Segredos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 5
Dentro do caos


Notas iniciais do capítulo

O capítulo saiu rápido, mas não sei se terei a mesma rapidez para postar outro..

Beijos!



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Finalmente aquele dia tão temido tinha chegado. A contra gosto Sakura voltara à Tókio com os pais, claramente decididos a conhecer o pai de Daisuke. E o que diriam? Era a pergunta que persistia na cabeça dela, minuto por minuto.

–Não diga a seus amigos que você está em Tókio. – disse o pai. –Não queremos agitação a nossa volta.

Realmente aquilo era impossível, pensou a jovem. Logo estariam cercados pela família de Sasuke. Talvez eles até discutissem ou seriam ignorados.

–Acho que devo ligar e avisar que...

–Não faça isso. – interrompeu o homem. –Não podemos tratar esse assunto por telefone.

–E o que diremos ao chegar lá? – perguntou entregando o filho a mãe. –Não podemos dar essa notícia de qualquer forma.

–Não estamos falando de uma crise financeira, mas de uma criança que não tem o sobrenome do pai. Isso não vai mata-los.

Sakura ficou observando o pai chegar ao outro quarto. Eles não tinham interagido em nada, nem mesmo em olhares. Por uma ou duas vezes, ela tentara falar com ele, mas desistira no meio do caminho.

–Por que temos que fazer isso? Eu realmente não entendo a insistência dele.

–Seja um pouco sensata e você vai entender.

–Estou tentando, mãe, eu juro, mas...

–Seu pai não teve uma figura paterna na vida dele, Sakura. Ele não teve a oportunidade de ter um pai e isso deve ter machucado muito os sentimentos dele, e pode ser que ainda machuque.

–Eu não... Eu não pensei nisso.

–Eu sei. Parece muito dramático, mas foi a realidade dele durante a infância, e ele não quer que o neto passe pela mesma coisa. – Daisuke começou a espernear nos braços da avó. –Eu vou dar um banho nele. Pobrezinho deve está estressado por causa da viajem.

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–Como foi a viajem?

–Um saco. – Itachi calmamente afrouxou a gravata. –O que aconteceu com Saya?

Sasuke deu de ombros, sem demonstrar simpatia com a pergunta.

–Ela estava chorando no corredor, mas quando me aproximei para saber o que estava acontecendo, ela saiu correndo.

–Pedi para ela ir embora.

–Você demitiu a sua namorada? – perguntou incrédulo. –Como... ?

–Um de nós tinha que sair da empresa e, obviamente, não é meu caso.

–Mas por quê? Ela era esforçada, inteligente... Parece gostar de você.

–Meu lance com ela acabou há muito tempo. Já tínhamos conversado. Cheguei a dizer que eu não queria mais, entretanto, Saya entendeu que eu queria um tempo.

–Uh. E se ela fizer um escândalo?

–Ela não é nenhuma criança.

–Claro que não, mas... – ofereceu Uísque ao irmão e se serviu em seguida. –, você fez promessas a ela.

–Por que Saya vivia me atormentando. Ela era muito persistente quando dizia que queria ser apresentada como minha namorada. – estressado ele bebeu de uma só vez a bebida do copo. –A verdade é que... – um suspiro cansado fugiu de seus lábios entreabertos. –, errei em ter reatado nosso namoro.

–Você dizia que ela era perfeita. – soara aos ouvidos de Sasuke como deboche. –Diga a verdade para mim. – olhou-o com intriga. –Está amando outra mulher?

Fora a mesma pergunta que ele fizera a si mesmo há alguns meses e a resposta parecia está nítida.

–Foram apenas alguns encontros e uma noite juntos. Ela desapareceu da minha vida e eu seguir em frente.

Itachi se sentou na sua cadeira e indicou a outra para o irmão.

–Está a fim de conversar um pouco?

Conhecia o irmão muito bem, tanto que de imediato acabou estranho o convite.

–Pensei que o trabalho viesse em primeiro lugar.

–Nem sempre. – foi à janela e abriu todas as persianas. –O que você acha de não falarmos em trabalho hoje?

–O que aconteceu nessa viajem, Itachi? – indagou servindo-se com mais Uísque.

–Nada em especial.

–Sei. – ele estava longe de ser um homem bobo. –Quem é ela? – insistiu confiante. –É uma de suas funcionárias?

–Sou um homem ético.

–Até parece.

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Dia seguinte...

–Não mexa as perninhas, Daisuke. – cansada de tentar deixa-lo quieto, ela parou apenas para respirar um pouco naquela manhã. –Sabe aonde vamos? – perguntou para ele que, atento, parecia entender cada palavra. –Vou te levar para conhecer o seu pai. – vendo-o menos agitado, ele voltou a vesti-lo. –A mamãe está muito nervosa. Sabe por quê? – pegou-o no colo e procurou a mochila infantil. –A família Uchiha não sabe que possui outro membro.

