Segredos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 6
Dias a fios


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo, gente.

Beijos!



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Depois de narrar os fatos a Mikoto e, consequentemente, a seus pais, Sakura se questionou.
Ela não dera chance a si mesma de saber o que realmente estava acontecendo com Sasuke. Tudo o que ouvira, um dia antes de desaparecer da universidade, é que ele tinha reatado com a ex-namorada. Um dia depois o boato veio a se confirmar por meio de suas amigas. Para ela, tudo ficara mais que esclarecido.

–Mas você teve um filho dele. Como achou que essa história estava enterrada? – perguntou Mikoto.

–Por minha filha, Daisuke cresceria sem a presença do pai. – disse Kentaro, observando a filha como se ela lhe devesse uma explicação. –Senhora Mikoto, a única coisa que queremos é que seu filho se responsabilize por essa criança.

–Compreendo. – disse acariciando a bochecha do neto que a olhava como se há tempos a conhecesse. –Onde estão hospedados?

–Em um hotel no centro da cidade. – respondeu Aihara.

–Eu os convido para se hospedarem na minha casa.

Sakura olhou os pais de imediato, torcendo para que eles percebessem que ela não queria aceitar o convite.

–Agradecemos o convite, senhora, mas estamos bem instalados no hotel. – falou Sakura.

–Sim, mas... Não é um ambiente muito apropriado para um bebê. Além do mais, não a cabimentos vê-los em um hotel quando vocês poderiam estar aqui.

–Mas... – murmurou Sakura.

–Será bom para Sasuke ter o filho por perto. – a insistência dela parecia surtir bons efeitos. –Por favor, será bom para todos.

–Prometo que iremos pensar nisso. – Kentaro não estava nada confortável com o convite inesperado, entretanto, achou que seria um bom começo entre os Haruno e Uchiha.

–Ele dormiu. – Mikoto sorriu feliz da vida por vê o pequeno Uchiha finalmente relaxado. –Você se incomoda se eu o levar para o quarto, Sakura?

–Não, senhora.

–Ótimo! – sorridente ela se levantou, fazendo o máximo de cuidado para não despertar o neto. –Kaoru?

–Estou aqui, senhora. – a simpática empregada entrou enxugando as mãos no avental. Nenhum outro dia fora mais agitado que aquele na vida dela.

–Venha comigo. – a mulher a seguiu. –Eu volto em um minuto. Com licença. – pela escada de acesso aos quartos ela subiu, falando em voz baixa como se estivesse cantando uma canção de ninar.

–Não tem nem uma hora que ela conheceu o neto, e já está babando por ele. – comentou Ainhara. –O que vamos decidir sobre o convite?

–Que não podemos aceitar. – respondeu Sakura se levantando. –Vocês insistiram para que eu viesse aqui e eu cumprir minha palavra. Assim que Sasuke conhecer o filho, iremos embora. – viu o pai de relance e seu olhar não era nada bom. –Podemos cuidar da nova certidão de nascimento pelo correio.

–O pai de Daisuke vai gostar de conhecer o filho melhor, não acha? – perguntou Kentaro. –Não precisamos nos hospedar aqui para isso.

–Nossas vidas agora vão girar em torno dessas pessoas? – indagou Sakura baixando o tom de voz.

–Está na hora de você deixar essa mágoa de lado, Sakura. – aconselhou a mãe. –Mikoto é uma pessoa maravilhosa. Nem nos conhece direito e nos trata como se fôssemos da família.

–Sua mãe está certa. Essa senhora é uma boa pessoa e parece que está disposta a te ajudar. – argumentou Kentaro. –Se você for ignorante, essas pessoas também serão. E não viemos aqui levar esse assunto à justiça.

Sakura gelou ao ouvir o conselho do pai. Sua vontade era de sair dali e não dá satisfação a ninguém, mas, aquela altura de sua vida, Daisuke não era mais um assunto só seu.

–Ele está dormindo como um anjo. – as atenções se voltaram para Mikoto. –Meu marido chegou. – viu pela janela o carro do marido estacionar de frente a casa.

–Céus! – Sakura fechou os olhos e acariciou a testa.

