Queridos papai e mamãe,

Eu estou me sentindo um pouco nostálgico nos últimos tempos, recordando-me de tudo o que passei durante a minha vida, tudo que me levou ao agora. Na verdade, é um sentimento que todos os meus amigos estão compartilhando, mas acho que é mais forte em mim. A razão disso: restam apenas poucos meses até que eu me forme e deixe Hogwarts para sempre.

São as minhas últimas férias de Natal e resolvi passá-las no castelo, como a maior parte das pessoas do meu ano. Portanto, eu poderia visitar vocês em seus túmulos, mas eu sinto algo bom escrevendo para vocês, como se estivesse revivendo a experiência de escrever aquela primeira carta. Vocês se lembram?

A sensação de estar nos últimos meses antes que eu tenha que deixar Hogwarts para sempre é muito estranha. Até o final do semestre passado, eu não tinha parado para pensar nisso, mas quando a professora Webb passou a lista para que as pessoas que fossem ficar em Hogwarts durante as férias de Natal assinassem, eu me toquei: esse seria o último Natal que poderia passar em Hogwarts.

Como eu disse, é estranho pensar nisso. A maior parte das pessoas está sentindo apenas nostalgia e uma vontade maluca de aproveitar até o último segundo – o que muitas vezes faz com que elas ajam de modo muito idiota, pregando peças nos nossos colegas mais jovens e mesmo nos professores –, mas é diferente para mim, porque Hogwarts é onde vocês moram e eu me sinto como se estivesse deixando a minha casa para sempre.

Sei que é um sentimento bobo, afinal, eu tenho a casa da minha avó e tenho a casa do Harry e sei que, embora vocês estejam aqui fisicamente, em espírito estão comigo onde eu estiver. Eu sei! Mas é impossível não sentir algo parecido com tristeza – embora eu tenha certeza que não é exatamente isso – quando eu passo pela estátua da fênix logo no hall de entrada e toco os nomes de vocês, como faço desde o primeiro café da manhã que tomei na escola.

Estou me preparando para tentar os N.I.E.M.s e, como quero ser auror como o Harry, eu tenho que tirar excelentes notas. Isso não me preocupa tanto quanto preocupa os meus colegas, eu sempre tirei boas notas e sei que tenho a capacidade de passar no exame para me tornar auror, Harry já me contou como é. Estou apenas um pouco mais preocupado com Herbologia, pois tenho tirado A (Aceitável) nos últimos dois anos e eu preciso tirar pelo menos EE (Excede Expectativas) para ser admitido.

Eu tenho passado muito tempo nas cozinhas conversando com os elfos domésticos que participaram da Batalha de Hogwarts, tantos anos atrás. Já ouvi a história daquela batalha muitas vezes, mas é sempre interessante escutar novas versões, e a dos elfos é completamente diferente de tudo que já ouvi.

Além disso, é ótimo estar no castelo. Todos do meu ano estão aqui e estamos nos divertindo muito, a maior parte de nós se esqueceu das antigas rivalidades e começamos a trabalhar juntos para tornar tudo o mais divertido possível. Mesmo quando o assunto é quadribol.

Embora estejam todos muito nostálgicos a respeito da escola, nós – eu também! – estamos ansiosos para começar nossas vidas como adultos, fazendo planos para nossas carreiras.

Lidh vai começar a trabalhar em tempo integral com o bisavô dela, ela está ansiosa para isso e para poder começar a pesquisar sobre madeiras a fim de criar a varinha com o pelo de lobisomem. Ela diz que tem certeza de que deve haver algo para balancear a varinha, torná-la menos rebelde.

Há um garoto da Ravenclaw, Klaus Sullivan, que também está tentando entrar para o esquadrão de aurores do ministério, eu e ele passamos muito tempo juntos praticando feitiços e conversando sobre tudo o que vamos fazer quando nos tornarmos aurores. É muito divertido falar sobre isso com alguém da minha idade.

Eu comecei a namorar Victoire Weasley nas últimas férias de verão. Ela não quer que ninguém saiba, por enquanto, e não entendo muito bem a razão, pois sei que todos da família vão ficar realmente felizes. Bom, talvez não exatamente felizes, mas aliviados porque me conhecem e tudo mais.

De todo modo, eu não sei muito bem o que pensar a respeito de namorar a Vic. Ela sempre teve uma queda por mim, mas eu nunca dei muita atenção, afinal, a gente cresceu junto e não é como se eu a visse como mais do que uma prima. Entretanto, de uns dois anos para cá, ela cresceu e se tornou uma bela mulher e isso me fez mais sensível aos sentimentos dela. Eu só acho que deveria haver mais sobre namorar uma garota, talvez eu não a ame de verdade, apenas talvez. Vou esperar para ver.

Essa carta ficou muito menor que as outras, eu não sei exatamente a razão disso, talvez eu tenha pouco a dizer. Não sei, há tanto pela frente que falar sobre o passado tem parecido muito irrelevante, embora eu tenha sentido muita necessidade disso.

Sim, é uma contradição, mas a vida tem se tornado exatamente isso: uma grande contradição.

Com amor,

Teddy Lupin