Sangue Rebelde escrita por mrs montgomery


Capítulo 9
Dois Lados


Notas iniciais do capítulo

Não, eu não morri. E nem fui abduzida por Aliens. Eu só estava sem criatividade, e estou lendo um livro tão INCRÍVEL que não tem como parar de ler.
Bem, mas, voltando ao capítulo, acho que irão gostar. Ou melhor, irão amar. Não achei nenhuma música que combinasse com esse capítulo, então não sei se vai dar para entrar legal no clima.

Mas chega de blá-blá-blá!

Boa leitura ;*



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Donna limpou o canto da boca e jogou o corpo ainda vivo para o lado com o pé. Não gostava de matar as pessoas; só retirava o suficiente para se saciar, e tentava não deixar as vítimas ruins demais. Pelo menos tinha um coração meio bom. Ainda era uma aberração que bebia sangue.

Saiu cambaleando dali, procurando o caminho da casa na árvore. Estava cansada demais para vagar pela floresta, então retomou o caminho para casa. As nuvens já começavam a ficar meio claras, indicando que o sol já estava nascendo. Cobriu-se ainda mais com a capa quando alguns raios de sol começaram a atravessar as frestas das árvores longas e altas; ela estava no território humano.

O calor do sol que vinha através dos pequenos raios era tentador. Uma parte de Donna queria senti-lo, e a outra parte sabia que não podia. Desviou esse pensamento, sendo sensata pela primeira vez na vida.

Depois de andar por um bom tempo, já avistava a ampla cidade do território vampiro. As árvores com poucas folhas denunciavam que o inverno estava para chegar. As pessoas pareciam animadas, e estavam aglomeradas nos postes. Donna ignorou e apenas continuou caminhando até o castelo, esperando que ninguém percebesse sua ausência pelo o dia anterior, quando ela ficou trancada no quarto o dia inteiro.

Entrou no castelo pela entrada principal, e, para sua surpresa, sua família não estava ali. Suspirou com alívio. Estava quase subindo os degraus, então uma garotinha de mais ou menos seis anos foi correndo até ela e rodeou seu corpo

- Donna! – A menininha estava incrivelmente sorridente, e Donna abriu um largo e brilhante sorriso ao vê-la.

- Morgan! – Donna a ergueu, deixando-a no colo mesmo depois de terminar o abraço. Toda sua fachada de durona caiu, e ela parecia feliz e meiga, como fora há alguns anos. – Como você cresceu! Já está batendo acima da minha perna. E o seu cabelo também cresceu bastante. – O cabelo liso e brilhoso de Morgan estava enorme, passando da cintura.

- Você também cresceu! – A voz da menina era tão doce. – E o seu cabelo também. – As duas riram.

- Você e tia Lauren chegaram hoje? – Morgan saiu do colo de Donna e foi guiando-a pela mão até o jardim.

- Sim. Acabamos de chegar, e mamãe está te esperando no jardim.

- Então vamos lá, ora! – Donna sorriu.

As duas foram andando até que chegaram ao jardim. O jardim era uma das partes mais bonitas da casa, com flores, arbustos, árvores, um chafariz, e até um coretozinho. Sua família estava reunida no coreto, inclusive sua tia Lauren.

- Tia Lauren! – Donna correu para abraçar a tia.

- Donna, como você cresceu! – Lauren retribuiu o abraço. – Da última vez que te vi tinha dez anos. – Ela passou a mão pelos cachos de Donna. – Com quantos anos está agora?

- Dezesseis. – Donna sorriu.

- Oh, já é uma mulher! Qualquer dia desses, eu te levo comigo em uma de minhas viagens!

- Seria incrível!

- Isso será um pouco difícil, tia Lauren – As duas se viraram para Octavio que estava com um sorriso maléfico estampado no rosto enquanto estava sentado no mármore lateral. – Donna vive de castigo, ela faz muitas coisas ruins, sabe...

Donna cerrou os punhos.

- Como se você fosse o filho perfeito. – Grunhiu entre dentes.

- Pelo menos não fui eu quem levou um tapa do papai por estar em uma taverna. – Retrucou.

