Stay Alive escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 27
Desfile


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Então, finalmente chegamos a um capítulo "diferente", por assim dizer. E, justamente por este capítulo não se tratar de nenhum distrito em particular, posso enfim dedicá-lo à alguém (o/)
Tuuudo bem, gente, esse capítulo é dedicado à MahTheApple, que sempre faz comentários lindos e que eu, francamente, tenho de responder logo. Vou fazê-lo, Mah, sinto muito por não ter feito até agora. Eu sempre respondo os comentários pouco antes de postar o capítulo, e como você comenta depois, eu acabo me enrolando rs. Mas sempre gosto muito de te ter aqui!
Também é dedicado ao Lorde Camaleão e à Alaska Samantha Jones, pelas recomendações já deixadas há um certo tempo. Muito, muito obrigada! Fiquei contente.
Agora, vocês devem querer ler o capítulo ;) Aí está!



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Pouca coisa podia ser pior para os residentes da Capital do que chuva bem no dia do desfile dos tributos.

No entanto, embora Idealizadores pudessem controlar todo o clima dentro de uma arena, não o podiam fazer na Capital inteira – e a meteorologia, diferentemente dos Idealizadores, não pareciam estar simpatizando tanto com os Jogos, visto a chuva (fraca) com que o dia amanheceu.

Desespero no começo. Seria assim o dia inteiro? O desfile seria arruinado?

Mas alívio algumas horas mais tarde, quando a chuva cessou e o tempo melhorou.

Fique assim até amanhã, não lidamos com doze distritos para sermos impedidos por uma chuva..., era o pensamento geral. E como teimosia, ao se aproximar do final da tarde – horário em que ocorreria o desfile – nuvens cinzentas e pesadas começaram a surgir no céu, fazendo parecer noite mais cedo, e o pior de tudo: ameaçando chover outra vez, mas então uma verdadeira tempestade, não a garoa da manhã.

Mas se algo positivo podia ser dito de tudo aquilo, os guarda-chuvas extremamente coloridos que os moradores da Capital tinham trazido consigo como precaução, para assistirem ao evento, davam quase um brilho extra à cidade.

– Isso tem de começar logo. – Sussurravam as pessoas uma para a outra. – Logo, antes que chova...

E então, o hino nacional começou a tocar, e todos vibraram, animados. Sabiam de antemão, por causa das cinquenta e sete edição de Jogos passadas, o que a música significava: o desfile iria, então, começar. A qualquer momento os tributos estariam saindo, magníficos com suas roupas feitas especialmente para eles, e todos queriam muito vê-las.

Realizado foi o desejo deles quando as portas do Centro de Transformação foram abertas e saiu de lá a carruagem com cavalos impecavelmente brancos onde estavam Reyna Mackenzie e Ryan Ferdinand, os tributos do Distrito 1.

Joias, como sempre, não foram economizadas no figurino dos dois. Reyna trazia-as em colares em torno do pescoço, brincos, pulseiras e anéis, todas de cores diferentes, contrastando com seu vestido simples de veludo vermelho. Já Ryan, também vestido com o mesmo tecido, trazia as joias costuradas à roupa, longas fileiras delas pelas suas mangas e calças.

Seguindo-os de perto, a carruagem do Distrito 2 com seus cavalos cinzentos. Como sempre, o Dois foi o distrito mais aplaudido – muitos moradores da Capital podiam começar a simpatizar com tributos de outros distritos conforme o decorrer das formalidades e dos Jogos, mas no começo, era sempre do Dois que mais gostavam.

E ninguém podia dizer que aquilo era em vão: Daryl Dixon e Louise Clewater chamavam a atenção, estando pintados inteiramente de branco, dos cabelos aos rostos e aos braços descobertos. Vestiam longas túnicas da mesma cor, e os cabelos de Louise estavam presos em um coque. Ao redor da cabeça dos dois, havia uma coroa de louros, simbolizando uma vitória que ainda não ocorrera, e talvez não ocorreria.

O Distrito 3 geralmente tinha seu brilho abafado por ser depois do Um e do Dois, nos desfiles, mas o estilista deles tinha provavelmente pensado nisso e dado um jeito de combater este mal. Muitas pessoas também gritaram, excitadas, quando a carruagem de cavalos tingidos de prateado do Três apareceu e eles puderam ver Elizzy Viscovt e Hunter Wayne.

