Segredos De Uma Paixão escrita por Gil Haruno


Capítulo 3
Dia cruel


Notas iniciais do capítulo

Capítulo postado!
Beijocas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/407987/chapter/3

As mãos estavam suadas e trêmulas. O nervosismo não a deixou em paz desde o momento que ela entrara naquele avião e ouvira o nome de Osaka ser pronunciado. Durante toda a viagem Sakura ensaiou o que deveria dizer aos pais, principalmente ao falar de Sasuke.
Seu pai era um homem de princípios e vivia falando horrores da nova juventude. Sakura se lembrava das tantas vezes que ele tentou convencê-la de que não seria uma boa ideia deixar Osaka, mas ela logo o tranquilizava dizendo que seria responsável, e que ele confiasse nela.

–Senhorita?

Atordoada, Sakura lançou um olhar perdido para a aeromoça que sorriu.

–Acabamos de pousar. Você precisa de ajuda?

–Hã? – Sakura olhou surpresa a vista da pequena janela. –Fiquei tão distraída que nem percebi que o avião pousou. – sorriu desajeitada. –Estou bem. Obrigada.

Pensativa ela olhou o filho e não teve como negar um sorriso a ele. O pequeno estava acordado, balançando as mãozinhas freneticamente e levando-as à boca. Sakura acariciou o cabelo negro da pequena cabecinha do filho e soltou um longo suspiro ao se levantar.

–Você vai conhecer seus avós, Daisuke.


XXXXXXXXXXXX


–Posso entrar?

Sem olhar a porta, Sasuke fez sinal para a pessoa, parada nela, adentrar sua sala.

–Estou indo almoçar. Você não quer vir comigo? – se sentou.

Sasuke deixou a caneta de lado e afrouxou a gravata. Inclinou-se completamente na cadeira, soltando um suspiro tedioso, e encarou o irmão mais velho.

–Sempre que saímos para almoçar juntos, volto com uma terrível dor de estômago. Você só sabe falar de negócios o tempo todo e isso me irrita profundamente.

–Não tem hora certa para falar de negócios. Não é assim que dizem por aí?

–Acho que é você que diz isso, Itachi. – seu irmão sorriu. –E nosso pai?

–Foi almoçar com nossa mãe.

–Uh. – murmurou pensativo. –E como anda o humor dele?

–Péssimo. – respondeu acariciando as têmporas. –A reunião não saiu como ele queria e... você não estava nela.

Sasuke não soube o que explicar ao irmão, pois nenhum argumento serviria como justificativa. Seu pai fora claro, ao dizer, que todos os funcionários da empresa deveriam está presentes na reunião, especialmente seus filhos.

–Aconteceu um grande imprevisto. – Itachi levantou uma sobrancelha ao ouvir o irmão. –Eu estava vindo para cá, mas encontrei uma pessoa no caminho e, quando dei por mim, meu carro estava sendo rebocado.

–Era uma mulher? – indagou intrigado. –A pessoa que você encontrou na rua. – explicou quase certo de sua pergunta.

–Era. – ao ouvi-lo, Itachi esboçou um sorriso irônico. –Não era qualquer mulher, mas... – pausou tentando procurar a palavra certa para qualificar a garota de cabelos róseos. –Eu não a via há muito tempo. Eu tinha que falar com ela e saber por onde ela andava.

–Você nunca se meteu em enrascada por causa de uma garota. Por acaso, está apaixonado?

–Claro que não! – respondeu ríspido e logo voltou a pegar a caneta. –De onde você tirou isso? – concentrou-se no papel, sobre o olhar avaliativo de Itachi. –Não tenho saco para aturar essas coisas! – novamente a caneta e o papel foram deixados de lado.

–Você pode até dizer que não gosta de trabalhar no ramo de seguros, mas sabe que leva jeito pra isso, tanto quanto eu, ou nosso pai. – Itachi se levantou e olhou as horas. –O problema é que você tem andado muito distraído de suas funções ultimamente e está visivelmente desinteressado. – ele apoiou as mãos na mesa, inclinando-se para frente, e olhou Sasuke com muita seriedade. –Temos uma grande empresa para administrar e inúmeras coisas para serem resolvidas, todos os dias. Se falharmos, tudo isso desaba na nossa cabeça, e os esforços da nossa família vão parar no lixo. – ele olhou para a grande janela atrás de ambos, depois voltou o olhar para o irmão. –Estou contando com você.

