O Conto da Holy Serenity escrita por Marjyh


Capítulo 13
A Caminho de Arquimidia - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Ei pessoal q
Eu disse que ia começar a demorar um bocado mais D:
Eu estava querendo postar também essa parte junto com O Conto de Zero Zephyrum, mas, desgastei minhas energias por hoje. x_x
Mas, as chances de sair o capítulo dois do Conto do Zero amanhã são bem altas. o/

Também ainda não tem capa o capítulo que ainda estou um teco exausta mentalmente da corrida de capas que fiz. :'D

Enfim, não vou mais enrolar. Boa leitura. o/



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Cena 1

Parte 1: Zero

Passamos a noite na base, para viajarmos descansados. Mas, eu estava ansiosa demais para conseguir dormir. Eu olhei para o relógio, a única maneira de ter algum senso temporal nesse mundo, e ele me dizia que eram duas horas da manhã.

Bufei, abraçando o travesseiro ao meu lado e afundei o rosto nele, tentando fechar os olhos para tentar dormir. Nada. Minha cabeça não parava de pensar em tudo que Ryan me disse na reunião. Sieghart ter sido corrompido pelas trevas, Lothos morta, habitantes de Elyos e Ernas lutando por uma mesma guerra... Tudo estava tão confuso e atordoante que eu sequer conseguia parar de pensar. Suspirei contra o travesseiro, lembrando de quando Grandark me defendeu na floresta.

Quer dizer, por que eu gritei o nome do Zero naquela hora? Eu pude sentir que definitivamente era ele naquela hora... Mesmo que Grandark esteja cuidando de mim e me protegendo, eu sinto todo tempo que não é realmente bem o que ele queria estar fazendo. Na verdade, do que conheço dele, provavelmente teria me abandonado nas ruínas de Serdin sem nenhum peso de consciência. Não importa que ele diga que Zero está morto... Eu sei que ele não está. Apenas... É a minha voz que não o alcança.

Suspirei, apertando o rosto contra o travesseiro, sentindo uma onda de decepção e remorso me invadindo. Eu queria poder conversar com ele de volta... Eu sinto falta daquele jeito perdido do Zero.

Percebendo que eu não conseguiria dormir tão cedo, me levantei, peguei um roupão no cabide e me arrumei um pouco para dar uma volta noturna. Duvido que tenha alguém por ai andando ou sequer acordado além dos robôs-guardas da Mari... Não sei dizer se esse pensamento me deixou mais segura ou não.

Sai do quarto em silêncio, apenas os sons das minhas pantufas estavam soando à medida que eu andava pelo extenso corredor. Ao olhar para as janelas que dava para a cidade, percebi o quanto tudo estava silencioso, apenas as lâmpadas azuis da cidade estavam acessas, enquanto o Eclipse continuava no mesmo lugar de sempre no centro do céu.

Continuei andando, perdendo novamente minha sensação de tempo. Talvez tivessem se passado quarenta minutos? Eu virei corredores a esmo, pelo menos andar me fez parar de pensar um pouco... Escutei barulhos de passos no fim do corredor que eu me encontrava, imediatamente engoli seco, estremecendo. Seria um fantasma dos antigos moradores do castelo? Talvez eles ficaram bravos de que eu estou dormindo em um dos quartos?

Argh, aquela linha de pensamento não ia levar a lugar algum. Instintivamente procurei um lugar para me esconder, mas era tarde demais e percebi isso ao escutar a voz.

– O que você está fazendo acordada? – Reconheci a voz sendo masculina e já imaginava quem poderia ser.

Ao olhar na direção do fim do corredor, vi Dio parado, de braços cruzados e com um olhar indiferente de sempre. Dei um sorriso sem graça, coçando minha nuca.

– Estava sem sono.

– Hunf... – O asmodiano andou na minha direção, parando logo a minha frente. – Crianças deveriam estar dormindo nesse horário.

– E-ei! – Senti meu rosto ficando quente. – Eu não sou uma criança!

– É claro que é. – Dio deu um sorriso de canto, me encarando de cima, já que ele era bem mais alto. – Até onde o Ryan me contou, você nem tem a maioridade ainda, tem?

Engoli seco, me encolhendo e apertando meus punhos. Como eles sabiam minha idade?! Eu nem havia falado nada! Dio suspirou, mantendo ainda aquele sorriso debochado nos lábios para então descruzar os braços, apoiando as mãos na cintura.

– Idade não importa tanto assim para um asmodiano. – De repente a feição dele se tornou séria, me encarando com seus olhos arroxeados. – Mas... Me pergunto como você conseguiu sobreviver a destruição da sua terra natal.

