Dragões E Serpentes - Draco E Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 13
Malfoy Manor


Notas iniciais do capítulo

*jurosolenementequenãovoufazernadadebom*

Chicas calientes, uma oração coletiva para uma morte lenta da Daphne E_E

Não aguento essa guria - disse a menina que criou ela.

HAHA aproveitem ;)



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Treze)

Era nosso sexto ano. Harry tinha atacado Draco e ele estava na enfermaria, todos tinham saído e o toque de recolher já havia soado. Eu me esgueirei rapidamente entre os corredores: precisava ver ele.

Assim que vi o loiro coberto por cicatrizes não pude evitar morder o lábio para reprimir um ganido que quis irromper em minha garganta.

O loiro estava desacordado com inúmeras ataduras e algumas cicatrizes descobertas pelo peito desnudo, levantei o lençol que o cobria, ele usava apenas uma bermuda e suas pernas também estavam repletas de curativos.

Sentei-me ao seu lado e apoiei a cabeça em seu ombro, não sei por que me sentia absurdamente culpada por isso, não aguentava vê-lo assim. Senti raiva de Harry, senti meus olhos enxerem-se de lágrimas e deixei um soluço escapar pelos meus lábios. Haviam boatos no colégio que Draco era um comensal, Harry mesmo parecia ter certeza. Desci o olhar para o braço do loiro, não havia nada ali além de bandagens. Eu quis ficar feliz, mas ao invés disso apontei minha varinha para seu braço.

Finite – eu disse receosa.

E assim como eu temia o feitiço ilusório se foi e em seu braço brilhou uma grande tatuagem negra onde a cobra que saia do crânio remexia-se ameaçadoramente. Mais um soluço irrompeu. Eu deveria ter parado ali, aquilo era demais, mas eu precisava saber mais.

Legilimens. – eu disse e fui sugada para dentro da mente do loiro.

– Jovem Malfoy. – sua voz arrastada se fez ouvir, seus olhos rubros brilhando contra a fraca luz do lugar.

Draco estava de pé em sua frente, usava uma grande capa negra, seus olhos estavam frios e duros. Dois comensais encapuzados apareceram ao seu lado, reconheci um deles como sendo Lúcio, pois seus cabelos platinados podiam ser vistos caindo por cima da máscara.

– Jura servir à mim, seu mestre ante tudo e todos?

– Juro Mi Lorde. – Draco respondeu com sua voz fraca. Ele tinha profundas olheiras e marcas no rosto como se tivesse brigado, seu lábio estava cortado, mas seus olhos continuavam firmes e irreverentes. Desafiadores.

Voldemort estendeu o braço, Draco fez o mesmo e ambos uniram-se em um aperto.

– Não... – eu sussurrei sabendo que nada poderia fazer para mudar aquilo.

Um fio de prata então saiu da varinha de meu pai e deslizou pela mão de Draco e de Voldemort, eles tinham feito o voto perpétuo.

– Marquem-no. Lúcio, você segura ele.

A sombra de um sorriso dançou nos lábios de Voldemort,quis fechar os olhos para a próxima cena, Lúcio guiou o filho até uma cadeira fazendo-o sentar e segurou Draco contra ela enquanto dois comensais traziam algo que parecia um desses atiçadores de lareira e um recipiente de prata coberto com um líquido preto que soltava uma fumaça negra espessa, um pingo daquilo derramou-se no tapete corroendo não apenas o tecido como o chão abaixo dele.

Mergulharam o aço naquilo e depois afundaram no braço de Draco.

Gritei, gritei o mais alto que pude, meus gritos refletindo os gritos agoniados e torturados de Draco que se debatia de baixo dos braços de Lúcio que mal encarava a cena. Tentei tirar Lúcio de cima de Draco, mas tudo que consegui foi atravessar pela memória de Draco.

A cena mudou, e então estávamos em uma tarde ensolarada onde uma versão pequena minha e de Draco subíamos na jabuticabeira do jardim, brincando de pular de galhos em galhos, ouvi enquanto os gritos aos poucos diminuíam.

