Blood Moon - O Coiote e a Dama do Deserto escrita por LalaMarry


Capítulo 6
Mentiras Reveladas


Notas iniciais do capítulo

Hey peoples!Comemorem postei mais rápido :3Tenham uma boa leitura!



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Já era tarde da noite e Molly não conseguia pregar os olhos. O quarto parecia mais escuro que o habitual e Scott resolvera não dormir com ela naquela noite. A areia carregada pelo vento parecia arranhar a janela criando ruídos mínimos, mas que agora pareciam perturbadores.

Levantou-se no intuito de abri-la para o terrível ruído parar. Arrastou uma cadeira de madeira gasta que ficava em frente à penteadeira até embaixo da janela e subiu com certa agilidade para sua estatura. Empurrou as bandas da janela com algum esforço devido à tempestade de areia que ocorria do lado de fora.

Botou a cabeça para fora e sentiu a sensação de ter os cabelos arremessados para trás com o vento e grãos de areia arranhando seu rosto branco levemente moreno abaixo dos olhos, escondendo um pouco as poucas sardas que tinha naquela região.

Encolheu-se de volta para o quarto ao ouvir um baque vindo do lado de fora. Algo pousou no parapeito da janela e Molly caiu para trás com a cadeira. O impacto de suas costas no encosto da cadeira a fez perder o fôlego e soltar um gritinho de surpresa. Logo depois sentiu dor onde batera.

Perambulou com os olhos até encontrar-se com um par de luzes douradas que se destacava em meio à escuridão do quarto. Sentou-se resmungando pelas costas doloridas e arregalou os olhos ao ver a figura que estava agora de pé na sua frente.

Recuou de costas quando o estranho dos olhos exóticos tentou tocar-lhe e murmurou com o coração acelerado.

–Quem é você?

Escutou passos do outro lado da porta, provavelmente alguém tinha ouvido o estrondo causado pela queda da cadeira, ou talvez o grito, e fora conferir o que era.

O estranho, que parecia ter no máximo vinte anos, agachou bem próximo a ela e esperou para ver se ela recuaria novamente. Não o fazendo, ele esticou a mão tirou uma mecha de frente dos olhos dela, os dedos estavam frios como a noite lá fora e era possível sentir a pulsação nas pontas de seus dedos.

–Molly, aconteceu alguma coisa? – ouviu a voz de Tyler vindo de trás da porta.

Ela queria gritar para que ele fosse embora, algo no olhar daquele estranho dizia que ele não viera no intuito apenas de visitá-la novamente.

–Você não precisa me perdoar por isso. – sussurrou antes de levantar-se e ir em direção a porta.

Molly desejou ser mais rápida que ele, mas parecia que estava mergulhada em areia movediça e todos os seus movimentos pareciam estar sendo retardados por ela.

Vislumbrou o olhar de surpresa de Tyler ao ver aquele estranho saindo do quarto de Molly e logo depois enfiando as garras em seu estômago. Sangue escorreu como água sobre a mão do homem manchando-a de vermelho escuro até o pulso. O olhar dele era ilegível, diferente da expressão de surpresa que parecia ter sido concretizada no rosto de Tyler, o último olhar que Molly veria, antes de ser lançado por cima da amurada do corredor e cair com um baque surdo no salão principal.

Antes que conseguisse reagir ou gritar o estranho já havia desaparecido do corredor. Quando finalmente recuperou-se de seu transe, correu até a amurada e olhou para baixo contendo o grito de pavor ao ver Tyler inconsciente sobre uma poça de seu próprio sangue. Outros lobos do bando já se aproximavam sem saber o que tinha acontecido.

Mas antes que alguém pudesse abordá-la, ela já estava correndo para fora. Em sua mente, só havia um objetivo: ver se ele não havia ido atrás de Scott.

E querendo ou não, sabia exatamente a resposta.

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–Você gostava mesmo desse tal Scott – um sorriso entretido surgiu em sua face.

Assenti olhando para o chão e depois o encarando.

–Eu gostava muito dele, ele era como um pouco de cada integrante importante em uma família, mas também não parecia ser nada disso. – franzi o cenho com a minha explicação não tão esclarecedora. – Ele me protegia, cuidava e me dava à atenção necessária a qual uma criança precisa, não era difícil amá-lo.

Observei-o sobre a chama da vela, que já havia derretido até a metade. Parecia se lembrar de algo, mas depois se voltou com os olhos curiosos para mim.

–Não parece sentir a mesma coisa hoje em dia. – observou.

–Bem, é que...

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Molly corria sem rumo pelas ruas de barro e areia, o vento bloqueava sua visão e o fato de estar de noite também não ajudava. Apenas o brilho da lua cheia a impedia de bater de frente com uma das casas. Tremia com o frio noturno e finalmente entendeu/sentiu o porquê de Scott nunca a deixar sair de noite sem um casaco.

Rondou toda a cidade, que era constituída apenas de uma rua principal, sem vestígios de Scott ou do estranho. Ainda não pretendia desistir, então saiu dos limites da cidade e correu pelas dunas.

