A Coleira Vermelha Do Destino escrita por Nathalie Chan


Capítulo 2
Leãozinho II - A versão de Regulus


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo, temos a versão de Regulus sobre o episódio do "Leãozinho", contada conforme o ponto de vista de Atla no primeiro capítulo.Não deixem de ler, é importantíssimo para a compreensão dos próximos capítulos! (e engraçado também)

Obs: Esta fic é uma Side Story da minha fic Encanto Grego, e se passa dois anos antes do início da fic principal.



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Regulus andava animadamente atrás de seu tio Sisyphos, encantado com a variedade de brinquedos dentro da imensa loja em Miami. Afinal, ele próprio havia arrastado o tio para o interior da loja para comprar o lindo leãozinho que avistou pela vitrine. Sisyphos estava feliz com a animação do sobrinho, pois não havia visto o sorriso sincero do garoto desde a morte do pai dele em um acidente de carro. Na ocasião, Regulus enfrentou os policiais agressivamente, dizendo que ninguém encostaria em seu pai, e apenas o tio conseguiu se aproximar o suficiente para abraçar o sobrinho e retirá-lo do local, possibilitando o resgate do corpo do irmão. Desde então, Regulus decidiu que se tornaria médico e passou a apresentar um comportamento antissocial, dedicando-se de tempo integral aos estudos na escola para indivíduos superdotados, com planos de cumprir todos os requisitos para prestar vestibular aos quinze anos de idade. Quando perguntado sobre seus amigos ou interesses particulares, respondia sempre aos parentes "não tenho tempo para isso". Mas naquele dia em especial, Regulus estava radiante. 

O garoto correu até a prateleira na qual havia avistado o leãozinho de seu interesse, estendendo a mão e retirando o bichinho de pelúcia dali quando se deparou com o rosto mais angelical e mais belo que havia visto em toda a sua vida. Por detrás da vitrine, os belos olhos verdes e puxados desviaram-se do olhar dele como que envergonhados, e ele observou a garota tímida andar na direção contrária à loja, como se ela desejasse fugir para o mais longe possível de onde seus olhos a pudessem alcançar. Regulus tentou correr atrás da garota, mas levou um puxão de orelha de Sisyphos ao vê-lo prestes a cruzar a porta da loja com a pelúcia na mão sem pagar por ela. Emburrado, o garoto entregou o leãozinho ao tio e foi para a porta da loja para procurar pela garota, perguntando-se porque o bichinho de pelúcia havia chamado a sua atenção de imediato. Acabou sorrindo como um bobo ao se recordar de quando disse ao seu pai que o cabelo loiro, grande e volumoso dele se parecia com uma juba de leão, e que o pai começou a bagunçar o cabelo dele e chamá-lo leãozinho desde então. Apesar da doce lembrança do pai em sua mente, Regulus procurava pela garota com interesse, disposto a presenteá-la com o leãozinho que havia atraído igualmente a atenção dela. Sisyphos se aproximou com a sacola de compras onde havia o bichinho de pelúcia e um cartão de presente, e Regulus conferiu o conteúdo da sacola com surpresa.

- Um cartão de presente?

- Não é um presente para a garota que você está procurando?

- Er... sim... se eu conseguir encontrá-la.

- Olha ela ali, perto da lixeira. – Dono de uma altura invejável e consequente vista privilegiada, Sisyphos apontou a garota que andava distraidamente perto da loja ao lado, e Regulus saiu apressado atrás dela. – Não demore demais, não podemos nos atrasar para o nosso vôo! – O tio gritou para o sobrinho, andando até uma poltrona no corredor de onde podia observá-lo confortavelmente sem interrompê-lo, pegando o telefone celular e telefonando para o número mais badalado em sua agenda.

Regulus correu tanto para alcançar a garota que sentiu um frio na barriga ao se aproximar demais e notar o olhar dela se encontrar com o seu, sem a mínima idéia do que dizer ou fazer agora que a havia alcançado. Estabanado, pisou em falso e tropeçou, caindo em cima dela e derrubando-os no chão. Arregalou os olhos ao encará-la de perto, tendo a sensação de que conhecia aquela garota há tempos, e inebriado com o suave aroma de incenso nos cabelos dela. Lembrou-se instantaneamente do que seu pai lhe havia dito sobre as almas gêmeas, de que ele saberia quando encontrasse a sua porque sentiria uma necessidade inexplicável de estar perto daquela pessoa assim que seus olhares se cruzassem. A garota espalmou as mãos em seu peito, empurrando-o de leve como que sinalizando a ele que se levantasse. Regulus sentiu o rosto queimar ao pensar que estava deitado sobre uma garota, mas felizmente as roupas de frio de ambos eram tão grossas que certamente disfarçaram seu leãozinho que pretendia dar sinais de vida. Ergueu-se com cuidado para não pressionar o corpo dela ainda mais, ajoelhando-se à frente dela e estendendo-lhe a mão para erguê-la. Surpreendeu-se ao vê-la equilibrar-se e sentar-se com habilidade apesar de haver batido com o corpo no chão, e observou-a silenciosamente quando ela finalmente notou o leãozinho de pelúcia dentro da sacola caída.

