O virgem de 19 anos escrita por AmndAndrade


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Oi! Fiquei super feliz em saber que vocês gostaram do momento fofura Canessa AHUAHA (algum nome pro ship?)

Gente, para. Para TUDO. E ESSA RECOMENDAÇÃO?! AMEEEEEEI, whatever! HAUAHHAUA espero que goste desse capítulo, ele é seu :3



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Quando acordo pela manhã, demoro um pouco até registrar onde estou e a razão. Só então me lembro de tudo que aconteceu, então bato a mão instintivamente na cama em que Vanessa dormia. Está vazia e arrumada.

Levanto-me devagar, me espreguiçando e checando o relógio mais uma vez. Ainda são nove e quinze e hoje é sábado. Onde será que Vanessa se meteu? Levanto-me e dobro os lençóis, assim como minha mãe me ensinou que fizesse quando “dormisse na casa dos coleguinhas”.

Vou ao banheiro, resistindo ao impulso de agarrar qualquer uma das três escovas de dente e usá-la. Sim, quando se vai viver em república você começa a perder o nojo de certas coisas. Limito-me a lavar o rosto e usar o dedo para escová-los, deixando o cabelo de qualquer jeito e passando a mão pelo tórax para esticar a camisa amassada. Quando saio do banheiro, atravesso o corredor. Uma garota de pijama de vaquinhas me olha, assustada. Suponho que seja a tal da Lila, já que não é a mesma garota que estava na sala aquele dia.

– Bom dia. – Sorrio do melhor jeito que posso.

Ela esfrega os olhos e olha para trás, como se eu estivesse falando com qualquer outra pessoa. Seguro um suspiro e continuo falando.

– Hm, eu sou Caio e você é...?

– Dalila. – Ela sorri de um jeito abobado.

– Lila, você viu a Vanessa por aí? – Sorrio de novo, quase gargalhando pela expressão de seu rosto quando a chamo de “Lila”.

Ela franze o cenho por alguns segundos, em seguida indo até a cozinha. Ali, Vanessa pega as chaves do portão na mesa, indicando que estava saindo. Sorri para mim de um jeito que me deixa feliz, ignorando a garota que gesticula qualquer coisa.

– Você já acordou.

– Não. – Reviro os olhos. – Ainda estou no quarto, não está vendo?

– Idiota. – Ela ri.

Aproximo-me da pia e bagunço seu coque habitual, apanhando um copo e enchendo de água. Vejo-a fazer uma careta para a garota na porta, que suspira e se vira para o corredor. Antes que eu possa dizer alguma coisa, Luli abre a porta gritando:

– Eu vou tomar pau em cálculo! De novo! – diz com a voz chorosa.

Nem repara em mim até desabar na cadeira e enterrar o rosto nas mãos.

– O resultado saiu? – Vanessa diz, passando a mão no cabelo dela.

– Não – continua com a voz chorosa. – Só sai semana que vem.

Vanessa então para de acariciar para dar um tapa em sua cabeça. Deus, como eu amo a delicadeza dessa garota.

– A gente sempre toma pau em cálculo, Luli. – Tento tranqüilizá-la.

Ela ergue os olhos para mim como quem diz “de que inferno você saiu?” e em seguida suspira.

– É sério. Você ainda está começando, então essa é só a primeira das muitas vezes em que você vai tomar pau em cálculo. Qualquer cálculo.

Quando a garota enterra o rosto nas mãos mais uma vez, Vanessa me encara como se pudesse arrancar meu fígado com os olhos. Eu me retraio na bancada e me apresso em dizer:

– Mas nesse você vai passar. Vai sim, nesse vai.

Ela resmunga sobre qualquer teorema matemático e se levanta da mesa, quase derrubando a cadeira. Pega um copo e enche de água, terminando de enxugar o rosto com as costas da mão. Depois de respirar fundo mais uma vez, me encara.

– E o que você está fazendo aqui?

Olho para Vanessa, que dá de ombros. Então começo a explicar toda a história. Não a história toda, sabe, só as partes importantes. Como a de quando eu quase tive de transar com uma mulher de sessenta anos de idade, dentro de um tipo de bingo e em cima de um piano, numa sala cheia de móveis antigos. Ah, não pude pular, é claro, a parte em que ela enfartou. De qualquer forma, só contei essas coisas meio fora do comum. Uma coisa boa nessa história toda? Luli voltou a sorrir.