Sasuke observou a porta ser fechada e, sozinho na sala, abriu a última gaveta da mesa, tirando dela uma chave pequena. Introduziu a chave na fechadura da primeira gaveta, vasculhando papéis, e outros dos seus pertences mais importante.

–Onde está? – perguntou-se vasculhando a gaveta, até encontrar o que tanto procurava. –Uh. – com o semblante pensativo, ele observava a fotografia. Um sorriso indecifrável nasceu nos seus lábios e, ele, lentamente, aproximou a foto para mais perto do seu rosto. –Como essa vida é irônica. – a reflexão o levou à seriedade.

–Sasuke?

Saya tinha entrado na sala sem ter se pronunciado, pegando Sasuke de surpresa.

–Mas que droga! – furioso ele guardou a foto enquanto Saya o olhava intrigado. –Quantas vezes eu tenho que pedir para você bater na porta?

–Desculpe. Eu vivo esquecendo essa exigência sua. – disse se esticando para vê onde Sasuke ia guardar a foto. –O que é isso?

–É uma foto do colegial. – abriu a gaveta do meio e jogou a chave entre os papéis. –Está indo almoçar?

–Oh! Eu vim buscar os papéis assinados. Preciso deixa-los na mesa do seu pai.

–Estão aqui. – Sasuke entregou-lhe a pasta contendo os documentos. –Eu vou almoçar agora.

–Tudo bem. Acho que vai dá tempo te encontrar no restaurante. – pegou a pasta e foi à porta. –Não me espere lá embaixo, estou aguardando um telefonema importante.

–Ok.

Saya abriu a porta desmanchando o sorriso e não foi à sala do seu superior como havia dito. Sorrateira, ela se apressou a se esconder no corredor que dava acesso às outras salas, e esperou Sasuke sair. Assim que o namorado entrou no elevador, ela voltou à sala dele, e foi diretamente nas gavetas da mesa. Irritou-se por que a primeira gaveta estava trancada, então resolveu vasculhar as outras, e achar a chave; pois ela jurava que Sasuke não andava com chaves da empresa em um chaveiro.

–Droga! – disse frustrada, mas não ia desistir de procurar. –O que temos aqui? – perguntou-se achando a chave e logo tratou de abrir a gaveta. –Foto de colegial... – disse abrindo a gaveta e achando a foto que Sasuke tentou esconder dela. –Por que não estou surpresa?

Para o grande azar da moça, a porta foi aberta, e Sasuke apareceu nela. Calmamente ele a fechou e, aproximando-se da mesa, enfiou as mãos no bolso. Saya olhava-o horrorizada por ter sido flagrada bisbilhotando as coisas dele, embora estivesse com raiva, e com uma baita vontade de encurralá-lo à parede.

–Eu sabia que você ia voltar e mexer nas minhas coisas.

–Você queria mesmo dá esse flagra, não é? – Sasuke nada respondeu, pois estava sério e pensativo demais para lhe dá atenção. –Por que você guardou a fotografia ‘dela’?

–Você não tem o direito de mexer nas minhas coisas.

–Responda minha pergunta!

–O que você quer ouvir?

–Não seja ridículo! – se levantou e andou até ele, encarando-o de frente. –Você ainda guarda uma fotografia daquela garota, e muito bem escondida de mim, por sinal. Eu quero saber o porquê e não me trate como uma idiota.

Sasuke a olhava exasperado, sem ter mais paciência para suportá-la.

–É só uma foto. – pegou a fotografia de volta, mas Saya a puxou antes que ela estivesse no poder dele. –Você não tem nada haver com isso. Devolva-me a foto.

–Ah! Então ela é muito importante? – Saya rasgou a fotografia ao meio. –Isso dói em você?

–Sua louca!

Sasuke tentou impedi-la de destruir a foto por inteira, mas Saya correu dando a volta na mesa, e enfiou os braços na janela, deixando o vento carregar os pedaços da fotografia. Ela sorriu prazerosamente, mas assustou-se ao ser puxada pelo braço, e jogada no chão como um saco de tralhas.

–Eu deveria estrangulá-la!

Saya levou a mão à boca, contendo o choro desenfreado. Ela não se atreveu a olhá-lo, por isso se levantou de cabeça baixa, e se sentou no sofá mais próximo. O longo cabelo negro cobria seu rosto magoado, mas os soluços denunciavam sua tristeza.

–Por que você não tenta entender minha posição? – perguntou ela.

–Basta, Saya! – falou ele, profundamente irritado com tal situação. –Não está dando certo nossa relação e você sabe disso. – foi então que ela o olhou. –Vamos dá um tempo.

