Stay Alive escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 29
Treinamento - Dia 1


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei. Foi um hiato de um ano e cinco meses.
Gente, eu pretendia voltar antes, mas estou passando por um ano bem difícil - tanto que cheguei ao ponto de por todas as minhas histórias em hiato e me ausentar totalmente por meses. No entanto, trabalhei nos meus capítulos quando pude durante este tempo, até que chegou o momento em que eu vi que já tinha dez capítulos de Stay Alive prontos. Então, embora eu ainda não vá voltar com minhas outras histórias (eu gostaria muito, mas meu ano difícil ainda não terminou), Stay Alive está na ativa novamente!
Pretendo postar um capítulo a cada dez dias, mais ou menos. Espero que vocês continuem comigo, porque, mesmo estando ausente, foram vocês que me deram o ânimo e fizeram eu batalhar por tempo para continuar escrevendo. E cada um de vocês tem um lugar especial no meu coração.
Prometo continuar fazendo meu melhor possível em todos os capítulos, como sempre fiz.
Agora, uma explicação básica sobre essa segunda etapa da história:
Serão dez capítulos antes da abertura oficial dos Jogos Vorazes, sendo que os dez já estão prontos, no meu notebook. Haverá três capítulos de treinamento, dois de sessões individuais, um de notas, três de entrevistas e um apresentando a arena. Nos que vou postar agora, de treinamento - começando por este -, os capítulos terão os pontos de vista de todos os personagens, oito por capítulo.
Bem, fico MUITO feliz por estar aqui, de volta para vocês. E espero muito que gostem do capítulo!



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Desdemona Black – Distrito 11

– Como vocês todos devem saber muito bem, vocês estão no Centro de Treinamento dos tributos. E aqui, no subsolo, é onde vocês realmente vão treinar.

Desdemona Black olhava para os rostos dos outros tributos, um por um, enquanto a mulher que se apresentara como a treinadora-chefe falava. Eles estavam em um meio-círculo, e só esperavam que ela terminasse o discurso para irem treinar – e queriam que fosse logo, para lhes restar mais tempo para isso.

– Tudo que vocês aprenderão aqui será usado na arena mais tarde, até mesmo para quem for morrer no Banho de Sangue... – Desdemona certamente teria estremecido ao ouvir estas palavras, se naquele momento não tivesse sido flagrada encarando Rebekah VonRison, do Distrito 4, e ficado ocupada demais em desviar o olhar antes que esta gravasse seu rosto. Uma boa estratégia para os Jogos era tentar passar despercebida.

– Está tudo bem, Mona? – Perguntou-lhe Bryan Taylor, de seu distrito, em um sussurro. Será que a estivera observando?

Ela negou, mas não respondeu – em parte, porque não queria que a treinadora parasse para lhes chamar a atenção. E, em outra, porque não andava com vontade de falar mais com Bryan, mesmo que ele fosse seu melhor amigo. Eram confusos os sentimentos de alguém poucos dias antes de sua morte.

*********

Carter Trent – Distrito 4

– Eu achei que aquela mulher não ia parar de falar nunca. – Reclamou Carter Trent, logo quando foram liberados, sem se preocupar em manter a voz baixa para a treinadora não ouvir.

– Eu também achei. Maçante. – Concordou Reyna Mackenzie, do Distrito 1, estalando os dedos das mãos e olhando em volta, como se tentasse decidir para qual seção de treino seguiria primeiro.

– Seremos todos aliados, então? – Perguntou Ryan Ferdinand, também do Um. Os tributos do Quatro concordaram prontamente, e os do Dois também, embora parecendo levemente desgostosos com isso.

– Ótimo. – Disse Rebekah. – Então, vamos treinar juntos.

– Não temos o que treinar. Já treinamos a vida inteira. – Carter falou. – Vamos só nos exibir um pouco.

Os outros riram levemente, e os seis seguiram, determinados, para as seções de armas.

– Vamos cada um para uma seção para espantar todos os outros tributos ou iríamos parecer mais perigosos juntos? – Louise Clewater, do Dois, perguntou.

– São duas boas ideias. – Disse Carter. – E se nos dividirmos em duplas?

– Eu não vou com ele. – Disseram Louise e o garoto do distrito dela, Daryl Dixon, em uníssono, apontando um para o outro. Os outros quatro se entreolharam, perplexos com a infantilidade da situação.

– Legal. – Reyna revirou os olhos. – O que é a aliança Carreirista sem os imbecis que não sabem agir em harmonia desde o primeiro dia de treinamento, não é mesmo?

