Segredos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 9
Reiniciar


Notas iniciais do capítulo

Capítulo postado, gente!
Beijos, beijos!



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Naquela manhã os irmãos Uchiha tiveram que dividir a mesma sala. Precisavam debater assuntos pendentes, assinar vários papéis, e encarar uma reunião particular com o pai, e empregados contados a dedo.

–Hoje vai ser um dia traumático. – comentou Itachi alisando as têmporas. –Preciso lembra-lo que Saya virá à empresa hoje, falar especialmente com você.

–O que ela quer comigo?

–Uma carta de recomendação.

Sasuke rolou os olhos. –Isso você pode fazer.

–Ninguém melhor que você conhece o desempenho dela. Além disso, é uma maneira de vocês conversarem. – intrigado com a observação do irmão, Sasuke olhou-o fixamente. –Sim, eu disse que é uma maneira de vocês conversarem.

–E eu já ouvi, só não sei o intuito dessa conversa.

–De repente você pode enfiar na cabeça dela que esse namoro realmente acabou. – explicou com o tom de voz levemente irritado. –Saya está me ligando dia e noite. Diz não entender o fim do namoro de vocês e, como se não bastasse à petulância, ela me obriga a ser um terapeuta. Estou beirando a grosseria com ela.

–Sendo assim, não me resta outra saída. – um suspiro cansando escapou de seus lábios. –É melhor que Saya seja um passado enterrado. Agora que pedi Sakura em casamento isso é mais que conveniente.

–Pedido de casamento, é?

–Tomei coragem e fiz o pedido ontem. – revelou voltando aos ânimos. –Ela ainda não me deu uma resposta, mas estou muito otimista.

–Realmente você amadureceu muito nesses últimos dias. Nosso pai deve está orgulhoso de você.

Sasuke crispou os lábios. Não acreditava que a notícia do seu casamento com Sakura iria animar o pai. Entretanto, Sasuke estava decidido a ignorar qualquer tipo de empecilho entre eles.

–Pretendo deixar a empresa assim que Sakura e eu nos casarmos. – disse surpreendendo Itachi. –Estou para comunicar nosso pai sobre essa decisão.

–Isso é... radical demais.

–Eu sei, mas não quero cruzar com Fugaku Uchiha pelos corredores da empresa, e cumprimenta-lo como se ele apenas fosse meu superior.

–E como vai sobreviver? Você ainda não tem um diploma e duvido muito que encontre um trabalho a sua altura. – preocupado com o futuro do irmão, ele pensou a respeito. –A empresa pode te dá uma pensão. Você também é herdeiro desse patrimônio, por isso...

–Não se preocupe, Itachi, eu tenho bons planos para minha vida. – disse batendo de leve nas costas do irmão.

–Ok. Vou confiar em você. – olhou o relógio antes de se levantar. –Vou à outra sala buscar a pasta amarela.

–Traz mais um grampeado, por favor.

Assim que Itachi deixou a sala Sasuke voltou a manter o foco na papelada em cima da mesa. Muitos daqueles conteúdos tinham de serem arquivados no computador, outros encaminhados ao RH. Tempo talvez não lhe sobrasse para fazer uma rápida visita a Sakura e o filho.

–Sasuke? – Itachi o chamou da porta. –Você tem visita.

–Quem é? – perguntou interessado, embora seus olhos não focassem a porta.

–Eu.

Devagar, como se lhe custasse fazer um simples movimento, Sasuke levantou a cabeça, e flagrou a ex-namorada diante da porta, à espera de um convite para adentrar a sala. Itachi nada mais disse, somente voltou para trás temendo despertar a visão de Saya para si.

–Entre. – pediu sem desviar o olhar. –Itachi disse que você viria.

–Sim, eu preciso de uma carta de recomendação. – Sasuke indicou-lhe a cadeira. –Estou prestes a trabalhar em uma empresa multinacional e eles são um tanto rigorosos. Mas bastou eu dizer que trabalhei para os Uchiha e...

–Vou fazer a carta ainda hoje. Amanhã você pode passar aqui e pegá-la com a recepcionista.

Saya engoliu a seco. Sasuke tratava-a apenas como uma ex-funcionária. Chegara a pensar que ambos poderiam conversar sobre o fim do relacionamento, visto que fora precipitada, e nada pensada a separação. Ela estava ali para tentar uma reconciliação, achara com vigor que Sasuke voltaria atrás, mas tudo o que via nele era um olhar apagado, e uma postura ereta.

–Não me lembro de vê-lo tão distante. Sua voz é seca e seu olhar é ofuscado.

