Sangue Rebelde escrita por mrs montgomery


Capítulo 4
Fogo


Notas iniciais do capítulo

Ooiie pessoinhas =D Trago para vocês mais um capítulo, espero que gostem :3

Boa leitura :3



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Não havia sol. A floresta estava tremendamente mais escura que o normal. As árvores começaram a se balançar de repente e uma onde de frieza atingiu a floresta. As nuvens foram ficando mais escuras ainda. Era certo que ia chover.

Donna olhou dentro dos olhos do garoto. Imensos. Infinitos. Eles pareciam levá-la para longe, puxando-a cada vez mais para seu abismo. Os fios negros e lisos caíam sobre o rosto sereno, deixando tudo ainda mais sombrio. E belo, de um jeito arrepiante e perigoso. O contato com ele fez com que uma onda de eletricidade atingisse todo seu corpo. De um jeito bom. E estranho.

Irritada consigo mesma, Donna movimentou o braço de modo que o garoto parasse de segurá-lo e deu um passo para trás, girando em seus próprios pés atrás de Matthew. Ele havia sumido. Não havia nenhum rastro ou sinal de Matt. Irritada, Donna se virou para o garoto desconhecido e cerrou os punhos. Seus olhos ficaram mais vermelhos que o normal, enfurecidos. Raivosos. Belos.

– Antes de querer me matar, saiba que eu te salvei de um lobo. - O garoto disse. - Deveria me agradecer.

– Ele é meu amigo! – Ela colocou um pé à frente, os punhos ainda mais cerrados, se é que isso era possível. – E porque quer me ajudar? Você nem me conhece!

– Donna, eu só te ajudei porque estava passando por aqui no instante em que você. Eu fui gentil, não posso mais ser assim?

– Porque não me deixou ser atacada?

– Seria uma pena para seus pais perderem você não acha? Os Van Gould com certeza ficariam revoltados e colocariam a culpa nos humanos, e ai ia começar tudo de novo.

Donna congelou. Como ele sabia que ela era uma dos Van Gould? Não tinha como perceber essa diferença olhando assim, era preciso conhecer a pessoa.

– Não sou uma Van Gould! – Donna protestou.

– É sim.

– Como sabe, digo, como acha que sabe que eu sou Van Gould?

– As tropas da sua família estão vagando pela floresta atrás de você. Dezenas de cavalheiros.

– Droga...

– Com isso você admitiu que é uma Van Gould. – Ele sorriu. Um sorriso perverso e travesso.

– Eu não disse isso. – Ela rebateu. – E nunca disse que era vampira.

– Seus olhos não mentem. São vermelhos como sangue.

Donna ficou vermelha de raiva. Cruzou os braços e apertou as unhas nos mesmos, deixando marcas em vermelho na sua pele pálida.

– Porque ainda não foi embora? Eu já estou bem e não vou estragar esse equilíbrio entre os territórios que você tanto ama.

– Porque é divertido ver você com raiva. - Ele sorriu. Dessa vez não era um sorriso maligno ou coisa do tipo. Era simplesmente um sorriso. Um belo sorriso. Donna sentiu aquela sede novamente. Estava virando uma necessidade. Tinha que sair de perto daquele garoto e ir caçar, senão ela ia acabar matando ele ali mesmo.

Mas... E daí?

Ela ia matar um humano mesmo. E ele estava ali dando sopa. Mas tinha as coisas dos territórios, as futuras acusações, uma futura guerra... Ela nunca ligou para regras, porém não podia deixar um reino inteiro desabar por sua causa.

Mas ela sabia que havia algo mais.

– Para sua segurança é melhor você ficar longe de mim. Não sabe do que eu sou capaz.

O garoto sorriu torto, perverso e sem separar os lábios e se aproximou da garota até ficar a mais ou menos um braço de distância dela.

– Eu não tenho medo de sanguessugas. Muito menos de garotas sanguessugas.

– Eu não sou tão boazinha. – Soou nada ameaçador. – É melhor tomar cuidado comigo.

– E muito menos ameaçadora. Acho que você precisa saber uma coisa sobre mim, Donna.

– Seu nome, por exemplo?

– Não, ainda não – Algumas nuvens se clarearam, e Donna pode ver os olhos brilhantes do garoto ainda mais misteriosos e belos. Perfeitos. - Você pode me dizer para ficar longe o quanto quiser. Pode me dizer que você é perigosinha e coisa e tal.

– Sou tão perigosa quanto o fogo, moleque. – Ela ameaçou e arqueou uma sobrancelha. – Então não brinque comigo. Vai se queimar.

– E quem disse que eu tenho medo de fogo?

Dito isso, ele sorriu perversamente e foi dando alguns passos para trás até que se virou e sumiu na escuridão da floresta, deixando Donna perdida em pensamentos e até um pouco tonta.

Então ele não tem medo de fogo, Donna pensou. E quando viu, já estava sorrindo para o nada.