*********

Benjamin Carter – Distrito 6

Benjamin Carter e Hazel Davis, ambos do Seis, tinham decidido que não iriam treinar com armas logo no primeiro dia, porque já tinham sido avisados pelo mentor que seria quando os Carreiristas estariam mais impossíveis. Então, seguiram para a seção de armadilhas ao serem liberados pela treinadora-chefe.

– Só tem nós aqui. – Hazel disse para ele, aliviada, ao que eles chegaram lá. E era quase verdade: Eram os únicos tributos, mas uma treinadora de cabelos rosa-chiclete também estava na seção, e andou até eles com um sorriso no rosto.

– Oi! Posso ajudá-los?

Hazel olhou para baixo e Ben colocou uma mão no ombro da menina, apertando-o com gentileza.

– Sim. – Respondeu – Se fosse pudesse nos ensinar como fazer uma armadilha para...

– Nem isso vocês sabem? – Perguntou Louise Clewater alto, que estava passando pela seção em que eles estavam junto de Ryan Ferdinand. O garoto pareceu querer continuar até onde eles estavam indo, mas parou quando Louise o fez.

– Sim, sem problema, eu mostro... – Tentou dizer a treinadora para Ben e Hazel, ignorando os Carreiristas.

– Ah, faça-me o favor. – Riu-se Louise. – Vamos, Ryan. – E os dois continuaram caminho.

Hazel bufou, e estava prestes a voltar a falar com a treinadora quando Ben mais uma vez pôs a mão em seu ombro, mas dessa vez, para chamar a atenção.

– Esqueça as armadilhas, Hazel. Que tal irmos treinar com espadas?

– Espadas? Ben, nós tínhamos combinado que hoje nós íamos...

– Eu sei. – Ele confirmou, olhando não para ela, e sim para a seção que queria ir. Não iria engolir um desaforo da Louise, ainda mais se isso o fizesse parecer frágil. – Mas podemos pensar em armadilhas amanhã.

*********

Vexy Kruz – Distrito 5

Vexy sabia que tentar fugir da Colheita quando fora sorteada não tinha sido uma boa escolha, e já se conformara com o fato de que teria de lidar com a falta de patrocinadores e o desprezo dos outros tributos até o dia de sua morte.

Mas naquele primeiro dia de treinamento, acendeu-se nela a esperança de ainda poder reverter essa situação.

Ela estava em uma seção que ensinava a utilização de objetos tecnológicos que porventura podiam estar na arena, desde espadas aparentemente comuns que podiam se transformar em outras armas se você soubesse manuseá-la, até cantis de água que poderiam resfriar e aquecer sua água de acordo com sua necessidade. Se eles realmente colocassem utensílios do tipo na arena – não era em todas as edições que o faziam – realmente podiam ser a diferença entre a vida e a morte para um tributo.

E Vexy se provava muito boa naquilo. Conseguia usar qualquer objeto tecnológico e ainda adaptá-lo à suas vontades, e até o instrutor da seção estava ficando impressionado.

Em determinado momento, inclusive, os gêmeos Harvester (do Distrito 9) passaram por ela, e a olharam por algum tempo.

– É a menina do Distrito 3? – Perguntou Soyalia a Cornelio. Vexy considerou isso um elogio, visto que o Três era conhecido por entender de tecnologia.

– Não. É a do Cinco. – Respondeu-lhe Cornelio. – A do Três se voluntariou, lembra? Essa daí tentou sair correndo para a mamãe quando foi sorteada.

Aquilo não era totalmente verdade, e deixou Vexy magoada. Ela sequer tinha mãe.

*********

Kriger Scherbitsky – Distrito 12

Kriger podia ter apenas treze anos. Podia ser de um dos distritos mais pobres de Panem, e podia não ter tido nenhum treinamento até então.

Mas ele tinha ódio, e era isso o que o mantinha em pé, desferindo socos em um dos alvos da seção de luta corporal.

Ele era forte, considerando seu tamanho e sua magreza de quem não tinha tido uma refeição adequada na vida até ser selecionado para os Jogos Vorazes. Todas as vezes que dava um golpe, o alvo movia-se um pouco para trás. Estava tentando imaginar o rosto de todos os outros tributos lá, um de cada vez, e estava justamente na vez de Carter Trent quando o mesmo apareceu atrás dele.

– O que você pensa que está fazendo em uma seção de lutas, menininho? – Perguntou, com escárnio. – Não é melhor ir fazer algo mais adequado a você, como aprender a se esconder?

Kriger sentiu o sangue lhe subir à face e deu mais um soco no alvo, querendo provar que era forte.

Carter riu e foi até o alvo ao lado, e quando ele próprio deu um soco, o boneco caiu para trás – uma grande diferença dos poucos centímetros que o de Kriger tinha se movido.