–Acalme-se, querida. – Mikoto segurou fortemente a mão da jovem, fazendo-a levantar a cabeça, e olhá-la com surpresa. –Meu marido é um homem muito reservado, por isso passa a impressão de ser uma pessoa brava. Mas se você souber compreender o ponto de vista dele, também conseguirá fazer que ele enxergue o seu.

Viu, a jovem mãe do seu neto, respirar com um pouco de alívio. No seu íntimo, Mikoto torceu para que Fugaku não estragasse o bom relacionamento que eles estavam tendo. Além do que, ela não queria causar mais mágoa a Sakura.

–Mikoto?

–Estou aqui. – respondeu esperando pelo marido.

Assim que ouviram a voz do chefe daquela família, Aihara e Kentaro se levantaram para recebê-lo. Sakura uniu as mãos em sinal de nervosismo.

–Vim o mais depressa que... – interrompeu-se observando os rostos desconhecidos na sua sala.

–Temos visitas. – Mikoto aproximou-se do marido e tomou-lhe a pasta. No mesmo lugar de sempre ela deixou o objeto. –Conheça a família Haruno. Kentaro, Aihara, e Sakura, filha do casal.

Como de costume, eles fizeram um breve aceno com a cabeça.

–Já nos conhecemos? – perguntou Fugaku.

–Infelizmente não. – respondeu o pai de Sakura. –Perdoe-nos por termos vindo sem nos comunicarmos antes. A decisão de vimos à Tókio foi repentina.

–De onde são? – perguntou Fugaku indicando o sofá para que eles sentassem.

–De Osaka. – respondeu Kentaro. Ele viu o Uchiha alisar o queixo, provavelmente tentando se lembrar se tinha assuntos pendentes a tratar com àquelas pessoas.

–Onde está, Sasuke? Pedi para ele vir também.

–Está a caminho. – disse olhando a esposa. –O que está acontecendo?

Sakura teve coragem de encarar o homem. Com certeza ele era tão sério quanto Sasuke, mas havia mais seriedade no olhar, e exigência em sua postura firme.

–Serei direto com o senhor. – disse Kentaro, antes que Sakura roubasse sua postura. –Minha filha e seu filho se envolveram há algum tempo e desse relacionamento nasceu Daisuke, seu neto.

Fugaku olhou a esposa imediatamente, exigindo uma explicação mais detalhada.

–Fiquei tão surpresa quanto você. – disse Mikoto. –Sakura ficou grávida de Sasuke, mas não contou a ele sobre a gravidez. – Fugaku crispou os lábios. –Os pais dela trouxeram-na aqui; claro, esperam que Sasuke assuma essa criança.

Fugaku pensou a respeito e teve a atenção voltada para Sakura.

–Por que não o procurou assim que ficou sabendo que esperava um filho dele?

–Eu estava magoada e, depois que Daisuke nasceu, achei que Sasuke não precisava saber sobre o filho.

–Por que o procurou agora? – indagou intimidando-a.

–Por que meus pais quiseram assim. – ela estava nervosa, mas começara a sentir coragem. –Sinceramente, não vou cobrar de Sasuke uma posição de pai presente, tão pouco vou exigir o sobrenome da família Uchiha no nome do meu filho.

–Se Sasuke é realmente o pai do seu filho, ele reconhecerá essa criança e...

–Está duvidando da palavra da minha filha? – perguntou Kentaro em um tom de voz nada amigável.

–Desculpe, eu não tive a intenção de ofendê-la, no entanto, não posso escutá-los e acreditar cegamente nessa história.

Mikoto respirou fundo, reprovando a ação do marido.

–O senhor está dizendo que seu filho pode não ser o pai de Daisuke? – Aihara levantou a voz.

–Entendam, por favor. Eu não os conheço. Não sei o que houve entre meu filho e sua filha. Vocês...

–Claro que o senhor não sabe e nós também não sabíamos! – Kentaro alterou a voz. –Somos pessoas dignas e nunca sonhamos em tirar proveito dessa situação! – Aihara acariciou o ombro do marido na tentativa de acalmá-lo. –Agora me envergonho de ter a trazido para cá.

–Vamos embora, papai. Já ouvimos o bastante.

Decidida a ir embora Sakura se levantou, pegando a bolsa do filho, mas ao sair do lugar, pretendendo tirar Daisuke dali, seus olhos arregalaram-se ao avistar Sasuke. Ela não dera mais um passo sequer, seu corpo parecia está anestesiado.