Ele tinha pensado nisso para fugir da dor?

A cena mudou novamente, estávamos em uma cabana de pedra rudimentar com cinco pessoas ajoelhadas na frente de Draco, que estava ainda suado e a manga de seu braço esquerdo estava arregaçado mostrando a medonha tatuagem inflamada e coberta por sangue seco, meus olhos estavam úmidos.

“Ah, Draco, o que fizeram com você?” eu pensei comigo mesma.

– Para finalizar a magia, você deve molhar sua marca em sangue e erguer mais um irmão para nós. – Voldemort disse calmamente com seus dedos cruzados observando com certo divertimento a cena.

Lúcio estava ali, ao lado de Draco, sua expressão escondida pela máscara, mas minha mãe... Oh deus, minha mãe estava arrasada, com os olhos inchados e sérios, seu ar Malfoy acima de tudo, mas eu era capaz de notar, com meu olhar treinado, a dor em seus olhos. Ela também estava machucada, mais do que Draco, tinha a boca cortada e em um tom de roxo escuro, tinha um profundo corte acima de seu olho e marcas esverdeadas que se escondiam no tecido, estava em pé, mas a respiração difícil entregava a dor que ela sentia.

– Meu lorde, mas quem são esses?

– Trouxas, escória do mundo bruxo. Não importa. – Voldemort murmurou com sua voz grave e aveludada.

E então como uma memória dentro de uma memória, Draco pensou em mim. Foi algo rápido e doloroso, apenas o meu rosto choroso. Mas a memória foi rapidamente interrompida pelo grito de Narcisa que caiu ao chão se contorcendo sob o aceno de varinha de Voldemort.

Lúcio fez um movimento microscópico em direção a esposa, mas a voz de Draco soou firme e cortante, quase desesperada:

Avada Kedavra! – ele apontou para a primeira trouxa em sua frente.

Os gritos de Narcisa cessaram. Eles estavam usando minha mãe para persuadir Draco!

Engoli em seco.

– Nunca mais hesite. – Voldemort disse ameaçadoramente – essa será sua última vez, ou eu matarei todos aqueles que você se importa.

– Sim Meu Lorde. – Draco fez uma rápida reverência.

– Agora o sangue. – Voldemort disse voltando a cruzar seus dedos.

Aquilo era demais para mim, apenas fechei meus olhos e saí da mente dele, cansada e deprimida.

A enfermaria escura, o silencio sufocante, apenas o som da fraca respiração de Draco. Passei minha mão delicadamente pelos seus cabelos acariciando seu rosto. Eu sabia tão pouco sobre ele, ele tinha mudado tanto. Eu precisava acabar com aquilo, o único jeito de salvar Draco era por fim àquilo tudo, Voldemort precisava morrer. Eu apenas rezava para que não fosse tarde de mais.

– Hermione... – ele murmurou de olhos ainda fechados.

– Draco. – eu respondi sorrindo evitando as lágrimas que queriam voltar a cair.

– Hermione... – ele abriu um pouco os olhos.

– Estou aqui, eu sempre vou estar com você.

– Mentira. – ele disse mexendo o rosto rapidamente, ele estava sob efeito de poções e feitiços. – eu te odeio. Eu te odeio. – ele disse olhando em meus olhos.

Ele ergueu seu braço bruscamente, quase me matando do coração. Ele segurou minha nuca e se ergueu em minha direção.

– Eu te odeio. – ele disse com os lábios quase encostados aos meus.

Eu senti lágrimas quentes e em grande quantidade rolarem pelo meu rosto e um soluço escapar por meus lábios. Ele então me puxou para si, me beijando ansioso, sua língua desesperada contra meus lábios. Em uma tentativa inútil de confortá-lo abri os lábios acariciando sua língua com a minha. Apenas o deixei mais furioso, de modo que ele agora me beijava de modo rude e agarrava meus cabelos, deixando meu couro cabeludo dolente.

E então ao tentar se levantar em minha direção ele soltou um gemido de dor e deixou seu corpo cair na cama.

Eu fiquei ali, com os olhos arregalados com lágrimas secando em meus olhos. O que eu deveria fazer?