Senti o peso do meu coração cair direto para os meus pés ao lembrar daquilo, olhando-o atordoada. Por que ele estava falando sobre aquilo? Ao notar que eu não respondia, Dio ergueu de leve seu lábio superior, soltando uma espécie de grunhido enquanto mostrava sua presa mais afiada. Seu olhar também se tornou mais ameaçador quando encostou a mão no meu ombro e me empurrou contra a parede, colocando a outra mão, a que possuía garras e era azul, do meu lado esquerdo, me cercando enquanto me encarava nos olhos.

– Então, como você sobreviveu a uma chuva de meteoros?

– Eu... – Engoli seco, sentindo minha cabeça ficar tonta, eu podia até mesmo sentir o cheiro do hálito do Dio. – Eu não me lembro.

– Oh, não se lembra? – Senti meu ombro sendo apertado pela mão do asmodiano, me fazendo ficar um pouco mais ereta contra a parede por instinto. – Ou talvez não quer falar?

– E-Espere! Está começando a machucar! – Disse num tom mais alto, tentando afastar a mão dele do meu ombro com a minha mão direita.

– Você pode simplesmente falar sem eu ter que dar um “estimulo” para isso.

Meu coração começou a bater mais forte enquanto o olhava assustada, engolindo seco. O que raios ele queria de mim?! Eu nem sabia o que responder! Do jeito que ele estava se comportando, era capaz dele querer me matar por contar a verdade. Quando fui abrir a boca, Dio desapareceu da minha frente num portal semelhante ao da Edna, e no lugar dele surgiu uma espada escamada gigante. Claro que imediatamente reconheci qual era a espada e olhei na direção do cabo, vendo Grandark segurando a espada, apesar de estar usando a viseira amarela.

– Não é legal assustar crianças, Dio. Ainda mais de noite.

– Hunf... – Dio reapareceu alguns metros na direção de que ele veio do corredor, com os braços cruzados novamente. – Vocês acreditam demais nas pessoas em um mundo corrupto. O que garante que ela não é uma enviada do Maligno para se infiltrar na base e descobrir os planos?

– Eu garanto. – Respondeu meu protetor, abaixando a espada e apoiando-a no chão. – Se ela fazer algo errado, eu tomo a responsabilidade por que fui eu quem a salvou nos escombros.

Dio pareceu querer dizer algo, no entanto ele apenas bufou e me olhou de maneira desconfiada. Tentei retribuir o olhar da maneira mais determinada que pude, apesar de ainda sentir minhas pernas tremendo de leve. Eu fiquei realmente com muito medo do que poderia ter acontecido naquela hora...

– Certo. – O asmodiano virou de costas, nos encarando por cima do ombro antes de virar para a esquerda no fim do corredor.

Suspirei aliviada, soltando toda aquela tensão pela minha respiração. Escutei o barulho da espada Grandark encolhendo de volta e ser “guardada”.

– Você está bem? – Me surpreendi com o tom de preocupação na voz do Grandark, olhando-o imediatamente.

– Sim, estou bem. – Sorri de leve, contente. – Obrigada por aparecer. Mas, por que não está dormindo?

– Eu não sinto sono.

Ficamos em silêncio, o que foi um tanto quanto estranho. Grandark não parava de me olhar, meio estático. Acabei limpando a garganta, olhando para o lado meio sem jeito. Ao fazer esse movimento, meu protetor acabou dando um pequeno pulo, passando a mão na nuca.

– Bem, melhor ir dormir então, certo?

Olhei-o surpresa. Que mudança súbita de comportamento era aquele? Perguntando sobre o que deveria fazer em busca de aprovação? Pisquei os olhos, mas acabei dando um sorriso. Aquilo me fazia lembrar o Zero... Talvez Grandark estava apenas um pouco estranho, mas... Estava feliz de poder ver aquele tipo de coisa novamente.

– Sim. – Confirmei com a cabeça, começando a andar de volta para o meu quarto.

Estranhei não ouvir passos além dos meus e parei pouco antes de chegar ao fim do corredor, virando para trás e vendo-o parado no mesmo lugar, me olhando. Soergui as sobrancelhas. Aquilo era realmente estranho para o Grandark... Certo, eu não sabia aonde ele dormia, no entanto eu esperava que ele pelo menos se movimentasse para algum lugar...

– Algum problema, Grandark?

Assim que falei seu nome, ele estacou no lugar, me encarando. Senti um arrepio cruzando meu corpo com aquela reação. Alguma coisa estava definitivamente errada... Quando me virei e pensei em falar alguma coisa, ele começou a andar na minha direção. Fiquei quieta, estranhando o próprio silencio do meu companheiro. Ele parou alguns centímetros a minha frente, em olhando, sua feição estava absurdamente séria e sua respiração parecia estar um pouco mais acelerada. Só agora que pude notar também que os punhos do Grandark estavam fechados. Engoli seco, olhando-o logo em seguida.

