O virgem de 19 anos escrita por AmndAndrade


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

"GENTE, EU TÔ VIVA EEEEEEEE"

"EEEEE nada, vamos te matar agora, sua estúpida que sumiu sem mais nem menos"

Então, deixa eu explicar... algumas pessoas me mandaram MP e tal, mas aqui vai. Eu mandei a proposta da história para uma editora, que gostou e então aceitou avaliá-la. Por "medidas de segurança", eu tirei a história do ar, crente de que eles responderiam rapidinho.

MAS DEMORARAM PRA CARAMBA!

Quis voltar com ela várias vezes, mas fiquei com medo. Então a editora optou por não publicá-la. Não tenho vergonha de falar isso pra vocês porque essa é a minha primeira história e foi a primeira editora pra qual eu mandei, então considero uma coisa boa ela ter passado na primeira fase, de qualquer forma. Agora, independente de editoras, pretendo não tirar a história do ar porque acho uma sacanagem com quem lê e comigo também, porque amo muito isso de ter o retorno de vocês a cada capítulo. Sério, é muito emocionante HAUAH eu tenho um projeto de história novo, inclusive, mas vou perguntar a opinião de vocês lá embaixo porque já falei demais aqui. Por fim: ME PERDOEM, POR FAVOR DDD:

Então, recapitulando (previously on "o virgem de 19 anos"), o Caio saiu do hospital e dormiu na casa da Vanessa e eles SE PEGARAM. AMÉM, SENHOR. Aqui vai:



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Enquanto subo a ladeira da casa, não consigo parar de pensar no quanto Vanessa beija bem. Quer dizer, já nos beijamos antes, não foi? Aquele dia, no quarto dela? Mas dessa vez foi diferente. Ela não estava tentando me ensinar alguma coisa nem nada do tipo e o melhor de tudo foi que ela correspondeu. Não correspondeu só com a língua e com o corpo. Foi a primeira vez que eu senti isso. Eu senti...

Senti o coração de uma garota bater pela primeira vez.

Certo, Caio, isso foi muito gay. Muito mesmo. Balanço a cabeça e embora tente negar, sei que isso é verdade. Em todas as vezes em que fiquei com alguma garota e a segurei perto de mim, eu nunca senti o coração de nenhuma delas bater. Muito menos como o de Vanessa batia, com um som alto e descompassado; era um som que eu gostaria de escutar de novo. Depois de passar pelo balaústre – o famoso caminho para tudo que não leva a nada –, começo a subir a ladeira, ainda pensando nela. Droga, vamos focar em outra coisa. Árvores, por exemplo. Muito interessantes.

Só que não.

Uma vibração no meu bolso faz com que eu agarre o celular, no reflexo. Sei que uma parte de mim esperava que fosse Vanessa me chamando para ir à casa dela, mas grande é a minha decepção ao ver que se trata de uma mensagem de texto de Marcelo.

“Cadê você? Tô em casa. Me liga.”

Suspiro e enfio o celular no bolso mais uma vez. Na realidade, não consigo ficar com raiva de nenhum dos três por terem me metido nessa confusão. Sem a aposta, eu não teria brigado com Vanessa nem me reconciliado com ela, tem tido coragem para beijá-la em frente a padaria como fiz hoje. E acima de tudo, não poderia ter escutado o coração dela bater daquele jeito.

Gay, absolutamente gay.

Paro no portão, tomando fôlego e observando a construção à minha frente. O quintal é conjunto e possui duas casas, cada uma com quatro pavimentos. Nenhum de nós que moramos aqui tem animais de estimação, mas creio que seja muito bom para os bichinhos que eles não sejam cuidados por pessoas tão relaxadas quanto nós. Entro na primeira casa, como de costume, mas assim que abro a porta e atravesso a sala já suja – não, não adianta Marta vir só uma vez por semana –, me surpreendo com os três pares de olhos que encontro na cozinha. Passo pelos garotos cautelosamente, mas percebo que todos os olhos estão em mim. Sorrio e digo, tentando quebrar a tensão:

– Que é isso, reunião?

Eles se entreolham, ainda de cenho franzido.

