Meu Acampamento de Verão escrita por Diva Fatal


Capítulo 60
Capítulo 60- No Pântano




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Não demorou muito para nos juntarmos ao redor daquela fogueira, em meio as fadas que nos observavam tão atentamente.

Imaginava como era para as crianças fada, ver anjos e semideuses pela primeira vez, quem sabe, talvez não fosse a primeira vez, mas de uma coisa eu tinha certeza, todos prestavam atenção a cada movimento nosso.

Uma entre as fadas levantou-se trazendo consigo uma bandeja e um copo para cada um de nós. O líquido dourado parecia tentador quando ela entregou o recipiente em minha mão.

A bela criatura possuía cabelos pretos de mechas avermelhadas, usava uma bata branca bem clara, quase transparente, ia dos ombros em ondas de babados finos até abaixo dos seus seios deixando completamente sua barriga exposta, porém no final da abata fina, logo abaixo dos seios, pendiam contas com moedas de cobre, bem pequenas, elas cintilavam e trincavam em um barulho alarmante e suave. Da cintura até os pés abria-se uma saia espanhola longa toda avermelhada, bem aberta, bastava um único movimento rápido e a saia iria abrir-se jogando-se no ar e revelar as suas pernas, a borda da saia era em um amarelo dourado imitando moedas de ouro. Seu cabelo segurava uma rosa vermelho carmesim, foi então que percebi a música ter parado.

Ela voltou-se até o centro do circulo e soprou o fogo, uma erupção ocorreu, as chamas subiram dez metros no ar deixando a fogueira, elas dançavam a cima de nós, cintilando como se o próprio ar fosse a sua nova brasa que a alimenta.

Uma fada criança que estava sentada ao meu lado sacou um banjo e começou a tocá-lo rapidamente, era uma melodia rítmica que fez lembrar-me o flamenco.

A fada de mechas ruivas olhava para cima fitando o seu circulo de fogo no ar. Refletia as chamas em seu olhar singelo e vago. Voltou a fitar a plateia com um sorriso largo de orelha a orelha. Em suas mãos segurava um par de castanholas.

–Ai ai ai aiii! –gritou a fada me dando um susto de desespero. Logo em seguida começou a dançar, movendo sua cintura ao som do banjo e do violão que havia entrado na música.

As castanholas estalaram em seus dedos enquanto rodopiava em círculos vermelhos com a saia aberta largando-se com o vento.

A fada levou puxou um garoto que estava vendo-a com tata admiração e o trouxe para dentro do circulo brincando com as castanholas estalando com voracidade.

–Baila! –falou a fada laçando seu braço ao dele e fazendo-o se soltar, os dois rodopiavam gargalhando, saltando e revezando de braço em braço atiçando a plateia para juntarem-se a eles.

Não demorou e outras fadas foram para o circulo e começaram a achar pares.

Dei uma longa golada na bebida dourada, era um gosto extremamente estranho, minha língua ficou dormente no mesmos segundo em que bebi.

–Não! –Ariane tirou o copo da minha mão e segurou minha cabeça na palma das suas mãos. –Não.... Phi.. –olhou fundo nos meus olhos, eu piscava pesadamente com sono.

–T-tem algo no meu rosto? –minha cabeça girava sonolenta em pura embriaguez de sono.

–Steven! –falou o mais baixo que pode tentando alarmar o anjo caído ao meu lado. –Ela bebeu o sangue.

Ele tocou o ombro de Karen e sussurrou algo em seu ouvido, na mesma hora ela levantou-se discretamente e abraçou-me por trás passando os braços envolta da minha barriga e me forçando a levantar.

–Vãaamos aonde? –solucei tonta.

–Steven e Ariane, distraiam nossos anfitriões. –pediu Karen enquanto caminhava com meu braço envolta dos seus ombros me apoiando e guiando-me para dentro da escura e enevoada floresta.

Meus olhos se fechavam entorpecidos querendo adormecer, o sono possuía-me a mente a medida que as arvores nos engoliam pela floresta.

O piar de uma coruja era todo o barulho que ouvia, além dos passos pesados de Karen ao meu lado esmagando as folhas mortas abaixo de nós.

–Deveria saber que beber qualquer coisa vinda de fadas é um veneno. –balbuciou Karen fazendo um arbusto a nossa frente literalmente se desprender do chão, suas raízes caminharam pela terra penetrando-a a cada passo e movendo-se de lugar para nós passarmos.