Sento-me à mesa, puxando Luiza pelo braço. Ela senta ao meu lado, brincando com o açucareiro. Vanessa permanece em pé.

– Preciso ir à padaria. Não tem nada comestível nessa casa.

– Acabei de tomar café – ela diz. – Na verdade, eu acho que vou pra casa fazer uns exercícios. – Ela se levanta, deixando um beijo na bochecha de cada um de nós.

Ficamos sentados, curtindo o clima sonolento. Até que Vanessa deposita a mão direita sobre o abdômen e diz:

– Preciso comer. Tipo, agora.

Eu rio e me levanto, estendendo a mão para ela.

– Padaria agora. Eu pago, já que esses hoteizinhos baratos não têm café da manhã.

Ela ri, agarrando minha mão e apanhando as chaves.

– Eu gritaria com você se não fosse verdade.

Saímos abraçados como um casalzinho, enquanto Vanessa vai me apontando as pedras maiores na ladeira e dizendo os apelidos carinhosos que deu a elas ao longo dos anos. Certo, então eu não sou o único louco por ali.

– Vai ficar me abraçando mesmo? – ela pergunta enquanto entramos no estabelecimento.

– Estava com saudades de você.

Ela suspira, olhando o espaço em volta. O lugar cheira a misto quente e a fumaça que vem da chapa atrás do balcão esquenta todo o lugar. Ao fundo, quadros históricos da cidade. Ela enfia as mãos nos bolsos dos shorts jeans, ainda sem me dar uma resposta.

– Onde quer sentar?

Dou de ombros, indicando o balcão com a cabeça. Ela escolhe um dos assentos giratórios negros e pede um achocolatado e um misto quente. Limito-me a segui-la.

– O que foi? Por que ficou tão quieta?

Ela brinca com o porta-guardanapo de alumínio enquanto observa o queijo fritando na chapa.

– O que eu te disse quando estava bêbada?

Agora ela me olha e eu correspondo ao olhar, sem entender. Nós já não tivemos essa conversa antes?

– Nada demais – digo.

– Eu quero saber. Tudo o que eu disse.

Ela gira o corpo, ficando com as pernas na direção da minha coxa. Prende o cabelo num coque frouxo e continua me fitando, os olhos âmbar pedindo algum tipo de explicação.

– Hã, nas primeiras ligações? – começo, tentando ganhar tempo. Ela dá de ombros. – Você disse que me odiava. E que eu era um virgem idiota.

– O que mais? – pergunta.

– Bom... Disse ter dúvidas sobre o tamanho também. – Sorrio.

Ela solta uma risadinha nervosa e volta a me olhar.

– E nas últimas ligações? O que eu disse?

Franzo o cenho, tentando entender onde ela quer chegar.

– Daí você incorporou a bêbada chorona – digo. – Disse que sentia muito e que não queria ter dito todas aquelas coisas horríveis sobre mim. Disse também que se lembrava dos meus olhos chorando quando via a praia, porque era azul e tinha água. Mas disso você já sabe. – Eu sorrio. – Acho que só.

– Caio. Isso é importante. O que mais eu disse?

– Foi só isso – digo, grato pela garçonete colocar o achocolatado e o misto na minha frente.

A expressão de Vanessa permanece indecifrável.

– Foi só isso? – pergunta, colocando uma colher de açúcar no copo e mexendo devagar.

– Sim.

Ela suspira mais uma vez, tomando um gole do líquido e mordendo o sanduíche. Permanece em silêncio, me deixando ainda mais curioso. O que ela ficou com medo de ter dito? Seu celular vibra e ela checa a nova mensagem de texto.

– Tem uma reunião com o pessoal da Biologia hoje – diz. – Saíram uns estágios pro nosso período e eu preciso ir.

– Que horas?

– As cinco – responde. – Acho que a coisa vai ser mais como um coquetel. Parece que um pessoal do sul veio, estão querendo fazer uma social. Eu vou estar praticamente fora do estágio se não for à essa reunião.