– Senhorita Greengrass. – uma voz soou atrás de mim, quase me matando do coração.

– P-professor Dumbledor!

O velho estava na porta, surpreso ao me ver ali, tinha acabado de chegar, ao menos eu espero.

– Creio que isso não são horas de estar fora da cama, senhorita.

– Sinto muito senhor, eu quis ver como Draco estava.

– Entendo, venha comigo.

Eu estava encrencada. Suspirei e segui o homem, contudo ao invés de seguir pelo corredor ele foi até Draco e segurou seu pulso. Arregalei os olhos, ele tinha visto a marca! Dumbledore apenas me lançou um sorriso e com um aceno de varinha voltou a esconder a marca no braço de Draco.

– Venha comigo, senhorita.

Segui-o até seu escritório, sentei-me na grande poltrona em frente a sua mesa e o observei enquanto ele se sentava do outro lado da mesa, na grande cadeira de diretor. Ele cruzou os dedos o que incomodamente me remeteu ao gesto de Voldemort.

– Creio que já saiba do senhor Malfoy.

– Sim. O que vai fazer com ele?

– Nada. – ele deu de ombros.

– Como assim nada? Ele é um comensal!

– O que espera que eu faça? O que você vai fazer com ele?

Eu queria voltar a chorar, mas não o faria. Apenas engoli meu desgosto e pisquei algumas vezes para o senhor em minha frente, esperando que ele dissesse algo. Mas ele não o fez.

– Quero ajudar Draco, não quero que ele passe por tudo isso.

– Entendo, mas você compreende que ele agora está preso à Voldemort?

– Então ele nunca mais... Nunca mais...

– De jeito nenhum. Há um jeito.

– Que jeito?! Faço o que for preciso!

– Eles estão ligados pelo Voto Perpétuo, e só há uma maneira de romper esse elo.

Eu nem pensei direito, sabia o que ele queria dizer.

– Você-sabe-quem deve morrer. Se isso acontecer, Draco estará livre?

– Se ele quiser ficar livre, sim.

Como assim se ele quiser? Por que Draco gostaria de servir alguém que torturou sua mãe?

– Você tem que entender, que Voldemort tem um grande poder de sedução, Draco precisa de algo mais forte, que o chame para o caminho certo novamente. Entende?

Mas eu não estava escutando o velho. Poder de Sedução. Meu pai... Digo, Lúcio era um súdito dele. Eu teria que lutar contra meu pai, enfrentá-lo.

– E-eu não consigo.

Dumbledore levantou-se e caminhou até mim, ajoelhou-se ao lado da minha cadeira e segurou minhas mãos. De relance vi de perto sua mão esquerda com aquele tom preto meio necrosado.

– Hermione, olhe para mim. – ele disse olhando em meus olhos por cima de seus óculos meia lua. – eu sinto que tudo isso tenha acontecido à jovens como vocês. Vocês são bons, puros, não merecem pelo que estão passando. Mas você não pode se acovardar agora.

– O que quer dizer?

– Harry está indo para uma longa e sombria estrada, ele precisará de ajuda.

– Eu sempre estarei com Harry!

– Eu sei, criança. – ele sorriu dando tapinhas na minha mão – mas não esqueça Draco. Derrote Voldemort pelos motivos certos, tenha sempre em mente o por que da importância de derrotá-lo.

– Ajudar Harry. É o certo.

– Não. Esse não é o motivo certo. Não se trata apenas de certo e errado, você não é inimiga de Draco. Não de verdade, estão em lados opostos, mas você deve lutar para salvá-lo.

– Eu luto para derrotar Voldemort, para salvar Draco. – eu repeti aceitando aquelas palavras como a maior das verdades.

– Acredita nisso?

– Mais do que tudo! – eu disse também pegando as mãos de Dumbledore.

– Agora me prometa que vai ser forte, fique com Harry até o fim. E acredite em Draco.

– Sempre!

– As coisas vão ficar sombrias daqui pra frente, minha cara. Será uma honra tê-la entre os nossos.

