Fola

“Vamos logo Mac, temos que aproveitar, a noite está começando e com uma boa dose de sorte conseguiremos chegar no castelo antes do amanhecer.”

“Por que a pressa, Folinha? você sabe que eu te protegerei se for preciso...”

“Sei muito bem disso, mas eu não quero que seja preciso! Agora vamos!”

Comecei a me dirigir até a porta, mas antes mesmo que eu desse um passo se quer, Mac me puxou para um forte abraço, me deu um beijo delicado e amoroso e olhou profundamente nos meus olhos.

“Você sabe que eu te amo e que nada vai mudar isso, não é mesmo?”

“Sim, mas...”

“Não importa o que aconteça ou o que tenha acontecido, eu vou ser sempre o seu Mactíre, não se esqueça disso.”

“Não me esquecerei, mas por que isso agora?”

“Só um pressentimento, nada de mais.”

Ele então me soltou e me deu um empurrãozinho em direção à porta, em direção à noite fria. Fomos então caminhando, de mãos dadas, sem falar muito o caminho inteiro. Trocamos umas palavras ou outras, mas nada realmente significativo.

Como eu havia previsto, chegamos ao castelo pouco antes do amanhecer, foi só tempo de entrarmos no castelo e o primeiro raio de sol surgir no céu. Só que tudo parecia diferente, não como eu imaginei que seria, afinal, eu estava voltando pra casa, só que agora eu era casada, achei que talvez isso mudasse as coisas, mas não foi isso. O castelo todo tinha um ar sombrio, mais que o normal, na verdade a colônia sempre foi um lugar animado, nós vampiros sempre gostamos de muitas festas regadas a um bom vinho e sangue, comemorando e celebrando, e mesmo estando na véspera de uma festividade, tudo estava, calmo e triste demais. O castelo não me parecia mais ser um lar. Talvez fosse apenas eu, talvez eu tivesse mudado minha forma de ver as coisas e sentia como minha casa aquela em que passei meus últimos dias, os primeiros do meu casamento.

“Esse lugar sempre foi soturno assim?”

“Não, na verdade não. Estava pensando a mesma coisa, há algo de diferente e estranho nesse lugar. Vem, vamos procurar alguém conhecido por aqui.”

Continuamos andando pelos corredores, vendo as marcas da luta que acontecera ali na noite do meu casamento. Talvez fosse isso, o castelo tinha sido atacado, e assim como o orgulho da colônia, estava destruído. O ambiente não tinha como ser bom depois de tudo, e a culpa era minha, não podia querer que tudo estivesse como se nada tivesse acontecido. Apertei a mão de Mac com mais força, e ele retribuiu me dando um olhar que dizia que ira me proteger, mas ao mesmo tempo mostrava que ele também estava com medo.

Andamos aleatoriamente e chegamos até a porta do meu antigo quarto, parei e fiquei olhando para a maçaneta, com medo de qualquer coisa que poderia haver ali, por outro lado, estava ansiosa para conseguir minhas roupas de novo, havia muitos dias que eu estava usando trapos das cortinas e roupas de cama que achamos na nossa nova casa. Respirei fundo e girei a maçaneta, com um leve ranger a porta se abriu, e meu quarto continuava exatamente do mesmo jeito que estava antes, só que havia um baú, com as roupas de Mac, que foram trazidas durante a cerimônia, já que passaríamos a viver juntos dali em diante. Entramos e fechei a porta atrás de nós, mesmo sem ter sido destruído, a mesma atmosfera sombria estava presente no meu quarto.

O sol já estava forte lá fora e eu não tinha mais a menos esperança de encontrar alguém acordado, se é que havia alguém vivo ainda, então nos deitamos e ficamos abraçados, em silêncio, esperando que tudo fosse ficar melhor quando a noite chegasse.