O virgem de 19 anos escrita por AmndAndrade


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Aqui estamos de novo HAUHAUHAUH cara, amei os reviews do capítulo passado :3 obrigada por lerem, sério! Aí mais:



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Tomei meu lugar na mesa, tentando acompanhar a música que cantavam. Quando a dor-de-cotovelo começou a invadir todas as canções, Eduardo discutia com alguém atrás de nós sobre algum partido político. Eles estavam discutindo sobre Collor quando parei de prestar atenção. Em alguns minutos, parar de prestar atenção não era mais uma opção.

Eles estavam exaltados. Gritando sobre os tempos de oposição como se aquilo valesse as vidas de suas mães. Tudo que precisávamos agora era uma briga. Segurei a camisa do paulista quando ele se levantou, puxando-o para baixo. Ele voltou os olhos castanhos para mim, confuso, então eu agarrei uma garrafa de cerveja e espalmei a mesa, fazendo os copos tremerem.

– A saideira! – gritei.

O moreno pareceu conformado em pegar um último copo e parou de discutir com o outro. A festa acabou aí, às uma da manhã. Não satisfeitos em chegar em casa tão cedo, os garotos agarraram uma garrafa vazia e vieram para a rua, a fim de brincar de verdade ou desafio.

Maldita ideia de bêbado.

É a quinta ou sexta vez em que esfrego os olhos e bocejo nesta noite. A calçada está gelada, mas eu bebi uma quantidade suficiente para que não sentisse tanto frio. Encaro os três garotos e bocejo mais uma vez, entediado.

Segunda para terça-feira. Três e quinze da madrugada.

– É isso aí! Sua vez de girar a garrafa! – Eduardo grita. Já está bem tarde, mas a calçada com certeza está mais animada que a droga de festa que está rolando dentro do duplex atrás de nós.

Para ser sincero, o pessoal dessa república não sabe muito bem como dar festas. As que nós fazemos na Doce Veneno geralmente são bem mais animadas. Ah, qual é, comprar fichinha para poder comprar bebida?! Se eu quisesse uma festa que precisasse disso, teria ido à festa junina da escola da minha irmãzinha.

Não que eu tenha uma irmãzinha, mas...

– Vamos, Caio, ou quer voltar lá para dentro? – Marcos pergunta.

Lanço-lhe meu melhor olhar irônico, uma vez que voltar lá para dentro significa tédio total. E eu acharia meio impossível fazê-lo depois da intriga da oposição ter dominado o Eduardo.

Agarro o centro da garrafa de cerveja e suspiro, já cansado daquele joguinho. Ninguém escolhe verdade, porque já nos conhecemos muito bem e os desafios estão idiotas há três rodadas. Numa delas Marcos teve que tirar as calças e tocar a campainha de três solteironas da rua, mandar um beijo pra elas e sair correndo.

Como se ele já não fizesse isso por conta própria.

– Verdade ou desafio? – diz Marcelo, olhando pra mim. Encaro a boca da garrafa, apontada na minha direção.

– Desafio. – Minha voz sai mais entediada do que planejei.

Marcelo, Eduardo e Marcos entreolham-se e sorriem de um jeito muito maldoso. Troco o peso do corpo para a outra mão, que ainda não está dormente. Esfrego os olhos mais uma vez, estou com sono e tenho que treinar logo de manhã. Quanto antes acabar com isso, melhor.

– Desafio – Marcelo repete, olhando para cada um de nós. – Eu te desafio a transar com três garotas diferentes até o fim de semana.

E é aí que meu mundo desmorona. Não, não, não, não. Agora estou apoiado pelas duas mãos e ainda assim está meio difícil de segurar. Sinto um ar gelado entrar pelos meus lábios entreabertos, ainda tentando não cair de costas no cimento. Agradeço mentalmente ao prefeito por colocar uma luz tão ruim naqueles postes, uma vez que sei que o choque em meu rosto é evidente.

– O que? – O som escapa antes que eu me controle.

– Ah, qual é! – Eduardo ri e dá um tapa na cabeça de Marcelo. – Caio já faz isso o tempo inteiro! Vai ser moleza...