– Dou meu coração e alma nisso senhor, acredite, não vou fraquejar!

Eu daria tudo de mim, derrotaria Voldemort, custe o que custar!

– Acredito em você. – ele disse sorrindo. – agora vá dormir, vou pedir para Nick acompanhá-la de volta. Obrigado por tudo.

E então ele me abraçou, seus cabelos brancos com cheiro de açúcar e seus doces olhos azuis. Uma das ultimas vezes que aqueles olhos azuis que tudo sabiam me tranquilizaram. Eu sinto falta daqueles doces olhos cor de mar.

***

– AAAAAAAAAAAAAAAH! – eu gritava enquanto Bellatrix desferia outro crucio em mim. – eu não sei! – eu gritava desesperada.

Os gritos de Rony eram tão altos que eu os ouvia da sala. Bella estava em cima de mim com sua adaga e a afundava em meu braço, mexendo a lâmina para lá e para cá, eu já estava sem fôlego de tanto gritar e chorar.

Procurei desesperada por ajuda de minha mãe, de meu pai ou Draco. Mas não veio. Os três estavam em pé, no canto da sala.

Lúcio estava de costas e bebia algo em seus copos de cristal. Minha mãe torcia um pedaço do seu vestido enquanto Draco... Draco era o pior ele apenas olhava com indiferença para mim. Eu era sua irmã, e ele nem ao menos sentia nada ao ver que eu me contorcia de dor.

Bellatrix então passou seus longos dedos pelo meu pescoço de um jeito quase erótico, levantando entre os dedos o colar que Draco havia me dado anos atrás.

– Solte isso! – eu gritei em um tom estridente.

– Você não está em condições de colocar qualquer exigência sua bastarda!

Ela então com um golpe firme cravou a adaga na minha perna, mais um grito estridente escapou de meus lábios, senti o ardor se espalhar pela minha perna e meus olhos encherem-se de lágrimas novamente.

– Temos que receber aquela encomenda Bella. – a voz de Draco se fez ouvir entre meus gritos. Calma, quase tediosa.

A morena de sorriso perverso olhou para o sobrinho, tirou a faca de minha perna e eu me torci novamente de dor, soltando um baixo ganido.

– Ah, verdade. – ela disse naturalmente como se não estivesse torturando uma garota até então, e sim plantando rosas. – mas sobrinho, você tem uma luta hoje, não tem? Eu busco para você pirralho, prepare-se, quando voltarmos eu continuo com ela.

– Sim Tia.

E então, como um maravilhoso som percebi quando Bellatrix se afastou de mim com o barulho típico de seus saltos finos e sua risada desvairada.

– Vocês estão dispensados. – foi a voz de meu pai que ecoou enquanto os comensais aos poucos se afastavam.

Aquela sala. Eu brincava com Draco naquela sala, construía cabanas, brincávamos de carrinho, pega-pega, cabra-cega, e hoje a tia de Draco brincava comigo, dava algumas risadas ao me fazer sentir as piores dores que eu já senti na vida. As pesadas botas de meu pai... Lúcio ecoaram em minha direção, consegui erguer meu rosto e olhar para ele. Perfeito como eu costumava lembrar, um olhar cansado e um rosto judiado, a barba por fazer, mas ele continuava altivo. Como no dia em que falava com o pai de Crabbe e meu pai Hugo, sua postura impecável e nenhum sinal de sentimento algum no rosto. Torci o rosto para não chorar, mesmo ali eu não conseguia vê-lo como um inimigo.

– Pai... – eu sussurrei, nem ele deve ter ouvido.

– Draco, leve-a para as masmorras. – ele virou o rosto. – e depois prepare-se para a sua luta, Maddox te espera.

Ele realmente me odiava não era? Ele nem ao menos olhou direito para mim, eu costumava ser sua princesa e agora ali estava eu, sendo torturada e ele nem ao menos olhava para mim. Ele não se importava comigo. Eu era uma tola, ele tinha dito com todas as letras: eu não era da família dele.