–Desculpe, mas eu realmente não sei como devo me comportar agora. – Saya sorriu incrédula. –Na verdade, estou sem saber como devo pedir para você parar de aborrecer Itachi. – do sorriso incrédulo à expressão surpresa. –Por que você está fazendo isso? Acho que deixei tudo muito claro.

–Você chama aquela briguinha boba de esclarecimento? – perguntou alterando o tom de voz. –Eu admito que acabei causando aquela briga, mas foi por ciúme. Qual mulher não ficaria enciumada se abrisse a gaveta do namorado e encontrasse uma fotografia de outra mulher? – custou-lhe muito baixar o tom de voz, mas fizera ao perceber que outras pessoas poderiam está ouvindo a conversa. –Depois que a raiva passou me sentir ridícula. Discuti com você por causa de um papel.

–Saya...

–Vamos esquecer essa bobagem. – Sasuke suspirou alto. –Nós somos um casal perfeito. Gostamos um do outro e temos os mesmos planos.

–Pedi Sakura em casamento. – se era para acabar de uma vez, que fosse de qualquer forma. –Faz alguns dias que eu a encontrei de novo e conheci meu filho. – Saya estava completamente imóvel, parecia ter parado de respirar. –Mas eu não a pedi em casamento por que ela teve um filho meu, e sim por que eu a amo.

Lágrimas banharam o rosto petrificado da jovem. Sasuke respirou fundo, incomodado por vê-la tão infeliz, e magoada.

–Era nela que você pensava quando estava comigo? – perguntou ultrajada pela revelação. –Quando você me beijava, era nela que você pensava? Quando eu deitava ao seu lado era nela que você pensava?

–Saya...

–Desgraçado! – a bolsa dela e duas pastas pretas foram jogadas contra Sasuke.

–Você ficou louca?

–Tanto tempo perdido nessa maldita empresa! – tudo em cima da mesa fora arremessado contra Sasuke. –Você ia me apresentar a seus pais, não é?

Sasuke a segurou pelos pulsos. –Você sabia que eu não queria mais!

–Eu sabia sim, mas meus planos estavam acima da sua vontade! – enraivecida ela puxou os braços e Sasuke a soltou. –Eu desejo para você, sua futura esposa, e seu filho bastardo um futuro horroroso!

Cambaleante ela deu a volta na mesa, só então achando a bolsa.

–Eu deveria saber que você só queria status.

–Pobrezinho, estou redondamente arrependida por ter sido uma garota tão ambiciosa e egoísta. – ironizou indo à porta, mas Sasuke a deteve. –Deixe-me passar.

Sasuke enfiou as mãos nos bolsos e deu meio sorriso. –Com toda a certeza vou deixar você passar por essa porta, mas antes, devolva-me a chave do apartamento que você está morando.

–Você disse que ia me deixar ficar...

–Até quando você quisesse, eu sei, mas minha bondade expirou drasticamente. – disse estendendo a mão. –Você é bonita, vai acabar encontrando alguém que realmente queira pagar seus gastos.

–Maldito! Eu deveria ter...

–Arrancado muito de mim, mas eu não sou um homem simplório. – ouviu-a trincar os dentes com toda força. –Meu pai nunca aceitaria você como nora. Ele logo farejaria sua ambição de longe.

–Desgraçado! – gritou arrancando a chave da bolsa, à contra gosto.

–E esqueça a carta de recomendação.

–Vá para o inferno! – jogou a chave no chão e ao sair bateu a porta fortemente.

–Mulheres... – disse encarando a bagunça no escritório.

XXXXXXXX

–Estou louca para encontrar minhas amigas. – disse passando foto por foto armazenada no celular. –Elas são maravilhosas. A senhora vai se divertir muito com elas, principalmente com Ino, ela é a mais palhaça do grupo.

–Quero muito conhecê-las. – falou Aihara terminando de alimentar o neto. –Quando você vai dizer sim a Sasuke?

Sakura respirou um tanto indecisa. –Tenho medo do que meu casamento com Sasuke pode provocar na família dele. – confessou com pesar. –O pai dele não me aceita e...

–Você não vai estragar sua felicidade por causa de um homem incrédulo. – seu tom de voz era autoritário. –Você esperou muito tempo para ser feliz, agora que conseguiu não pode deixar essa felicidade escapar.

Em pensamentos ela concordou com a mãe. Tinha que ser forte para vencer um grande obstáculo; mais um que ela se deparava pelos caminhos tortuosos da vida.

–Sakura?

–Entre, pai.

–Temos visitas. – anunciou olhando a filha com muita seriedade.