- Octavio, pare. – Lauren pediu em tom de ordem, e logo depois se virou para Donna. – Querida, Morgan está muito ansiosa para poder rever a cidade, pode passear com ela? Eu tenho tantas coisas para resolver, mas depois te recompensarei!

- Tia, passear com Morgan será ótimo! – Ela se virou para Morgan e estendeu a mão. - Vamos?

Morgan pegou a mão de Donna e as duas saíram dali saltitando.

-♥-

 O sol já devia estar se pondo quando Morgan quis brincar e correu para longe de Donna, que sorriu e foi atrás da garota. Depois de um dia cansativo, tudo que a menininha queria era um pouco de diversão. Morgan correu até a praça, e por estar cansada, flexionou os joelhos e apoiou os braços nele. Donna estava quase a alcançando, mas alguém a puxou pelo braço até dentro de uma rua deserta. Ela tentou gritar, mas esse mesmo alguém tampou sua boca. Quando estava quase conseguindo se livrar do indivíduo, este prendeu seus braços atrás da cintura com um braço e tampou sua boca.

- Não grite – A penumbra impedia que ela visse quem era. Mas certa sede ajudou. Ele tirou a mão da boca dela e o braço de sua cintura quando ela começou a ficar histérica.

- Evan! – Ela deu um meio sorriso ao vê-lo, mas este desapareceu logo que ela percebeu o risco que ele corria. – Você endoidou? Se te pegarem aqui será o fim dos tempos, e eu nem sei o que fariam com você. Aliás, o que tá fazendo aqui?

- Se você parar de falar como uma doida eu explico. – Ela cruzou os braços e se calou, dando espaço para que ele falasse. – Preciso que venha comigo. – Ele fez sinal com a cabeça para um cavalo negro do outro lado da rua.

- Para que?

- É uma surpresa. – Ele sorriu sem separar os lábios.

- Como vou saber que não vai me raptar ou coisa do tipo? – Donna arqueou uma sobrancelha e deu um pequeno sorriso.

- Você só vai saber se vir comigo. – Ela se inclinou para ver Morgan que estava sentada em um banco, e Emma se aproximando da prima.

- Eu vou. – Ele sorriu. – Mas tenho que pedir a minha irmã que leve minha prima de volta para o castelo. – Ele assentiu. – Só um minuto.

Donna saiu da rua e foi até a irmã e a prima, as duas sentadas em um banco.

- Donna, onde esteve? Não pode deixar Morgan sozinha! – Repreendeu.

- Emma, eu preciso que leve Morgan de volta para casa, por favor. Tenho algumas coisas para resolver agora.

- Que coisas? – Emma arqueou uma sobrancelha.

- Depois eu te conto, mas, por favor, faça o que te peço. Vou te recompensar depois! – Dito isso, Donna saiu dali e foi andando até a rua escura. Virou-se para conferir se Emma fizera o que pedira. As duas já estavam longe, caminhando em direção ao castelo. Entrou na ruazinha, onde Evan a esperava prestes a subir no cavalo.

- Pensei que iria fugir. – Ele subiu no corcel negro e estendeu a mão para Donna.

- Não sou covarde. – Ela aceitou a ajuda do garoto e subiu no cavalo, timidamente abraçando Evan por trás para não cair.

- Está com medo? – Ele virou a cabeça para trás. – É melhor você firmar seus braços se não quiser cair. – Ela, ainda tímida, firmou os braços ao redor da cintura dele.

- Não tenho medo de praticamente nada. – Retrucou.

- Então você certamente tem medo de alguma coisa. – Ele sorriu e se virou para frente, dando partida em direção a floresta.

O corcel corria como uma estrela cadente atravessava o céu. Aquele dia estava frio, portando o vento estava gelado e forte, fazendo com que os cachos de Donna esvoaçassem junto com sua capa. A luz amarelada rosada atravessava as frestas das árvores, dando uma visão incrível da floresta. Donna sorriu com aquela linda vista.

- Está gostando? – Evan perguntou ainda virado para frente, tirando-a de seus devaneios.