Draco marchou até mim, mas antes que me alcançasse minha mãe agarrou seu ombro ferozmente e cochichou alguma coisa, logo em seguida me lançou um olhar torturado e engoliu em seco. Tentei dar um sorriso reconfortante, mas tudo que consegui foi fazer com que ela começasse a tremer o queixo e saísse da sala em passos firmes e um olhar triste e miserável.

Draco chegou ao meu lado.

– Consegue ficar em pé? – ele disse me olhando de cima.

– Claro que não, seu grande imbecil.

– Eu tomaria cuidado com a língua se fosse você. Pode acabar sem ela. – ele me ameaçou.

– Sua tia ficaria furiosa se você tirasse esse prazer dela.

Ele apenas se abaixou e me pegou no colo, senti uma dor insuportável em meu corpo, minha perna se contraiu e eu fiz uma careta. Será que era tarde? Será que Draco havia ficado que nem meu pai? Será que ele agora era leal a Voldemort e se orgulhava da marca em seu braço? Será que ele tinha sido totalmente corrompido? Eu tremi diante da possibilidade de ser tarde demais e eu tê-lo perdido para sempre. Ele andou comigo, mas não para as masmorras e sim para o seu quarto. O que ele estava fazendo?

*

Andei com ela pelos corredores ela estava muito machucada, mas ainda assim tinha seu olhar atrevido de sempre. Eu não pude defendê-la, não pude fazer nada por ela, se eu tentasse impedir minha tia, ela só ia se divertir mais em ver como isso me afetava.

– Jovem Malfoy... – Yaxley passou por mim dando risada – aproveite bem a bastarda.

Aquilo me enjoou, apenas trinquei o maxilar e deixei minha expressão vazia, Hermione contudo se remexeu inquieta no meu colo. Ela realmente achava que eu faria algo assim?! Entrei no meu quarto, ela estava meio cambaleante, mal conseguia deixar a cabeça firme em cima do pescoço, eu sabia bem como era exaustivo levar uma serie de crucios.

Deitei-a em minha cama.

– O que você quer comigo sua doninha pervertida? – ela mal mantinha os olhos abertos.

– Fique tranquila, necrofilia não é bem meu lance. – eu disse revirando meus olhos.

Ela tentou falar alguma coisa, mas apenas ofegou cansada.

Pinguei Ditamno em seus machucados e dei-lhe um poção revigorante. Depois desci para cozinha e preparei um lanche para ela e levei até meu quarto. Assim que entreguei a comida para ela, ela virou o rosto olhando para longe.

– Você precisa comer, está pele e osso. – eu disse reprimindo uma vontade estranha de esmagá-la em um abraço.

– Me deixe com Harry e Rony. – ela disse sem olhar para mim.

– Você não se cansa em escolher eles não é?

– Por que não entregou Harry? Você sabia que era ele! Você poderia ter salvado sua família da lama, seu precioso Lord iria devolver a glória aos Malfoy.

– Não grite garota! – eu disse rapidamente acenando para a porta – Abaffiato! Quer entregar o testa rachada? Eu não o entreguei, pois se o fizesse você seria morta.

– O que te importa?

– Eu não sei o que houve entre você e meu pai, mas você ainda é minha irmã.

Eu estiquei meu braço e percorri meus dedos pelo pescoço de Hermione até pescar seu colar, ela interpretou errado e apenas arregalou os olhos surpresa e começando a ficar vermelha. Quando puxei seu colar para fora ela piscou assustada e confusa.

Ela olhou para o colar e olhou para mim, seus grandes olhos castanhos piscaram seus cílios longos e volumosos, e seu olhar novamente tornou-se brilhoso. Eu senti algo mexer-se em meu peito, um nó se formar em minha própria garganta.

Precipitei-me para ela, era sempre assim com ela, eu não pensava antes de agir.

Abracei-a desajeitado.

“Não chore, por favor, não chore.” Eu implorei silenciosamente.

Ela esticou suas mãos lentamente e agarrou a barra da minha camiseta, tremendo, soluçava contra o meu pescoço e todo seu frágil corpo tremia envolto pelo meu.

– Fique aqui comigo.

– N-não posso. – ela disse em um sussurro.