–Sakura? – disse o nome dela sem desviar o olhar. Em passos calculados ele chegou ao centro da sala. –O que está fazendo aqui?

–Pelo visto vocês se conhecem bem. – disse Fugaku levantando-se a fim de olhar o filho de frente. –Essas pessoas vieram somente para vê-lo. – confuso Sasuke virou-se para o pai. –Antes, de mais nada, responda-me uma coisa. Você namorou essa moça?

Sasuke observou Sakura demoradamente. De fato, nada entendera o porquê daquela pergunta, mas pela seriedade do pai, e o desconforto no olhar dos outros, ele deduziu que algo muito sério estava acontecendo.

–Sim. Por quê?

–Por que ela teve um filho seu. – respondeu Fugaku.

Sakura baixou a cabeça devagar, sem mais ter condições de voltar àquela mesma frase de minuto a minuto.

–Sakura? – ele queria ouvir aquilo da boca dela. –Isso é verdade?

Então, ela não pôde mais fugir dele. –É. – novamente ela se sentiu renovada. –Já estamos de saída. – disse lembrando os pais que pareciam esperar por ela. –Se você quiser conversar eu estou nesse hotel. – ela tirou da bolsa o endereço de onde estava hospedada, e deixou em cima da mesa de centro. –Senhora Mikoto...

–Sim, eu vou leva-la até o Daisuke.

Sasuke observou a mãe subir com Sakura para os quartos.

–Vamos esperar por ela lá fora, Aihara. – disse Kentaro encarando Fugaku seriamente.

Com a saída do casal, Fugaku foi ao escritório, e Sasuke o seguiu.

–O que disse a eles?

–Melhor eu explicar o que eles disseram a mim. – rebateu ocupando sua poltrona. –Quantos golpes desse tipo não existem por aí?

–Disse isso a eles?

–Ora, por favor! Não vou acreditar em pessoas que não conheço; que nunca vi na vida! Quem nos garante que essa criança seja mesmo seu filho? – deu de ombros. –Hoje em dia tudo o que falamos deve ser provado e uma paternidade, se há dúvidas, não é o contrário.

–Não vou exigir um teste de DNA a Sakura, por que não duvido da palavra dela. – disse enfrentando o pai. –O senhor não tem o direito de ofendê-la. Não a conhece, não sabe nada sobre ela!

–E você sabe? – perguntou alterado. –Só agora você sabe da existência dessa criança. Por acaso, sabia onde essa garota esteve todo esse tempo?

–Não, eu não sabia. Eu a magoei demais para acha-la com tanta facilidade. – saiu do escritório batendo a porta com força.

–Tudo vai se resolver, querida, eu tenho certeza disso.

Sasuke encontrou a mãe se despedindo de Sakura. Ainda atônito com a novidade, ele teve como seu único foco o bebê adormecido nos braços de Sakura. Não dava para vê-lo por inteiro, mas o cabelo negro da criança já sucumbia sua curiosidade.

–Sasuke! – Mikoto sorriu avistando o filho. –Venha conhecer seu filho! É um belo garoto!

Sakura preferiu não flagrar o momento. Tudo estava acontecendo rápido demais. Ela nem mesmo teve tempo para respirar e digerir tantas coisas negativas.

–Ele é lindo, não é? – indagou Mikoto abobalhada. –Os olhos são bem parecidos com os da mãe, embora sejam mais escuros, e o cabelo é bem semelhante o seu. – sorriu para Sasuke.

O rapaz parecia concordar com a mãe, mas não se pronunciou. Olhava Daisuke esforçando-se para acreditar que ele era seu filho, não por que tinha dúvidas, longe disso, mas por que Sakura nunca tinha falado sobre ele.

–Eu vou leva-los ao hotel.

–Não é preciso. Vamos de táxi. – agoniou-se com a decisão dele.

–Você não quer discutir uma coisa tão boba, não é? – indagou olhando-a com certa ternura. –Vamos?

Sakura não mais se opôs. –Obrigada por ter sido gentil conosco, senhora Mikoto.

–Não fiz nada demais, minha querida. – abraçou-a. –Posso ir visita-la amanhã?

