Inalcançável escrita por Gaia


Capítulo 11
Plano




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- Sim! Esses caras são loucos. – Naruto exclamou por trás e Hinata virou-se para fitá-lo. Ela não queria se envolver em algo tão estranho assim, por que essa família iria inventar um motivo para a morte de Itachi? Era simplesmente muito improvável para se acreditar.

Pelo menos Sakura concordava com ela e isso já era um passo a mais para que as duas ficassem mais próximas. Hinata nunca tivera muitos amigos, então ficou feliz por fazer parte de algum grupo para variar, mesmo se fosse só por alguns minutos e mesmo se fosse servindo de ponte para os vivos se comunicarem com o morto.

- Sasuke, tudo bem que a sua família se envolve com algumas coisas bem... É...

- Corruptas? Sujas? – Sasuke completou a fala de Sakura e ela se contentou em desviar o olhar, denunciando sua posição.

- Mas eles não seriam capazes de...

- Eles seriam capazes de qualquer coisa. – o moreno completou e sentou-se ao lado da namorada atrás do balcão. – Só temos que descobrir o motivo.

Hinata estremeceu, como ele conseguia falar assim tão friamente logo depois da morte de seu irmão? Ela conseguia ver a raiva e angústia nos olhos do Uchiha, mas não a tristeza. Talvez ele estivesse no estado de negação, talvez ele ainda nem tivesse se tocado de que seu irmão de fato tinha morrido. Ela sabia que o luto demorava para bater de frente e quando batia, era quase impossível se livrar dele...

Engoliu um seco, esperava que ele não viesse a sofrer o tanto que ela esperava que ele ainda fosse sofrer.

A rosada suspirou, como se percebesse exatamente a mesma coisa que a morena e aceitasse o fato de que talvez aquela obsessão fosse melhor do que toda o sofrimento que ele estava protelando.

- Como a gente vai descobrir? – Naruto perguntou, se incluindo no grupo, mesmo sabendo perfeitamente que era invisível e mudo. Ele simplesmente estava cansado de estar naquela condição, preferia fingir que estava ali como todos os outros.

- Naruto perguntou como. – Hinata reproduziu o que o moreno disse. Ela não queria se envolver, mas percebeu tarde demais que já estava se envolvendo. Ela podia ir embora e simplesmente deixar Naruto se virar com cadernos e canetas, mas por alguma razão, ela sentia que não podia deixá-lo sozinho. Percebeu que, bem no fundo, ela não queria deixá-lo. Ela queria ficar perto daquela presença calmante e calorosa que ele exalava, que completava a sua aura insignificante tão bem.

- Precisamos achar o atestado de óbito. – Sasuke respondeu prontamente e a morena perguntou-se se ele já tinha pensado nisso antes.

- Lógico, isso vai ser super fácil. – Sakura revirou os olhos – Nem é como se a sua família mantivesse tudo a sete chaves no escritório que fica na empresa mais bem segura da cidade.

Hinata automaticamente olhou para Naruto, que estava com um sorriso de orelha a orelha, provavelmente já planejando como fariam aquilo. Ela suspirou, Sakura não devia ter mencionado isso, ela deveria saber da teimosia do loiro.

- Naruto pode pegar as chaves no escritório do meu pai aqui em casa, eu consigo entrar na empresa e deixá-lo entrar, dai é só ele achar o atestado no escritório. – Sasuke explicou como se fosse simples. Naruto apenas acenava em concordância, enquanto as garotas demonstravam expressões preocupadas.

- Realmente, o que pode dar errado? Quer dizer, não sei o que é mais certeza de sucesso: chaves voando sozinhas ou você entrando na empresa Uchiha depois do que aconteceu. – Sakura falou, com um tom claro de zombaria. – Por favor, Hinata, me ajude aqui, isso é loucura, não é?

Ela acenou com a cabeça, sim, era loucura. Eles iriam fazer tudo aquilo apenas para Sasuke ser pego pela segurança, ou pior, verem no atestado que Itachi realmente morreu em um acidente de carro e acordarem para a dura realidade de sua morte.

