A Terapeuta escrita por Bellice


Capítulo 20
Capítulo XX


Notas iniciais do capítulo

Peço desculpas pela imensa demora. Final de ano foi complicado e conturbado, em janeiro não consegui muito tempo e o pouco que tive finalizei outra estória que exigia minha atenção. Agora, finalmente estou com tempo para escrever esta.
Esse capítulo ficou meio triste, mas prometo que não farei uma tragédia grega no final da fanfic! Se alguém ainda estiver aqui, desejo uma boa leitura!



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Capítulo XX

“Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre.”

Albert Einstein

Certo. Eu precisava me acalmar. Mandy precisava de mim sob controle, e não desesperada desse jeito. Ela havia apenas piorado, ela estava doente. Essas coisas acontecem quando estamos doentes, não é? Temos recaídas, mas depois melhoramos. Como em uma gripe. Merda! A quem eu queria enganar?! Ela não estava com uma gripe. Ela com um câncer. Com leucemia. E não havia nada que eu pudesse fazer para ajudá-la agora. Eu não era uma doadora de medula compatível. E ela havia piorado. A minha sobrinha, que eu vi nascer, que eu segurei nos meus braços segundos depois de ter nascido, estava indo embora. Estava morrendo. E eu não poderia resolver isso com uma simples terapia. Eu não podia fazer nada, absolutamente nada. E isso doía como o inferno.

–Bella, vai ficar tudo bem. –Eu sabia que Edward só estava tentando me dar apoio, mas aquilo sinceramente não ajudava. Eu ouvi como sua voz estava trêmula, indicando que ele também estava nervoso. Como ele poderia saber que tudo ficaria bem? Ele não podia. Ninguém podia me assegurar disso. Porque aquilo ali, na minha frente, na frente de todos, na frente de Mandy, era a vida. A vida real. E ninguém vive sem enfrentar os riscos que ela coloca no destino de cada um.

–Você não pode saber.

–Não posso. Porém, vamos ter um pouco de pensamento positivo.

–Pensamento positivo? Edward, ela está morrendo! Você não entende? Ela está indo embora, e ela é tão incrível, inteligente e amável, e ela está indo embora para sempre mesmo assim! Você consegue perceber o quanto isso é injusto? –Eu não aguentava mais tudo aquilo. Finalmente, na sala de espera do hospital, sem notícia alguma, sem ter ideia de onde estava minha irmã ou meu cunhado, ou se Mandy estava bem, eu simplesmente desatei a chorar abraçada a Edward. Eu não queria perder o controle, contudo, não sabia como lidar com aquilo. Com aquela dor, e aquela sensação de perda rondando a minha cabeça. –Eu só queria ajudar as pessoas, Edward. Eu queria poder ajudar todas. E eu não posso salvar a Mandy. Por que eu não posso? Somos da mesma família, e eu daria qualquer coisa por ela. Qualquer coisa. Por que não pode ser compatível?

–Meu amor, calma. Olhe, você me ajudou, certo? Eu estava totalmente perdido, e aí você apareceu. Sabe, você me fez ter esperança novamente. Esperança na vida, na felicidade. Vamos apenas... Ter esperança por Mandy também. Tudo bem?

Eu concordei com a cabeça, ainda não conseguindo falar nada. As lágrimas ainda escorriam por meu rosto, mas eu sabia que Edward estava certo. Eu precisava ter esperança. Precisava ser forte. Por nós duas.

–Bella. Você veio.

Ao ouvir a voz da minha irmã, eu rapidamente desgrudei-me de Edward. As lágrimas que estavam cessando retornaram com toda força assim que olhei para Rosalie. Ela estava abatida, com olheiras, pálida e magra demais para ser a minha irmã estonteante. Ela estava sofrendo, sofrendo demais, embora ela tenha tentado com todas as forças ignorar essa doença. Não pode. A doença se alastra e contamina todos em uma família. Não no sentido literal, mas abatia a todos. Era cruel e desumano. Eu a abracei com força e ela praticamente desabou sobre mim, chorando compulsivamente. Naquele momento, eu não lembrei de que Edward estava ali, ou que Emmett, meu cunhado estava ali, ou se estávamos fazendo escândalo em um hospital. Eu só queria dar apoio à minha irmã. Só queria vê-la feliz e cheia de vida novamente, sem se preocupar se a filha estaria viva no dia seguinte. Eu só queria Mandy entre nós, como estava há um ano. Correndo pelos parques, gargalhando e pedindo algodão doce para mim escondido da mãe. Eu só queria a minha família unida novamente.

–Rose. O que o médico disse a você? –Eu sussurrei, não querendo pressioná-la demais. Ela respirou fundo, tentando se acalmar.

