Stay Alive escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 21
Partida - Distrito 7


Notas iniciais do capítulo

Tenham uma boa leitura!
Relembrando: Favee - Representante do Sete.



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Matthew Quingley

Matthew, quando fora chamado na colheita, tinha começado a cantar. A música paralela perdurara, mesmo que em tom mais baixo, quando o hino começou, quando ele foi escoltado do palco e quando foi deixado na sala onde suas despedidas deveriam ocorrer. Mas depois de um tempo, parou, conforme ele foi ficando cada vez mais assustado. Por que ninguém estava vindo? Onde estaria sua mãe?

Vários minutos se passaram, e ele quase estava achando que tinha sido esquecido – algo que não era nem um pouco do feitio da mãe dele – quando a mulher entrou na sala e correu para abraçá-lo. Ele soluçou e algumas lágrimas enfim escaparam-lhe dos olhos.

– Matthew, meu amor, eu sinto muito pela demora. Pensei que você fosse querer se despedir do Coisa Nenhuma, e estava tentando pedir autorização para os pacificadores para trazê-lo, mas eles disseram que gatos não podem entrar no Edifício da Justiça. Ah, meu menininho... – Ela tinha ido abraçá-lo tão rápido que o menino nem tivera tempo de vê-la direito, mas sabia pela sua voz que ela também estava chorando. – Eu vou te deixar sozinho... Não vou poder te salvar... Eu falhei.

– Você não falhou, mãe. Não fale assim. Eu é que vou deixar você e o Coisa Nenhuma sozinhos. – A voz dele estava tremida. – Fazia tempo que você não me chamava de “meu menininho”.

– É verdade. Você está grande agora, Matthew. Grande o suficiente para ganhar os Jogos Vorazes.

– Grande o suficiente para ir para os Jogos Vorazes. Ganhar, é outra história.

A mãe dele, então, começou a passar a mão por seus cabelos escuros, sem mais respostas. Matthew fechou os olhos com força, fazendo as lágrimas pararem, e tentou manter gravado em sua memória como era o cheiro de sua mãe e como era bom abraçá-la.

Eles tiveram pouco tempo para isso, até ela precisar ir embora. Mais uma vez sozinho, Matthew voltou a praticar o que ele tinha descoberto naquele dia mesmo que era o que mais o acalmava: Cantar.

*********

Bonnie Field

Bonnie, na sala onde a deixaram, não se sentou em um dos sofás, e sim no chão, num canto bem escondido. Encolheu-se toda e desejou não estar ali. Ela queria sumir, só isso. Desejou, desejou, e continuou lá, só para ser interrompida pelo som de uma porta se abrindo, passos e logo a voz espantada de seu pai: “Cadê ela?!”

Ela se levantou do chão e, de cabeça abaixa, foi caminhando em direção à voz.

– Estou aqui.

Ao chegar a ele, viu que não estava sozinho – sua mãe também estava lá, observando-a com um olhar crítico. Bonnie não se lembrava de ela estar com essa expressão quando seus irmãos foram para os Jogos, e isso a magoou.

– Eu sou a terceira filha de vocês que é sorteada para os Jogos. Vocês já nem devem ficar mais surpresos, não é? – Ela perguntou, infeliz, e seu pai a puxou para um abraço.

– Eu já te disse, Bonnie, para você não falar esse tipo de coisa. Jamais. – Ele falou, com o tom rígido, embora parecesse emocionado.

Bonnie realmente tinha certa tendência à falar sem pensar, então se desculpou. Ela já tinha repetido tanto que queria ser sorteada para que a mãe percebesse o quanto foi uma mãe ruim para ela que quase sentia que a culpa de estar indo para os Jogos era dela, então prometeu para si mesma – além de para seu pai – que nunca mais ia falar algo do tipo.

Eles se separaram, e a mãe dela veio abraçá-la, mas foi algo tão rápido que mal deu para ela sentir.

– Boa sorte nos Jogos. – Disse a mãe, parecendo incerta quanto às suas palavras.

– Obrigada. – Bonnie respondeu, educadamente, mas com um tom de frieza na voz.

– Por que será que a nossa família sempre dá tanto azar assim? – O pai perguntou, com um suspiro.

A garota colocou uma mecha de seus cabelos castanhos atrás da orelha. Era verdade – por que aquilo acontecia? Eles eram vizinhos de um casal de idosos que tinha oito filhos adultos, que nunca foram sorteados durante a adolescência. Por que a família dela, com seus três filhos, teve de ter cada um dos três sorteado?

– Bem – Ela falou, encarando o chão. –, pode ser que a sorte vire, dessa vez.

*********

No carro que levaria os tributos e a equipe do Distrito 7 para a estação de trem, Favee se sentou entre Bonnie e Matthew, e a mentora sentou-se no banco da frente.

Nenhum dos dois tributos tinha tido a oportunidade de andar de carro antes. Matthew tentou aproveitar a sensação enquanto ainda tinha tempo, pois em breve ele poderia morrer e não sentir mais nada, e Bonnie, que às vezes se sentia como se devesse ter nascido no Distrito 3, avaliou quais seriam as probabilidades de o automóvel quebrar e ela poder sair correndo. Mas ela não era do Três, afinal de contas, e não chegou à uma conclusão.

Favee tirou um espelhinho da bolsa que trazia, e avaliou sua aparência por alguns momentos. Logo em seguida, fez menção de guardá-lo, mas pareceu ter uma ideia melhor e o entregou para Matthew, que a olhou por um instante, confuso, mas o pegou.

– Olhe para o seu rosto. – Instruiu a representante.

Ele olhou, e viu que havia marcas de lágrimas pela sua face, o que era uma injustiça, porque ele sequer tinha chorado tanto assim. Matthew esfregou a manga da jaqueta preta que usava no rosto e devolveu o espelho para Favee.

– Deixe eu ver, também. – Pediu Bonnie, e a acompanhante quase pareceu que ia revirar os olhos, antes de entregá-lo.

O rosto dela estava bastante bom. Não tinha chorado, embora tivesse tido bastante vontade para fazer tal coisa, e aquilo a incentivou a fazer uma expressão destemida.

Com o espelho de volta, Favee ainda mostrou-o para a mentora deles e perguntou se ela iria querer usar também, com ironia, antes de guardá-lo.

Os tributos pensaram em como seria bom ser apenas um mentor, não precisando se preocupar tanto assim com a aparência, pois já tinha vencido os Jogos e estava com a vida garantida.

Mas para Bonnie e Matthew, não era tão simples assim, e fosse qual fosse a máscara que vestissem naquele momento, depois teriam de mantê-la.


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Notas finais do capítulo

Demorei um pouco para postar este capítulo por causa dos estudos para o Vestibulinho, que será amanhã, mas agora acho que a coisa vai fluir. Estou muito preocupada em relação à esta prova... Torçam por mim!
Até o próximo capítulo!



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