A Terapeuta escrita por Bellice


Capítulo 6
Capítulo VI


Notas iniciais do capítulo

Oi, meninas! Tudo bom? Eu sei que tinha prometido o capítulo pra quinta, mas me esqueci que eu precisava estudar para as provas da faculdade.
Então, estou aqui agora, no sábado. Não foi um atraso muito grande, não é?
Obrigada para as quatro pessoas que comentaram no capítulo anterior, tá? Não estaria postando se não fosse por vocês ♥
Boa leitura!



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Capítulo VI

“Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe.”

Oscar Wilde

Após o café, eu tive que passar rapidamente no escritório para avisar à minha secretária que eu não apareceria ali pelo resto da semana. Ela me olhou chocada, como se esperasse que a qualquer momento eu dissesse que era brincadeira. Eu nunca faltava ao trabalho. Nunca.

–É sério, Jenna. Eu tenho uns assuntos a resolver com o Sr. Cullen. Não poderei vir trabalhar. Desmarque minhas consultas e marque tudo para a próxima semana, sim?

Jenna sempre fora muito discreta. Mas eu vi que quando eu citei Edward, ela soltou uma risadinha maliciosa. Eu me limitei a revirar os olhos. Por que as pessoas sempre veem sexo implícito em tudo? Eu só estava ajudando o pobre homem a recuperar sua vida, nada mais.

–Sim, pode deixar Srta. Swan. –Vendo a minha cara de descontentamento, Jenna resolveu levar a situação a sério. Bem, melhor assim.

–Então era isso, Jenna. Boa semana de folga pra você também. Aproveite-a bem.

–Claro, Bella. Mas acho que nem tanto quanto você aproveitará a sua. –A cretina piscou para mim e, em seguida, juntou suas coisas e foi embora.

–O que foi isso? –Sr. Cullen tinha seu cenho franzido e eu quase suspirei de alivio. Ele não havia entendido as indiretas da minha secretária abusada, então.

–Nada. Ela só estava tentando ser engraçadinha. –Palhaça. Teria volta. Eu descontaria aquela vergonha que ela me fez passar de seu próprio salário.

–Isso deu para perceber. Mas você pode me explicar a graça? Eu realmente estou por fora aqui.

–Ela acha que eu não estou lhe ajudando... Profissionalmente.

–Profissionalmente? –Edward ainda tinha em seu rosto a mesma expressão confusa de alguns segundos atrás. Como ele poderia ser tão lerdo para alguns assuntos? Eu realmente precisaria ser tão direta?

–Ela acha que nós estamos, bem, que nós estamos...

–Quanta enrolação, Isabella. Apenas diga. –Por um momento, a ideia de Jenna não pareceu tão absurda assim. Ter o meu nome todo pronunciado pelo Sr. Cullen era inexplicável. Ele tinha uma voz tão bonita. E o olhar que ele estava me lançando era...

Okay, chega. Onde está a ética profissional com o seu cliente, Isabella Swan? –Pensei.

–Ela acha que nós estamos tendo relações sexuais.

Aos poucos, Edward entendeu o que eu tinha dito e, impressionantemente, ele me lançou um sorriso.

–Quem não pensaria isso, hein? Nenhuma mulher ficaria perto de mim se não fosse obrigada, ou por sexo.

Revirei os meus olhos. Eu não sabia o que dizer. Afinal de contas, ele estava sendo convencido quanto ao sexo, ou se subestimando por achar que alguém só se aproximaria dele por isso?

–Bem, eu não estou ao seu lado por nenhum dos dois motivos. Então, pare de pensar tão pouco de si mesmo. –Lhe lancei um sorriso e logo, desviei a atenção dele para fechar o consultório. –Vamos embora.

Já no elevador, Edward interrompeu o confortável silêncio em que estávamos com a sua risada melodiosa. Não aquela irônica, mas aquela simples. Espontânea.

–O que foi?

–Você. –Ele disse simplesmente, dando de ombros. –É louca.

Eu queria muito ter discordado nele no momento, ter discutido até ele concordar que eu era a pessoa mais sã que ele já havia visto, mas tudo isso foi por água abaixo quando ele apenas sorriu pra mim e passou a mão por seus cabelos macios, como se aquilo fosse completamente normal.

Bem, de fato, eu deveria ser mesmo louca por estar tão encantada por Edward Cullen e seus pequenos gestos bonitos.

(...)

Ponto de vista por Edward Cullen

Quando finalmente chegamos à casa de Bella, eu suspirei aliviado. Fora um dia comprido, mas não deixara de ser agradável e até mesmo confortável.