– Caio, a gente quer te pedir desculpa. Te forçar a fazer aquilo com uma mulher de idade não foi legal – Eduardo começa.

Continuo olhando, sem entender.

– Eu preferia que você tivesse tirado a roupa e tocado campainhas, só pra você saber. Esse desafio foi muito idiota – Marcos continua.

Estou confuso. Tamanha a minha frustração que eu começo a lavar um copo de vidro ao invés de simplesmente beber da boca da garrafa. A água vai batendo no alumínio da pia, sendo este o único som presente na cozinha. Ainda procurando uma explicação, enxugo o mármore acinzentado e encho o copo com água.

– Mas reconhecemos a culpa – Marcelo apressa-se em dizer.

– E se der algum BO na justiça, nós vamos te defender também.

Viro e bebo a água devagar, encarando cada um deles. Eles olham para o chão e parecem envergonhados. Os dedos de Marcelo batem incessantemente na mesa, ao passo de que os outros dois garotos observam as próprias mãos. O silêncio que se segue nos três minutos seguintes, enquanto eu lavo o copo e o coloco de volta na bandeja é extremamente desconfortável.

Marcelo para de tamborilar os dedos no tampo de mármore e quebra o silêncio:

– Que é? Não vai dizer nada?

Olho para ele e enfio as mãos ainda úmidas no bolso, confuso.

– O que tem pra dizer?

– Que horas vai ser o enterro – Marcos diz com o sotaque gaúcho habitual e Eduardo lhe dá uma cotovelada.

Meu cenho se franze e minha boca abre levemente.

– Enterro? Como assim?

Eduardo – sempre buscando ser o mais centrado –, se levanta. Ele tem algumas olheiras em baixo dos olhos castanhos, como se tivesse dormido bem pouco. Esfrega as mãos na bermuda de tactel, mas estas não estavam suadas. Anda na minha direção e eu posso notar as manchas de suor em baixo da camisa da Engenharia Química. Ele pousa a mão no meu ombro, olhando para mim.

– Nós fomos ao hospital, atrás de você, mas não te achamos. Daí perguntamos pra moça da recepção como estava uma senhora de cabelo castanho que havia enfartado. Ela não podia dar detalhes, mas confirmou com o médico que houve morte cerebral algumas horas antes. E você não apareceu, não ligou. Nós sentimos muito.

Escoro as mãos no balcão, tombando a cabeça para o lado e franzindo o cenho. Agora, os três pares de olhos cansados me olham. É bem engraçado ver três caras com quase 1,90 m cada com esse olhar de culpa. Eu sabia que Cristina estava bem. Tinha certeza.

– Em que hospital vocês foram? – digo depois de alguns segundos.

– Naquele que tem que rodar do lado contrário da balaustrada.

Reviro os olhos e suspiro. É óbvio que teria a maldita balaustrada como referência.

– Vocês foram ao hospital errado – digo. – Ela ficou num que é depois da Praça Rosário e está se recuperando bem. Aliás, o nome dela é Cristina e ela é bem legal, só que ela já era suscetível a esses problemas. Só não me contou daí eu fui levando até onde deu. Quando ela começou a cair, eu tive que vestir a roupa dela e a minha às pressas e levá-la ao hospital, por isso não liguei.

– E onde você dormiu? – pergunta Eduardo, carregando a palavra “dormiu” com o sotaque de São Paulo.

– Na casa da Vanessa – respondo.

Eles se olham e como se houvessem combinado, suspiram ao mesmo tempo numa clara reação de alívio. A mão de Eduardo sai do meu ombro e ele se coloca na minha frente, com um sorriso de orelha a orelha. Os olhos antes mortos por conta do cansaço parecem vivos e um tanto alegres. Me esquivo instintivamente, olhando para o azulejo caramelo até chegar à mesa. Sento-me, avaliando os pacotes em cima da mesa.

– Pão de queijo, pão de sal e...

– Cacetinho – Marcos corrige instantaneamente.

Eu esperava uma série de risadas – o que acontecia todas as vezes em que Marcos dizia o modo como chamavam pão francês no sul do país –, mas nada acontece. De qualquer forma, reviro os olhos.