– Não me troque de novo. – eu implorei. – eu sou sua família.

– Eu preciso ir, por favor, Draco. Acredite em mim, eu faço isso por você. Por favor, não me odeie. – ela não me olhava nos olhos. – não vou aguentar se você olhar para mim como meu pai me olha. Por favor, Draco.

Eu suspirei. No fim ela sempre escolheria ao Potter. Mas eu não podia ignorá-la, não era como meu pai, não sabia como deixar de me importar com ela, seu apelo era tão desesperado que eu não conseguia ficar bravo com ela. Apenas queria tranquilizá-la, metê-la ali em meus braços a salvo de tudo e de todos.

Mas aquilo não era possível, estávamos em guerra e nossos lados eram distintos. Eu não podia ajudá-la, ela tinha que se afastar de mim, o mais que pudesse.

Aos poucos liberei-a de meu abraço, ela tinha os olhos caídos estava sonolenta.

– Eu vou derrotar ele, Draco, eu juro.

Eu apenas ri, descrente, cansado.

–Acredite em mim! – ela disse ligeiramente desesperada. – por favor, continue você, aguente só mais um pouco.

– Que seja, Greengrass.

Ela crispou os lábios e então notei como ela estava perto de mim. Eu ainda tinha meus braços ao seu redor dela. Ela tinha crescido, tinha o corpo de mulher agora suspirei cansado. Os anos tinham passado, mas eu ainda sentia como se fosse um garoto de 12 anos, que mal pode se conter de tanto ciúmes.

– Hermione eu ainda...

– Draco! – a porta quase veio a baixo.

Merda. Eu apertei os olhos.

**

Ele estava me olhando de um jeito diferente, e naquele momento ele era tudo, menos meu irmão. Senti meu peito acelerar, ele quase que inconscientemente aproximava seu rosto do meu.

– Hermione eu ainda...

Eu nunca soube o que ele ainda, pois estrondos soaram na porta.

– Draco!

Draco apertou os olhos, aquela vez fez com que eu me sobressaltasse para longe dele, como se eu estivesse fazendo algo muito errado. Eu estava?

Alohomorra. – aporta se abriu com um clique e por trás dela minha irmã mais velha Daphne, seus longos cachos loiros, seu rosto redondo. Ela estava em um longo e elegante vestido branco, seu rosto impecavelmente pintado. Eu? Bom, não vamos nem comentar, basta dizer que eu estava imersa em meu próprio sangue. Notei que tinha manchado a blusa e a cama de Draco. Xinguei mentalmente. Por que eu estava tão triste e frustrada? Ela era minha irmã, eu devia estar feliz. Tentei sorrir. Falhei miseravelmente.

– Hermione?! – ela não parecia feliz em me ver, apenas surpresa.

– Cala a boca, Daphne!

Draco se levantou e fechou a porta com um chute, ele estava mais do que irritado.

– Oi Daph. – eu disse, tentei me levantar, mas a dor me impediu.

– O que no inferno, você está fazendo aqui?! Nosso pai foi torturado por sua causa sabia?! Não fosse Draco, toda nossa família teria sido morta!

– Bom te ver também. – eu revirei os olhos.

– Vamos Draco, daqui a pouco sua luta começa, Pansy e Blaise vão nos encontrar lá.

– Luta? – afinal que luta era aquela que todos falavam?

– Eu luto em Vegas. – Draco deu de ombros, ainda estava desconfortável. – vamos, melhor eu te levar para as masmorras antes que minha tia volte. Sinto muito.

Eu por algum motivo estava brava. Ele ia sair com a minha irmã e eu estava indo ficar nas masmorras. Ótimo!

“Você escolheu isso” Algo disse rabugento.

Ignorei-o.

– Claro. – eu disse escondendo meu descontentamento. Consegui ficar em pé, mesmo ainda sentindo meu corpo doer e minha perna repuxar-se. – Diga ao papai que estou bem, e diga à Tori que eu sinto falta dela.

– Não vou dizer nada! Você é uma aberração Hermione, você só trás desgraça pra nossa família, nós estaríamos melhor com você morta!