- Era apenas isso que queria me mostrar?

- Isso é apenas uma parte. Tenho certeza que você vai adorar.

Evan voltou sua atenção para a direção que estava seguindo, e Donna recostou a cabeça no ombro do garoto, com o olhar voltado para a paisagem à frente. Algumas flores começaram aparecer enroladas por seus galhinhos nas árvores longas, enquanto a floresta ia ficando mais aberta e as árvores mais retorcidas. O céu estava em uma mistura de amarelo, rosa e laranja, indicando que logo o sol já estaria desaparecido por algumas horas.

- Que lugar é esse? – Donna nunca havia ido ali, parecia muito longe de qualquer limite territorial.

- Nem eu sei – Ele sorriu. – Só sei que é longe o bastante de tudo, e ninguém vai nos achar aqui. – O jeito como ele pronunciou isso a deixou com medo. Ele a deixava com medo. – Agora você tem que fechar os olhos.

- Por quê?

- É uma surpresa. – Seu sorriso estava mais misterioso e travesso do que nunca.

- Está bem. – Rolou os olhos e depois os fechou, inalando melhor o doce cheiro das flores coloridas.

O corcel acelerou, e Donna firmou ainda mais seu abraço. Evan deu uma risada baixa e curta. Algum tempo depois, ele finalmente puxou as rédeas do cavalo, e desmontou-o. Donna ainda estava de olhos fechados, e para não estragar a surpresa, ele a ajudou a descer. Pegou-a pelas mãos e a auxiliou.

- Se eu cair daqui você está morto. – Era para ser uma espécie de ameaça, mas soou como piada e os dois riram. Quando estava quase terminando de descer, se desequilibrou. Seu rosto estava com um encontro marcado com o chão, mas em vez disso encontrou os braços quentes e reconfortantes de Evan.

- Desastrada. – Ele murmurou em seu ouvido.

- Meus olhos estão fechados, ora essa. – Retrucou. Evan cobriu os olhos fechados de Donna com uma mão e foi guiando-a até o lugar.

- Pode abrir agora. – Ele retirou a mão do rosto de Donna, dando-lhe uma linda visão.

Era um por do sol. Um lindo por do sol. O céu estava com aquela coloração bonita, uma mistura de laranja, rosa e amarelo, e havia algumas pequenas nuvens espalhadas por ali. O sol estava com um brilho meio fraco, mas incrivelmente belo. A brisa estava morna, mas agitada. Alguns pássaros passavam por ali, e o mar estava com uma enorme agitação. Os dois estavam em um penhasco muito alto, mais alto até do que o que Donna pulara. O mar completava aquela linda vista, deixando tudo perfeito.

- Evan, isso é... – Um sorriso enorme estava estampado em seu rosto.

- Gostou? – Evan pôs-se ao lado dela.

- E você ainda pergunta? – Seus olhos que estavam fixos na paisagem se voltaram para Evan, e o seu sorriso morreu. – Por me trouxe aqui?

Evan deu uma longa olhada para o sol quase se pondo e suspirou pesadamente.

- Aquele dia na praia você parecia acabada, frustrada. Queria te animar.

Donna suspirou.

- Porque você se importa comigo?

Ele se calou, e toda vez que ia falar engasgava-se nas próprias palavras.

- Não sei – Respondeu na maior sinceridade. – Só me importo. – Donna tentava processar aquilo tudo.

Alguém se importa comigo, pensou. Talvez eu não seja um desastre.

- Olhe – Ele apontou para o sol já indo embora. Foi impossível para ela não dar um mínimo sorriso.

O sol morreu no mar, dando lugar a lua que começava a tomar seu lugar e as estrelas brilhantes. Não havia nenhum ponto de luz naquele local. Apenas muitas, muitas, estrelas. Era como uma mistura estranha de cores e brilhos, mas que no final ficava incrivelmente linda.

- Porque você é tão durona com todo mundo? – Ela engasgou com a própria saliva e fitou-o confusa.

- O que? – Sua voz saiu esganiçada. Ela pigarreou e se recompôs.