–♥-




– Zoe, se você sabe alguma coisa, conte para nós! – Emma insistiu, sentando-se na beirada da cama de Zoe.


– Eu não sei de nada! – Zoe respondeu, parando de olhar sua imagem embaçada no espelho e se virando para os primos.

– Nós sabemos que você fica de tramóia com Donna! – Octavio fez gestos com a mão, apontando para Zoe. – Você sempre a acoberta!

– Eu não tenho nada a ver com os sumiços dela! E vocês não podem simplesmente entrar no meu quarto e me fazer um interrogatório – Zoe abriu a porta. – É melhor vocês irem embora.

– Você sabe que tem culpa, Zoe. – A menina apertou a maçaneta com mais força e abriu a porta ainda mais. – E também será punida junto a Donna.

– Confesse o que sabe sobre Donna e nada irá acontecer com você. – Octavio sugeriu.

– Saiam! – Zoe gritou apontando para a porta, seus cachos ruivos balançaram e seus olhos ficaram ainda mais vermelhos.

– Só queremos conversar! – Emma insistiu.

– Vocês querem prejudicá-la. Saiam, por favor.

Relutante, os dois saíram do quarto e foram falar com Charlotte, deixando Zoe imersa em pensamentos. Pelo visto, Emma e Octavio já haviam percebido que ela sempre protegia Donna em todas suas fugidas e encrencas, e agora era ela quem estava encrencada. Se as coisas continuassem assim, Donna teria que agir por conta própria.



–♥-




– Você tentou me matar! – Os olhos de Donna ficaram ainda mais vermelhos e ela cerrou os punhos, debruçando os sobre a mesa. Depois de encontrar com o par de olhos verdes, ela foi até a casa na árvore e lá achou Matthew.


– Eu estava fora de controle! – Matthew gritou, fazendo gestos com as mãos e depois as passando no cabelo.

– Porque você ficou fora de controle? Eu não entendo. Foi só uma queda de braço! – Matthew abaixou a cabeça. – Não foi só a queda de braço, né? – Ele olhou para ela, os fios mais claros e os olhos já castanhos. Donna já não estava tão irritada. Ela estava preocupada com ele. - Matt, o que houve?

– É que... Eu tive uma discussão com meus pais antes de vir para cá. E eles vieram de novo com aquele papo de que eu fico mais forte a cada dia e que... Eu não poderei ficar sozinho por muito tempo, terei de ter alguém ao meu lado quando governar o território e...

– Eles querem que você se case?! – Donna gritou, passando as mãos nos cachos negros e dando alguns passos para trás até bater na bancada da pia. Matthew não podia se casar. Ela não gostava dele romanticamente ou coisa assim, ela só não queria perder um amigo. Se ele se casasse, não seria a mesma coisa. Os três não seriam a mesma coisa sem ele. – Você só tem dezesseis anos!

– As pessoas em Wonder Hill casam-se muito cedo, Donna. Eu também não quero, mas meus pais me obrigaram.

– E você vai deixar que eles te obriguem a fazer coisas que não quer?

– Bem, eles ainda estão vendo isso. Ou eu ou Jayden. E eu estou rezando para que seja Jayden.

Eu também, ela pensou.

– Jayden está namorando a filha de uma amiga da minha mãe. Ele me disse que está quase pedindo ela em casamento, só está esperando o momento certo.

– Seus pais te falaram de alguém, tipo... Quem é a garota que se casaria com você?

– Não. Apenas me disseram que se Jayden não se casar, quem se casará sou eu. – Donna mordeu a bochecha e ficou em silêncio por algum tempo. – Isso basta para que você esqueça que eu tentei te matar.

Donna sorriu.

– Acho que sim. Mas agora eu tenho que ir, estou morrendo de sede.

– Você não... Tipo... Não bebe de lobos... Bebe? – Ela inclinou levemente a cabeça para trás e riu da cara amedrontada de Matthew.

– Minha tia diz que é igual sangue animal, então eu acho perda de tempo. E sangue humano é muito melhor. E é desse que eu estou sede.

– Você nunca sente sede. – Donna bebia para se abastecer e para não sentir sede, nunca sentiu realmente esta mesma. - Bem, não de sangue humano.

– Eu sei, foi repentino. Talvez seja porque bebi muito de animais. – Mas não era. Era culpa de um par de olhos verdes. Belos olhos verdes.

– Tem certeza?

– Absoluta. – Os dois ficaram em silêncio. – Eu... Preciso ir agora. Tchau, Matt.

– Tchau, Donna.

Donna se cobriu com a capa, abriu a porta da casa e fez com que Thomas e Kevin caíssem aos seus pés, literalmente.

– Vocês estavam ouvindo nossa conversa? – Donna colocou os punhos novamente cerrados na cintura.

– A gente?– Kevin tentou se explicar enquanto os dois se levantavam meio tontos. - Nem pensar!

– É! – Thomas entrou no meio. – Como pode pensar uma coisa dessas, Donna? Nem parece que conhece a gente!