– O-o que foi?

– Meu nome... É Zero.

Fiquei parada no lugar, encarando-o surpresa. Não sabia o que dizer. Eu queria poder dizer e fazer alguma coisa... Depois de tanto tempo, que pareceu muito maior do que realmente foi, ele estava na minha frente. Não Grandark, mas sim Zero. Será que ele me reconhecia? Bem, pelo jeito que ele agiu ali... Talvez ele me reconhecesse. Mas, será que ele me conhecia com as memórias do Grandark ou com as minhas memórias? Como eu estou tendo tantos pensamentos complicados do nada? Quando percebi, eu já estava sorrindo. Mas, e se ele julgasse errado? Por que estou tão confusa?

Respirei fundo e sorri de volta para ele.

– Que bom te ver, Zero.

O que raios era aquilo que acabei de falar?! Nem fazia sentido! Se ele não me reconhecesse com certeza iria pensar que eu era louca ou algo parecido! No entanto, o rapaz a minha frente acabou sorrindo de volta e avançou para cima de mim, me envolvendo com os braços num abraço apertado e puxando minha cabeça para seu ombro.

– Digo o mesmo, Holy.

Minha cabeça parecia estar rodando. Estava confusa, estava sentindo meu rosto pegando fogo... Eu nem mesmo sei o que fazer primeiro! Hesitantemente, sentindo medo de que Zero do nada se tornasse Grandark novamente, pousei as mãos nas costas dele num abraço completamente ao contrário dele, apesar de estar extremamente contente e com um grande sorriso nos lábios.

Talvez aquilo tudo fosse um sonho? Um pesadelo que se tornou em um bom sonho? Eu não sei, sinceramente... Gostaria de realmente poder saber, mas... Suspirei e fechei os olhos, apenas me aconchegando nos braços daquela presença que tanto senti falta.

Passaram-se alguns breves minutos sentindo os braços dele me envolvendo. Minha cabeça ainda girava de perguntas. Como ele me conhecia? Por que ele não apareceu antes? Quando afastei a cabeça para falar alguma coisa, ao abrir os olhos, vi que aquele sorriso inocente de antes havia desaparecido completo e dado espaço para um sarcástico. Pisquei os olhos.

– Então... Posso saber por que está me abraçando?

Aquele... Maldito... Tom de voz. Eu reconheceria todos os dias da minha vida. Senti meu rosto esquentando novamente, apesar de não saber se era por vergonha ou por fúria dessa vez. Encarei aquele visor amarelo na minha frente conforme aquele sorriso parecia estar se tornando mais e mais debochado.

– Se está com problemas para dormir, eu posso ir dormir com você. – Grandark disse no mesmo tom meio estranho de antes, que parecia queria dizer alguma outra coisa.

– Grrr... – Bufei, soltando-o do abraço e fui tentar me afastar, no entanto os braços dele apenas me apertaram de volta, arregalei os olhos, olhando-o. – Me solta!

– Hehe... Não se você não explicar por que estava me abraçando. Eu sou tão irresistível assim?

Parei de me debater e encarei aquele visor amarelo novamente, confusa. Do que ele estava falando? Como assim irresistível? Aquilo realmente não fazia o mínimo sentido. Pisquei os olhos.

– Não entendi.

Grandark soltou um suspiro decepcionado, me soltando logo em seguida.

– Vai dormir baixinha, você ainda tem que crescer.

Senti meu rosto ficar vermelho, balancei os braços para cima, enquanto exclamando.

– Eu não sou baixinha!

–x-

Claro que, finalmente, depois de tudo aquilo, eu apaguei na cama.

Acordei com batidas na porta e me levantei devagar, ainda sonolenta.

– Holy? – Reconheci a voz do Grandark. – Holy, acorde.

– Já vou... – Depois de dizer isso afundei o rosto de volta no travesseiro.

Senti minhas pálpebras pesando, estava quase cochilando de volta quando escutei a porta do meu quarto sendo arrebentada. Arregalei os olhos e levantei na hora, olhando para a porta escancarada e Grandark abaixando a perna. Pisquei os olhos. Olhei para a tranca, vendo que a madeira foi completamente arrebentada pelo chute do rapaz. Em seguida o fitei abismada.

– Vamos, troca de roupa, não temos tempo a perder. – Era bem nítido que ele estava apressado pelo tom de voz.

– Bem, certo... Mas, poderia sair do quarto?

– Não. – Grandark se recostou na parede, cruzando os braços.

Senti meu rosto ficando quente novamente, apertei o lençol sob minhas mãos.