–Sim. – sem perceber, ela sorriu verdadeiramente naquele dia.

▄ ▄

Pelo olhar do pai sobre Sasuke, Sakura deduziu que ele gostaria de iniciar um questionário com o pai do neto, mas a urgência de manter um diálogo com Sasuke fez com que ela interferisse a ideia.

–Será que vocês podem nos deixar a sóis?

Kentaro não queria permitir tal coisa, afinal sonhara com aquele momento de acertos, mas acabou entendendo a necessidade da filha. Assim que ficaram sozinhos, Sakura respirou fundo e se virou para Sasuke. Ele a olhava com intriga.

–Fiquei sabendo que você está noiva. – começou ele. –Aquilo foi um plano para me afastar?

–Eu não estava pronta para ver você.

–Fico feliz que esteja agora.

–Só o procurei por insistência dos meus pais. – rebateu a ironia. –Eles acham que Daisuke precisa de um pai presente na vida dele, e ficaram horrorizados quando viram que ele não tem um sobrenome paterno.

–Então, devo agradecê-los depois. Por você eu nunca saberia da existência dessa criança. – aproximou-se dela. –O que deu em você para fazer isso? O que achou que eu faria? – Sakura nada respondeu. –Claro, você achou que eu não ia aceitar sua gravidez.

–Como eu ia pensar que você sorriria ao saber que seria pai? Tínhamos um relacionamento indecifrável, baseado em encontros, e, por acaso, uma noite de sexo. Você nunca me disse que nossos encontros eram sérios. Você nunca me prometeu nada, pelo contrário, me fez perceber que eu não passei de um passatempo. Não é à toa que você voltou correndo para sua ex-namorada.

–Foi uma decisão errada.

–Não parecia naquela época.

–Eu estava confuso. Você apareceu na minha vida de repente, justamente em uma fase ruim. E, quando a procurei, você tinha evaporado de todos os lugares que costumava frequentar. Não me deu tempo de lhe dá uma justificativa.

–Que justificativa? – perguntou limpando as lágrimas. –Ia me dá um prêmio de consolação?

Não, pensou ele vendo-a tão magoada. Nem mesmo ele sabia por que tinha procurado tanto por ela.

–Acho que está tudo resolvido agora. – se pronunciou Sakura deixando de lado aquela fase romântica com ele. –Eu não pretendia estender essa história de paternidade, mas seu pai arrogante duvida que eu tenha lhe dado um filho, por isso...

–Quem se importa com o que ele pensa? – Sakura olhou-o com surpresa. –Você procurou por mim, e não pelo meu pai.

–Mas não posso deixar que ele...

–Fugaku é um homem corrompido pelos tantos anos em frente aos negócios. Ele perdeu a habilidade de confiar nas pessoas, com exceção de sua esposa, e seus dois filhos. Sei que isso não vai justificar tamanha grosseria, mas pense na quantidade de gente que já tentou fazê-lo de bobo.

Não era uma justificativa, pensou Sakura, mas ela passara a entender o que Mikoto lhe dissera antes.

–O que devo fazer? Ignorar?

–Você é uma garota inteligente, tenho certeza que vai saber converter essa situação.

–Uh. – murmurou mais calma. –Olha, Sasuke, eu não vou exigir nada de você. Eu...

–Você está me julgando de novo. Por que você não pode acreditar que estou feliz em saber que tenho um filho e que eu quero ser pai dele?

–É que... Tudo está acontecendo tão rápido.

–Sempre fora assim com a gente, não é? – Sasuke acariciou a bochecha corada e perdeu-se na cor rosada dos lábios entreabertos.

–Estou muito cansada. – afastou-se dele percebendo a pouca distância entre eles. –Eu digo a meus pais que você voltará outro dia.

–Amanhã. – estava decidido.

–Tá. Então, nos vemos amanhã.

Com o coração acelerado ela abriu a porta. Antes de sair, Sasuke a olhou como antes, quando seus olhos negros pareciam está rendido à força de uma paixão momentânea. Entretanto, ao fechar a porta, Sakura notou que havia um brilho diferente no olhar dele. Não era um sentimento momentâneo, mas um sentimento que se arrastou dias a fios, em busca de respostas.


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