Foi bom sair da minha rotinha e, por mais chocante que isso possa parecer, até mesmo para mim, foi bom sair da minha zona de conforto.

Quando eu vi a pequena garotinha que nem ao menos me conhecia me dando um sorriso sincero, algo dentro de mim se aqueceu. Sei lá, foi como se, por um minuto, as coisas valessem a pena. Como se eu estivesse errado até então.

E será que eu estava mesmo, ou apenas queria me iludir achando que eu poderia ter uma vida agradável daqui pra frente?

Eu só estava me iludindo, era isso. Não seja bobo, Edward. Não há, nunca houve felicidade pra você. Não podemos mudar o passado, nem quem somos. Eu sempre continuaria a ser o egoísta e insensível de sempre. O homem que Tanya sempre odiou e fez questão de dizer o quanto.

Eu não amava Tanya. Não como um homem ama uma mulher, isso era fato. Mas eu tentei dar a ela tudo o que eu sabia que ela merecia. O casamento não era algo que eu queria também, mas eu me esforcei e tudo o que ela fez foi me apunhalar pelas costas como se eu não fosse nada.

Por isso, eu não podia me deixar acreditar nessa vida que Isabella me mostrava aos poucos. A vida era cruel. Sempre foi. Principalmente comigo. Se eu tentasse mudar para ser feliz e viver minha vida, alguma coisa daria errado outra vez, só para me lembrar onde era o meu lugar.

Eu acabaria como sempre foi. Sozinho, infeliz, trancado num quarto escuro ou no trabalho que eu tanto odiava. Eu não poderia me dar ao luxo de sonhar, porque sonhos não levam a nada. Sempre sonhei com Harvard e com o Direito. Mas havia me tornado um homem casado, infeliz, que fez uma faculdade de Administração só para agradar os pais.

Eu era um lixo. Em todos os aspectos. E nada, nem ninguém, poderiam mudar isso.

–Edward? Você está me ouvindo? –Olhei para Isabella, que estava à minha frente e me olhava preocupada. Será que ela estava tentando falar comigo há muito tempo?

–Me desculpe, eu me distraí. Diga.

–Vou lhe mostrar o seu quarto e depois vamos jantar. –Eu estava mesmo com fome. O que será que jantaríamos? Talvez eu pudesse lhe convidar para irmos num restaurante italiano ótimo que eu jantava sempre.

Meus pensamentos tomaram outro rumo quando parei para observar a casa de Isabella. O apartamento, na verdade, não era muito grande, nem muito pequeno, mas ele parecia tentadoramente confortável.

A sua sala com paredes roxas e um sofá enorme no meio, cheio de almofadas, me trazia boas sensações. Por mais que Isabella morasse sozinha, dava para perceber que aquilo ali era mesmo um lar. Ela cuidava de sua casa e, provavelmente, havia escolhido todas as coisas ali pessoalmente, com empolgação. Não era como a minha, onde meus pais e de Tanya escolheram tudo, como sempre. não era uma casa, realmente. E talvez por isso, eu nunca tive a necessidade de voltar para lá depois de cada dia de trabalho. Deus, minha vida era um tempo perdido desde sempre.

–Aqui está o quarto de hóspedes. Não é muito grande, mas é confortável, veja.

Eu observei. O quarto tinha provavelmente o tamanho do meu banheiro na casa em que eu vivia com Tanya, mas decidi que isso não seria apropriado para se comentar. Afinal, o meu banheiro era exageradamente grande, portanto, o quarto não era tão pequeno assim.

A cama de solteiro me fez sorrir. Eu não tinha uma dessas desde a minha adolescência.

–Tirando a cama de solteiro, o quarto é adorável, Isabella. Obrigada.

–Ora, só você irá dormir aqui. Não há motivo para se ter uma cama de casal, portanto. Não é? –Eu ri. Aliás, eu estava rindo demais nas últimas horas, mas era uma sensação tão boa que eu não queria refrear, pelo menos não por enquanto. Não nessa semana.

–Bem, você também dorme sozinha nesta casa, até onde eu sei. Vai me dizer que segue a mesma linha de raciocínio?

Pela segunda vez na vida, eu vi Isabella Swan corar. A primeira foi em seu escritório, quando eu não entendi as indiretas de sua secretária e ela teve que me explicar. E a segunda, agora. Droga, ela ficava tão adorável assim, envergonhada.