–Aonde.. a-aonde.. –tentei argumentar, mas pontos pretos formavam-se em minha visão, doía demais manter os olhos abertos.

–Shiii, poupe-se, apenas caminhe, estamos chegando.

O coaxar de sapos soou por todos os lados, de repente o chão ficou barroso e podia sentir um cheiro pútrido.

–Você foi estúpida demais ao beber sangue divino, pode prejudicar a sua filha, ou pode acabar fazendo um bem incrível, sabia? –Karen acelerou o passo.

Eu tentava acompanhar, mas meu estômago revirava, um troço queria subir pela minha garganta e despejar-se de vez.

Sinto meu pé pisar em algo mole, na mesma hora afunda, era como se uma gosma tivesse engolido minha perna.

–Ei, olha por onde anda. –Karen me puxou e olhou para baixo, guiei meu olhar para o mesmo local, eu havia pisado numa poça de areia movediça. –Sorte sua só ter sido uma perna.

A filha de Deméter bateu um pé no chão e a poça grande de areia movediça foi engolida por raízes grossas e pesada que cobriram completamente a poça.

–Socorro... –tentei gritar mas tudo o que saiu foi um gemido agudo de dor e sonolência.

–Calma, estamos quase lá. –argumentou Karen.

Senti um estalo no meu pescoço, foi como se literalmente meu cérebro tivesse estalado algum osso, mas pelo que sei, o cérebro é puro nervo. Um pesar de uma mão afagou o meu ombro.

Imediatamente cada músculo no meu corpo se aliviou e senti a quentura descer, do cérebro até as pontas dos dedos. Analisei o lugar já não me sentindo tonta, nós realmente estávamos num pântano.

Karen segurava uma lanterna larga bem pesada, apontava a luz de um lado para o outro, até que uma rajada de luz atingiu a superfície de um lago, nele um crocodilo nos fitava, os olhos brilhando por causa da luz da lanterna, fez meu corpo ter um arrepio.

O chicote ainda estava em meu pulso. Não sabia oque esta ocorrendo, Karen jamais nos trairia...

–Estávamos na floresta... como viemos parar aqui? –fiz meu showzinho fingindo ainda estar grogue.

–Bruxas podem estar em muitos lugares. -falou baixo continuando o passo.

Ouvia o granir dos crocodilos bem ao lado de nós dentro daquele lago barrento, podia ouvir a água movendo-se junto ao corpo dos répteis que ali abitavam.

–Bruxa? –perguntei.

Pude imaginar seu sorriso alargando-se, ela era tão cativante, mas agora estava dando-me medo, e talvez... estivesse me sequestrando.

–Bruxas não são como os contos populares. A maior parte da população mundial tem preconceito com tudo que seja diferente do que eles acreditam, porém, eu sou uma bruxa, tenho orgulho disso.

–Por que estamos aqui?

–Uma amiga quer lhe ver, não se preocupe, você não corre perigo, eu jamais deixaria alguma coisa acontecer com você. –ela tirou meu braço que apoiava-me em seu pescoço. –Não precisa mais disso, não é?

Me surpreendi com a descoberta dela, como sabia...?

–Venha, estamos quase chegando. –ela sorriu para mim.

A segui, já que não sabia onde estava e ela era a melhor escolha a se fazer, afinal, “dançar” com o conhecido era melhor do que “jogar” com o desconhecido.

Um crocodilo saltou para fora do lago, ficando completamente suspenso no ar e caindo em cima de mim, o susto disparou uma carga de adrenalina tão forte que meu coração doía no peito.

Ouvi um barulho de algo estalando, como se fossem galhos quebrando. O crocodilo foi arremessado para longe com tanta força que deu giros em pleno ar e caiu de bruços na água do lago.

Toda a situação ocorreu em menos de um segundo, o crocodilo ter se jogado em mim, e com tanta facilidade ele foi arremessado tão rápido quanto veio.

Um salgueiro gordo e com mais de três metros remexia-se atrás de mim, ele havia se curvado e literalmente jogado o lagarto crescido de volta a água.

Era Karen, não sabia qual era o potencial de um filho de Deméter, mas isso era além da minha compreensão...

–Como falei, não vou deixar que aconteça nada com você.


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