Respirou profundamente ao final do desabafo e apressou-se a unir-se aos pais, que esperavam por ela na frente do hotel.
De longe os avistou, ao lado do táxi que os levariam até a residência Uchiha. Ela sorriu ao vê o pai mexer os braços, fazendo reclamações do paletó negro que usava. Sua mãe não era exceção. Reclamava da temperatura àquela hora da manhã e da insônia que tivera na madrugada.
Não era normal vê-los tão irritados por pouca coisa, a não ser que estivessem terrivelmente nervosos, embora tentassem camuflar seus temores.

–Podemos ir.

–Ah! Ótimo! – disse a mulher animando-se. –Está quente hoje.

–Essa época do ano é muito quente aqui. – falou Sakura entregando a mochila à mãe.

–Fique atenta ao endereço, Sakura.

Ela virou-se para o pai, finalmente tendo o que conversar com ele naquela manhã desesperadora.

–Sim.

Não demorou muito para o carro chegar ao bairro nobre. Por cada portão grande que passavam, Sakura olhava a numeração na placa sofisticada, e pedia para que o taxista seguisse em frente.

–Não é aqui? – perguntou a mãe.

–Sei que está perto. – disse atenta.

Não tinha mais certeza se a casa dele ficara para trás ou se estava mesmo mais à frente. Estivera naquele mesmo local por duas vezes, era de noite, e passara rapidamente com as amigas.

–É essa! – apontou para a casa grande.

O coração palpitou compulsivamente. Pela janela do carro, ela tinha em foco a paisagem verde do jardim, com suas belas flores delicadas. Era o lugar que mais lhe chamara atenção na primeira vez que estivera ali e, podendo vê-lo melhor de dia, maravilhou-se ao contemplá-lo.

–Eu vou tocar o interfone.

O comentário da mãe deixou-a atônita. Quando se virara para ela, uma voz nada familiar começou a interroga-la.

O que deseja?

–Bom dia. Precisamos falar com seus patrões.

Somente a senhora Mikoto está em casa. Seu nome, por favor.

–Aihara Haruno.

–Vou verificar se ela pode lhe receber.

–Espere, por favor! Com certeza ela não vai se lembrar de ninguém com esse nome, e provavelmente irá me dispensar. Diga que é um assunto extremamente delicado.

–Aguarde, por favor.

–Uhh. – murmurou olhando a casa. –Será que essa mulher vai nos receber?

–Ela não deve ser uma mulher arrogante. – disse Sakura balançando o filho que começava a se espernear. –Sasuke falava muito bem dela.

Um homem se aproximou deles, do outro lado do portão. Usava um macacão jeans, de cor azul. Tinha luvas grossas nas mãos e segurava uma tesoura de jardinagem.

–Entre. A senhora Mikoto está esperando. – anunciou abrindo o portão.

No caminho até a casa, Sakura abriu uma sobrinha para proteger Daisuke do sol. O pequeno estava impaciente, às vezes parecia que ia chorar, outras vezes cedia aos carinhos que a mãe lhe fazia.

–Daisuke está muito agitado. Não foi uma boa ideia deixar Osaka agora. Acabei de sair de Tókio e já estou de volta. Isso está prejudicando ele.

–Logo isso vai acabar. – disse o pai de Sakura, entendendo o apelo do neto. –Tem uma mulher na frente da casa.

–Acho que é a tal da Mikoto. – arriscou a esposa, observando duramente a mulher elegante no topo da pequena escada de mármore.

Sakura sentiu o ar faltar-lhe nos pulmões. Em passos apertados, andou sem tirar os olhos da mulher a poucos metros dela. Tinha ouvido um ou outro comentário bom sobre aquela pessoa, mas não dava para acreditar que ela a receberia de braços abertos, ainda mais carregando o herdeiro de seu filho.

–Bom dia. – cumprimentou-os com um sorriso amistoso.

–Bom dia. – cumprimentaram-na juntos.

–Minha empregada disse que... Perdão, eu esqueci o nome da pessoa que ela mencionou.

–Aihara Haruno. – a mãe de Sakura confiantemente deu um passo à frente.

–Muito prazer Aihara. Eu sou Mikoto Uchiha. – sem receio, ela se aproximou daquelas pessoas desconhecidas. –Não me lembro de...

Um choro inocente invadiu seus ouvidos. Sakura balançou o filho tentando acalmá-lo, mas sua tentativa fora em vão.

–Desculpe. Ele está muito agitado hoje.

A Uchiha pareceu ignorar a explicação da jovem. Estava completamente concentrada na criança.

–Que criança bonita. – sorriu ao segurar a pequena mão do bebê. –Como ele se chama?

–Daisuke. – respondeu Sakura, olhando os pais de esguelha.

–Um nome muito bonito, é quase semelhante ao nome do meu filho.

Sakura engoliu a seco, percebendo que ela chegava mais perto.

–Vamos entrar, por favor. Acho que ele está irritado por causa do calor.