- Vocês não precisam ir com a gente. – o Uchiha murmurou e a outra revirou os olhos, enquanto Naruto escrevia um grande “tô dentro!” em uma folha de caderno.

- Vocês são tão idiotas! – ela bufou, inconformada – É claro que eu vou com vocês, sem mim os dois provavelmente vão causar algum desastre monumental.

Sasuke soltou um meio sorriso escondido que só Hinata percebeu, pois se foi logo depois. Ela pensou que ele sentira falta de se meter em confusões com o amigo e estava feliz por estarem juntos de novo, sentiu-se uma intrusa novamente.

- Você vem também, né? – Sakura perguntou, agora olhando para a morena, que corou. Ela não queria se intrometer, nem sentir-se de fora o tempo todo, como se estivesse atrapalhando a preciosa reunião daqueles amigos de anos, mas algo a dizia que ela tinha que ir.

- Claro que sim! – Naruto disse para ela – Você tem que ir, você é a única que pode me ver e ouvir!

Ela pensou que aquilo já não era tão relevante, porque havia outros modos dele se comunicar, mas teve a impressão que ele queria que ela fosse e corou ainda mais. Não conseguiu falar nada, apenas acenou rapidamente com a cabeça, completamente tímida pelo fato de alguém lembrar-se de convidá-la para alguma coisa e alguém –ainda mais importante- querer que ela realmente fosse.

- Ótimo, quando podemos ir? – Sasuke perguntou, claramente ansioso por finalmente poder descobrir quem tinha feito aquilo com seu irmão e o porque.

Sakura o fitou com surpresa. Ela provavelmente estava pensando o mesmo que Hinata, que ele não estava pensando na morte de seu irmão, que ele queria se manter ocupado para não ter que pensar naquilo. Hinata não sabia, mas talvez tivesse sido do mesmo jeito quando Naruto morreu.

- Amanhã! – o loiro exclamou exaltado e Hinata suspirou, ela estava pensando em algum dia mais distante, talvez depois das provas e de entrega de trabalhos.

- No fim de semana o seu pai vai viajar, né? – Sakura perguntou para o namorado, que acenou afirmativamente – Então, perfeito para o Naruto entrar nos escritórios e pegar as coisas.

Sasuke acenou, um pouco decepcionado por não poder ir antes e levantou-se.

- A gente se encontra na frente de casa no sábado de manhã, então. – ele decidiu, sério e saiu da cozinha, deixando o clima pesado de repente. Estava claro que ele estava obsessivo no assunto para não lidar com a morte.

Sakura deu um sorrisinho forçado.

- A gente se vê, então. – falou. – Naruto, apesar disso ser extremamente estranho, foi muito bom saber que você ainda está por ai. Eu sabia que não ia me livrar de você tão cedo.

Naruto riu de forma expansiva e Hinata não conseguiu conter um sorriso.

- Foi bom falar com você, Sakura! – ele exclamou, na esperança de que ela pudesse ouvi-lo.

- Ele disse que foi bom falar com você. – Hinata traduziu roboticamente, sem nem parar para pensar se ele queria que ela dissesse aquilo. Sentiu-se intrusa novamente, talvez eles quisessem ficar a sós.

Sakura apenas sorriu.

- Hinata, fica de olho nele, não quero esse idiota se metendo em encrencas com outros fantasmas ou alguma coisa assim. – ela pediu, fazendo-o rir – Ou me espionando.

- Ei! Eu nunca faria isso! – Naruto exclamou, inconformado. Hinata riu da expressão do loiro, que ficara ainda mais inquieto com a reação dela. – É verdade!

- Pode deixar. – ela disse, sem perceber o que tinha acabado de prometer.

Sakura parou de sorrir e desviou o olhar, agora um tanto desconfortável.

- Eu queria mesmo falar mais com vocês... Principalmente você, loiro estúpido. Mas eu preciso ir ver se Sasuke está bem. – ela murmurou e Hinata percebeu o quanto ela também precisava ficar com o namorado naquele momento. Ela tentava se toda forte, mas no fim também precisava de consolo.

A morena acenou, entendendo completamente.