Afinal, o que poderia agradar mais aos residentes da Capital do que eles mesmos? Definitivamente, nada. E as roupas de Elizzy e Hunter tinham uma tecnologia que projetava imagens do dia-a-dia da Capital em seu tecido especial. Seus acessórios não eram muito extravagantes, mas aquilo compensava.

Tão distraídos em se inclinar para tentar ver melhor os vídeos que se projetavam nas roupas dos tributos do Três, quando a carruagem de cavalos azuis do Distrito 4 apareceu, os moradores da Capital mal lhe deu atenção. Mas assim que todos saíram de sua hipnose e a olharam, também ficaram de queixo caído.

Rebekah VonRison e Carter Trent estavam com roupas tão azuis quanto os cavalos. A parte de cima era lisa, mas a saia de Rebekah – assim como as calças boca-de-sino de Carter – abria-se em tecidos intercalados de azul como o mar, terminando em rendas feitas para parecer espuma. Um efeito que ficara quase mágico.

Mágico, aliás, como o efeito das roupas dos tributos do Distrito 5. A reação dos moradores ao verem Tobias Lapworth e Vexy Kruz foi bem parecida com a de quando viram os tributos do Distrito 3, gritando, apontando.

Os dois estavam vestidos com roupas pretas, que lhes cobriam do pescoço aos pés. E pudera – os estilistas não podiam vestir seus tributos com roupas que podiam machucá-los, e o efeito que as faíscas que saiam de suas roupas, estalando e se dissipando, era impressionante. Até os cavalos amarelos, se não fossem domesticados para andarem em determinado ritmo, iriam começar a correr, assustados por aquilo. Os cabelos negros de Vexy e ruivos de Tobias também estavam espetados para todos os lados, como se eles tivessem levado um choque.

A carruagem do Distrito 6 era puxada por cavalos vermelhos, talvez a cor mais impactante dentre todos os cavalos do desfile. Para que tingir os cavalos?, se perguntavam algumas pessoas de alguns distritos, mas a Capital amava aquelas extravagâncias.

Contudo, a transformação nos animais não era tão grande quanto a que fora feita em Hazel Davis e Benjamin Carter. Estavam usando acessórios deslumbrantes, e suas roupas eram brancas, com desenhos de marcas de pneu por todo o tecido, causando certa ilusão de ótica. Os dois tributos tinham as mãos dadas, em sinal de amizade, e aquilo foi o que mais chocou à quem assistia ao desfile. Não era todo ano que aquilo acontecia.

Depois deles, veio a carruagem do Distrito 7, puxada por cavalos castanhos. Bonnie Field e Matthew Quingley não estavam de mãos dadas como os tributos que os antecederam, mas não chamavam menos a atenção por isso.

Os tributos pareciam desconfortáveis em seus trajes feitos inteiramente de folhas costuradas umas às outras, com algumas flores coloridas intercaladas entre as folhas no caso de Bonnie e frutinhas, no caso de Matthew. A roupa devia realmente pinicar, mas o estilo que ela causava, na visão de todo mundo da Capital, compensava qualquer desconforto. De qualquer forma, não eram eles que estavam sentindo.

As roupas nas quais os tributos do Distrito 8 apareceram, quando sua carruagem puxadas por cavalos roxos surgiu do Centro de Transformação, foram umas das mais bem trabalhadas dentre as que não usavam atrativos tecnológicos para serem diferentes.

Logan Morgan e Lyre Crosswell usavam roupas que pareciam quentes e pesadas, e quase tão desconfortáveis quanto as do Sete, embora as deles fossem feitas de tecidos e não de folhas – muitos e muitos tecidos, presos um ao outro como em uma colcha de retalhos, alguns com padrões de bolinhas, ou de listras, ou de estrelas, outros vermelhos, ou amarelos, ou roxos, alguns sendo seda, ou cetim, ou veludo...

Naquele ponto do desfile, a chuva que todos temiam começou, como uma garota fina que prometia se tornar uma tempestade em poucos momentos. Guarda-chuvas foram abertos e capas vestidas quase às cegas, pois todos estavam muito concentrados em assistir à chegada da carruagem do Distrito 9, com seus cavalos bege.