Viu-o deixar a sala e, assim que a porta se fechou, ela gritou de raiva. Respirou fundo secando o rosto e ajeitou o cabelo desgrenhado. Tranquila ela se sentou na cadeira de Sasuke e pegou o porta-retratos da família Uchiha.

–Vou ter o sobrenome Uchiha de qualquer jeito e infeliz seja quem se meter no meu caminho.


XXXXXXXXXXXXX

Ajeitou a mochila infantil em um braço, no outro, pôs a sua, e andou sentindo-se extremamente insegura. Ao sair da área de desembarque, observava tudo atentamente e, até o momento, não tinha avistado os pais.

–Sakura!

A voz de sua mãe assustou-a ligeiramente e ela logo a avistou. Seu pai também acenava para ela, ambos eufóricos por vê-la, mas, à medida que Daisuke ficava mais visível, suas expressões se tornaram intrigadas.

–Oi.

Sem euforia e pouca alegria, ela cumprimentou os pais.

–Oi, filha. – sua mãe a beijou e olhou intrigada para o bebê no colo de Sakura. –De quem é essa criança?

Seu pai a encarava com muita seriedade, quase tão severo quanto um ditador.

–É uma longa história. Eu vou explicar tudo quando chegarmos em casa.

Seus pais se entreolharam.

–Está tudo bem com você, Sakura?

–Sim, pai. – cada vez que seu pai a olhava, ela sentia as forças escaparem com muita facilidade. –Podemos ir?

–Vá para o carro com sua mãe. Eu vou pegar as malas.

O percurso até sua casa era pequeno, e logo chegariam, mas para Sakura fora a viagem mais longa de sua vida. Ambos nada falaram no caminho, nem mesmo se entreolharam. A rosada não sabia, ao certo, que tipos de pensamentos estavam ocupando as mentes dos seus pais, mas ela podia imaginar a questão principal; o fato notável de que tinha um bebê em seus braços.

–Chegamos. – disse sua mãe, talvez incomodada com o silêncio entre eles. –Nunca fizemos silêncio quando estamos juntos e isso foi muito estranho.

Saíram do carro e, enquanto seu pai pegava as malas no carro, Sakura e a mãe entraram na residência recém-reformada.

–Um lustre novo?

–É. – sorriu a mulher, também observando o belo lustre no centro da sala. –Eu gostava muito do outro, por que tinha suas travessuras nele – Sakura riu. –, mas a casa foi reformada e achei que seria melhor trocar algumas coisas.

–A casa está linda. – observou achando tudo diferente.

–E... Ele dormiu. – comentou sua mãe. –Não é melhor deitá-lo na cama?

–Sim.

–Eu vou deixa-lo no seu quarto.

–Obrigada.

Sakura entregou o filho à mãe e, carregando as malas, seu pai apareceu na porta. Ele ignorou a cena, deixando a bagagem no centro da sala, e esperou pela esposa. Sakura respirou pacientemente, tendo que ficar a sóis com seu pai, mas era estranho como o conforto daquela casa lhe transmitia segurança.

–Deixei o pequeno acomodado na cama. – disse sua mãe.

–Você ainda não nos disse de quem é essa criança. – lançou um olhar sério à filha e cruzou os braços. –O que está acontecendo?

O tom de voz dele era grave, embora ele tentasse controlar a tensão a cada palavra dita.

–Essa criança... é meu filho. – fechou os olhos rapidamente, tentando manter o olhar nos pais. –Eu não sabia como contar a vocês.

–Seu filho? Mas como você tem um filho e só sabemos disso agora?

–Mãe...

–E todas as vezes que falamos com você por telefone? – continuou ela. –Como você pôde mentir tanto para os seus pais?

–Por que eu queria evitar isso!

–Mentindo o tempo todo? – Sakura encarou o pai. –Ficar grávida e esconder isso da gente foi uma atitude madura?

–Pai...

–Cadê o pai dessa criança? – sem obter resposta, o homem passou as mãos no cabelo grisalho, e respirou com sôfrego. –O que você fez com sua vida?

Mesmo passando por tantas coisas, desde que aquele pesadelo começou, Sakura ainda não tinha resposta para tal pergunta; talvez nunca tivesse. –Desculpem.

Foi a única coisa que ela conseguiu dizer, achando que era a forma mais sensata e previsível, de falar o quanto doía vê-los tão decepcionados. Sem mais aguentar testemunhar seus rostos tristes, ela saiu correndo da sala, e se trancou no quarto.





Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!