O Conto da Holy Serenity escrita por Marjyh


Capítulo 14
A Caminho de Arquimídia - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Demorou um bocado, mas ta aqui ~u~/

Daqui algumas horinhas vou postar o capítulo 3 do Zero Zephyrum. Me sentindo um bocado cansada hoje. *Bocejo*
Mas, todos os dias me sinto cansada. q

Hehe, sem mais demoras, boa leitura! o/



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Parte 2: Máscara de Dragão

– Esse negócio é incrível!

Essa foi a única coisa que consegui dizer após que vi o oceano logo abaixo de nós, assim que sai da cabine com as minhas roupas. Estávamos voando! Aparentemente, esse tal de dirigível era como um balão gigante com um cesto embaixo, só que o balão era claramente de um material muito mais resistente e o nosso cesto era de metal e vidro. Mari estava na ponta do nosso “cesto” conduzindo o transporte num leme bem semelhante aos que são usados nos navios. O vento não entrava pelas janelas por que elas eram completamente seladas pelos vidros, que aparentemente pareciam ser realmente resistentes... Eu olhei de volta para o oceano vermelho escuro, sentindo uma pontada de vertigem ao encarar tanto tempo aquela escuridão. Parecia que queria me engolir...

Senti uma mão tocar meu ombro e olhei para minha direita, vendo Edel logo ao meu lado, sorrindo de forma calma. Ela era um pouco mais alta do que eu, seus olhos azuis eram realmente adultos, apesar de que pelo o que me falaram ela nem tinha vinte anos... Era incrível como ela conseguia parecer mais velha e responsável do que normalmente a idade apontava.

– É incrível mesmo. – Enfim a capitã disse, olhando de volta para o oceano ainda com a mão no meu ombro. – Não importa quantas vezes eu viaje nisso, eu não me canso...

– Wow... Você já viajou tanto assim?

– Sim. – Ela acenou positivamente com a cabeça também. – Como eu cuido das expedições, o dirigível é o meio de transporte mais rápido que possuímos entre os continentes atualmente.

– Mas, por que você estava em Canaban então?

– Nosso dirigível sofreu ataques aéreos quando estávamos quase chegando... Tanto que foi por isso que ele estava em reparos, mas fico contente que tudo esteja funcionando tão bem quanto antes. Claro que não se podia esperar menos da nossa engenheira.

Ao terminar de falar, Edel olhou para Mari, que, apesar de eu ter certeza que ela nos escutava, não virou o rosto.

– O esqueleto desse transporte é ordinário se comparado com o que eu poderia fazer... No entanto, sem os materiais de Arquimídia, isso é o melhor que podemos contar até o momento.

– Modesta como sempre. – Edel suspirou, dizendo num tom de riso.

– Falta muito para chegarmos, Mari? – Perguntei, me sentindo meio inquieta.

– Algumas horas... Vocês deveriam fazer que nem o Grandark, a Edna e o novato e irem descansar.

– Aham, certo e quem vai pilotar para você descansar?

– Creio que eu sou o mais indicado no momento.

Senti um arrepio cruzar meu corpo ao ouvir aquela voz soando logo após Edel terminar de falar. Olhei por cima do ombro e vi Dio saindo da cabine dele, a medida que ele andava pelo corredor em direção do leme, ele foi me olhando de canto. Instintivamente me escondi atrás da Edel, engolindo seco.

– Você sabe dirigir? – Perguntou a capitã num tom surpreso.

– Em Elyos não usamos carroças já fazem alguns séculos. – Dio respondeu dando um sorriso de escarnio com o canto da boca. – Também, como um Imperador, eu tenho que estar preparado para as situações mais inusitadas. Cansada, Mari?

– Não, aguento mais duas horas.

Engoli seco. Será que era o melhor confiar naquele asmodiano para pilotar o dirigível no meio do nada? Dio virou o olhar imediatamente para mim, parecendo me analisar das cabeças aos pés e então soltou um sibilo de desdém, virando de costas, parecendo sussurrar algo com a Mari, que com algum esforço consegui discernir entre o barulho absurdo do dirigível.

– E o Ryan ainda diz que ela é nossa...? Pelo amor dos deuses de Elyos, ela nem consegue me olhar nos olhos.

– Eu entendo seu ponto de vista, Dio. Mas... Por menos confiável que a postura dela seja, ela é a nossa melhor aposta.

