Nazira

Tão divertido matar todos aqueles sanguessugas, mas seria mais útil se eu conseguisse alguma informação, talvez assim Etoile me desse uma merecida e recompensa e me respeitasse como uma boa ajudante e não apenas como a puta que ela julga que eu sou. Foi assim, que depois de matar os guardas eu cheguei a uma cela com um vampiro sentado se sacudindo olhando para a parede, apesar de sua aparência louca, algo me dizia que o vampiro de cabelos castanhos, quase loiro, poderia ser de grande valia.

“Ora, ora, o que vejo aqui... Um morcego preso na gaiola...” Soltei uma gargalhada deliciosa enquanto o homem virava seus olhos cinzentos para me encarar e analisar.

“Quem é você?”

“Eu? Bom isso depende. Eu posso ser um doce sonho ou um belo pesadelo. Depende só de você, se vai ser bonzinho comigo ou não.”

“O que você quer de mim... Espere, você não é daqui, você não é nem uma vampira... Mas isso não é possível.”

“É claro que é possível!! Eu estou aqui não estou?!?! HA! Vocês vampiros, sempre se acham superiores a tudo e não aceitam a possibilidade de serem enganados, bem – de – baixo – do – seu – nariz...” Ri ainda mais alto, deixando-o irritado, eu arriscaria dizer.

“Mas do que é que você esta falando, mulher?”

“Vocês foram traídos, por um forasteiro, que acredito, vocês julgaram ser amigo, mas não, ele não era amigo de vocês, não mesmo. Ele era um lobisomem disfarçado, ávido por informações úteis. Tão úteis quanto uma festinha que deixou todos vocês vul – ne – rá – veis...” Não pude controlar uma nova onda de risos, mas dessa vez ela veio acompanhada pelo sorriso do vampiro.

“Ah... Então presumo que você não saiba que ‘festinha’ foi essa que vocês invadiram. Sabe?” Ele fez aspas com os dedos para acompanhar a frase.

“E por que eu deveria me preocupar com isso?”

“Porque, simplesmente porque, essa ‘festinha’ foi o casamento da filha mais querida do 1º ministro vampiro com um forasteiro, um certo senhor Mac Foster, e o olhar com que ele a olhava não parecia ser uma farsa, ele parecia realmente gostar dela, até amar, arrisco dizer.”

“Isso é impossível! Mactíre é meu! Ele não pode ter me trocado por uma sangessugazinha qualquer!”

O homem se levantou como um raio e veio para perto de mim, segurando com força a grade da cela, deixando os nós de seus dedos ainda mais branco que ele.

“Ela não é uma sanguessugazinha qualquer... Fola é a vampira mais linda, e amável que eu conheço, não ouse insultá-la novamente sua cachorra sarnenta.”

“Então você a ama...” Eu estava incrédula, sabia que ele poderia ser útil, mas não tinha ideia que ele serviria para me ajudar a reconquistar Mactíre. “Bem, então acho que podemos ser bons amigos.”

“É mesmo é? E por que acha que eu me uniria a alguém da sua laia? Vocês traíram a confiança do meu povo, invadiram minha casa, e ainda tiraram de mim a mulher que amo. O que você teria de tão valioso para mim?”

“Você não enxerga, seu vampiro tolo? Mactíre nasceu para ser meu e você é louco pela, aparentemente, nova esposa dele, juntos podemos conseguir o que queremos, o que tanto desejamos!”

Eu comecei a rir animadamente, e quando ele pareceu entender do que eu estava falando se uniu a mim, mas logo ele parou.

“E como você pretende que eu te ajude estando preso aqui? Pode me dizer?”

“Bem lembrado, vampiro... Onde posso achar as chaves?”

“Você não pode simplesmente arrancar as grades para mim?”

“Até poso, mas não estou a fim se quebrar minhas unhas, então diga logo onde estão as chaves.”

“Lá fora, com os guardas.” Respondeu sem paciência.

Dei meia volta e achei o corpo morto dos guardas que matei, e nos bolsos de um deles estavam as chaves. Voltei para a cela do sanguessuga e abri a porta.

“E então, alguma ideia de por onde podemos começar, vampiro?”

“Podemos começar nos apresentando, meu nome é Ratsel.” Ele respondeu esticando a mão para mim. Estendi a minha e apartei a dele com força.

“Nazira, meu nome é Nazira.”