Stay Alive escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 24
Partida - Distrito 10


Notas iniciais do capítulo

Minha aulas vão voltar amanhã! NÃÃO! SOCORRO! EU QUERO FICAR EM CASA! DEIXEM-ME FICAR! Se eu jamais postar o próximo capítulo, deixo aqui registrado que o motivo será a minha morte causada por um profundo desgosto.
Mas ainda assim, espero que gostem do capítulo ;)



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Sanderson Cutner

Sanderson, mesmo tendo apenas quinze anos, aparentava ser bem mais velho por seu tamanho e por já ter uma barba rala, diferentemente da maioria dos garotos de sua idade. No entanto, na sala onde ocorreriam as despedidas dele, ele se sentia minúsculo. Quase como um inseto, que poderia ser esmagado pelos Jogos a qualquer momento.

Apenas piorava o fato de que o aniversário de dezesseis anos dele seria dentro de alguns dias, antes de chegar à arena. Ser sorteado não era o presente que ele estava esperando.

Quando sua família entrou na sala, a primeira coisa que ele fez foi correr para abraçar seu irmão Calisto, por quem Sanderson tinha se voluntariado, com tanta força que o menino até arfou.

– Desculpe por ter mandado você calar a boca quando você começou a chorar, Calisto. Eu não queria ter gritado com você. – Murmurou ele.

– Está tudo bem. – Respondeu o garoto – Sanderson... Você está me esmagando...

Sanderson soltou Calisto, e foi se despedir do resto de sua família. Todos os seis – seus pais e quatro irmãos – estavam lá naquele momento.

– Íamos vir em dois grupos, para termos mais tempo com você. – Contou seu irmão mais velho Steven, quando os dois se abraçaram. – Mas Juniper insistiu que deveríamos vir todos juntos como uma família.

– Foi uma boa ideia. – Sanderson tentou sorrir para Juniper, sua irmã de doze anos, apesar de todo o seu pesar e de que também gostaria de ter mais tempo com cada um deles. Daquela forma, ele mal tinha acabado de abraçar a todos quando pacificadores apareceram avisando que o tempo tinha terminado.

– Sequer vamos poder entregar o seu presente de aniversário. – Disse sua mãe, abraçando-o uma última vez antes de sair. Lágrimas escorriam pelo seu rosto. – Você ia gostar tanto!

“Talvez vocês possam enterrá-lo comigo”, pensou ele, mas não ousou dizer em voz alta.

– Vocês me dão quando eu voltar. – Sanderson falou, sem acreditar nem um pouco naquilo.

Mas pareceu confortar sua família pelo menos um pouquinho, antes de irem embora.

*********

Savannah Rayworth

Savannah aproveitou os instantes sozinha na sala das despedidas para refletir se não haveria algum ponto positivo em ser sorteada para os Jogos Vorazes. Não o encontrou, então começou a pensar que sua situação poderia ser pior – ela podia ter doze, por exemplo, ao invés de quinze.

Ela tinha de encontrar algum motivo para sorrir quando sua família viesse, por mais miserável que estivesse se sentindo. Era assim que as coisas funcionavam: como quando sua irmã Leila morreu nos Jogos e só o alto-astral da garota pode convencer sua família a seguir em frente. Savannah sabia que as coisas não se resolveriam se ela chorasse.

Seus pais e seu irmão mais velho Gabbe não pareciam pensar assim, todavia, já que entraram na sala aos prantos. Savannah sorriu, ainda assim, enquanto ia até os três e os puxava para um grande abraço.

– Como se já não bastasse Leila, agora eles tinham de levar minha outra filha – Disse seu pai, entre soluços.

– Eu acho que eles fazem de propósito. – A voz da garota também estava controlada. – Levar gente da mesma família. Acho que eles acham engraçado.

– “Engraçado”! – Exclamou Gabbe, com desdém. – Se eles queriam ver algo engraçado, que comprassem um espelho.

– Pessoas que mandam as outras para a morte não são engraçadas, Gabbe. – Falou a mãe.

Savannah também não podia ver graça nenhuma naquilo, mas sabia que ele tinha dito apenas como insulto – o que era preocupante, já que pacificadores estavam há poucos metros deles, além da porta de carvalho.

– Me prometam que, se eu morrer, vocês não vão cair em depressão como quando Leila morreu. – Disse Savannah depois de alguns segundos.

– Como assim? Savannah, você é a nossa filha! – O pai disse.

– Se for necessário, até me esqueçam. – Ela continuou, como se não o tivesse ouvido. Doía dizer aquilo, mas ninguém precisava saber. – Mas fiquem bem. Amo vocês.

O tempo deles acabou logo após isso. Enquanto a família saía, Savannah sorriu mais.

Mas lágrimas também rolaram por sua face.

*********

Depois de se despedirem de tudo o que conheciam e entrarem no trem que os levaria para a nova e indesejável vida que teriam nos próximos dias, Sanderson e Savannah se sentiam exaustos. Ainda tiveram ânimo para jantar – nunca tinham visto comida como aquela que fora servida – e assistiram às reprises das colheitas pro tradição, mas logo após isso foram para os seus quartos e adormeceram quase imediatamente.

Na manhã seguinte, acordaram sabendo que teriam mais um dia cheio, e foram tomar café da manhã.

A comida continuava tão excelente quanto a da véspera, mas os tributos não conseguiram comer tão bem daquela vez. Estavam preocupados – dentro de alguns minutos, estariam na Capital. Não conseguiam parar de olhar pela janela, e ficaram ainda mais inquietos quando tudo se escureceu do lado de fora, indicando que o trem tinha entrado no túnel que dividia a Capital dos distritos.

– Se vocês vão ficar assim até chegarmos, é mais fácil esperarem na janela de uma vez, ao invés de à mesa. – Disse-lhes o mentor, e os dois se levantaram e correram até a janela mais próxima.

– Será que a Capital é igual ao que mostram na televisão? – Perguntou Sanderson, quase para si mesmo. Savannah ficou em dúvida se devia ou não responder, não só por isso mas também pela má impressão que ele tinha passado à ela no dia anterior, gritando com o irmão. Ela não suportava ver alguém falando daquele jeito com uma criança.

Mas Savannah era uma pessoa simpática, e podia deixar aquilo de lado. Sanderson tinha se voluntariado no lugar daquele menino – devia, no mínimo, amá-lo.

– Acho que na televisão eles exageram. – Respondeu ela, sorrindo.

Mais algum tempo, e o túnel chegou ao fim. Os dois colaram os rostos no vidro.

A Capital parecia brilhar e era extremamente colorida, exatamente como na televisão. Muitas pessoas assistiam à chegada dos trens, e acenaram para Savannah e Sanderson com entusiasmo, esperando serem notados.

– É como se fossemos celebridades. – Savannah comentou, enquanto os dois tentavam desajeitadamente responder aos acenos.

– E não somos celebridades, agora? – Sanderson disse.

Eles pensaram por um momento. Estavam realmente bem famosos, mas a fama deles era bem relativa. Quando morressem, seriam esquecidos imediatamente.

– Eu não me sinto como uma celebridade. – Ela falou, sombriamente.

– É, nem eu.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo!



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