Fola

Era uma manha tranquila e bonita do final do verão, logo seria Mabon, a comemoração do solstício de outono, e isso me incomodava: como eu poderia perder a celebração, essa que sempre foi uma das minhas preferidas... É bem verdade que na tradição celta celebramos para entidades que estariam no fim da vida, mas não é uma festa triste, muito que pelo contrario, estamos ali para agradecer o fim de um ciclo, que logo encerrará. E eu definitivamente tinha muito a agradecer.

Mac já dormia profundamente, relaxando depois de nossa noite animada, mas eu não conseguia pregar os olhos: logo faria um mês que eu nao via minha família, e eu nem ao menos sabia se eles estavam vivos. Era nosso aniversário de casamento, esse seria o meu presente.

"Mac..." Sacudi meu lobinho, mas ele continuou dormindo. "Mac. Mac! MAC!!" Ele acordou meio assustado, sentado na cama, olhava em volta, querendo saber qual era o problema.

“Não aguento mais!” Meio sonolento ele ficou me olhando, obviamente sem entender o que eu queria.

“Mac... Eu não aguento mais...”

“Folinha, do que você está falando, meu amor?”

“Eu quero voltar para casa, Mac, passa o Mabon com minha família, saber quem está vivo...”

“Mas... Fola, você tem certeza disso? Voltar... voltar pode ser perigoso.”

“Por que você diz isso, Mac? você sabe de alguma coisa?” Meu tom passou instantaneamente do gentil para o inquisitor.

“Não... É claro que não...” Mac continuou falando do mesmo jeito, parecendo querer, desesperadamente, me confortar. “É só que... Não sabemos como as coisas ficaram, o que aconteceu depois que fugimos.”

‘É por isso que temos que voltar. Mac, você não entende, isso vem me consumindo por dentro, sinto até um embrulho no estômago só de pensar...”

“Tudo bem, Folinha, voltaremos, mas podemos dormir agora? Você sabe que me deixa sem forças...” Ri sem graça com sua constatação, e isso foi suficiente para que ele voltasse a se deitar, mas não sem antes me puxar para junto de si e me aninhar em seus braços. Logo ele já dormia novamente, mas não se podia dizer o mesmo a meu respeito: não preguei os olhos o dia inteiro.

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Nazira

“Você é mesmo um imprestável! Não sabe fazer nada direito!”

“Ora veja só, cale essa boca sua cachorra sarnenta!”

“Olhe bem como você fala comigo, seu sanguessugazinho... Seria muito fácil para mim acabar com essa sua vidinha de parasita, então não canse minha beleza.”

“Ah! Essa é boa! você não mata nem as suas pulgas! Não me venha com esse papinho...”

“Ah, Está bem, chega! Pare de falar e faça logo o que você veio fazer. E cumpra seu papel corretamente! Não quero um serviço mal feito! Tudo tem que sair perfeitamente! Exato como foi planejado.”

“ Mas é claro que sim! E assim será, agora me ajude aqui! Ficar olhando não vai tornar o meu trabalho melhor, mas se você me ajudar... Talvez essas suas patas possam fazer algo de útil aqui.”

“Já falei para você ver bem como fala comigo... E não quero brigar novamente, não vou gastar minhas forças com o que não me interessa. Vamos logo terminar isso.”