– Pão de sal – continuo, carregando as palavras mais que o necessário. Pego outra sacola, com a marca da mesma padaria. – Biscoito, leite e achocolatado.

Ergo os olhos, enfiando um pão de queijo na boca. Ainda com a boca cheia, continuo a falar:

– Pra que tudo isso?

Eles se entreolham, um tanto sem graças.

– A gente achou que você estaria “emocionalmente abalado”. Na verdade, foi ideia da Camila.

– A ruiva que você tava pegando do terceiro período?

Eduardo concorda com a cabeça. Eu ainda não consigo sentir raiva. Na realidade, ainda estou agradecido por ter me metido em toda essa confusão.

– Se soubesse que era fácil assim ter comida em casa, eu já teria tentado pegar a Cristina antes. – Sorrio para tentar quebrar o clima de tensão.

Funciona. Os garotos sorriem e começam a se servir de tudo. Ainda sei que estão um pouco abalados porque cada um lava o seu copo para colocar o leite e o achocolatado. Olho o relógio. Meio-dia e quarenta, mas quem liga? Nós não podíamos ter um almoço melhor sem ter que andar bastante para chegar a um restaurante. Quando Marcos enfia o último pão de queijo na boca, ele vira os olhos verdes para Eduardo. Este assente de leve com a cabeça e se levanta para colocar os copos na pia. Marcelo dobra as sacolas para jogar na lixeira e Marcos guarda o que sobrou do leite na geladeira.

Ignoro a troca de olhares esquisita que se segue. Apesar de ter dormido bem, estou completamente quebrado e precisando de um banho. Como eu não dormi ali noite passada, a cama ainda está arrumada. Sinto o cheiro de desinfetante – afinal de contas, Marta arrumou tudo na quinta-feira e ainda não deu tempo de transformar tudo num chiqueiro. Vendo a cama de solteiro arrumada, as cortinas fechadas e tudo na cômoda em ordem, lembro instantaneamente de Vanessa e em como tudo que ela toca é bonito.

Inclusive eu.

Certo, pode parar de pensar agora, Caio. Sento na cama e puxo uma bermuda e uma camiseta da gaveta, aspirando. Em seguida, levanto-me da cama e vou tomar um banho decente. Abro a porta do banheiro e encontro a toalha verde que eu estava usando ali, estendida no boxe. Como um viciado, eu aspiro a toalha também. Não tem nem um quarto do cheiro bom que as de Vanessa tinham. Quando sinto a água quente bater no corpo, relaxo instantaneamente. Saio do banho e me enrolo na toalha, observando minha imagem no espelho embaçado pelo vapor. A cena se parece muito com a da noite em que fiz a promessa, mas meus olhos estão bem mais felizes agora do que naquela noite. Falta só o celular.

Visto a roupa e pego o aparelho do bolso da bermuda suja, checando que tem uma nova mensagem. Um sorriso se abre de orelha a orelha quando vejo o DDD 27.

“Ei, daqui a pouco a reunião começa. Espero que você fique muita saudade e encontre um jeito bem legal de demonstrar.”

Ela se despede com uma carinha feliz. Estou teclando em “responder” quando saio do banheiro. Ao ver os três pares de olhos me encarando, baixo o celular e o sorriso desaparece do meu rosto.

– Caio – Eduardo começa. – Nós precisamos terminar seu desafio hoje.


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Notas finais do capítulo

TAN TAN TANNNNNNNNNNN
E então, vocês se lembram do esquema, né? HAUAHUH já teve fliperama, salão de jogos para a terceira idade... Têm algum palpite sobre o que vai ser? Ideias?!

O projeto seria uma narração feminina, divertida e parcialmente (ok, quase totalmente HUAH) promíscua de uma garota chamada Freya, uma estudante do ensino médio que aprecia tudo quanto é tipo de encrenca em que possa se divertir. Porém, isso muda quando Freya começa a ter visões esquisitas e conhece Tarso, um misterioso pedaço de mal caminho que não dá a atenção que a ruiva está acostumada a receber. A história giraria em torno de um mistério, e acho que dá pra ficar bem legal. O que acham? Leriam?

Então, é isso! Me desculpem mais uma vez. Não se esqueçam do meu review HAUHAUH beijosss!