Segredos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 4
Decisão


Notas iniciais do capítulo

Postei depois de tanto tempo!
Desculpem a demora. Pretendo não me atrasar tanto para o próximo cap.
Beijos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/407987/chapter/4

Olhava o filho dormindo serenamente na sua antiga cama de solteiro. Sakura sentiu inveja por vê-lo tão tranquilo. Quando ela poderia encostar a cabeça no travesseiro e dormir daquela forma?

–Sakura?

O coração acelerou ao ouvir a voz da mãe. Atônita ela se levantou na intenção de abrir logo a porta, mas no caminho, parou para secar o rosto banhado em lágrimas.

–Entre. – pediu escancarando a porta.

–Foi um erro você ter fugido da sala; se temos que digerir essa história, temos que encarar essa realidade de frente.

–Desculpe. – fechou a porta evitando trocar olhares com a mãe. –Foi para isso que voltei, mas... Não vou conseguir falar sobre isso agora.

–Uh. – murmurou olhando a filha em avaliação, mas os pensamentos estavam longe dali. –Levante a cabeça e olhe nos meus olhos.

–Não é tão simples assim.

Determinada, ela foi à filha, e, cheia de carinho, ajudou-a a olhá-la nos olhos.

–Não vou negar que estou muito decepcionada com você. Eu estava aqui, pronta para escutá-la, auxiliá-la, e você preferiu se calar.

–Vocês me ensinaram a resolver meus problemas sozinha. Eu achei que estava pronta para fazer isso.

–E eu sinto orgulho disso. Imagino o quanto foi difícil ter essa criança só, ainda mais em uma cidade turbulenta como Tókio. Mas somos seus pais. Claro que iríamos ajuda-la.

Sentindo-se protegida daquela avalanche, Sakura sorriu em conforto, e abraçou a mãe como se nunca mais fosse capaz de soltá-la.

–Eu realmente pensei que a senhora fosse me dá as costas.

–Por que eu faria isso? – perguntou afastando-se. –Infelizmente seu pai e eu imaginamos outro futuro para você, mas se isso aconteceu, vamos aprender a aceitar. E saiba que eu já amo meu neto. Como não amar uma criança tão linda? – Sakura sorriu olhando o pequeno Haruno. –Filha, eu quero que você descanse bem.

–Por favor, não me diz que o papai ainda quer conversar comigo hoje.

–Você o conhece. – Sakura suspirou alto. –E, por favor, procure escutá-lo e entendê-lo. Ele só quer o melhor para você e o neto.

Sakura estava redondamente intrigada. Conhecia seus pais muito bem, pelo menos pensara assim, mas estava começando a duvidar daquilo.

–Mãe, o que vocês estão planejando?

–Tome um banho e descanse. – disse se retirando. –Você ainda amamenta?

–Não.

–Então eu vou preparar uma mamadeira para o Daisuke.

–Não se preocupe. Eu vou ficar acordada.

Contrariada, a mulher segurou a maçaneta e olhou para trás. Sakura conhecia muito bem aquela expressão insatisfeita.

–Você está em casa agora. Tome um banho e descanse em seguida.

–Tudo bem. – sorriu para ela, lembrando-se das vezes que voltava do colégio e sua mãe a obrigava a descansar um pouco, antes do jantar.

XXXXXXXXXXX

–Fui muito claro quando eu disse a todos que ninguém poderia faltar na reunião, especialmente meus filhos. – o humor do chefe da família Uchiha estava para lá de mal humorado. –O que aconteceu com você, Sasuke?

O rapaz de imediato tomou um bom gole de vinho.

–Aconteceu um imprevisto. Itachi já deve ter lhe contado.

–Não quero ouvir suas desculpas da boca de Itachi, então, faça-me o favor de pelo menos ser sincero comigo.

Mikoto endireitou-se na cadeira. Estava visivelmente incomodada com o debate na sagrada hora do jantar. Nada a irritava mais que discussão em momentos inoportunos.

–Fugaku, por favor, fale sobre isso numa outra hora. Estamos jantando.

–Uh. – murmurou encarando a mulher. –O que você disse a ele? – perguntou ignorando o pedido da esposa. –Espero que não tenha passado a mão na cabeça do seu filho.

–Eu seria incapaz de fazer isso numa situação dessas! – rebateu ofendida. –Francamente, você está intolerável hoje! – resmungou levantando-se. –Perdi a fome. Com licença.

Sasuke olhou a mãe subir a escada, um tanto apressada. Virou-se para o pai e o flagrou olhando na mesma direção que ele; quando a esposa se retirara da sala.

–O senhor não precisava trata-la daquela forma. – disse recebendo atenção do pai. –Se quer descontar sua raiva em alguém, estou disposto a ouvir qualquer tipo de insulto, afinal essa frustração é por minha causa, não é?

O homem tamborilou os dedos na mesa, pensativo.

–O que você está tentando fazer, Sasuke? Está tentando me convencer de que você não tem vocação para os negócios da família ou tem planos de viver a vida sem um pingo de responsabilidade?

–Nem uma coisa, nem outra. – respondeu dando de ombros. –O problema não está em mim, mas em você, pai.

–Em mim?

–Em você. – confirmou como se o acusasse. –Você vive cobrando esforços sobrenaturais de si mesmo, e faz isso com Itachi, que não o contraria, e está tentando fazer o mesmo comigo.

–Isso também serve como disciplina.

–Isso é loucura. Ninguém consegue viver como se fosse uma máquina de progresso e disciplina.

