Stay Alive escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 20
Partida - Distrito 6


Notas iniciais do capítulo

Eu espero que gostem!
Relembrando: Theoney - Representante do Seis.



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Benjamin Carter

Benjamin estava completamente atordoado, e não era só por causa dos Jogos.

Como podia Hazel, sua colega de distrito, o lembrar tanto de suas irmãs mais novas, Emma e Donna? Benjamin não podia suportar a ideia daquela menina indo para os Jogos – não parecia mais certo do que as gêmeas irem. Aquilo tudo só podia ser um pesadelo. Mas realmente estava acontecendo.

Até o rosto de Hazel pareceu se misturar com os de Emma e Donna quando as duas entraram na sala e eles se abraçaram.

– Ben. – Emma disse – Oh, Ben...

O pai e a mãe deles entraram na sala logo depois. A mulher tinha os olhos cheios de lágrimas, mas nada disse, enquanto o homem parecia mal-humorado.

– Esta despedida é uma baboseira. – Ele reclamava. – De todas as baboseiras, esta é a maior de todas...

– Pai – Benjamin falou –, você pode sair para eu me despedir das minhas irmãs?

Pela primeira vez, ele não hesitou em realizar a vontade do filho. E, quando estava saindo, fez sinal para que a esposa o acompanhasse. Relutante, ela foi. Benjamin não poderia ter esperado outra coisa.

– Escutem, meninas. – Tentando ignorar a existência dos pais, ele afastou um pouco as duas, para que pudesse olhá-las nos olhos. – Eu quero dizer que, se algo acontecer comigo naquela arena...

– Nada vai acontecer com você! – Donna exclamou, chorosa.

– Vocês não são mais criancinhas – Ele respondeu, gentilmente –, e não vou mentir para vocês. Mesmo que eu, por alguma razão, vença, as coisas nunca mais serão as mesmas. E também não quero que se iludam. Então, de hoje em diante, não estarei aqui para proteger vocês e vocês vão ter de se virar sozinhas, e...

– Você estará sempre com a gente, Ben! – Emma falou.

– Eu estarei. – Confirmou Benjamin, embora não tenha sido uma pergunta. E eles só tiveram tempo para mais um abraço antes de ele deixar de ser uma presença física para se tornar apenas uma imagem nos corações das garotas.

*********

Hazel Davis

Hazel, sentada em um sofá, assistia a uma borboleta entrar pela janela aberta e voar pela sala. Era um dia lindo no Distrito 6, e a borboleta não precisava ficar confinada àquele lugar. Ela poderia ir embora quando quisesse, em direção ao azul do dia – Hazel não podia.

Ela sobrevoou a cabeça da menina e depois saiu. Se tinha algo que Hazel verdadeiramente detestava era ficar sozinha, então até aquela mísera borboletinha indo embora a deixou levemente magoada.

– Obrigada pela companhia. – Murmurou.

– O que disse? – Perguntou Ian, o homem que cuidava dela desde a morte de seu pai, quatro anos antes, entrando na sala. Hazel teve um sobressalto.

– Nada.

– Nada? Tudo bem, então. – Ele disse. Foi se sentar ao lado dela, e passou um braço em torno de seus ombros. Nenhum deles falou por algum tempo.

– Ian. – Disse ela, por fim. – Nunca aconteceu de um tributo de treze anos vencer os Jogos, não é mesmo?

– O mais novo a vencer tinha catorze, Hazel. – O homem parecia abalado. – Eu sinto tanto que tudo isso tenha acontecido. Você é tão nova...

– Pelo menos não tenho doze. – Ela falou, tentando colocar o astral mais para cima.

– Isso não é momento para um “pelo menos”. – Ian comprimiu os lábios. – Você sabe o que o seu pai tinha me dito alguns dias antes de morrer?

Hazel ficou surpresa. Ian evitava falar do pai dela, já que a morte dele era uma dor muito grande para todos – mas ela queria muito saber o que ele tinha dito.

– Não. O quê?

– Ele disse, Hazel, que nunca tinha visto uma menina tão fantástica quanto você. Ele ficava, todos os dias, pensando em como tinha sorte de ter adotado uma garota tão maravilhosa. Você era tudo para ele.

– Ele também era tudo para mim. – Ela estava à beira das lágrimas.

Um pacificador veio anunciar o final do tempo. Eles se despediram e Ian teve de sair, para o horror de Hazel, que apesar de tudo, ficou pensando se seu pai estaria esperando por ela se ela morresse nos Jogos.

Nunca ficaria sozinha outra vez.

*********

No trem, a primeira coisa que Theoney fez foi apresentar Benjamin e Hazel à seus quartos, e ambos perderam o fôlego ao ver o quão bem decorados e coloridos eles eram. Eles só tinham visto coisas do tipo na televisão, nas muitas imagens da Capital que o aparelho mostrava, e nunca tinham parado para pensar em como seria ter aquilo na frente deles.

– Tudo isso é de vocês, até amanhã. Mas o próximo quarto que vocês terão, no Centro de Treinamento, vai ser ainda melhor. – Theoney anunciou, e ao ver que os tributos lançaram um olhar estranho à ele, completou: - Bem, claro que é o meu primeiro ano como representante, mas já evidentemente já visitei lá, para conhecer o lugar. De qualquer forma, acomodem-se. Quando der a hora do jantar, venho chamá-los.

Hazel e Benjamin assentiram. Theoney seguiu para o onde devia ser o seu próprio quarto e eles entraram nos deles.

Mesmo após dar algumas voltas pelo aposento, continuava difícil para eles acreditarem naquele lugar. Ainda era difícil acreditar até que foram chamados para a Colheita. Benjamin, não aguentando lidar com aquilo, saiu de seu quarto e bateu na porta do de Hazel. A menina atendeu.

– Benjamin? Algum problema? – Ela olhou para ele, confusa.

– Você me lembra minhas irmãs. – Ele declarou, como se não houvesse escutado o que ela tinha dito.

– É mesmo? – Hazel pareceu mais confusa ainda, e talvez um tanto desconfortável.

– Sim. – Se dando conta do quanto dizer aquilo de repente soava estranho, o desconforto também se instalou em Benjamin. – Ahn, acho que você deve conhecê-las da escola. São apenas um ano mais novas que você.

– Faz alguns anos que eu não frequento a escola. – Disse ela, olhando para baixo.

– Como assim? É obrigatório frequentar a escola.

– Sim, mas convenhamos que a fiscalização no nosso distrito não é tão boa assim. – Hazel, como às vezes fazia, pronunciou as palavras com grosseria. Depois de ser tão abandonada durante sua vida, tudo para ela era motivo de entrar na defensiva. Mas Benjamin não pareceu se importar, e teve uma reação estranha: Estendeu uma mão à ela.

– Sabe, eu não acho que termos descoberto os nomes um do outro na colheita tenha sido uma apresentação adequada. Eu sou Benjamin Carter, mas você pode me chamar de Ben.

A surpresa tomou conta do rosto de Hazel por um segundo e, no outro, ela sorriu e apertou a mão dele.

– Hazel Davis. Pode me chamar de Hazel.

– Tudo bem, então. Vamos ser amigos.

Algum tempo antes, tinha parecido impossível para Hazel se sentir pelo menos minimamente bem novamente na vida dela. Mas naquele momento, ela conseguiu.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capítulo!



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