Stay Alive escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 26
Partida - Distrito 12


Notas iniciais do capítulo

E com esse capítulo, concluímos essa etapa da história! Já estava mais do que na hora, também, não? ;)
Fiz o Stay Alive de um modo que ele tivesse quatro partes distintas, e esta foi a segunda. Agora, no próximo capítulo (que será o do Desfile) vou explicar melhor como seguirá a terceira. Muito obrigada a todos que acompanharam até aqui!
E finalmente, ao capítulo!
P.S. Relembrando - Chloris é a representante do Doze.



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Kriger Scherbitsky

Kriger era diferente da maioria dos garotos de treze anos do Distrito 12 – não era como uma criança que tinha de agir como adulto, e também não era alguém poupado de tudo, acabando por agir como se tivesse oito anos. De toda forma, ele estava longe de ser inocente, mas mesmo assim sabia que não passava de uma criança indefesa nos padrões dos Jogos Vorazes.

Ele se encolheu no sofá em que tinha se sentado. Pelo menos não tinha de aguentar pessoas chatas que fingiam se importar com ele vindo se despedir. Ele não tinha família, não tinha amigos...

Foi uma surpresa para ele quando a porta da sala se abriu para alguém entrar. Kriger olhou, e viu uma funcionária do orfanato onde morava. Parecia mal-humorada – não iria fingir que gostava dele só porque ele ia morrer.

– O que foi? – Perguntou o menino, friamente.

– Não seria decente se ninguém viesse vê-lo. – Respondeu ela, indo se sentar no lugar mais longe dele possível.

Mas ela não pareceu disposta a conversar com ele durante todos os minutos em que ficou. Foi o ponto alto da visita, mas mesmo assim Kriger ficou incomodado com a presença dela. Por que não ia embora?

Quando o pacificador veio chama-la foi que ele perguntou:

– Como sabia que ninguém viria?

– Que tipo de pessoa ia querer se despedir de um garoto mau como você? – Ela respondeu, sem cerimônias. – O Distrito 12 estará inteiro torcendo por Anna neste ano, garanto.

– Vá se despedir de Anna, então. – Retrucou, irritado.

– Eu vou. Agora mesmo. – E a mulher saiu da sala.

Kriger bufou. Ele não se sentiu magoado ou ofendido por ter sido chamado de mau ou por a funcionária do orfanato ter dito que o distrito inteiro estaria torcendo por Anna – até parece que a opinião do Doze ia influenciar no resultado dos Jogos –, mas estava frustrado por não ter podido passar todo aquele tempo no Edifício da Justiça sozinho.

*********

Anna Borgin

Anna tinha trazido o camafeu que sua mãe lhe dera antes de morrer com ela para a colheita, como decisão de última hora, e agora estava segurando-o com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos.

“A liberdade é o maior tesouro do homem”, estava escrito nele. Mas qual liberdade Anna estava tendo naquele exato momento? Que liberdade teria daquele momento até a hora de sua morte?

Ela tentava respirar fundo, mas não estava dando certo. Algumas lágrimas lhe escorreram pela face, e ela enxugou todas rapidamente ao ouvir passos do lado de fora da sala, até que seu sobrinho de doze anos Gabriel entrou, chorando. Eles se abraçaram.

– Você é a única família que eu tenho, Anna. – Disse ele. Ela o abraçou com ainda mais força.

– Me desculpa, eu não queria ir. – Ela disse, tentando não voltar a chorar para não desesperá-lo ainda mais, por mais difícil que isso estivesse. E porque exatamente ela estava se desculpando, ela não sabia. Não era como se fosse culpa dela ir para os Jogos. – Você já sabe como funciona o orfanato... Vai se sair bem...

– Eu odeio o orfanato! Pelo menos lá eu tinha você, mas agora... – Gabriel engoliu em seco. – Por favor, Anna, vença. Você não pode morrer.

– Eu vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para voltar. – Prometeu Anna, no fundo sabendo que tudo que estivesse ao alcance dela não seria suficiente.

Quando pacificadores apareceram para avisar que o tempo tinha acabado, Gabriel não quis sair e eles tiveram de puxar o menino dos braços de Anna para fora da sala. Ela ainda gritou um “eu te amo!” para ele, mas Gabriel estava chorando demais para conseguir responder.

E Anna, depois disso, também se sentiu destruída demais para fazer qualquer coisa além de se sentar para chorar, não sabia se por tristeza por estar indo morrer, vontade de ficar com o sobrinho ou raiva da Capital e dos Jogos.

No final, apostou na última opção.

*********

Quando chegou a hora do jantar, quase deu para Kriger e Anna esquecerem-se de que iriam para os Jogos e de quase com certeza iriam morrer.

Eles ficaram tão encantados ao ver aquela comida toda que quase perguntaram para Chloris se ela era de verdade. Mas no segundo seguinte já estavam com a boca tão cheia que não conseguiram falar.

– Ao menos usem talheres! – Pediu a representante, horrorizada, mas os dois pareceram nem ouvir, pegando a comida com as mãos e levando-a diretamente para a boca, sem sequer passar pelo prato primeiro. – Eu quero trabalhar para um distrito rico... – Choramingou.

Os tributos não conseguiram comer muito, todavia, até os seus estômagos acostumados com pouca comida começarem a se contorcer e eles sentirem vontade de vomitar tudo o que tinham comido. Chloris olhou-os com as sobrancelhas erguidas.

– Acabaram? Bom. Agora acho que eu posso começar a comer. – Disse, começando ela mesma a se servir, mesmo parecendo totalmente enojada para isso.

– Eu comeria mais. – Kriger disse, dobrando-se para fazer o estômago parar de doer.

– Finalmente algo da Capital que seja bom... – Anna murmurou para ela mesma, realmente tão baixo que os outros não puderam ouvir.

– Eu vou deixar passar o que vocês fizeram dessa vez, Anna e Kriger. – Chloris falou – Mas no café da manhã de amanhã e em todas as refeições que fizermos depois desta, juro que não deixo que vocês comam se não forem comer utilizando talheres.

– Talheres? – Perguntou Kriger, e ela não soube se ele verdadeiramente não sabia o que eram ou se queria provocá-la. De todo modo, Chloris ergueu os utensílios para mostrá-los. Kriger olhou, mas Anna estava pensando em outra coisa que a representante tinha dito:

– Nossa próxima refeição vai ser o café da manhã de amanhã?

– Naturalmente. – A mulher deu de ombros.

E os dois não precisaram nem de meio segundo para pensar antes de começar a atacar a comida outra vez, por mais cheios que já estivessem, pensando nas horas que teriam de ficar sem comer em seguida – e se vomitassem, de toda forma, depois haveria ainda mais para eles comerem. Pelo menos uma vez na vida deles, aquilo não era problema.

O que era bom, visto que eles estavam com problemas que a curto prazo eram bem mais graves que aquele para lidar.


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Notas finais do capítulo

Déls, acho que essas minhas notas finais têm de se chamar "espaço divulgação", porque acho que essa vai ser a terceira vez que vou divulgar uma outra fic aqui... Bem, mas acho que ela talvez interesse à vocês que gostam de fics interativas, embora essa seja de Harry Potter. Se quiserem participar, fichas são completamente bem-vindas ;)
http://fanfiction.com.br/historia/474942/Nossa_Hogwarts_Nosso_Mundo_-_Interativa/
Até o desfile (é tão bom escrever isso!)!



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