Eu não consegui escutar o que o Dio disse direito, no entanto pude perceber claramente que havia algo... Estranho acontecendo. Olhei para Edel que parecia estar realmente séria, provavelmente pensativa. Do que eles estavam falando? Apertei meus punhos. Menos confiável que minha postura seja? Não consigo encara-lo nos olhos? Eu... Eu tinha me reduzido tanto naquele tempo em que estive entre eles?

“Não acredite nele, Holy!” Quase pude escutar Elesis brigando comigo novamente, quando eu estava poupando a vida de um globin quando este me implorou por misericórdia: “Ele está te enganando!”. E de fato, naquele dia, ele me enganou e me atacou enquanto eu estava com a guarda-baixa, Lire imediatamente atirou na cabeça do meu oponente para me socorrer, me salvando do golpe.

Não, eu não era fraca. Não importa a opinião deles. Respirei fundo e reuni minhas forças novamente, saindo de trás da Edel.

– Eu não sou fraca! – Acabei quase gritando ao falar isso, sentindo meu rosto queimando.

Os três me olharam surpresos de ouvir aquilo do nada. Dio e Mari se entreolharam, aparentemente atordoados. Logo em seguida senti uma mão na minha cabeça e olhei para Edel, que me sorria de forma calma, apesar de manter um olhar sério.

– Sabemos que não é, Holy.

Logo em seguida minha cabeça foi afagada. Abaixei o olhar. Por que estavam me tratando como uma criança..?

–x-

Nós aterrissamos onde antes, até onde consegui reconhecer, parecia ser o Castelo de Kamiki. A estrutura arroxeada do lugar continuava bem aparente, no entanto as plantas começaram a crescer e tomar conta do ambiente. Eram poucos os lugares que estavam completamente limpos de plantas, dentre eles onde paramos com o dirigível, onde provavelmente uma vez foi o telhado do castelo, mas que agora foi transformado numa pista de pouso.

Assim que descemos, uma equipe veio nos atender. Comparado a base em Canaban, a de Ellia era muito menor. Segundo o que a Edel me contou, a equipe consiste em basicamente quatorze soldados, dentre quatro eram especialistas em traçar mapas.

– Vocês realmente conseguiram reexplorar Ellia com um grupo tão pequeno? – Perguntei, abismada.

– Bem, se o antigo grupo de Elite da Lothos conseguiu, por que não conseguiríamos? – Ela respondeu com um olhar realmente sério.

Percebi na hora que falei num assunto meio delicado. Olhei pro lado meio sem jeito, diminuindo meu passo. A capitã continuou andando com três soldados, indicando um deles para que pudesse apresentar a base para nós.

– Ei, não se preocupe. – Olhei para meu lado esquerdo, vendo Grandark com as mãos na cintura e olhando para frente. – Ela está assim apenas por que está preocupada com o Dragão.

– Dra-Dragão?! - Exclamei, sentindo uma pontada de medo.

O último dragão que ouvi falar, Berkas, não foi uma história muito... Boa para os paladinos e tão pouco para a própria Grand Chase.

– Ti-Tipo Berkas?!

Grandark me olhou surpreso, mas logo em seguida Azin empurrou-o para o lado de leve, se colocando a minha frente, com aquele mesmo sorriso assustador de sempre.

– Sim, um dragão gigantesco, com dentes enormes e uma cauda grande cheia de espinhos para esmagar tudo e todos!

Grandark desferiu um tapa na cabeça do “novato” que quase o derrubou no chão. Pisquei os olhos.

– Pare de falar merda. – O demônio de olhos verdes suspirou, virando o rosto para mim novamente. – Não é nada disso que ele disse, é um homem que usa uma máscara de dragão que anda aparecendo por Ellia. Ele entrou em conflito com o grupo de expedições algumas vezes e deixou os membros em estado grave, ao ponto de ser necessário leva-los de volta para a base de Canaban para serem tratados.

– Oh...

Aquilo também era assustador... Mas, por que ele não matou os soldados? Quando fui perguntar isso, Azin já havia se levantado do chão, limpando as roupas e ajeitando a vembrassa, a sua arma, que parecia mais uma manopla do que realmente um escudo.

– Você não deveria tratar os recrutas de uma maneira melhor, Grandark? – Perguntou Azin num tom realmente irritado, apesar de continuar sorrindo.