–Ele disse que se não acharmos um doador de medula óssea para a Mandy urgentemente, ela irá embora, Bella. Pode ser amanhã, ou na semana que vem, ou hoje mesmo, mas ela irá embora. É a única certeza. A minha filha vai embora para sempre. Eu fiquei com ela nove meses dentro de mim, Bella. E eu fiquei tão feliz quando ela nasceu, tão feliz em poder ver o seu rosto... Porém, eu trocaria tudo isso se eu pudesse apenas colocá-la aqui dentro de novo e protegê-la do mundo todo.

Eu não sabia o que dizer. Era estranho, pois psicólogos sempre sabem o que dizer, na hora certa. Entretanto, ali, naquele hospital, eu não era uma psicóloga; eu era apenas uma tia desesperada, com uma irmã desolada para ajudar, sem saber como.

–Rose, eu sinto muito. Eu sei que é uma situação difícil, e eu estou sofrendo com isso tudo também. Merda, é a minha sobrinha que está num quarto de hospital definhando! Eu entendo, mesmo. Entretanto, nós temos que ter esperança. Quem sabe não aparece um doador? Ainda temos uma chance.

–Bella, tudo isso é muito bonito da sua parte, mas vamos encarar os fatos. Minha filha está nessa situação há um bom tempo. E não tem nenhum doador compatível na família, o que já torna tudo muito pior. Os médicos já olharam no banco de doadores, as amostras de sangue não são compatíveis. Só um milagre salvaria a minha menina.

Emmett parecia arrasado. Sem esperança alguma, e eu nem ao menos poderia culpá-lo. As perspectivas eram mesmo as piores possíveis.

–Eu... Farei o teste. Para ver se sou compatível. Pode parecer loucura, mas eu também me importo com a Mandy. –A voz de Edward fez com que eu olhasse para ele, incrédula. O quê? Ele não poderia estar falando sério. Poderia? Ele se importava com ela? Meu Deus, ele estava... Chorando também. Edward Cullen estava chorando pela doença da minha sobrinha. Pela doença de uma menina que ele mal conhecia. Isso era incrível. Era quase que um milagre.

–E quem é você? –Emmett perguntou.

–Ele é o Edward. Meu paciente, e o amor da minha vida também. –Edward ia responder, mas eu o interrompi. Eu estava emocionada demais pelo seu gesto. Tudo bem que poderia não dar certo, contudo, só por ele tentar... Já dizia muito sobre ele. Sobre quem ele realmente era agora que havia finalmente se encontrado.

–Oh, tudo bem, Edward. É um prazer conhecê-lo, e eu realmente admiro seu gesto mas, você sabe. As chances de aparecer um doador compatível a essa altura do campeonato são de uma em cem mil.

–Bem, eu nunca dei importância às estatísticas mesmo.

–Ele parece ser um bom homem, Bella. –Rosalie sussurrou, ainda agarrada a mim, mas parecendo um pouco mais calma agora. Talvez ela estivesse assim como eu: esperançosa.

–Ele é, Rose. O melhor que eu já conheci.

–Só um milagre para isso dar certo, mas não custa nada tentar mesmo. Vamos, tentaremos falar com o médico dela. –Emmett saiu e Edward o seguiu. Eu queria dizer a ele várias coisas. Obrigada era uma delas, mas eu estava um pouco extasiada demais pelo choque de sua atitude. E havia Rosalie abraçada a mim. Eu falaria com ele depois. Afinal, teríamos tempo. Todo o tempo do mundo.

–Você acha que dará certo, Bella? Acha que Edward poderá salvar nossa menina?

–Eu não sei, Rose. Essa vida é muito imprevisível, mas aprendi que temos sempre que esperar pelo melhor que ela tem a nos dar. Precisamos de um milagre. Quem sabe Edward não o é?

Não sei se minhas palavras foram o suficiente para acalmar minha irmã, mas foram o que faltava para que eu sorrisse, sentindo a esperança cada vez mais forte dentro de mim. Se Edward seria a salvação da minha sobrinha, eu não fazia ideia. Contudo, era inegável que ele fora a minha.

Eu quis tanto ajudá-lo, quis tanto que ele encontrasse a felicidade, que no final, nós dois saímos ganhando. Nós dois nos encontramos, e nós dois encontramos a felicidade, pois eu já não via mais a minha felicidade sem ele presente em minha vida.

Eu o amava com todo o meu coração, e sabia que ele sentia o mesmo, por mais improvável que nosso relacionamento pudesse parecer aos olhos dos outros. Bem, eu o salvei de uma vida de infelicidade ao lado de Tanya, e ele me salvou de uma vida de solidão. Acho que, se fizéssemos as contas, formávamos um belo casal. Não apesar dos problemas, mas sim por causa deles.


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Notas finais do capítulo

E então, o que vocês acharam da atitude do Edward?
Comentem, por favor. Quero saber o que pensam, ou se ainda estão aqui!
Nos vemos nos reviews!
Até o próximo capítulo que, prometo, será postado aqui na quarta.
Beijos.