– Já basta! – Draco disse ferozmente colocando-se em minha frente. – você é louca de falar com ela assim na minha frente? Ela ainda é minha irmã Daphne, não quero que a trate assim.

– Muito embora você esteja indo levá-la para as masmorras da sua casa. – ela resmungou, mas antes que Draco voltasse a gritar ela colocou os braços ao redor dele – desculpe, eu só me preocupo com vocês. – ela disse em tom quase manhoso.

Se eu não tivesse sido criada com ela, eu mesma acreditaria em sua inocência.

E então ela se inclinou e beijou Draco. Senti como se eu estivesse em queda livre, caí sentada na cama. Quis gritar, empurrá-la para longe, mas não pude. Apenas senti meus olhos ficarem inundados, limpei-os raivosamente. Eu me senti humilhada, triste, doente. Nunca tinha desejado morrer na minha vida, até agora.

Pela primeira vez na minha vida, fiz uma prece silenciosa para morrer, eu simplesmente não aguentava mais isso.

Eles separaram-se o que me pareceu uma eternidade depois.

– Draco, posso me despedir da minha irmã? Juro que não vou fazer nada, é só que... Ela é minha caçula. – Daphne disse meigamente.

Draco, estava com um rosto tenso, apreensivo, não olhou para mim, apenas ascentiu e saiu do quarto.

– Dois minutos. – ele anunciou antes de fechar a porta atrás de si.

Eu estava com um nó na garganta e a bile arranhava as costas do meu esôfago. Por que aquilo tinha me deixado pior do que um Crucio?

– Olha aqui – ela se agachou na minha frente – você perdeu, entendeu maninha? Você escolheu sua vida de revolucionária porra louca, eu escolhi o Draco, nós estamos namorando, em breve vamos casar. Você vai ficar bem longe dele entendeu?

Eu não disse nada.

– Eu ganhei, Hermione. – ela tinha um sorriso cruel.

Eu consegui segurar as lágrimas, mas a careta de dor que invadiu meu rosto e minha respiração irregular me entregava.

– Você está horrível, por sinal. – ela disse. A porta então se abriu e ela me puxou em um abraço falso – cuide-se minha irmã.

– Vamos. – Draco disse sem olhar para mim.

– Te espero aqui, amor.

Draco assentiu, lançou um rápido olhar para Daphne.

Eu manquei quarto a fora, sentindo saudades da tortura de Bellatrix. Pelo menos com ela eu apenas gritava e sentia dor, Daphne era pior. Muito pior.

A porta se fechou atrás de nós e Draco tentou olhar para mim, mas eu tinha o rosto baixo e deixei meus cabelos esconderem meus olhos. Estávamos quase nas masmorras, quando ele me puxou e me prensou contra a parede, assim que ergui meu rosto pretendendo desafiá-lo grossas lágrimas escorreram pelo meu rosto. Eu nunca chorei tanto em uma tarde.

Chapéu seletor tinha razão, os Malfoy me decepcionaram e me desampararam de todos os jeitos possíveis e imaginários.

*

– Desculpe! – eu disse me sentindo mal, seu rosto contorcido em dor e as lágrimas rolando pelo seu delicado rosto.

– Você disse que nunca namoraria ela. – ela disse com a voz embargada, embebida em mágoa.

– Você disse que nunca me abandonaria. E na primeira chance me trocou pelo Potter.

– Eu nunca te abandonei! – ela disse exasperada – eu faço isso por você, você acha que eu gosto da vida que eu tenho Draco? Longe de você? Meu pai me odeia Draco, minha família foi torturada por minha causa, e eu perdi você!

Eu pisquei surpreso, ela falava com fúria e mágoa, eu nunca a tinha visto assim tão... Vulnerável.

– Você não me perdeu. – eu tentei dizer.

Eu me puxei para ela, enlacei-a em meus braços e quando vi estava tomando seus lábios, o mais gentil que pude, ela correspondeu, mas as lágrimas ainda brotavam de seus olhos.