– Eu sou co-fundador, faço o que eu quero. – A resposta foi dura e direta.

– Também não pode abusar da sua autoridade. – Mari apareceu do nada do meu lado direito, arrumando os óculos e olhando Grandark por cima destes. – Então, independente dos seus problemas com o senhor Azin, trate de trata-lo melhor.

– Tsc... Nerd. – Resmungou Grandark, bufando.

– Devo dizer que tal adjetivo não ira funcionar para me provocar, senhor Grandark, então pare com essa tentativa infantil de me irritar e trate de agir como um co-fundador e cuide da senhorita Holy.

Dessa vez o demônio de olhos verdes rosnou baixo, voltando o rosto para Mari, era visível que ele estava irritado com a engenheira.

– Você acha que pode simplesmente mandar em mim e falar como devo agir, tampinha?!

– Exatamente. – Mari encarou Grandark com o canto do olho.

Senti a troca de olhares ameaçadores entre os dois e engoli seco por estar entre uma semi-deusa e uma entidade que nem é conhecido a extensão dos seus poderes.

– Ge-Gente, vamos acalmar... Temos uma missão a fazer aqui, nã-não?

Ao ouvir o que eu disse, Mari desviou o olhar, respirando fundo para então me olhar novamente, cruzando os braços.

– Bem lembrado, senhorita Holy. Não posso perder minha postura por causa de um brutamonte de espinhos como o senhor Grandark. Irei me adiantar para averiguar as condições do laboratório. Nós vemos na janta.

A garota de cabelos azuis saiu andando como se nada havia acontecido, deixando um certo Grandark furioso para trás. Suspirei aliviada, apesar daquela tensão momentânea.

Logo em seguida Dio e Edna descerem do dirigível, a asmodiana me olhou e sorriu, acenando com a mão, no entanto o imperador asmodiano evitou me olhar, claramente contrariado. Será que eles haviam discutido algo? Pisquei os olhos, sorrindo para Edna e acenando para ela de volta.

A dupla desapareceu ao descer as escadas. O vento morno começou a balançar nossas roupas. Azin por fim suspirou e estendeu o braço na minha direção.

– Parece que só restou agente.

Quando o “novato” estava prestes e alcançar meus ombros, Grandark atropelou o braço do rapaz, fazendo-o soltar um gemido dolorido. Foi então que senti as mãos do demônio verde segurando minha cintura novamente e ser levantada, sendo jogada por cima do seu ombro novamente. Senti meu rosto pegar fogo.

– Não, é só você. – Disse o demônio de olhos verdes antes de começar a andar na direção das escadarias comigo em seu ombro.

Comecei a bater em suas costas.

– Já está perdendo a graça, Grandark!

–x-

Depois do jantar, fomos imediatamente para nossos quartos. Esse lugar é bem menor do que o quarto que eu possuo na base, assim como a cama, essa é de solteiro. No entanto, os travesseiros brancos são tão macios quanto, assim como o colchão. Supiro, apertando um dos meus dois travesseiros contra meu peito enquanto deixo minha cabeça descansando no outro, olhando para a escuridão do quarto.

Durante a noite eles vão encher o dirigível com gasolina, mas como estamos em um ambiente inóspito, foi recomendado que dormíssemos com o máximo do nosso equipamento possível. Pergunto-me ainda quais são os servos desse tal de Maligno...

Tudo estava me incomodando. Todos pareciam estar me tratando como criança e isso era realmente irritante. Eu não sou uma criança, eu sou uma paladina! Uma guerreira! Eu não preciso ser protegida, sou eu quem é que tem que proteger os outros!

Bati o travesseiro na cama, bufando irritada. Por que estavam me tratando daquela forma? O que foi afinal aquela conversa entre o Dio e a Mari? Fecho os olhos, sentindo um pequeno desejo, egoísta, de querer que todos pudessem me escutar. Eu estava odiando aquele lugar, mas não por que apenas todos me tratavam daquela forma, mas sim por que aquele mundo era depressivo, sem graça, sem cores.

Eu quero ver o azul no mar novamente.


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Notas finais do capítulo

Sim, ainda não tem uma capa x_x

Eu fico tendo ideias atrás de ideia e acabo me sentindo perdida sobre o que terminar primeiro e o fato de eu ser preguiçosa não ajuda muito. ;-;"

Espero que tenham gostado. >.