–Quem é? – perguntou Sakura entendo que não se tratava de Sasuke.

–Fugaku Uchiha.

–O que esse homem faz aqui? – indagou Aihara enquanto balançava o neto.

–Ele quer falar com Sakura. – respondeu sem tirar os olhos da filha. Ela estava tensa, mordia a unha em nervosismo, e passara a andar em círculos.

–Eu não quero discutir com aquele homem de novo. – disse como se fosse uma súplica. –Dispense-o, papai. Diga que eu não quero vê-lo nunca mais e que eu não tenho nada para falar com ele.

–A senhora Mikoto está com ele. – comentou surpreendendo a mulher e a filha. –Ele disse que quer conversar amigavelmente.

–Será que ele já sabe que Sasuke me pediu em casamento? – indagou acalmando-se.

–Se esse homem veio aqui te oferecer dinheiro para que você esqueça o filho dele, eu vou enxotá-lo como um cachorro! – cochichou Aihara sem querer assustar o neto.

–Vamos nos acalmar. – pediu Sakura decidindo-se se iria até ele. –Se a senhora Mikoto está aqui é porque as intenções dele devem ser boas. – analisou em alívio.

Ansiosa para chegar aquele homem tão descrente, e temendo o rumo de uma conversa possivelmente cordial, Sakura chegou à cúbica sala. Seus pais a seguiam como cães fiéis, prontos para protegê-la de qualquer ataque.

–Bom dia. – disse olhando Fugaku em especial.

–Bom dia. – o casal Uchiha a cumprimentou.

–Imagino que você está surpresa com a visita do meu marido. – começou Mikoto com certa apreensão. Embora se mostrasse otimista, o medo a corroía por dentro.

–De fato, fiquei muito surpresa. Não pensei que voltaríamos a nos ver. – confessou Sakura. –Sentem-se, por favor.

Atendendo o convite, o casal se acomodou.

–Serei breve. – disse Fugaku olhando bem o rosto de Sakura. Apesar da jovialidade, ela parecia ser muito responsável, e sensata. –Para começo de conversa, eu quero me desculpar pelo que houve na minha casa. – Mikoto ouviu o marido engolir o próprio orgulho. –Errei em julgá-los e não lhes dei oportunidade.

Sakura olhou os pais, mas eles se recusaram a tomar a decisão de desculpar o Uchiha. Ela fora a mais atingida pela língua ferina e a desconfiança dele, por isso cabia a ela tirar aquele peso de culpa de suas costas.

–Nós lhe desculpamos, senhor Uchiha. – desculpou-o extraindo um pouco daquela mágoa.

Fugaku olhou Mikoto de relance. Ela sorriu ao vê-lo tão desnorteado, sem dúvidas estava se culpando ainda mais por ter sido tão severo.

–Apesar da raiva que senti do senhor naquele dia, eu cheguei a entendê-lo um pouco. – Sakura ligeiramente desviou o olhar. –Eu sei que muitas pessoas já tentaram se aproveitar de sua confiança e agora o senhor está se defendendo, mas nem eu, nem os meus pais, somos essas pessoas. – Mikoto balançou a cabeça positivamente. –Queremos o melhor para Daisuke e trazê-lo para Sasuke foi a melhor coisa que eu fiz em meses.

Fugaku olhou o neto a um metro de distância de onde ele estava. Sem dúvidas a cabeleira negra era um grande destaque na sua família, além dos pequenos traços muito semelhantes aos de Sasuke naquela idade.

–Mikoto disse que você é uma garota encantadora, agora sei por que.

Sakura ruborizou com o elogio, chegou a sentir que aquilo era um bom começo, mas perdeu o ânimo ao voltar à realidade.

–Eu conversei com Sasuke e decidi que não vou fazer um exame de sangue de Daisuke, no entanto, é um direito seu comprovar a...

–Não fale mais nisso, por favor. – o desconforto nele era saliente. –Eu não tenho o direito de lhe exigir esse tipo de coisa. – explicou tirando do bolso do paletó um lenço. –Quero que vocês saibam que eu não mais duvido de seus caráteres, aliás, eu nunca deveria ter duvidado. – disse limpando o suor da testa e com pressa afrouxou a gravata. –Vamos começar do zero, certo?

O silêncio entre os Haruno foi total. Eles estavam ridiculamente estupefatos pelas tantas palavras gentis que ouviram da boca do homem que passaram a odiar. Fugaku não só pedira desculpa, como também se mostrou interessado a começar uma nova e boa relação com a família de seu neto.