Apesar de ser "dura na queda", a garota corou e engasgou com a bala de imediato, como que se finalmente tivesse se dado conta de que ele era o mesmo rapaz da loja de brinquedos, exatamente o mesmo que havia pegado o leãozinho para si sem perceber que ela o observava do outro lado da vitrine. Regulus se debruçou sobre ela e passou a bater-lhe levemente nas costas para ajudá-la, desesperado com a tosse que demorava a passar. Aliviado, abraçou o corpo menor que o seu com carinho ao notar que ela havia se recuperado do susto. Demorou um pouco a soltá-la, desejando que o tempo parasse naquele momento para que pudesse ficar mais um pouco abraçado a ela.

- Perdão, eu não queria te assustar. Você está bem? Você entende o que eu digo? – Ao notar a garota simplesmente sacudir a cabeça em negativa, compreendeu que ela não entendia nada do que ele dizia. Colocou a mão no ombro dela para chamar-lhe a atenção, pousando o leãozinho de pelúcia no colo dela. Ela o encarou interrogativa, mas logo pegou o gracioso brinquedo nas mãos, observando-o com o cenho franzido. Regulus riu das feições de estranhamento dela ao observar bem a coleira do leãozinho.

- Eu quero que você fique com ele. É um presente para você. – Regulus sorriu gentilmente e logo riu da cara que a garota fez para ele, como que fazendo um bico com os lábios enquanto as bochechas pálidas se tingiram de um tom rosado. "Ela realmente se parece com um anjo!" Ela abriu a boca como se fosse falar algo, mas desistiu, e ele teve de fechar os olhos por um instante quando o Sol lhe ofuscou a vista. Abriu os olhos novamente, deparando-se com o leve sorriso nos lábios finos da garota, que o observava com intensidade. Ela baixou os olhos outra vez e entregou-lhe o leãozinho, desta vez bem-humorada, dizendo alguma coisa que ele não entendeu. A voz dela era tão polida e ritmada que Regulus não conteve a vontade de se inclinar sobre a garota e estalar um beijo no rosto dela. Teve certeza de que aquela era a garota da qual seu pai havia lhe falado, aquela que estava destinada a ser sua alma gêmea para sempre. Pousou o leãozinho novamente no colo dela, enquanto ela permanecia assustada com o gesto dele, quando escutou a voz de uma garota mais velha ralhar com ela. As duas começaram a conversar e Regulus se espantou ao ouvir a garota mais velha lhe dizer em inglês que sua irmã queria que ele levasse embora o leãozinho.

- Por favor, diga a ela que este é um presente! Eu irei escrever um cartão para ela, aguarde um momento! Você poderia traduzir? Estou escrevendo o meu endereço de email também, para que possamos entrar em contato! De onde vocês são?

- Tibete. – E a garota voltou a falar com a irmã mais nova, provavelmente traduzindo o que ele havia dito.

Regulus observou a garota mais nova com ansiedade enquanto ela retrucava algo com a irmã. Tornou a escrever, finalmente terminando o cartão.

- O cartão está pronto. Por favor... – O garoto entregou o cartão à irmã mais velha para que transmitisse a mensagem à mais nova. A mais velha aparentemente traduziu a mensagem e as irmãs começaram a discutir, para desespero do rapaz que não entendia nem uma palavra do que elas diziam.

A garota mais nova disse alguma coisa enquanto lhe olhava nos olhos, estalou um peteleco na testa dele, e levantou-se bruscamente do chão. Regulus ergueu-se também enquanto coçava o local que ardia, e fitou os olhos dela em um pedido mudo, notando a carranca dela ser suavizada antes que ele ouvisse seu próprio nome ser chamado pelo tio. Ciente de que prejudicaria o tio com seu atraso se demorasse demais em se despedir das garotas, Regulus pegou a mão da irmã mais nova e a beijou carinhosamente antes de sair correndo atrás de Sisyphos sem maiores delongas.

- Obrigado pelo cartão, tio Sys, você é demais!

- Não há de quê. Afinal, você sempre foi um bom garoto. Aquela garota deve ser muito especial para chamar a sua atenção e ganhar aquele leãozinho que você queria tanto. – O tio bagunçou os cabelos do sobrinho, sorrindo ao notar a expressão alegre no rosto dele.

- Ela é sim. É minha alma gêmea.

- Sua alma gêmea? Como você sabe?

- O papai me ensinou como saber. Eu tenho certeza de que é ela.

- Hum... e se ela não entrar em contato?

- Ela vai.

- Wow, então tá. E o que vai fazer quanto a isso, garotão?

- Primeiro preciso de aulas de tibetano! Depois você me dá umas dicas de como chegar nela?

- Você não existe, Regulus...

Sobrinho e tio sumiram na multidão, conversando animadamente. Ao chegar na Grécia, Regulus surpreendeu Sisyphos ao localizar uma senhora tibetana residente em Creta em apenas dois dias e dar início às aulas imediatamente. O garoto abria a caixa de emails todos os dias à espera de um email de sua alma gêmea, mesmo depois de se passarem alguns meses, sempre esperançoso de que algum dia ela o escreveria quando ele estivesse pronto para conversar apropriadamente com ela.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigada, espero que tenham gostado!

Grande abraço a todos,

Nathalie Chan