Stay Alive escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 30
Treinamento - Dia 2


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Muito obrigada pelos comentários no último capítulo! Eu fiquei TÃO feliz ao saber que vocês ainda estão aqui comigo, apesar do tempo que fiquei sem postar. E cá estou eu, postando outro capítulo no tempo combinado!
Boa leitura!



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Hunter Wayne – Distrito 3

Na concepção de Hunter, Elizzy, de seu distrito, tinha cometido uma grande traição.

Não que eles fossem ser aliados, e nem nada do tipo – na verdade, ele nem gostava dela. Mas se unir aos Carreiristas? Aquilo já era demais.

No segundo dia de treinamento, ele olhava para ela, que vagava por entre as seções assustando os tributos mais fracos ao lado de seus novos amigos Carreiristas, enquanto afiava uma faca com que estivera treinando. Tinha um grande talento para customizar facas – gostava de fazer aquilo mesmo quando estava em casa.

Com o grupo de Carreiristas crescendo, ele devia estar mais em desvantagem do que acreditava antes. Estava começando a querer arranjar alguns aliados também, mas quem poderia ser? Não conhecia ninguém, não confiava em ninguém.

Tão distraído pensando nisso, não voltou a pensar na faca até ela escapar e fazer um corte na sua mão. Sua reação imediata foi deixá-la cair, e em seguida observou a linha sangrenta em sua mão por alguns segundos, decidindo se devia esquecer o machucado ou ir até a enfermaria. Por um lado, não parecia grave. Por outro, se aquilo infeccionasse, ele teria problemas nos Jogos.

Sua dúvida foi resolvida, no entanto, quando a menina de cabelos castanho-arruivados do Distrito 10, que estava treinando na mesma seção, foi até lá e parou na sua frente. Sem falar uma palavra, pegou a mão dele, e Hunter ficou olhando-a sem saber o que ela queria.

– Desculpe. – Disse ela, por fim. – Eu, ahn, estava treinando para primeiros-socorros ontem e vi que se machucou... Eu poderia testar o que aprendi em você?

Hunter não sabia por que, mas concordou.

*********

Savannah Rayworth – Distrito 10

Savannah sorria para Hunter enquanto enrolava a mão dele em gaze.

O que tinha dito a ele não era mentira – realmente gostaria de treinar o que tinha aprendido na seção de primeiros-socorros, mas não faria isso com, por exemplo, um Carreirista. A bem da verdade, tinha simpatizado com Hunter.

– Então – Tentou puxar assunto –, você é bom com facas!

– Isso é ironia por eu ter me cortado?

O rosto dela ficou vermelho.

– Não! Não, desculpe, eu não queria...

– Tudo bem, estou brincando. – Hunter admitiu, também sorrindo levemente.

Savannah terminou de enfaixar a mão dele e ele lhe agradeceu. Após isso, os dois ficaram parados por um tempo, como se não sabendo mais o que falar ou se deveriam acabar com o assunto de uma vez.

– Hm, sabe, se você quiser, eu posso te ajudar com facas. – Disse Hunter, por fim.

– Poderia? – Savannah voltou a sorrir. – Eu estava tentando naquela hora em que você se cortou, mas tenho certeza de que seria bem melhor se me ajudasse.

Os dois voltaram juntos para a seção de facas. Savannah já se sentia bem próxima de Hunter, mesmo que só tivessem começado a se falar poucos minutos antes, e se perguntou se ele aceitaria uma aliança com ela. Mas por que o faria? Ela era desastrada, rapidamente estragaria tudo nos Jogos.

Decidiu, então, que esperaria uma proposta da parte dele – e que, se ela não viesse, não o culparia.

*********

Cornelio Harvester Distrito 9

– Devemos nos considerar sortudos de estarmos em uma edição dos Jogos tão cheia de fracassados? – Perguntou Cornelio à sua irmã gêmea Soyalia, enquanto eles procuravam a próxima seção em que treinariam.

A garota olhou em volta pelo centro de treinamento, como se procurando alguém que valesse a pena por lá.