- Eu vi você com aquela menininha. – Suspirou um pouco aliviada. – E meu avô me contou sobre os Dias Trevosos, sobre o que seus pais falavam de você. – Ele se aproximou, e colocou uma mecha atrás de sua orelha, tocando a pele fria da garota. Arrepiou-se, mas não se afastou. Acariciou de leve o rosto dela, e seus olhos entraram em uma batalha acirrada contra os dela. – Porque você age assim? Eu sei que você não é assim.

Donna suspirou.

- Se eu começar a ser boazinha, eles me vão me transformar em mais uma Van Gould. Mais uma deles. Não quero ser daquele de garota tipo que só se importa em se casar com um homem rico e ser rica. Não quero ser apenas um brinquedinho deles, no qual me colocam em roupas fofas e apertadas. – Ela deu um passo para trás, tirando a mão de Evan de seu rosto, e ficou de costas para ele. – Á vezes eu penso se não estou sendo hipócrita, e agindo assim apenas por diversão, ou coisa do tipo.

Ele sorriu.

- Você não é assim, Donna. Você é muito mais do que isso.

A luz suave da lua deixava seus fios negros ainda mais brilhosos, e a brisa suave os fazia cair nos olhos, dando-lhe um ar incrivelmente misterioso e perigoso. Seu sorriso era brilhante e arrebatador, e, mesmo de costas para ele, ela pode sentir suas pernas derreterem.

Não aja como tola, pensou, ordenando a si mesma.

Evan pôs a mão em seu ombro, virando-a para si. Aproximou-se dela, e passou a mão por um de seus cachos, no final brincando com este.

- Não gosto que mexam no meu cabelo – Sua voz soava como uma brincadeira, para que ele não se ofendesse. Seu sorriso aumentou.

- Acabei de virar uma exceção. – Ele se aproximou o suficiente para sussurrar em seu ouvido, fazendo os pelos de sua nuca e braço eriçarem. A sede queimou de novo em sua garganta.

Ele se afastou, e brincou mais uma vez com a ponta do cacho antes de soltá-lo.

- Quando vou te ver de novo? – Seu sorriso estava sendo arrebatador, mesmo sem ter esta intenção.

- Sinceramente, eu não sei – Sorriu, contendo a sede. – De qualquer forma, você sempre dá um jeito de me achar.

- Hm – Arqueou uma sobrancelha, e seu olhar ficou distante por um momento, voltando a estar fixos nos dela logo depois. – Amanhã à noite. Encontre-me naquelas ruínas. Conheço um lugar interessante num vilarejo perto daqui, meio formal.

- Formal?

- O lugar é um salão, sofisticado, sabe? – Ele percebeu que Donna ficou estranha, então tratou de consertar. – Não estou falando para ir como um bolo de casamento. Afinal, vá como quiser. Só esteja linda.

- Vai ser difícil.

- Essa palavra não deveria existir no seu vocabulário.

Ele se virou para admirar a noite estrelada, e ela o acompanhou. A noite estava encantadora. As estrelas pareciam brilhar ainda mais, e o ar parecia estar leve, suave, e fresco. Donna fechou os olhos, e aproveitou o momento bom. Sua expressão estava serena, e, por mais que não estivesse sorrindo, estava gostando.

- Você sabe que o que está fazendo é errado, não sabe? – disse ela ainda de olhos fechados. – Eu sou uma vampira, e você é humano.

- Eu sei. – respondeu ele.

- Eu não sei se consigo me controlar. – Ela abriu os olhos, e ele fitou-a. – Não sou como os outros, Evan. Bebo sangue humano. E nesse exato momento estou me controlando ao máximo para não te matar. Por isso disse que era perigoso para você estar comigo.

- Quer saber de uma coisa? – Seus olhos estavam fixos nos dela, ele se aproximou até estar a centímetros dela. O coração de Donna disparou. Só então ele completou com um sussurro: – Eu não dou a mínima para isso.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?

Gente, vocês podem me mandar músicas que lembrem Sangue Rebelde, ou sejam legais de ouvir lendo? Agradeço ;*

Beijos, até os reviews *----*