Inferno, eu não lembro a última vez que usei adorável para adjetivar alguma mulher. Provavelmente fora no colegial. Ou nunca. Era difícil lembrar.

–Na verdade, sim. Eu também tenho uma cama de solteiro, Sr. Cullen. Afinal, muito espaço provoca ainda mais o vazio, não é mesmo?

Aquela mulher definitivamente não era real.

–Eu vou fazer o jantar. –E sem esperar que eu dissesse mais alguma coisa, ela saiu do quarto de hóspedes que agora era meu. E por algum motivo desconhecido para mim, eu fiquei como um idiota ali, parado.

Eu precisava parar de ficar sem reação toda vez que a Srta. Swan me dizia alguma coisa, pois já estava ficando patético.

(...)

Depois de colocar minhas poucas roupas no espaço que havia no guarda roupa do meu novo quarto, coloquei a mala embaixo da cama e decidi olhar para o meu celular, que até agora estava no silencioso.

Havia várias mensagens lá. De Tanya.

“Edward, onde você está mesmo? Por favor, não faça nada perigoso.”

Eu não precisei ler as demais para saber que todas continham mais ou menos a mesma coisa. Aquela preocupação de Tanya me deixava absolutamente confuso. Ela me odiava, ela sempre fez questão de deixar isso bem claro.

Por que se importar com o babaca que a impedia de ser feliz, afinal de contas?

–Ei, o jantar está pronto.

Decidi pensar em Tanya e em toda a confusão que a minha vida era depois. Então, segui Isabella até a sua cozinha.

Havia uma massa um tanto quanto estranha no meu prato e no dela, quando me sentei à mesa. Disfarcei minha cara de nojo e lhe perguntei o que era aquilo.

–Ora, Edward, é massa instantânea! Não pensou que eu ia cozinha pra você a essa hora, não é? –Ela riu debochada, enquanto já estava comendo a sua massa gosmenta.

–Você está me dizendo que isso aqui é miojo? Eu não vou comer isso, Isabella. Pelo amor de Deus, eu não como isso desde a minha adolescência. Por que não me disse para cozinhar?

Isabella me olhou divertida, mas continuou comendo até terminar com tudo o que estava em seu prato. Eu apenas fiquei ali, sentado à sua frente, olhando-a comer.

–Sabe, Edward, a vida é muito curta para cozinharmos todos os dias. Comida rápida dá mais tempo para fazermos outras coisas. Come, vai esfriar.

Sua voz era tão doce quando ela disse sua ultima frase, que eu não pude evitar pegar o meu garfo, começar a enrolar a coisa gosmenta e comer. Bem, não era tão ruim assim.

Pensando bem, fazia tanto tempo mesmo que eu não comia massa instantânea, que eu nem ao menos me lembrava do gosto.

–E então? –Isabella me perguntou, percebendo que eu estava comendo sem receio.

–É razoável. Na verdade, é menos pior do que eu me lembro.

–Sabe, quando minha mãe se separou do meu pai quando eu era ainda um bebê, ela teve que cuidar de mim sozinha. Mas ela era enfermeira e quase nunca estava em casa. Então, eu vivia a base de massa instantânea. Ou da merenda do colégio, quando eu já era um pouco maior. No começo, eu reclamava. Mas parei quando percebi que minha mãe ficava triste de não poder me proporcionar algo melhor, nem ao menos a sua companhia, então me conformei. Afinal, como você diz, é razoável, não é?

Eu apenas concordei com a cabeça, impossibilitado de fazer qualquer comentário.

Eu nunca havia parado realmente para conhecer alguém, ou simplesmente conversar. Nem ao menos tinha essa vontade. Porém, com Isabella me contando um pouco de sua vida, eu não senti vontade de sair correndo. Apenas queria que ela contasse mais e mais, até não ter nada mais que eu não soubesse.

Era loucura, eu sabia. Mas quem não estaria louco para conhecer mais de Isabella Swan? Tudo nela parecia tão... Convidativo. E adorável.

Droga. Lá estava o adorável outra vez adjetivando uma mulher no mesmo dia. Inclusive, a mesma mulher.

Isso não podia significar algo bom.

O quê diabos está acontecendo com você, Edward?

Será que a loucura era algo contagioso?!


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam do capítulo de hoje? Gente, eu realmente gostaria de saber a opinião de vocês. Digam nos comentários, não custa, né?
Eu sei que a fanfic ficou parada por um tempo, mas estou postando regularmente e respondendo aos comentários, acho que mereço um agradinho também! Haha
Beijos e até semana que vem ♥