– Sim, devemos. – Respondeu, por fim.

Os irmãos já tinham sido comunicados pela mentora deles de que, mesmo sendo de um distrito nem um pouco popular, todos da Capital estavam comentando sobre eles. Pelo visto, estavam fascinados pela ideia dos gêmeos tão despreocupados, arrogantes e unidos – e a admiração da Capital os deixara ainda mais convencidos.

Tinham certeza de que teriam bons patrocinadores, não havia como isso não acontecer.

E certamente, também tirariam notas altas na apresentação que fariam para os Idealizadores no dia seguinte. Talvez até maior se pudessem fazê-la juntos, mas já tinham sido informados de que isso estava fora de questão. Mesmo assim, seriam boas.

Já estava comprovado de que Cornelio sabia todas as técnicas de sobrevivência e Soyalia tinha facilidade em todos os tipos de combate - os dois não se decepcionaram em nenhuma das sessões em que tinham passado até então.

Unidos, eram o tributo perfeito.

*********

Reyna Mackenzie Distrito 1

Reyna estava apoiada em uma parede, estudando a pulseira com a insígnia do Distrito 1 que trouxera como símbolo de distrito.

Depois que os Carreiristas tinham decidido se dividir em duplas para passar pelas sessões, ela formou uma dupla com Rebekah VonRison, do Distrito 4, e agora estava esperando-a enquanto ela ia ao banheiro. Mas ela demorava demais a voltar, e Reyna já estava quase continuando sozinha quando Rebekah voltou apressadamente.

– Se você demora aqui, não quero nem imaginar como vai ser quando tivermos de fazer nossas necessidades no mato. – Reyna comentou.

Rebekah não esboçou nenhuma expressão.

– Vamos prosseguir, Reyna. – Foi tudo o que disse.

As duas foram juntas até a seção de machados, onde por vontade de Rebekah elas entraram. Ela rapidamente escolheu um machado para si e exibiu uma rápida sequência de atiramentos.

Reyna estranhou aquela situação. Elas deviam se exibir para os outros tributos, mas só havia elas ali. O que Rebekah estava fazendo?

A sua pergunta teve uma resposta quando ela virou-se com um sorriso e disse.

– Venha, agora quero ver você tentar me imitar.

Um frio percorreu a espinha de Reyna, que encarou a outra com um olhar duro e os lábios apertados. Ela era o “outro tributo” para quem Rebekah se exibia.

*********

Bryan Taylor Distrito 11

Quando Bryan surgiu na mesma seção que Desdemona Black de seu distrito pela sexta ou sétima vez nos últimos dois dias, ela – que o estivera ignorando até então – pareceu perder a paciência e exclamou:

– Você pode parar com isso, Bryan?

O garoto ergueu as sobrancelhas, surpreso.

– Parar com o quê?

– De me seguir! – Ela respondeu antes de largar tudo o que estivera fazendo e começar a ir para outra seção. Bryan correu atrás dela e a segurou pelo braço.

– Mona, espere. – Pediu. Desdemona se virou para ele, e ele percebeu que estava prestes a chorar. – O que é isso? O que foi?

– Tudo! – Exclamou ela. – Como se não bastasse eu ter sido arrastada para esses Jogos terríveis, ficar longe de minha família e provavelmente morrer, meu melhor amigo ainda tem de vir comigo e...

Naquele momento, Bryan puxou-a para si, envolvendo-a em um forte abraço – tanto para abafar seu choro e nenhum Carreirista vê-la e achá-la fraca quanto para consolá-la.

– Isso é realmente terrível, mas aqui estamos e não há nada que possamos fazer para mudar essa situação agora. Podemos usar isso para nos destruir, ou podemos tentar usar isso a nosso favor.

– Como?

– Vamos descobrir juntos. Tudo bem?

Desdemona assentiu.

*********

Lyre Crosswell – Distrito 8

Lyre estava ficando realmente boa em camuflagem.