–Eu consigo.

–Mas não é feliz. – ele viu os olhos de seu pai estreitar, mas nenhuma reação insatisfeita o intimidaria. –Quando foi a última vez que você e sua esposa viajaram juntos? – a pergunta causou um leve desconforto no homem. –O senhor não sente falta disso?

–Estamos nos desviando do assunto em pauta. – falou bebendo o todo o vinho da taça. –Eu posso realmente contar com você?

–O senhor sabe que sim.

–Uh. – murmurou intrigado. –É uma pena que você não goste do negócio de nossa família.

–Eu nunca lhe disse isso.

–E não tem vontade de dizer? – perguntou temendo a resposta.

–Se eu não gostasse de trabalhar na empresa, eu já teria lhe dito.

Um sorriso quase imperceptível nasceu nos lábios do homem. Ele sabia que Sasuke nunca seria capaz de agradá-lo se não fosse vontade dele. Por isso, acreditaria que o filho não odiava a empresa da família.

–Eu nunca lhe disse, mas... não acho você irresponsável. Na verdade, eu fico feliz em vê-lo viver sua juventude.

Sasuke não escondeu a surpresa em ouvir tal confissão.

–Obrigado. – agradeceu um tanto sério demais. –Por que o senhor pega tanto no meu pé?

–Talvez... Talvez por que nunca tivemos essa conversa.

Eles se entreolharam desajeitados. Mesmo sem que dissessem um ao outro, deixavam à mostra seus sentimentos de respeito e admiração.

XXXXXXXXXX

Sakura levantou a cabeça devagar, até encontrar os olhos do pai. Ele pareceu incomodado ao focá-la. Pensava no dia que eles se reuniram naquela sala, a fim de abrir a carta enviada pela universidade, e logo depois comemoraram a aceitação da filha única em uma das melhores instituições de ensino do Japão. Jamais imaginou que a veria voltar para casa tão cedo; sem ter sequer se formado.

–Sua mãe e eu conversamos. – disse ele, mas evitando encarar a filha de frente. –Vamos ajuda-la no que for preciso, mas precisamos conhecer o pai dessa criança.

–O quê? – Sakura ficara surpresa. –Por que querem conhecê-lo? Isso não é necessário.

–Vimos à certidão de nascimento do Daisuke e ele não tem o sobrenome do pai.

Sakura engoliu a seco. –Eu quis assim. – disse ao pai que, naturalmente, não teve um bom agrado com a informação. –Eu decidi criar meu filho sozinha. Minha vó fez isso com o senhor, não é o que todos contam?

–Sua vó ficou viúva quando eu tinha apenas um ano de vida. – falou o pai, alterado. –A vida foi injusta com ela. Não é o seu caso. – ao terminar de falar ele respirou fundo e bebeu um pouco de água. –Acha que é fácil criar um filho sozinha?

–Não é fácil, eu sei muito bem disso, mas caso o senhor não tenha percebido, eu já crio o Daisuke sozinha, e acho que estou me saindo bem.

–Até quando? – Sakura cedeu à pergunta e se calou. –Ele é casado? É por isso que você não quer exigir muito dele?

–Ele não é casado. – observou seu pai respirar com alívio. Nada o envergonharia mais. –Ele nem mesmo sabe que é pai.

–Não sabe? – indagou a mãe. –Você não...

–Foi um relacionamento muito rápido. Não deu certo e cada um foi viver suas vidas. – sabia que aquilo não encerraria a conversa, mas ela quis arriscar.

–Pelo menos você sabe onde ele mora? – Sakura estranhou a pergunta do pai, mas balançou a cabeça em afirmação. –Ótimo, por que vamos visita-lo. – a decisão estava tomada, para o espanto da jovem.

–O quê? – indagou atônita.

–Vamos viajar em dois dias.

–O senhor não pode fazer isso! É minha vida! Eu decido o que faço dela!

–Eu te dei a oportunidade de fazer escolhas certas, de dirigir sua vida, mas você provou que ainda não está capacitada para isso. Como seu pai, eu vou auxiliá-la!

–Não vai mesmo!

–Sakura! – repreendeu-a. –Eu juguei esse rapaz de todas as formas que você pode imaginar, mas por que pensei que ele a abandonou. No entanto, acabei de descobrir que você escondeu isso dele. Acha que isso está certo?

–Papai...

–Você acha que seu filho será uma criança feliz sem a presença do pai?

Ela não tinha pensado muito naquilo. Estava concentrada em dar um rumo a sua vida, mas não pensara muito na vida de Daisuke. Fora egoísta ao achar que seu amor de mãe fosse espantar a ausência que ele sentiria do pai, um dia.

–Está decidido. Viajaremos em dois dias.

Ao dar seu veredito, o homem se retirou da mesa.

–Mãe...

–É pelo bem dessa criança, Sakura.

–Será constrangedor! Meu Deus, será que ninguém entende isso? – levantou-se eufórica e como se estivesse encurralada, andou de um lado a outro. –E se a família dele não aceitar? E se acharem que estou tentando tirar proveito disso? E se eles quiserem meu filho? – perguntou horrorizada. –E se eles quiserem tirar meu filho de mim?

–Acalme-se. Ninguém vai tirar o pequeno Daisuke de você. – ela sorriu abraçando a filha. –Podem ser pessoas boas.

–Não sei. Os Uchiha são temperamentais e geniosos. – suspirou preocupada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!