–O senhor nos procurou para pedir desculpas e está disposto a virar essa página manchada de nossas vidas. – Sakura estendeu a mão para ele amistosamente. –Podemos sim nos conhecer de novo e começar do zero.

–Eu disse que ela é maravilhosa. – cochichou Mikoto vendo o aperto de mão entre Sakura e o marido.

–Venha conhecer seu neto, senhor Uchiha. – pediu Aihara fazendo o homem ir a ela.

Sakura sorriu vendo os pais interagir com Fugaku. Ele não fizera estardalhaço como Mikoto, mas sorriu como um bobo ao pegar Daisuke no colo.

–Sakura. – Mikoto afastou-a da pequena aglomeração. –Conversei muito com meu marido hoje e ele também está de acordo em tê-los em nossa casa. – praticamente cochichou.

–Senhora Mikoto...

–Vocês terão mais conforto. – insistiu ela. –Eu já providenciei um quarto para Daisuke.

–Mas...

–Os móveis vão chegar amanhã e serão montados no mesmo instante. Eu tomei a liberdade de contratar uma decoradora, mas se você quiser poderemos decorar o quarto juntas. – percebendo que deixara Sakura estagnada com seu disparate, Mikoto sorriu envergonhada. –Desculpe, estou tagarelando como um vendedor.

–Não é isso, é que... – pensou em dizer sobre o pedido de casamento que Sasuke lhe fizera, visto que Mikoto nada sabia a respeito, mas tinha medo da futura sogra elaborar mil e um planos ali mesmo. –Sasuke me pediu em casamento.

Como disse? – todos a olharam, devido o tom alto de sua voz. –Sasuke a pediu em casamento?

–Ontem. Eu fiquei de dá uma resposta.

–Isso é fantástico! – abraçou-a fortemente. –Eu sabia que vocês se amam. Eu tive certeza naquele mesmo dia.

–Espero que você diga sim. – incentivou Fugaku deixando claro que não havia oposição de sua parte.

–Amanhã mesmo o quarto de Daisuke estará pronto. – Mikoto não se aguentava de tanta felicidade. –Então, todos estarão de mudança amanhã. – Sakura, Aihara e Kentaro decidiram não contrariar a felicidade dela.

XXXXXXX

–Tem certeza que você não quer ir embora?

–É a segunda vez que você me faz a mesma pergunta.

–Eu sei, mas é que... – Sakura olhou em volta. –, você deveria está no conforto da sua casa, saboreando um bom vinho, entretanto, preferiu está no restaurante do hotel comigo.

–Tenho a melhor companhia do mundo, minha querida. Como eu poderia pensar em ir embora? – Sakura sorriu . –Além disso, faz um bom tempo que não jantamos juntos.

–É verdade. – concordou suspirando de leve. –Eu não posso demorar muito aqui. Daisuke está dormindo, mas pode acordar a qualquer momento.

–Pensei que sua mãe estivesse com ele.

–Ela está, mas...

–Mas você está fugindo da intimidade comigo. – interrompeu-a sabendo que era o momento certo para falar de coisas tão íntimas. –É horrível a sensação de ser um estranho para você...

–Não é isso. – gentilmente ela apertou a mão dele, mantendo carinhosamente debaixo da sua. –Está assim com você me faz pensar no passado, onde agíamos como se fôssemos perfeitos juntos, mas hoje as coisas são um pouco diferentes. É como se estivéssemos que apertar o botão de reiniciar, e continuar de onde paramos.

Sasuke beijou-a demoradamente e, ao final do beijo, percebeu que havia atraído olhares.

–Saiba que, se for para conquistar você como antes, eu vou apertar o botão de reiniciar todos os dias.

–Eu vou cobrar essas palavras de você. – Sasuke sorriu. –Seu pai esteve aqui hoje. – revelou causando surpresa nele.

–Ele a ofendeu?

–De forma alguma. Ele veio se desculpar pelo que aconteceu ‘naquele dia’. – viu-o respirar com certo alívio. –Acabamos por nos entender e ele finalmente pôde aceitar o neto sem cobrar de si mesmo um exame. – cada palavra deixava Sasuke desorientado. –Agora que não existe mais empecilho entre nós, eu decidi que... quero me casar com você.

A reação do rapaz não foi outra senão observá-la com toda seriedade em si. Parecia querer organizar palavra por palavra em sua cabeça.

–Eu juro por Deus que estou muito feliz nesse momento. Mas será que você pode dizer cada palavra novamente?

–Até a parte que eu disse que aceito me casar com você?

–Essa principalmente. – disse roubando-lhe um sorriso.


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