– Se for bom pro seu currículo, é melhor que você vá.

Ela assente, dando um último gole no chocolate enquanto eu termino de comer o segundo misto. Enquanto eu pago a conta, ela me dá um abraço apertado por trás. Aperto sua mão com a mão livre, ainda sem entender muito bem o que há de errado com ela.

– Eu acho que vou para casa, vestir roupas limpas.

Ela sorri.

– Aposto que as minhas toalhas são mais limpas.

– E mais cheirosas – completo e ela ri mais uma vez. – Quer que eu te leve em casa?

– Não precisa, eu já sou crescidinha. – E dá uma piscadinha. – Obrigada pelo café.

Abraço-a de lado, aproveitando a oportunidade para desmanchar o coque. Ela estreita os olhos para mim.

– Obrigado pela hospedagem.

Ela sorri, desprendendo-se de mim e passando a mão pelo cabelo.

– As portas estão sempre abertas.

Beijo sua testa, pronto para ir embora. Atravesso a rua de pedras, chegando à pracinha. Quando começo a atravessá-la, ouço uma voz.

– Caio! – Vanessa grita. Viro-me e percebo que ela está na mesma posição que eu deixei ao atravessar a rua.

– Que é?

Ela baixa os olhos e sorri, mandando um beijo por entre a mão.

– Senti saudade também.

Viro e atravesso a rua correndo, agradecido pelo trânsito confuso e cheio de faixas de pedestres. Ela me olha perplexa enquanto eu arfo com as mãos sobre os joelhos. Quando estendo a mão para ela, como que pedindo um tempo para respirar antes de falar, ela ri. Recomponho-me e não espero mais um segundo.

Puxo-a pela cintura, segurando o cabelo com a mão livre e guiando sua cabeça enquanto a beijo. Num primeiro momento Vanessa trava os dentes, mas em seguida abre a boca, soltando uma risadinha antes de juntar sua língua à minha. Quando tento segurar seu bumbum, ela ri sobre o beijo e puxa minha mão para cima, de volta à base de suas costas. Tudo bem, afinal, não se pode ganhar todas.

Ficamos nos beijando por alguns minutos, o quanto nosso fôlego permite. Ela afasta sua cabeça da minha e eu a olho, percebendo o quanto a pirralha irritante cresceu e ficou bonita.

– O que foi isso? – pergunta.

Dou de ombros, olhando o quanto sua boca está vermelhinha.

– Meu jeito de dizer que estava com saudade.

Ela sustenta meu olhar, mordendo o lábio inferior e sorrindo.

– Gosto desse seu jeito de falar. – Deposita um beijo na minha bochecha, segurando minhas mãos nas suas.

Sorrio.

– É, eu esperava que você gostasse.

Passo a mão em sua cintura, ainda sem puxá-la. Em volta, tudo está silencioso como se espera numa manhã de sábado que se passa longe do centro. O vento joga um pouco do seu cabelo no olho e eu o tiro instintivamente. Eu nunca tinha reparado, mas olhos da cor dos olhos de Vanessa ficam incrivelmente mais claros e bonitos no sol.

Encosto minha boca na dela mais uma vez, voltando a pedir passagem com a língua. Dessa vez, porém, ela afasta a cabeça e suspira. Desprende minha mão direita de suas costas e sorri, se afastando um pouco com um sorriso enorme no rosto. Ah, qual é, venha cá logo, eu quero te agarrar.

– Preciso ir agora – diz.

Checo o relógio de pulso. Quase onze da manhã.

– Quando posso te ver de novo?

– Caio, você nunca precisou de convite. Mas de preferência, não num hospital esperando a velhinha que você tentou comer, ok?

É a minha vez de rir.

– Certo.

Então ela volta pelo caminho por aonde veio, o cabelo castanho-claro ondulando sobre as costelas. Sorrio, tomando o caminho de casa. Não, eu ainda não tenho capacidade para entendê-la.


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Notas finais do capítulo

Entonnnn, o que acharam?! Mereço recomendações ou favoritos?

E agora? O que vai acontecer? AHUHAAUH palpitessss