- Então... Até mais. – Sakura falou antes de dar outro meio sorriso e sair da cozinha. A morte de Itachi era mais real nela e ela tentava ao máximo não deixar aquilo transparecer, porque sabia que os outros precisavam de sua força. Hinata queria poder ajudar, mas sabia que nada adiantaria.

- Vamos, essa casa ainda me dá arrepios. – Naruto disse antes de abrir a porta por onde entraram.

Eles saíram muito mais facilmente do que entraram, talvez Sasuke tivesse falado com os seguranças para os liberarem.

Naruto acompanhou a morena até a sua casa e ambos pararam na porta. Hinata não queria se despedir e vê-lo só no fim de semana, mas também não queria exigir muito. Antes, ela tinha dito que ele poderia ir até sua casa depois da aula e ler todos os mangás que pudesse, já que podia tocar nas coisas. Mas uma coisa tão banal parecia tão sem significado depois daquela manhã.

Mesmo assim, Hinata simplesmente não achou certo deixá-lo sozinho de novo. Ela sabia que ele ainda estava eufórico por poder usar seu tato e por se fazer presente para os seus amigos, mas tentava disfarçar porque não queria parecer feliz diante de uma desgraça.

- Quer entrar e ler Oturan? – ela perguntou de repente, sem pensar. Se uma coisa tão simples assim o fizesse feliz, não custava tentar. Afinal, a morte de Itachi o afetara também e ele já sofria demais por ser invisível.

A expressão de Naruto brilhou e ele deu um sorriso, daqueles que faziam seus olhos ficarem tão pequenos que quase pareciam fechados. Hinata corou, como sempre, e soltou um meio sorriso.

- Sim! – ele disse, como se precisasse, e ela abriu a porta para que dar-lhe passagem.

Hinata cumprimentou Hanabi, que não questionou o atraso da irmã, e subiu as escadas até o seu quarto. Naruto a seguiu sem hesitar, feliz, apesar de tudo. Ela sentou-se na sua cadeira perto da escrivaninha e deixou que ele pegasse os mangás e sentasse em sua cama, como da última vez.

Podia apenas observá-lo lendo os volumes, mas tinha que se ocupar com alguma coisa para não parecer extremamente louca. Então, começou a fazer suas lições de casa, parando apenas para ouvir os comentários exaltados de Naruto sobre a sua leitura.

- Se eu vivesse nesse mundo, eu seria um ótimo ninja! – ele exclamou, referindo-se ao universo do mangá. Ela não tinha dúvidas disso. – Eu ganharia de todo mundo e me tornaria o melhor ninja do mundo.

Hinata apenas sorriu, sim, ele seria. Ela não, ela nem poderia ser uma ninja, isso exigiria uma capacidade que ela claramente não tinha nem na vida real. Mas talvez a vida em uma realidade alternativa fosse mais fácil, talvez em outro mundo ela não seria tão incapacitada no quesito de ajudar os outros.

Suspirou, queria estar em um mundo onde Naruto não tivesse morto e eles pudessem ser amigos de verdade... Mas então pensou que talvez nunca seria amiga dele se ele não estivesse morto. Ela nunca saberia da existência daquele ser caloroso e sorridente e isso a fazia repensar em tudo.

Se ele estivesse vivo, andaria com ela? Se quer falaria com ela?

Suspirou, pensar naquelas coisas era masoquismo. Ela tinha que aproveitar o que estava acontecendo no momento, e se aquela fosse sua única chance de conhecê-lo melhor?

- Ah! Cadê o próximo?! – ele perguntou, frenético, tirando-a de seus devaneios.

- Ainda não saiu.

- Quê?! Como eles podem terminar um volume assim? – Naruto perguntou, inconformado. – Vou ter que esperar uma semana? Ah, cara!

Hinata riu, divertindo-se com a indignação do outro.

- Isso quando eles não resolvem demorar alguns meses. – ela falou, provocando uma expressão de pavor no rosto do loiro que apenas a fez sorrir ainda mais.

Eles ficaram o resto da tarde conversando sobre mangás e coisas aleatórias, e, por esses momentos, esquecerem-se da morte, da solidão e da angústia que os tanto cercavam.


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Notas finais do capítulo

Oioi, cap novo procês lindocas ♥

Espero que tenham gostado (:

Beijão :*