– Aprenda. – Disse, antes de sair da seção, deixando para trás um Kriger boquiaberto e irritado.

*********

Logan Morgan – Distrito 8

Faltando tão poucos dias para o começo dos Jogos, era de se esperar que os pensamentos de Logan estivessem totalmente voltados para uma estratégia para vencer. Mas isso não era verdade.

Na verdade, ele não esperava vencer – amava a vida, mas sabia que não teria chances contra todos os assassinos natos que estavam indo para a arena com ele. Assim, mantinha seus pensamentos no seu único consolo: Sophie, sua melhor amiga, para quem ele se declarara no dia da Colheita e que respondera que gostava dele também.

Sophie gostava dele também, e ele sequer podia aproveitar a ideia, porque jamais estaria com ela novamente. Se ao menos tivesse contato seus sentimentos para ela antes...

Agora, a vários distritos de distância dela, só podia mantê-la com carinho em sua mente, enquanto vagava entre as seções, decidindo o que poderia fazer. O que valeria a pena, em uma situação como aquela?

Observou alguns dos outros tributos por vários minutos, desanimado e sem esperanças, até outro pensamento dominá-lo: o que Sophie acharia dele se visse que ele nem lutou? Que nem ao menos tentara vencer por ela?

Foi apenas por isso que se dirigiu a uma das seções, receoso e ao mesmo tempo, tentando se convencer de que era a coisa certa a ser feita. Tinha de tentar.

“Por você, Sophie, só por você...”

*********

Elizzy Viscovt – Distrito 3

Faltava apenas uma hora para o primeiro dia de treinamento ser encerrado quando Elizzy recebeu a proposta.

Tinha, durante o dia inteiro, treinado com armas e sido muito boa naquilo, já que já tivera treino antes de ir para lá, com a ajuda de seu primo que já tinha vencido uma edição dos Jogos. Não tinha tardado para perceber que os Carreiristas tinham o olhar nela, mas ficara sem ter certeza se eles a estavam marcando para matarem depois ou se estavam interessados nela.

Felizmente, foi a última opção, já que eles foram todos juntos até ela e Reyna Mackenzie disse:

– Não sabia que havia centros de treinamento no Distrito 3.

– Não há. – Elizzy tinha respondido com simplicidade. – Tudo que sei, aprendi com meu primo, que já venceu os Jogos.

– Seu primo é Gil Viscovt, não é? – Daryl perguntou. – Reconheci seu sobrenome quando foi chamado na Colheita.

– O próprio.

Os Carreiristas se entreolharam, e certa aprovação estava nos olhares deles. Alguns assentiram brevemente antes de Daryl continuar:

– Estávamos nos perguntando se você não quer participar da nossa aliança.

– Os fortes devem se unir, você sabe. – Disse Carter.

Elizzy estreitou os olhos. Seria uma armadilha, ou realmente a tinham achado boa? Não queria aceitar uma aliança com os Carreiristas para eles usarem-na como a escrava deles e depois matarem-na, como acontecia às vezes com alguns tributos. Mas que opção teria, de qualquer forma? Se dissesse que não, era capaz de eles se irritarem e quererem matá-la mais ainda. Parecia que fazer a aliança seria sua melhor chance.

– Tudo bem. – Disse. – Tudo bem, vamos fazer isso.

*********

Bonnie Field – Distrito 7

Ao longo daquele dia, Bonnie treinara, mas também, observara bastante os outros tributos.

Os Carreiristas – pelo visto seriam sete naquela edição, e não seis como usualmente – pareciam tão antipáticos pessoalmente quando os das outras edições pareciam pela televisão. Matthew, o garoto do distrito dela, mostrara-se muito inteligente, pelas seções que frequentara. Alguns dos tributos que tinha aparentado ser tão fracos antes tinham, afinal, alguns talentos, e outros não pareciam nem estar com vontade de tentar vencer.

E essa vontade, Bonnie tinha de sobra. Dois irmãos seus tinham morrido nos Jogos – ela não poderia ir também. Um deles pelo menos tinha de sobreviver.

Bonnie podia olhar mais os outros, descobrir seus pontos fracos e fortes no tempo em que estivessem treinando juntos. Devia ser uma boa estratégia, além de apostar em machados – a arma escolhida pela maioria das pessoas de seu distrito, já que o Sete era o distrito dos lenhadores – e em sua habilidade de se esconder.

Se eu tomar cuidado, posso vencer, disse para si mesma, Não vai ser fácil, de jeito nenhum, mas existe a possibilidade.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo! :D



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