Escutou o eco de um ruivo ao longe e tentou seguir o som, sem saber se estava indo realmente pela direção correta. Abraçava o próprio corpo enquanto lembrava-se de Scott dizendo que não havia nada demais acontecendo e da reunião em volta da fogueira. Naquela noite haviam se reunido para discutir sobre o estranho que invadira seu quarto e agora matara Tyler. Se soubesse que ele pretendia fazer aquilo, teria contado no momento em que Emily aparecera. Agora não havia mais o que fazer apenas tentar impedir que ele matasse mais alguém.

Como, ela não sabia ainda.

Avistou algo mais a frente, semicerrou os olhos para enxergar através da areia e avançou devagar até chegar perto o bastante de algo que começava a tomar forma.

–Não! – gritou e correu até acabar com a distância entre ela e uma loba.

Emily.

Percebeu que ela estava se arrastando no chão, as patas cavando a terra. Ao ver Molly se aproximando seus olhos castanhos brilharam com certa tristeza, como se não estivesse feliz em vê-la.

–O que fizeram com você? – a menina percorreu seus pequenos dedos sobre a pelagem marrom da loba, tomando cuidado para não tocar nas feridas.

Ela soltou um ganido e Molly sentou no chão para ela pousar a cabeça sobre seu colo. Sua forma foi diminuindo e modificando até voltar a sua forma humana. Os arranhões na extensão de seu tronco e a imensa mordida em seu ombro eram mais visíveis nesta forma.

–Ah Molly, o que está fazendo aqui? – ela tossiu um pouco levantando o corpo e depois sorriu – Crianças teimosas são sempre tão difíceis de conter.

Molly achou que talvez ela estivesse delirando, Emily não costumava falar coisa com coisa.

–Eu vim atrás de Scott, ver se não haviam ido atrás dele, mas... Eu não sabia que também tinha vindo. – ela tentava desembaraçar os cabelos sujos de Emily, mania que pegara da própria.

Emily balançou a cabeça.

–Ele é o alfa, é meu dever protegê-lo. Eu o segui logo depois que vi Tyler caindo morto... – ela parou por um instante e sua visão pareceu desfocar. – Scott sabia que ele o queria, então correu para cá, para longe dos outros. Eu tentei ajudá-lo, dei um tempo para ele se afastar mais e se preparar. Mas parece que não fui o bastante para detê-lo.

Seu suspiro foi interrompido por mais uma sessão de tosse e um filete de sangue escorreu pelo canto de sua boca.

–Você foi o bastante sim, ainda pode ir até o celeiro e comunicar a eles, eles vão mandar reforços e cuidar de você. – Molly balançava a cabeça teimosa.

A expressão de Emily desmoronou, não fazia ideia de como explicar aquilo para uma criança. Molly era forte, mas será que aguentaria a verdade?

–Oh Molly. – passou os gélidos dedos na bochecha da menina. – Você tem que entender. Lembra uma vez, quando você achou um falcão morto no telhado?

Sim, ela se lembrava claramente daquele dia ensolarado quando brincava de pique - esconde com Tyler, Emily, Scott e algumas crianças da cidade e foi esconder-se no último lugar em que a procurariam, no telhado, e achara um falcão caído sobre ele. Pegara o animal tomando cuidado para não deixá-lo cair e levou até Emily, pedindo ajuda para fazê-lo acordar.

“Oh Molly. Sinto muito. Mas ele está morto. – dissera com o olhar triste e uma mão reconfortante em seu ombro.”

Ela voltou a balançar a cabeça.

–Mas você não é um falcão. – concluiu.

Emily apenas esticou os lábios em um sorriso.

–Sim, mas assim como ele meu vôo terminou e agora descansarei. E pode ter certeza de que será em um lugar melhor que um telhado.

Molly reprimiu um soluço e abraçou Emily com força, que pressionou levemente os lábios na bochecha da menina, manchando-a de sangue.

–Eu te amo – murmurou Molly.

–E eu nunca duvidei disso. – foram suas últimas palavras.

Sentiu o corpo dela afrouxar do abraço e deitou-a no chão com cuidado, como fizera com o falcão para não deixá-lo cair de suas mãos.

Cobriu-a com a areia acumulada da tempestade que havia parado para não deixá-la descoberta, já que estava nua, e deu uma última olhada para seu corpo imóvel antes de continuar atrás de Scott.

Esperava achar os dois em suas formas de lobo, travando uma luta mortal. E devido ao crescente ódio que estivera sentindo, um sentimento tão novo, diferente do que sentira com o fato da morte de seus pais; esperava que Scott estivesse derrotando o estranho de olhos hipnotizadores.

Mas em vez disso, os dois estavam em suas formas humanas, iluminados pela luz da lua, e não pareciam ter brigado. Havia uns poucos arranhões distribuídos no corpo do homem, mas que já estavam se curando. E Scott estava impassível, com o olhar frio.

–Você os matou! – gritou Molly se aproximando, os olhos furiosos.

Os olhos dourados a analisaram, não parecia se sentir culpado, apenas... preocupado?

Ele mirou Scott com olhos mortais. As mãos com as garras à mostra pendiam do lado do corpo.

–Agora que ela está aqui, porque não conta a verdade? – desafiou.

O corpo de Scott ficou rígido.

–Lawrence, não acho uma boa ideia falar...

–O que? – interrompeu Lawrence, com seu nome finalmente revelado. – Que foi você e seu bando que matou a família dela e não os coiotes?


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Notas finais do capítulo

Bem, então xDNão me matem rsO que acharam? (Ô as perguntas)Kissus



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