“Tem certeza Alice?” – ouvi Edward me perguntar e perder os sentidos.

Sim eu tinha certeza.

A imagem de um caixão apareceu novamente nas minhas visões. O caixão carregado por Carlisle, Aro Volturi, Charlie o xerife da cidade e Emmett.

Muitas pessoas atrás, nos seguiam.

Esme inconsolável ao meu lado e uma garota. A mesma perseguida na visão que tive mais cedo. A menina de olhos castanhos chorava compulsivamente.

“Alice!” – Carlisle aumentou o tom da voz me tirando de minha visão – “O que você viu?”

Respirei fundo como se precisasse de todo o ar nos meus pulmões.

“Um caixão. A família Volturi.” – não consegui continuar.

Rosalie se aproximou de Edward, tocando seu rosto e parou feito estatua.

“Ele esta fervendo!” –sussurrou, olhando para Carlisle.

“Ele parece doente... não sabemos como aconteceu. Nunca ouvi falar em algo assim!” – sua voz baixa, preocupada – “Alice, quanto tempo?”

Eu não conseguia responder. A visão permanecia a mesma.

“Dois dias talvez. Se Aro estará aqui, é o tempo que levará pra ser avisado e chegar”.

“Menos... horas. Se ele chega em dois dias, talvez tenhamos horas!” – Rosalie arfou.

“Pai!” – abracei Carlisle apertado. Eu não queria ver.

Edward se mexeu na maca e todos pararam para olhar.

“Edward!” – Carlisle se aproximou tocando seu rosto, sem me soltar – “Filho!”

Edward abriu os olhos e todos soltaram um “Oh” baixo, de espanto, seus olhos estavam incrivelmente esverdeados.

Ele nos encarou assustado, colocou a mão na cabeça e tombou novamente.

Ficamos ali, parados tentando assimilar a visão de Edward... com olhos... naturais?

De repente fui tomada novamente por uma visão, senti os braços de Jasper me envolverem.

Havia um grupo de pessoas, pareciam ser da tribo Quileute; eles estavam em volta de Edward; Jacob o filho de Billy Black, estava nervoso, os olhos arregalados. Todos pareciam ameaçar Edward que estava no meio, em pé, olhando para o nada.

Acompanhei seus olhos e havia uma garota lá. A mesma da quadra de basquete, a mesma que chorava. Os olhos castanhos encarando os olhos esverdeados de Edward. Voltei da visão e todos me olhavam assustados.

“O que houve?” – Rosalie perguntou.

Expliquei detalhadamente.

“Você viu Alice, os olhos dele? Você viu?!” – Rosalie debruçou seu corpo sobre o de Edward desacordado – “Ele esta voltando a ser humano!”

Todos se espantaram com a afirmação de Rose.

“Como?” – Carlisle se sentou em sua mesa – “Isso é impossível!” – ele respirou fundo, fazendo uma careta horrível – “Vocês... sentem o cheiro dele?”

Emmett foi o primeiro a soltar um palavrão, depois Rosalie.

“Ele cheira como humano!” – falei baixinho, tocando no rosto quente e avermelhado de Edward.

Ele estava mudando, perdendo seu dom, ficando corado, quente, seu corpo transpirava, parecia respirar com muita dificuldade e estava dormindo!

Eu tentava buscar respostas no futuro, no presente, tentava refazer nossos passos na minha cabeça, mas não conseguia pensar em nada que pudesse ter desencadeado isso.

“Meus filhos, precisamos levá-lo pra casa! E avisar Esme...” – Carlisle pensou por um segundo – “...preciso fazer testes...eu...” – se pudesse talvez Carlisle estivesse chorando agora.

Emmett pegou Edward no colo e pulou a janela da enfermaria, em seguida todos nós estávamos no carro.

Emmett segurava Edward nos braços, fazendo careta e segurando sua sede, eu podia sentir o desejo nas reações dele, mas nosso amor nos fazia forte.

O perfume do sangue de Edward era deslumbrante, me dava água na boca. Eu estava tão envolvida que não percebi que minha boca estava aberta e meus olhos sobre ele.

“Alice... ALICE!” – Rosalie berrou do banco da frente.

Carlisle sentou e começou a dirigir.

Eu disfarcei olhando pela janela do banco de trás. Mas o perfume era... irresistível.

Emmett debruçou seu corpo e colocou o rosto no peito de Edward, eu podia sentir as lagrimas invisíveis saindo de seu rosto.

“Pai....” – acho que era a primeira vez que ouvia Emmett chamar Carlisle de pai, todos nós o olhamos, ele ainda debruçado no peito de Edward – “... o que ele tem?”

Carlisle acelerou mais sem responder, ouvimos o motor reclamar, mas ele não parou, os pensamentos perdidos.

Rosalie mexia no cabelo, na bolsa, olhava para nós e voltava para o rosto de Carlisle.

Eu não sabia o que fazer, neste momento eu estava sem respirar, o sangue dele me chamava como se eu fosse um animal.

Fechei meus olhos e vi Jasper me segurando com força, estávamos em casa, meus olhos avermelhados... Edward...