– É por conhecer vocês que sabemos que estavam ouvindo – Matthew apareceu logo atrás de dona, rindo da cara dos amigos.

– Mas, Matt, você vai mesmo se casar? – Thomas perguntou, esfregando o cabelo.

– Fala sério, vocês nem isso ouviram direito? – Donna zombou deles.

– Depois eu explico a vocês!

– Ai, galera, to indo. – Donna puxou o capuz, de modo que seu rosto não aparecesse, e saiu da casa em direção a floresta.

– Até mais! – Thomas e Kevin acenaram. Donna se virou e sorriu para eles, e depois sumiu na escuridão da floresta.



–♥-




– Emma, Zoe não lhe contou nada? – Charlotte perguntou, se abanando com o leque.


– Não. – Emma respondeu, juntando-se ao irmão e a mãe no sofá e cruzando as pernas por debaixo do vestido azul. - Ela praticamente me expulsou de lá.

– Não duvido nada que ela está de tramóia com Donna. – Disse Octavio.

– Mas é claro que ela está. Donna conta tudo para ela. – Disse Emma.

– E mal conversa conosco. A única exceção é seu avô. – Charlotte se abanou mais forte. – Crianças, tentem fazer com que Donna se abra mais com vocês. Isso é essencial para que ela pare de ser tão... Tão...

– Ela. – Octavio completou ríspido.

– Que horror! Não fale assim dela! – Emma tentou defender Donna. – Ela pode ser rebelde, mas tem personalidade forte e aguenta qualquer coisa. O único problema é a rebeldia.

– Então ajudem ela com isso. – Charlotte fechou o leque.

– Falando nela... – Octavio revirou os olhos e os olhares se voltaram para Donna, parada no vestíbulo do castelo. Os cabelos estavam rebeldes, os punhos cerrados com os braços cruzados, a capa tapando seu corpo, mas não o suficiente para ocultar o vestido que Donna cortou e ficou pouco acima do joelho, o olhar obrigada-por-estragar-minha-vida mirando em sua mãe e seus irmãos e dois guardas ao seu lado.

– Donna! – Charlotte gritou, indo até a filha. – Mas onde você esteve? E que... Você cortou seu vestido? Olhe só para você! Que desastre! – Donna segurou o choro. Não era do seu estado que sua mãe estava se referindo. Ela era um desastre. - Oh, vá para a biblioteca, seu pai lhe espera.

Donna colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. Seu irmão deu um sorriso vitorioso, ele a odiava, então vê-la encrencada era ótimo. Mas, para surpresa de Octavio, Donna apenas ergueu a cabeça e foi desfilando até a biblioteca. Ninguém nunca a veria derrotada.

Nunca.



–♥-





Donna entrou na biblioteca, a capa arrastando no chão e o capuz ainda erguido. Seu pai estava na mesa de madeira escura no centro da sala, que era em formato de dodecágono. Havia um teto com vidro desenhado e uma cortina vermelha cobrindo qualquer espécie de luz que ousasse penetrar ali, o que deixaria o ambiente totalmente escuro se não fosse pelo enorme lustre com cristais, os candelabros na mesa e alguns nas paredes.



– Donna – Benjamin chamou, olhando fixamente para ela, e apontou para a cadeira do outro lado da mesa, o lado oposto a ele e ao mesmo tempo a sua frente. – Sente-se ai.

Donna abaixou o capuz e se sentou, com certo medo da punição. Era a primeira vez que ela era pega fugindo de um castigo.

– Filha, porque fugiu?

– Porque eu queria sair.

– Mas estava de castigo. – Ele estava visivelmente irritado. – Porque você insiste em sair todo o dia? E o mais importante, para onde vai?

– Pai, eu tenho dezesseis anos e quero ter uma vida social. Trancafiar-me numa torre não ajuda com isso.

– Não respondeu para onde vai.

– Eu vou para aquela taverna onde pararam de vender bebidas proibidas. A Taverna do Warg. – Não era mentira. Vez ou outra ela ia lá.

– Mas aquela taverna fica na parte pobre de Wonder Hill. Apenas os mais inúteis vão lá.

– As pessoas que eu gosto estão lá – Isso também não era mentira. Donna gostava das pessoas que frequentavam a Taverna do Warg, por serem humildes, e não metidas como as pessoas que frequentavam os lugares permitidos para ela ir e o castelo.

– Não quero você amiga dessa gentinha.

– E eu não quero ser amiga dessa gentinha esnobe que você trás aqui para o castelo.

– Não fale mal dos nobres.

– Então não fale mal das pessoas que eu gosto.

– Chega! Vá para sua torre, e não volte não cedo!

Com o maior prazer, papai.

Dito isso, ela se cobriu novamente com o capuz e foi para sua torre. Os olhos mais vermelhos que o normal, ansiando uma brecha para poder fugir para a liberdade.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Espero vocês nos reviews ;*