– Apenas me deixe em paz. – ela soluçava – foi-se o tempo que você espantava meus pesadelos apenas com um abraço Draco.

– Mas... Eu...

Um momento se passou. Eu o que? Eu a desejava, isso era certo, mas ela me via como seu irmão, não via? E que futuro nós tínhamos? O que eu sentia por ela era forte o suficiente?

– Você nem ao menos consegue completar a frase. – ela disse enxugando os olhos. – eu vou terminar isso Draco, pelo Harry. Apenas esqueça que um dia eu fui sua irmã, que um dia eu me sacrifiquei por você. Daphne tem razão, eu sou a revolucionária porra louca, nunca daria certo.

Eu senti meu peito se contrair dolorosamente, eu estava perdendo ela. De novo. A esta altura, eu já deveria estar acostumado, mas era simplesmente horrível a sensação, era pior do que crucios.

– Por favor, me deixe com os Garotos, e não conte nada a minha família – ela riu em um sarcasmo ácido – não sei se posso chamá-los de família... Os Greengrass. Eu realmente já estraguei muito a vida deles.

Ela então deu as costas e foi sozinha até as masmorras, tudo que eu pude fazer foi abrir a pesada porta de ferro enquanto ela entrava e o ruivo Weasley se antecipava para ela e ela tombava em seus braços.

Fechei a porta, e nunca odiei tanto ninguém na minha vida, quando me odiei naquele momento.

*

– Dobby. – eu disse entrando no antigo quarto da Hermione, continuava do mesmo modo, sua cama com a colcha roxa, as cortinhas brancas e as estantes com ursos de pelúcia. – eu não sei se você tem alguma ligação comigo, mas se tiver, por favor, por favor venha aqui. – eu fechei os olhos e escondi meu rosto em minhas mãos.

– Senhor Malfoy? – a voz do elfo veio incerto. Ele sempre Desaparatara silenciosamente.

Olhei-o incrédulo, seus grandes olhos como duas bolas de tênis.

– Dobby! – eu disse quase feliz em vê-lo. Isso se eu não estivesse tão miserável.

Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa um grito estridente se fez ouvir. Minha tia tinha voltado e provavelmente teria um segundo tempo com Hermione.

– Dobby, Hermione está aqui, por favor, você consegue tirar ela daqui? O Potter e o Weasley estão com ela!

– O jovem senhor Malfoy pedindo ‘por favor’ à Dobby? – o elfo inclinou sua cabeça. – tudo pela senhorita Hermione não é?

– Apenas faça Dobby! Por favor, eu estou lhe implorando!

– Não precisa implorar, Dobby viria de qualquer forma, outros dois já pediram a Dobby.

– Quanto mais sabem que eles estão aqui...? Isso não importa, você consegue fazer isso?

– Quando um mestre ordena, um elfo faz. Mas quando um amigo pede, Dobby consegue fazer qualquer coisa. Vou tirar sua Hermione de lá.

– Ela não é minha. – eu disse revirando os olhos.

– Ainda. – ele disse sorrindo. E havia algo no seu sorriso dócil que me fez sentir melhor. – tire de lá o maior numero de comensais que você conseguir.

E então eu estava eufórico, ele tiraria Hermione dali. Não importa o resto ela estaria segura. Em um impulso agarrei o pequeno elfo em meus braços, esmagando-o em um abraço. O elfo se surpreendeu, mas abraçou-me de volta carinhosamente.

– Sinto muito por tudo, Dobby. Obrigado por fazer isso, obrigado por cuidar dela tão bem.

– Dois Malfoy abraçando Dobby no mesmo dia, nada comum. – ele se afastou de mim e sorriu – Dobby apenas quer seus amigos felizes. Vamos senhor Jovem Malfoy, não temos tempo!

Corri escada a baixo. Mais tarde eu ficaria aliviado em ter me desculpado com o elfo e tê-lo abraçado uma ultima vez. Nós não tínhamos pouco tempo, Dobby sim. Nunca imaginei que aquela fosse a ultima vez que eu veria seus grandes e gentis olhos amarelos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, obrigada por todos os reviews vocês são umas lindaaas