Vai ser moleza. Vai ser moleza, a voz ecoa enquanto eu tento me recompor. Certo, então. É óbvio que eu faço isso o tempo inteiro, não é? Eu tenho plena certeza de que sim. Está tudo bem. Vai ser moleza.

Só que não.

Tudo bem, eu sou virgem. Nada de errado com isso, certo? Nada de errado em ter dezenove anos, olhos azuis, representar o time de natação da faculdade, ser quase um símbolo sexual para as calouras e... Virgem.

Deus, como isso é vergonhoso.

Percebo que estou chocado demais e os garotos me encaram com um olhar que não consigo entender muito bem. Um misto de diversão e preocupação, talvez.

– Ih, cara, vai vomitar por causa daquele flamejante, não é?

Não, idiota. Não vou vomitar por causa de uma mistura idiota de curaçau, tequila e fogo, não mesmo. Estou com essa cara de náusea porque não consigo achar uma solução rápida para o meu problema que não inclua uma cama e uma mulher. Uma mulher não, eu lembro a mim mesmo. Três mulheres.

– Desafio aceito. – Escuto uma voz dizer. Ah droga, foi eu quem disse isso. Estúpido, cale a boca!

Levanto e encosto o ombro esquerdo no poste até que tenha certeza de que consigo me segurar sozinho. Respiro fundo uma vez, mas a coisa toda sai mais como um suspiro. Calma, Caio, você vai sair dessa. Vai ser moleza, vai sim. Observo as luzes acesas da casa atrás de mim enquanto limpo a bermuda com as duas mãos.

– Já vai? – Eduardo pergunta e consigo distinguir a careta que ele faz sob a luz tênue do poste.

– Acho que sim – respondo, ainda um pouco atordoado com a novidade. Meu coração está batendo tão rápido que até abafa o arrocha doido que esse pessoal estúpido colocou pra tocar.

Cara, eu detesto arrocha.

– Ainda são três e quarenta e eu só paguei desafio duas vezes – Marcos diz com o sotaque sulista. Ergue as sobrancelhas para mim, como se esse fosse o único argumento necessário em todo o mundo pra me fazer ficar.

É claro que isso me convence. Só que não.

– Não estou muito a fim de te ver pulando os jardins pelado mais uma vez – digo, provocando algumas risadas.

O gaúcho une as sobrancelhas como quem se ofende, resmungando algo ininteligível, mas isso só faz com que os outros riam novamente.

– Além do mais, tenho prova e um jogo semana que vem. Preciso dormir um pouco. Vou deixar o portão destrancado, Marcelo.

Eles apenas assentem. Acho que o meu argumento foi mais forte, só acho. Ah, droga, eu poderia vomitar todo aquele flamejante agora mesmo e mais meia dúzia de compostos etílicos diferentes, eu aposto. Se eu ficasse estudando dendrologia como deveria, nada disso teria acontecido e agora eu seria apenas mais um virgem anônimo e feliz.

Pego minha carteira do chão e enfio de qualquer jeito no bolso da bermuda suja, ignorando o cheiro de vodka que exala da minha camiseta. Caloura maldita! Eu não sei como tirar manchas de bebidas alcoólicas e essa será a quinta camiseta manchada esse mês. Minha mãe vai pirar com a conta da lavanderia.

Mas esse é apenas um dos meus menores problemas, obviamente. Começo a andar em direção a minha casa, quatro ou cinco quadras adiante. Não estou muito tonto, mas o pouco que estou se deve ao problema que eu ganhei agora. Eu não posso quebrar a promessa, mas também não sei como me livrar da aposta. Admitir minha virgindade é o mesmo que cometer suicídio social e isso não é uma coisa da qual eu esteja disposto a abrir mão.

Eu não sei o que eu vou fazer, mas o que quer que eu decida certamente não vai incluir uma garota de quatro na minha frente, entre quatro paredes. Não mesmo.

E eu tenho uma vaga ideia de como conseguir isso.


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Notas finais do capítulo

HEHEHEHEHE como será?! Alguém tem algum palpite? Gente, amei os reviews do prólogo, sério :33333 obrigada, obrigada e obrigada!