Mal era possível reconhecer seus braços com a pintura que ela fazia neles – e isso porque ela só estava usando materiais naturais para fazer a pintura, coisas que poderia encontrar na arena, já que não podia contar com a sorte de ter patrocinadores que lhe enviariam tinta.

E além do mais, só precisava trabalhar na pintura por alguns poucos minutos, e a velocidade poderia ser o que salvaria sua vida.

– Muito bem, Lyre! – Disse a instrutora da seção, que passou por ela naquele momento. – Veja isso, conseguiu fazer a mesma pintura perfeitamente nos dois braços. É necessário bem mais que apenas dois dias para alguém aprender a fazer isso.

– Sou ambidestra. – Ela explicou, casualmente, embora estivesse satisfeita consigo mesma.

– Isso é uma coisa muito boa para a camuflagem. – A instrutora falou antes se afastar, e Lyre concordou.

Mas não era apenas a camuflagem. Ela contava em ter vantagem com isso em diversos aspectos da arena – poderia, por exemplo, manejar duas facas ao mesmo tempo igualmente bem, o que era alguma compensação para sua falta de aptidão para o combate corpo-a-corpo.

Após ser obrigada a assistir aos Jogos Vorazes ano após ano, já tinha percebido que, na arena, os menores detalhes eram os que terminavam por salvar ou matar a maioria dos tributos.

*********

Louise Clewater – Distrito 2

Os outros Carreiristas já tinham passado por Louise duas vezes lançando-lhe um olhar de “mexa-se” só naquela tarde.

Ela já tinha passado muito pelas sessões de combate intimidando os outros tributos e mostrando seus talentos. Agora ela queria seu tempo para estudar as áreas que sempre tinham lhe interessado mais, mas para quais ela não tivera muito tempo antes de ir para os Jogos, já que seu treinamento sempre consistira em aprender a matar, não a sobreviver.

O estudo de plantas venenosas, por exemplo, sempre fora o que mais lhe interessara, e ela finalmente pôde sentar e ocupar-se com a atividade. No começo, não estava dando nenhuma importância para o que os outros achavam disso, mas agora aquilo já estava começando a irritá-la.

Tentando continuar ignorando, virou a página do catálogo de plantas que estava vendo e comparou as primeiras imagens da página com as plantas que tinha ao vivo ali como amostra – mas todas lacradas em vidros resistentes para nenhum tributo suicida tentar se matar com elas antes do começo dos Jogos.

Mas então, pela terceira vez, um aliado dela passou olhando-lhe feio, e Louise quase jogou o catálogo longe. Tudo bem, vou para as armas, pensou, furiosa, só espero que todos vocês morram envenenados na arena.

*********

Matthew Quingley – Distrito 7

Matthew já estava bastante preocupado.

Mesmo se esforçando, não daria tempo de ele passar em todas as sessões de treinamento nos dois dias e meio que os tributos tinham disponíveis para isso, e embora sua mentora tenha lhe dito para que se esforçasse mais nas seções em que ele tinha aptidão, ele sentia que podia estar deixando de lado justamente o que iria precisar.

Ele havia montado um esquema no dia anterior, dividindo o tempo que tinha disponível para dar para ir à maioria das seções, mas não estava funcionando muito bem. Muitas delas necessitavam mais do que o tempo que ele havia programado, e muitas eram praticamente inacessíveis.

Contudo, ele estava tentando dar o seu melhor. Era inteligente, e esperava que isso pudesse lhe render oportunidades, apesar de tudo. Sabia que inteligência era algo útil nos Jogos, e especialmente surpreendente para os cidadãos da Capital.

Estava perto de algumas seções de arma e dirigiu o olhar a elas sem muita esperança, sabendo que sempre eram as mais concorridas. Foi uma surpresa quando viu que, na verdade, uma delas estava vazia, parecendo chamar por ele.

Matthew correu para lá antes que outro tributo também percebesse aquilo, e conseguiu chegar. Não pôde evitar sorrir por um segundo. Inteligência era muito importante, mas sorte também o era.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!



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