“Não!” – eu gritei

“O que houve?” – Jasper me abraçou.

“Ele não vai morrer dessa doença... eu... eu... vocês precisam me deixar longe de Edward...” – expliquei, apoiando meus cotovelos sobre as pernas e as mãos no rosto.

Jasper soltou um “oh” de entendimento. O carro ficou em silencio, ouvíamos somente a respiração pesada de Edward.

“Alice, você viu isso?” – Carlisle perguntou sério.

“Vi..” – sussurrei, abrindo meus olhos.

“Alice, você e Jasper ficarão na cidade, você concorda?”

“Concordo” – olhei para Jasper e senti uma paz me invadindo, com certeza ele estava usando seu dom sobre nós.

Edward resmungou. Papai já estava estacionando o Volvo na garagem de casa.

“Pai...” – ele balbuciou – “... estou com frio...”

Senti um calafrio envolver minha espinha. Frio??

Emmett correu com ele para a sala de casa, Esme já estava a porta, o rosto abatido, preocupado. Carlisle logo atrás.

Eu segurei Jasper pelo braço.

“Prefiro ficar aqui Jazz...”

“Amor, você não machucará ele!” – ele beijou minha testa.

“Se eu vi, eu já decidi...” – sussurrei.

“Você mesma diz que as visões são incertas...”

De repente tudo escureceu como se fosse noite, Edward sorria, seus olhos esverdeados brilharam para a lua, a garota dos olhos castanhos o abraçava.

Jasper e eu estávamos sentados próximos a eles, num lugar que eu nunca havia visto, todos parecíamos felizes.

Abri meus olhos encarando Jasper.

Vamos ficar bem, mas aparentemente Edward será humano novamente.

Jasper ficou pensativo e ouvimos Carlisle chamar.

Em segundos todos estávamos no andar de cima, na sala de enfermaria improvisada por Esme.

Edward estava com soro preso a veia, e havia uma seringa sobre a mesa, com sangue.

“Ele tem mesmo sangue?” – sussurrei.

“Sim... fiz os testes... pelos resultados Edward esta gripado. Apliquei alguns remédios direto na veia, ele ficará bom em poucas horas...” – ele respirou – “o que me preocupa é como ele vai lidar com isso e como ele ficou doente... eu... nunca soube de um vampiro que voltou a ser humano... isso é impossível...” – a ultima frase ele sussurrou indo até a maca e tocando o rosto de Edward, que se mexeu com o toque.

Ficamos ali, todos em silencio durante algumas horas, esperando que ele acordasse. Para nós não havia dificuldade em se ficar horas na mesma posição, não nos cansávamos.

Jasper estava abraçado a mim, minha cabeça em seu peito quando ouvimos Edward respirar fundo. Todos nos voltamos para ele.

“Edward?” – Esme se aproximou sem tocá-lo.

“Mãe...” – ele abriu os olhos – “... oh mãe...” – sorriu.

Seu rosto estava corado, a pele num tom rosado lindo e ele não parecia mais doente, estava incrivelmente lindo e o cheiro... eu respirei fundo... o cheiro era maravilhoso.

Jasper me apertou nos braços sentindo minha mudança de humor, o perfume aguçou meus instintos, mas eu permaneci imóvel.

Me vi debruçada sobre ele, sugando seu sangue. Eu sabia como chegar, eu via a reação de cada um.

Se eu fosse pela direita, Emmett tentaria me segurar, eu demoraria um passo a mais e ele não me tocaria, seria fácil, fácil demais. Rosalie estava longe, chegaria perto de Emmet – eu vi em minha visão – ela correria atrasada, eu já estaria sugando a artéria dele... – puxei o ar, enchendo meus pulmões, minha garganta ardeu, um prazer a muito não sentido – planejei o ataque minuciosamente, procurando o futuro, as reações.

Eu chegaria nele.

Tudo ainda estava quieto, Jasper me segurando apertado, Emmett próximo da janela, Carlisle perto de Edward ao centro, Esme na porta, Rosalie aos pés de Edward.

“Alice...” – Edward balbuciou.

Meu corpo reagiu ao perfume do seu hálito que invadiu minhas narinas, chegando a minha boca... eu voei.

Me soltei de Jasper com facilidade, seus dedos me segurando um segundo atrasado, passei por Emmett, que socou o ar, por Rosalie que nem notou e por Carlisle, que caiu sentado com o soco inesperado que lhe dei.

Minhas pernas estavam arqueadas sobre a maca, uma de cada lado do corpo daquele humano.

Eu podia sentir o gosto na garganta, descendo com minha saliva.

Segurei alguns segundos o ar e me debrucei tocando seu pescoço devagar com uma das mãos.

Passei meu nariz pela pele quente, sentindo o pulsar de suas veias e seu coração acelerado.

Edward tentou me empurrar, mas humano, ele não tinha mais força, só sorri para ele.

Encarei seus olhos faminta, soltei um rugido baixo, delicioso, meus dentes afiados a mostra e os cravei no seu pescoço.

Eu podia sentir o sangue correndo nas suas veias, mais próximo a cada segundo da minha boca.

Fechei meus olhos esperando, e...