Blame It Of The Toast. escrita por x s a n a e x


Capítulo 2
Soft Hands.




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Atrasada mais uma vez, como se não bastasse. Se você idealizou uma menina de longos cabelos negros correndo desesperadamente à um local específico e com uma torrada entre os lábios, estás a se enganar demasiado.

Eu não sou o tipo de garota que decide aderir à modas clichês e estereótipos dos mais usados, pelo contrário... Sou como qualquer garota normal no Colégio. Apenas mais uma pessoa atrasada. Mas isso não prova que minha vida seja lá significante. É patética, e eu não tenho meta alguma.

O bom de ir à Escola de manhã, é que meus pais trabalham neste mesmo período, e assim tenho a escolha de ir de carro.

–Quer uma carona para à Escola? – Perguntou meu pai, tomando alguns goles de sua champagne. Não sei bem distinguir o que realmente era aquela bebida, mas exalava um forte cheiro de álcool.

Ele não toma café da manhã, pois acredita que isso vá deixá-lo mais indisposto ainda. É algo como “Comer me dá sono, e me dá sono comer!”. Suas teorias são bem contraditórias, tais como as minhas. Isso é, definitivamente um genes.

Por mais difícil que fosse abdicar uma proposta tão copiosa quanto esta, tive de fazê-lo.

A voz de John vinha à minha cabeça de forma natural: “Nos encontraremos um pouco antes da esquina da Escola, por isso terá de ir à pé.”

Dificilmente faço novas amizades, mas volta e meia alguma pessoa demonstra interesse em minha pessoa... Ou no fato de ter alguém semelhante. Deve ser este o caso de John, pois o mesmo já está mantendo um contato regular comigo.

–Sinto muito, papai, mas vou encontrar John novamente.

–Entendo. – Disse ele, mirando-me com seu olhar sarcástico. Cambaleou em direção à mamãe e direcionou os lábios róseos à bochecha da mesma. –Vamos indo então, querida. – Completou.

Obviamente deve ter achado muito estranha a história relacionada à John ou esteja pensando que estou em um relacionamento com tal, o que é definitivamente impossível.

Não o culpo. Ele é pai, e se eu também fosse, faria o mesmo. E não é nada errado na parte dele se preocupar com uma pessoa que ama, certo? Fico feliz por esta teoria já ter se mostrado válida.

x-x-x-

A mesa do café da manhã é sempre farta. Mamãe a enche com diversos alimentos que nos proporcionam energia, mas desta vez não pode fazê-lo. O mínimo foi uma fatia de bolo de frutas, que deixou dentro da geladeira, caso eu sentisse o desejo de comer algo doce, o que era bem frequente. O café já estava pronto, só era preciso ligar a cafeteira.

E assim fiz. Comi meu pedaço de bolo acompanhado do café, tomei uma duche rápida e caminhei apressadamente até o ponto de Ônibus.

Não achei que fosse encontrar John novamente, já que antes mesmo de vestir-me adequadamente, ele me ligara no meio do banho para me avisar sobre um imprevisto ocorrido. Não poderíamos nos encontrar, como de costume.

Fiquei um tanto decepcionada, e então voltei à rotina pensante: Nada vai acontecer, pois esta sou eu. Talvez qualquer outra pessoa possa ganhar milhões de ienes na loteria ou ser convidado para a festa mais frequentada dessa região, mas eu não. Se eu fosse qualquer outro, talvez minha vida não estivesse sendo tão oca quanto eu.

Direciono minha íris castanha aos meus pés. Uma voz aguda atinge meus tímpanos nos dizeres: –Você é a Hiwarasi Mulan, né?

A menina usava um casaco felpudo no contraste de uma coloração esverdeada; Os cabelos estavam presos numa trança de pontas cascata e eram bem claros; Suas íris eram castanhas também, tais como as minhas, porém um pouco mais claras. Seu nome era Kawara... Kawara Norai.

Apertava as têmporas com a ponta do cachecol cinzento, tentando aquecer a mesa. E se eu não concordasse com ela, não faria o mesmo pouco tempo depois.

Massageio-as devagarmente, em quanto observo-a fazendo o mesmo. Deve ser algum tipo de ritual para sentir menos frio, eu não sei e nunca havia o feito antes.

–S-Sim. E você é Kawara Norai, não é mesmo? – Ela assente com a cabeça e então curvo minhas costas, como numa reverência impecável. Ao fazê-lo, o pesar de meu crânio faz com que minhas cervicais arranhem minha pele.

Descerro meus lábios e libero um grito. Meu corpo apenas obedece meu metabolismo, e então meus joelhos iniciam um tremor intenso e me lança ao chão.

–Oh! N-Não é preciso se ajoelhar ao reverenciar-se e... Você está bem?

–Não! E-Eu... – Sinto seu palmo pálido em meus ombros esqueléticos. Eram tão pequenas e exalavam um perfume extremamente agradável, assim como o resto de seu corpo. –Quer dizer, sim. Eu estou be... –Nada disso! – Interrompeu-me rigidamente. –Você machucou as cervicais, não é? Eu sei uma massagem que pode ajudar.

Agarrei-me firmemente à seu braço e nos sentamos num banco próximo. Senti seus dedos pressionarem minha nuca e um alívio corroeu todo meu corpo.

Era como se eu tivesse suspirado profundamente todos os suspiros que ainda estavam por vir.

Levei minha mão direita ao mesmo local e pude tocar seus dedos esguios. Estavam tão gélidos quanto a briza que faziam seus cabelos dourados atingirem seu rosto pálido e pueril.

–O que você está olhando, Mulan-Chan?

–N-Nada, é só que... Eu não estou muito acostumada a andar com meninas fofas. – Maldição! Por que eu tinha de elogiá-la logo em nossa primeiro contato? Se acontecesse comigo, me sentiria demasia grata, mas eu não a conheço. Isso pode parecer estranho à ela, mas não consigo mentir. Isso não provém do meu comportamento e talvez seja por esse mesmo motivo que eu tenha me sentido atraída à ela e dito isso da maneira mais amigável possível.

Se esse é o mínimo que posso dizer de maneira espontânea, realmente não tenho o interesse de saber quais são meus pontos mais fortes.

Seus olhos castanhos se clareiam intensamente quando um pequenino raio de Sol atinge-os. As pálpebras se tornam fechadas, mas de qualquer forma ela parece estar me observando atentamente.

–Arigato, Mulan-Chan! Ninguém jamais havia me dito isso antes e... – Ela parecia querer dizer algo à mais, porém não o fez. Na verdade, falou tão rapidamente que não pude entender nada além das primeiras palavras.

Direcionou seus lábios às minhas bochechas, assim como meu pai fizera com minha mãe, antes de partir em direção ao trabalho junto. O rosto enrubesceu tão intensamente, que pensei que tivesse sido atingida violentamente. Tais ficarão arroxeadas, sendo mais específicas.

À essa altura do campeonato, o ônibus já havia chegado e buzinado insistentemente. Não demorou muito para que eu pudesse entrar no mesmo.

Cumprimentei o motorista com um sorriso amável, mas o mesmo parecia ter se apoquentado com minha demora para subir as escadas escuras.

Me sentei nos fundos, ao lado de Kawara. Ela uniu suas mãos e emitiu um estalo, como numa pequenina palmada.

–Mulan-Chan, seremos amigas, não é?

Sim... Boas amigas.


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