A Terapeuta escrita por Bellice


Capítulo 5
Capítulo V


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!
Eu sei que disse que voltava na quinta, mas eu terminei de escrever o capítulo hoje e lembrei que fiquei tanto tempo sem postar, que vocês mereciam que ele fosse postado logo!
Viram? Agora minha promessa é séria! Não deixarei a história tanto tempo sem atualização nunca mais e espero que vocês apreciem isso!
Boa leitura! *-*



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Capítulo V

“Nosso valor está nas pequenas coisas que conquistamos ao longo de nossa trajetória na vida e, que olhadas por outro ângulo, são maiores que quaisquer outras.
Nos sorrisos nus e agradáveis, nos beijos que nos deram à face e nos afagos perfumados.
Somos construções de tudo isso. Precisamos enxergar – apenas.”

Agnaldo Tavares

O dia estava simplesmente lindo naquela manhã ensolarada. Por isso, assim que Edward entrou em meu carro, abri as janelas e liguei o som em um volume agradável e fechei os olhos brevemente, apenas suspirando e me sentindo bem, apenas.

–Eles eram bons. –Edward quebrou o silêncio em que nos encontrávamos enquanto eu dava a partida.

A princípio, estava tão distante que não sabia dizer a quem Edward estava se referindo. Porém, assim que ouvi com mais atenção a música que tocava, sorri em compreensão.

–Eles eram os melhores! –Falei empolgada. –Little darling, it's been a long cold lonely winter. –Cantei um trecho da minha música preferida dos Beatles, “Here Comes The Sun”, que invadia nossos ouvidos agradavelmente, e ouvi um riso divertido e baixo vindo de Edward.

Aquele som era novo para mim. Suas risadas até agora tinham sido totalmente irônicas ou falsas, mas aquela não. Ele apenas quis rir, realmente quis. Sem pensar em mais nada.

–Bom, ainda bem que você é uma terapeuta bem sucedida, porque como cantora... –O Sr. Cullen me lançou um olhar debochado, mas eu não me importei. Ele estava mesmo brincando comigo? Isso era totalmente inesperado.

–Ora, vamos, Cullen. Só critique quando for fazer melhor. –E antes que eu pudesse aumentar o meu sorriso vitorioso por minha excelente resposta, ele desapareceu. Desapareceu porque Edward começou a cantar junto com os Beatles.

–Little darling, I feel that ice is slowly melting, little darling, it seems like years since it's been clear...

A voz delicada, melodiosa e incrivelmente bonita de Edward chegou aos meus ouvidos fazendo com que tudo o que eu estivesse pensando antes disso desaparecesse. Foi quase hipnótico. Aquela voz era a coisa mais bonita e pacificadora que eu já tinha ouvido na minha vida toda. E eu não duvidava nada que eu estivesse de boca aberta, babando, neste exato momento, porque Deus, já estava meio difícil manter a concentração na estrada e eu nem ao menos sabia o porquê.

Olhei rapidamente para Edward, que continuava a cantar baixinho a música e ele estava com os olhos fechados, apenas sentindo-a. Era realmente uma cena de se admirar.

Acho que estávamos fazendo progresso ali, não estávamos? Pois com toda a certeza, sentir toda a paz e conforto que uma música pode trazer dentro de três minutos é um dos pequenos prazeres da vida.

Um prazer que o Sr. Cullen não parecia ter a um bom tempo.

Então, eu simplesmente sorri, realmente feliz por ter insistido tanto nele e nessa história toda que aparentava não ter conserto e continuei dirigindo até chegar ao nosso destino. Talvez não fosse tão difícil fazer Edward voltar a viver. E isso me animava mais do que qualquer coisa.

(...)

Quando paramos em frente ao Hospital do Câncer, Edward me olhou interrogativo, como se não estivesse entendendo nada.

–Pode deixar suas coisas no carro, vamos dar uma parada aqui. Quero te apresentar uma pessoa.

O Sr. Cullen apenas concordou com um aceno de cabeça e eu mordi meu lábio, nervosa. De certa maneira, ajudar Edward me deixaria exposta também. Eu nunca havia contado sobre aquilo para ninguém que não fosse minha família e, no entanto, Edward estava ali agora. E conheceria uma das tristezas mais profundas da minha vida.

Logo que me identifiquei na recepção e disse à mulher que Edward era meu acompanhante, subimos direto ao quinto andar. Ele apenas me seguia em silêncio, o que eu mentalmente agradeci. Era difícil pra mim, ter que lhe mostrar aquilo, porém, talvez fosse útil para abrir sua mente sobre o valor da vida.

Fui em direção à primeira porta do longo e branco corredor e a abri, respirando fundo. Tão logo eu entrei, ouvi Mandy gritando e vindo em minha direção.

–Tia Bella! Você veio e ainda nem é final de semana! –Eu sorri e peguei a pequena criança em meu colo, a abraçando apertado.

–Mandy, quero que conheça um amigo da Tia Bella. Mandy, Edward. Edward, Mandy. –Fiz as apresentações o mais rápido que pude e vi Edward lançar um sorriso para a minha sobrinha, que parecia encantada por aquele completo desconhecido para ela.

–Você é muito bonito, tio Edwald. –Eu revirei os olhos para o comentário de Mandy e, delicadamente, a coloquei no chão outra vez. Ela foi correndo pro lado de Edward e lhe deu um abraço. Ele parecia sem reação.

–Ora, obrigada. Você também é muito bonita.

Mandy sorriu meio triste e eu sabia que ela não concordava com o elogio, por causa da sua situação. Eu e toda a minha família dizíamos o tempo todo o quanto Mandy era linda e sempre seria, mas nada disso entrava na cabeça da nossa pequena.