Todos a seguiram. Chegando à porta, Sakura olhou para trás, sabendo que aquele caminho não tinha mais volta.

–Kaoru vai trazer algo para refresca-los.

–Não se incomode. – falou Sakura temendo encará-la.

–É o mínimo que posso fazer por vocês depois de ter demorado tanto para atendê-los. Sentem-se. – indicou os sofás a eles. –A propósito, em que posso ajuda-los?

–Senhora, trouxe os refrescos.

–Obrigada, Kaoru. Pode deixar a bandeja ali. – apontou para o centro da mesa.

Atenta a jovem mãe do bebê, a mulher incomodou-se com o choro da criança, mas porque acreditava que algo realmente o perturbava.

–Eu posso segurar ele?

Sakura olhou os pais sem saber o que responder e só se decidiu ao vê o aceno do pai, aprovando a atitude da Uchiha.

–Claro, mas... ele está muito agitado.

–Não se preocupe com isso. – cuidadosamente ela pegou a criança dos braços da mãe. –Nessa idade os bebês se irritam facilmente. Nós, pobres mães, corremos desesperadas tentando entender o que eles querem.

Sakura balançou a cabeça, concordando com cada palavra dita, e sorriu sem poder conter o gesto. Por algum motivo inexplicável, Mikoto passara a lhe transmitir calma, mesmo sem ter intenção.

–Um chazinho de camomila vai deixar ele calminho. – apesar de está enciumada com o apego da mulher a seu neto, Aihara pareceu concordar com ela. –Por acaso nos conhecemos? Não me recordo de...

–Ah! Eu esqueci de apresentar meu marido e minha filha. – sorriu constrangida. –Esse é Kentaro e essa é Sakura. Não queríamos chegar de surpresa, mas achamos que sua família não fosse nos receber.

–Por que não receberíamos vocês? Se vieram até aqui, é por que se trata de algo importante.

–Sim, senhora. – Kentaro pigarreou, só então sentindo que não era nada confortável está ali. –Estamos aqui por causa da nossa filha.

Sem nada entender, Mikoto direcionou o olhar a Sakura.

–Provavelmente a senhora não sabe nada sobre ela.

Sakura alisou as têmperas. Achara que seus pais tirariam aquela conversa de letra, mas o que percebera em um minuto de diálogo, é que eles estavam mais nervosos que ela.

–Desculpe o nervosismo dos meus pais, senhora. – ela decidira ser sua própria porta-voz. –Como meu pai disse, eles estão aqui por minha causa. – antes que o ar lhe faltasse, ela seguiu em frente: –Confesso que eu não estaria aqui senão fosse por insistência deles, mas... Acho que o verdadeiro motivo deve-se a Daisuke.

–Desculpe, mas você poderia ser mais clara?

–Certamente. – respondeu encorajada a sair de uma vez por toda daquele segredo. –Eu tive um rápido relacionamento com Sasuke. Não deu certo e acabamos nos distanciando. – tentando manter-se calma, ela entrelaçou os dedos com força. –Essa criança que a senhora segura nos braços... é seu neto.

Eles estavam preparados para o que fosse, no entanto, pegaram-se surpreso com o silêncio da mulher.

–Essa criança é... – voltou os olhos para Daisuke, finalmente calmo. –Sasuke sabe sobre ele?

–Não. – Sakura gelou ao ter a atenção da Uchiha. –Seu filho me magoou muito. Não vi motivos para informa-lo sobre minha gravidez e também achei que ele não se importaria.

Mikoto estava perplexa, mas fizera o possível para não deixar suas emoções transparecerem. Pensava na reação de Fugaku, principalmente. Ela não tinha certeza que o marido veneraria o pequeno membro da família, ainda mais se tratando de uma aventura de Sasuke. E quanto àquela garota? Como podia saber que ela era uma pessoa digna, de caráter?
Foi então que Mikoto avaliou Sakura de cima abaixo. A garota vestia-se com simplicidade. Tinha bons modos, seu olhar era esperto, no entanto confuso. Com toda a certeza não era paciente, mas talvez estivesse agitada pelo momento. Parecia ser confiável e não tinha como deixar despercebida a beleza natural que ela possuía. A questão era: Sasuke tinha se aproveitado dela?

–Kaoru! – chamou a empregada fazendo o possível para não assustar o bebê.

–Sim?

–Ligue para o meu marido e diga que tenho urgência em vê-lo em casa. Também ligue para Sasuke, e diga a mesma coisa.

–Sim, senhora.

Vendo a empregada pegar o telefone, a jovem mãe sentiu vontade de barrá-la ali mesmo. Em poucos minutos, seu verdadeiro tormento começaria.

–Quer me contar como tudo aconteceu, Sakura?

Gostaria de dizer a Mikoto que seu passado com Sasuke estava enterrado, mas convenceu-se que de nada adiantaria esconder os fatos.


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