naruto acenava com a cabeça, como se estivesse sendo visto. Hinata sabia que ele esquecia que era um fantasma e isso a deixava cada vez mais triste e determinada em ajudá-lo.

– Ele concordou.

Sasuke respirou fundo.

– Se ele está apenas acenando, quer dizer que ele não entendeu. – ele disse e Sakura sorriu. Naruto fez um careta. – Naruto, tudo o que você tem que fazer é jogar as chaves no chão. Não deixe ele ver chaves flutuantes.

– Eu entendi, babaca! – ele exclamou. – Você não vai achar estranho chaves sendo arrastadas pelo chão sozinhas?

Hinata repetiu suas palavras, surpresa por ele ter pensado nisso.

– É ai que vocês entram. – Sasuke disse, agora olhando para as duas garotas. – Vocês vão entrar no escritório com alguma desculpa urgente para eu ir para algum lugar. A gente faz um escândalo, e enquanto meu pai estiver distraído, Naruto vai empurrando as chaves para a porta.

Os três acenaram com a cabeça, mas Sasuke olhava cético para Hinata.

– O Naruto está acompanhando? – perguntou. A morena encarou o amigo, que apenas exclamou bufante:

– Sim! Eu entendi! Entrar, jogar a porcaria das chaves no chão quando ele não estiver vendo e depois arrastar até a porta! Entendi, entendi!

Hinata sorriu, imaginando quantas vezes ele já teve que se provar para Sasuke em vida.

– Ele entendeu. – ela disse, esperando que ele realmente tivesse entendido e não fizesse nenhuma besteira.

Com isso dito, o Uchiha apenas respirou fundo, pensando em todas as vezes que Naruto tinha estragado os seus planos e abriu a porta do escritório do pai, esperando um tempo considerável até fechá-la.

– Papai. – ele disse irônico, com um sorriso de desdém no rosto.

O Uchiha mais velho apenas bufou e pousou a mão na testa. Já estava acostumado com a conduta rebelde de Sasuke.

– O que você quer, Sasuke? – ele perguntou simplesmente. Estava tão exausto e sobrecarregado emocionalmente com a morte do filho que não se deu ao trabalho de ligar para o tom mal criado do caçula. Assim como Sasuke, ele se ocupava com outras coisas para evitar pensar no luto, mas, no seu caso, era com o trabalho e não com uma investigação incabível.

– Quero que você continue pagando a minha escola. – o outro disse prontamente. – Eu não dou a mínima para a empresa.

O mais velho revirou os olhos e bufou, sem paciência.

– Já conversamos sobre isso.


– Pelo que eu me lembre, você gritou e eu ouvi, eu não definiria isso como uma conversa. - Sasuke respondeu, ríspido.

Naruto encarou o amigo com surpresa, ele nunca tinha o visto enfrentar o pai assim, aquilo era bom, já que sempre reclamara de sua família.

– Saia do meu escritório, Sasuke. – o outro respondeu, cansado.

– Sim, assim que você concordar em continuar pagando a minha escola. Não é como se fôssemos pobres ou alguma coisa assim. Afinal, a lavagem de dinheiro nunca foi um problema para você...

Foi a gota d’água. O Uchiha mais velho levantou-se violentamente e encarou o caçula com fúria.

– Cala a boca! Você não vai continuar naquela escola de merda, se já tem um cargo na empresa! Você precisa me substituir! – exclamou, agora ficando vermelho e dando um murro na mesa.

Naruto ficou em choque por alguns segundos, antes de perceber que deveria fazer o seu dever. As chaves. O Uchiha tinha se levantado, era a sua deixa. Ele se moveu lentamente para trás da mesa, tentando fazer o mínimo barulho possível e se agachou do lado do móvel, receoso da reação do homem.

– Eu não quero trabalhar na merda da sua empresa. – Sasuke retrucou, extremamente calmo, sabendo que sua conduta irritaria o pai ainda mais, como se ele não estivesse levando a sério.

– Sasuke.... – o outro bufou. – Como... exatamente... você não quer trabalhar na empresa?! Controlamos a cidade inteira! Você teria o dinheiro que quisesse, a garota que quisesse, qualquer coisa que quisesse!

A esse ponto, o Sr. Uchiha já estava andando em direção ao caçula, que mantinha-se ereto e determinado em não sair do lugar, mesmo com as ameaças físicas do pai.

– A troco de ficar bitolado dentro de um escritório, pisando em gente necessitada e lavando dinheiro. – ele respondeu frio e recebeu um olhar raivoso em troca.

– Não fala o que não sabe, moleque! – vociferou o pai, indignado com a ousadia do filho.

Naruto já não ouvia a briga, ele já tinha jogado o porta-chaves no chão, estava só esperando as meninas entrarem para poder arrastá-lo até a porta e se livrar daquela parte do plano.

Por algum milagre, pensou que talvez elas não soubessem a hora certa de entrar. Talvez elas estivessem esperando algum sinal que nunca chegaria porque eles não combinaram isso.

Com urgência, ele foi até a porta e deu algumas batinhas baixas, que certamente passariam despercebidas pelos Uchihas, que já estavam aos berros. Felizmente, funcionou. Depois de alguns segundos, as duas entraram caoticamente em cena, falando alto e uma em cima da outra.

Naruto percebeu a confusão do Uchiha mais velho, que tentava acompanhar tudo, sem entender nada e aproveitou a deixa. Ele se abaixou e arrastou as chaves pelo chão, tentando ao máximo escondê-las do campo de visão do pai de Sasuke.

Ele estava na porta, quando ouviu um berro extremamente mais alto que os outros:

– Saiam todos do meu escritório!!

Os quatro obedeceram sem questionar e Sasuke, vendo que as chaves já estavam do outro lado, fechou a porta. Ficaram em silêncio por alguns segundos e se entreolharam.

Assim que saíram do corredor, caíram na gargalhada e ficaram um bom tempo apenas rindo, esquecendo-se de todas as preocupações. Por um instante, estavam felizes de verdade.

– Vamos. – Sasuke interrompeu. – Precisamos achar um atestado de óbito.


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Notas finais do capítulo

Gente linda, depois de 3 meses de intercâmbio, estou de volta!

Desculpa meeeeesmo a demora, mas durante a minha viagem ficou realmente impossível de pensar em qualquer outra coisa. Mas agora voltei regularmente e postarei cap novo toda semana (:
Enfiim, gostaram do cap? Elogios? Pedras? Sintam-se a vontade haha

Beijocas, até o próximo :*


PS: apaguei o antigo