–Eu era, mas agora não sou mais não. –Edward olhou confuso para ela e meu coração se apertou e tudo o que eu queria fazer era sair dali e chorar. Não fora uma boa ideia levar o Sr. Cullen ali. Mandy era a minha fraqueza. Aquilo não poderia ser nenhum pouco profissional, no que eu estava pensando.

–Por quê? Você é muito bonita sim. Como uma princesa. –Edward estava sendo gentil com alguém. Isso era no mínimo surpreendente, mesmo que se tratasse de uma criança.

–Mas os cabelos das princesas não caem como o meu, tio Edwald. Então eu não sou bonita como elas.

Antes que Edward pudesse dizer alguma coisa, ou até mesmo eu, Mandy foi brincar com as outras crianças que estavam numa mesinha no lado oposto daquele quarto.

Eu achei melhor dar um tempo a ela, pois nada do que eu dissesse poderia fazê-la se sentir melhor. Eu sabia disso.

–Desculpe. Eu não deveria ter te trazido aqui. Vou me despedir de Mandy e vamos embora, tudo bem? – Ele parecia querer discordar, mas algo o fez ficar quieto por um instante e, logo depois, concordar.

–Tudo bem.

Fui correndo até Mandy e a abracei. Ela sorriu para mim e me mostrou a casinha que estava montando com algumas peças e com a ajuda de uma menina que também estava internada ali no hospital. Pelo menos no momento, o assunto sobre não ser bonita e a queda de cabelos estava longe da cabeça dela, e isso me fez suspirar em alivio.

–Mandy, a tia já vai, tá bom? Mas eu volto no sábado pra te ver como sempre e vou te trazer um presente bem legal, tudo bem?

–Tudo bem, tia. O tio Edwald também vem? Eu gostei dele. Será que ele brinca de casinha comigo se eu pedir?

Eu apenas a abracei mais forte e desejei, como sempre, que as coisas não fossem daquele jeito. Era injusto com Mandy. Tao inocente e com tantos problemas...

–Eu vou tentar trazê-lo, linda. Até sábado. A tia te ama.

–Também te amo muitão, tia Bella. –Ela sorriu pra mim e logo voltou para brincar como estava há poucos minutos. E eu, saí dali o mais rápido possível.

Precisava urgentemente de um café. E de explicações para dar à Edward.

(...)

Estávamos sentados em um pequeno café, não muito longe do hospital. Eu estava melhor agora e muito mais arrependida de ter levado Edward até lá.

O silêncio entre nós estava incômodo como nunca esteve, mas decidi quebrá-lo. Eu devia uma resposta a ele.

–Desculpe-me. Eu achei que poderia lidar com isso. Achei que, vendo a situação de Mandy, isso podia te mostrar algumas coisas, mas não foi uma boa ideia.

–O que ela tem? Ela parecia tão pálida e triste, Isabella, ao mesmo tempo tão cheia de vida. Eu estou confuso.

–Ela tem leucemia. Foi um choque quando descobrimos há dois meses. Ela faz a quimioterapia, mas não parece estar funcionando. E, você sabe, os cabelos caem e ela não sabe lidar com isso. O médico disse que provavelmente, se o tratamento não funcionar mesmo pelas próximas semanas, devemos tentar o transplante de medula óssea. Mas ninguém parece ser compatível. É a minha sobrinha, Edward. De seis anos. Que vivia correndo por aí e fazendo arte até pouco tempo. Que amava viver, que vivia feliz. E agora, acontece isso. E mesmo com toda essa situação, ela ainda diz que vai ficar tudo bem quando eu não aguento e choro na frente dela. Entende? Eu devia estar lá a consolando e, no entanto, é o contrário que ocorre.

Edward só me olhava, sem emitir nenhum som ou palavra.

–Não se desculpe. –Edward se pronunciou depois de um longo tempo. –Eu nunca parei realmente pra pensar nas pessoas à minha volta, muito menos nos seus problemas, mas o sorriso que ela me lançou, tão verdadeiro... Pareceu tão acolhedor. Eu não sei explicar.

Eu sorri, pela primeira vez no dia, não me importando em segurar as lágrimas que, agora já rolavam livres por minha face.

–São as pequenas coisas da vida, Edward. Os gestos simples. Eles nos tocam...

–Como se viver valesse a pena. –Ele completou minha frase mais para ele do que para mim, mas eu pude ouvir seu sussurro.

–E vale, Edward. Eu vou te provar que vale. –Foi tudo o que eu disse e, em seguida, coloquei uma de minhas mãos em cima da mesa, tocando a dele gentilmente. Ele apenas olhou para mim e me lançou um sorriso triste.

Apertei sua mão na minha como se afirmasse o que eu acabara de falar. Eu provaria à Edward que viver era bom, que não precisava ser um inferno. Eu provaria à Edward, que tudo poderia melhorar e que ele poderia ser feliz novamente.

Mais do que nunca, era uma promessa. Uma promessa que eu faria tudo para cumprir.


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Notas finais do capítulo

Gente, só queria esclarecer uma coisa: o fim do ano passado e o início deste foi muito conturbado pra mim e eu me afastei bastante do Nyah!, por isso não respondi os comentários, porém quem me conhece de outras fanfics sabe que eu respondo todos, mesmo que demore.
Vou começar a respondê-los agora, mas peço que tenham paciência comigo um pouquinho, eu nunca ignoraria vocês!
E ah, enfim, o que vocês acharam do capítulo? E o que acharam da Mandy? Me contem por reviews, por favor! Aguardo ansiosa a opinião de vocês!
Beijos e, agora sim, até quinta! *-*