Cornelio e Soyalia Harvester estavam vestidos em trajes verde-escuros, bem abertos para o tempo que fazia. Grossos colares feitos com grãos estavam em torno de seus pescoços, e eles usavam diversos braceletes. Pareceram agradar ao público, também, mas mais pelo simples fato deles terem um ar superior nunca antes visto nos tributos do Nove do que pela forma como estavam vestidos.

Seguiu-se a carruagem de cavalos cor-de-laranja do Distrito 10, e uma coisa era certa: as pessoas que já achavam que era maldade que simplesmente tingissem alguns cavalos caíram para trás quando viram Savannah Rayworth e Sanderson Cutner.

O estilo das roupas deles era parecido com o do Distrito 8: trajes feitos de várias peças diferentes intercaladas, mas no caso deles não era tecido, e sim peles de animais. Veados, ursos, coelhos, cada pele contando uma história. Devia, de fato, ser uma roupa bem pesada, e não ajudava Sanderson e Savannah que estivesse chovendo, encharcando-os.

– Primeiro o Oito, depois o Dez. – Alguém comentou com um amigo, na plateia. – Eu quero uma roupa desse tipo, também!

E de fato, ninguém duvidava de que aquela haveria de ser a próxima moda.

Sendo aquele o caso, os estilistas do Distrito 11 não seguiram o estilo, deu para todos verem quando a carruagem de cavalos verdes chegou, trazendo Desdemona Black, Bryan Taylor e uma situação repetida: mãos dadas, como tinham feito os tributos do Seis.

Os dois tributos estavam vestidos com roupas de um xadrez prateado, a de Desdemona adornada também com laços. Típico dos estilistas do Onze, que nunca conseguiam pensar em uma maneira melhor de trabalhar a Agricultura praticada pelo distrito em roupas sem ser por trajes de fazendeiros que eles sequer usavam de verdade, ao trabalharem.

Por fim, veio a última carruagem, puxadas pelos seus cavalos negros, exatamente a cor oposta à dos cavalos que abriam o desfile. Era o Distrito 12, talvez nunca o mais querido, mas com tributos sempre arrumados para mostrarem à Capital uma imagem de seu distrito que não era real.

Porque, quando foram maquiar Anna Borgin e Kriger Scherbitsky, fizeram questão de fazer de um modo que disfarçasse a magreza deles. Quem estava na carruagem não eram crianças que tinham sentido fome durante toda a vida, e sim mais uma transformação da Capital, vestida com macacões de mineiros com várias manchas coloridas, como se tinta tivesse escorrido para as roupas, na tentativa de quebrar a monotonia das vestimentas.

Já chovia forte, mas ninguém abriu mão de deixar de assistir ao vivo ao caminho das doze carruagens até a mansão do presidente Snow, onde enfim pararam em um semicírculo em frente à ela. Telões montados pela cidade passavam o foco das câmeras de um distrito para o outro, e logo ninguém senão o próprio presidente saía para sua sacada dar as boas-vindas à eles.

As palavras dele não foram cruéis, mas o significado que se subentendeu não foi muito melhor que: Tiramos vocês de suas casas e suas famílias, vamos mandá-los para a morte e então rir enquanto morrem, suas famílias não serão recompensadas, e vocês nada mais são que uma diversão para a gente, formas de vida mais insignificantes que nossos animais; espero que aproveitem a estadia!


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Notas finais do capítulo

Eu prometi que adiantaria alguma coisa sobre os próximos capítulos para vocês, não prometi? Bem, bem. Então, a previsão de duração dessa terceira parte do Stay Alive (correspondente ao treinamento, as avaliações individuais e as entrevistas) é de oito capítulos, sendo que os próximos três serão de treinamento. Talvez acabe dando um ou dois capítulos a mais que esta previsão, mas acontece que percebi que estive enrolando muito nos capítulos, e avaliando agora não tenho mais certeza se isso foi muito bom para a história. Então, estou tentando ser mais prática.
Odeio ter de dizer isso também, mas sim, o tributo vencedor será de um dos leitores que mais comentam a história. Assim, se você está lendo fantasma, não custa nada dar um "oi" nos comentários, porque já adianto: muitos personagens vão morrer na Cornucópia, e a hora de evitar que isso aconteça com o seu é agora.
É isso. Até o próximo capítulo, galera!



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