– Eu não posso trocar de roupa com você aqui.

– É claro que pode. – Novamente aquele sorriso de deboche surgiu nos lábios dele. – Com essa camisola, já deu para perceber que não tem nada demais mesmo, haha.

Agora podia sentir perfeitamente que minha face estava em chamas. Peguei o travesseiro e joguei na cara do Grandark, que simplesmente segurou-o depois de ser atingido.

– Ah, então é assim? – O travesseiro foi jogado no chão. – Ok, vai assim mesmo.

Grandark andou na minha direção, pegou meu braço e me puxou para o ombro dele, me deixando de bruços e com as pernas no peito dele. Podia sentir minhas pernas completamente descobertas, ainda mais pela posição que eu me encontrava.

– O que você está fazendo?! – Comecei a bater nas costas dele com as mãos fechadas e chutar o peito dele. – Me solte!

– Ei, para de se mexer, baixinha. – Grandark segurou minhas costas como se eu fosse um saco de batatas e começou a andar pelo quarto. – Cadê as roupas...

Escutei o barulho da gaveta da cômoda se abrindo e bati com mais força nas costas do demônio de olhos verdes.

– Pare de olhar nas minhas coisas!

– Por Deus, pare de reclamar tanto! Agora, vamos ver...

Vi minhas calcinhas e meias voando para trás, sendo jogadas no chão e ao ver aquilo fiquei completamente vermelha, parando por um momento enquanto tentava processar tudo aquilo. Ele estava jogando todas as minhas coisas no chão! E vendo coisas que não deveria também! Senti meus olhos ardendo apesar do meu rosto estar queimando.

– É, não está aqui. - Escutei o barulho da gaveta se fechando e Grandark olhou ao redor. – Onde está... Ah, ali!

Ele andou até o banheiro e pegou meu uniforme de paladina, jogando em cima de mim. Bufei, voltando a bater nas costas dele.

– Por que está fazendo isso?!

– Por que você iria demorar uma década para se arrumar sozinha. Estou pegando suas roupas para se trocar no aeroplano no caminho.

– Mas... Mas... Aurgh... – Abaixei a cabeça e os braços, desistindo de lutar contra ele.

Pelo menos meu vestido estava cobrindo minhas pernas. Ele andou para pegar meu martelo e saiu arrastando-o pelo castelo, andando para a sala de reuniões. Suspirei. Que tipo de impressão o Ryan teria de mim agora? Provavelmente ninguém iria me olhar de volta da mesma forma. Não, aquilo era certeza. Abaixei a cabeça e esperei pelos momentos finais da boa impressão que eu tinha.

–x-

–... Eu tenho até medo de perguntar por que a Holy está assim. – Foram as primeiras palavras que ouvi da boca do Ryan quando chegamos na sala de reuniões.

– Ela estava dormindo demais e achei que seria mais rápido traze-la. – Grandark se justificou sem pensar duas vezes, dando um sorriso de canto.

– Ceerto... Bem, poderia colocar a Holy no chão?

– Ok.

Quando senti que estava sendo movida e me lembrei que ainda estava de camisola imediatamente me agarrei na camisa do Grandark.

– Não, não! – Continuei me segurando.

– Sério? Antes você queria que eu te colocasse no chão, agora vai!

Grandark tentou me puxar com mais força para que eu fosse ao chão. Ao sentir isso, joguei meu corpo um pouco para frente e me segurei no cinto da calça dele. Ao primeiro puxão, o demônio de olhos verdes soltou um grunhido dolorido, apertando a base das minhas costas.

– Suazinha... Solta isso agora.

– Nã-não!

– Ora...

– Eu acho que é um preço justo a se pagar. – Escutei Edna falando num tom de riso.

– Be-Bem... – Ryan limpou a garganta. – Poderia então vira-la para conhecer a Edel?

Grandark bufou e deu um giro no mesmo lugar, virando de costas para todos e então pude enfim vê-los. Estava sentindo meu rosto quente e estava extremamente desconfortável. Reconheci todos ali, menos uma garota de cabelos brancos e olhos azuis, parada à minha frente, aparentemente surpresa com a situação que eu me encontrava. Ela usava uma roupa visivelmente nobre, numa combinação bonita do casaco azul com a calça branca.

Apesar de manter uma pose séria a principio, ela acabou dando um sorriso de canto, cobrindo a boca com a mão conforme um risinho escapou da sua boca e me olhou de volta.

– Prazer em conhecê-la senhorita Holy. – Ela disse de forma calma e sorridente. – Sou Edel Frost, a capitã da equipe de expedições.


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Notas finais do capítulo

Prontinho~~

Espero que tenham gostado. : D