P.O.V Autora

– Rapunzel! - Gritou Jack, o desespero visível na voz.

Não houve resposta.

A poeira ainda não havia baixado, tornando impossível ver qualquer coisa, Rapunzel não respondia, Jack não podia vê-la, tomado pelo desespero e angústia, ele começava a imaginar o pior, imaginava que talvez as pedras tivessem soterrado Rapunzel, ele imaginava o medo que ela sentira se isso tivesse acontecido, o quanto isso poderia ser uma morte lenta e incrivelmente dolorosa, ele pensava na dor que ela sentiria, antes de desmaiar pela mesma, ele não sabia o que faria se Rapunzel morresse, não sabia como ia superar, talvez nunca superasse, ele não poderia aceitar que a perdera para sempre.

– Rapunzel! - Ele gritou novamente, o desespero aumentando cada vez mais.

A poeira finalmente começava a baixar, as coisas em volta deles começavam a ser visíveis, e um brilho, das cores do arco-íris, estava tomando o lugar da poeira, eles rapidamente voltaram os olhos para o núcleo do brilho, e o alivio tomou conta do desespero de Jack, a luz vinha do chicote de Rapunzel, ela estava ilesa, olhando para as pedras à sua frente, o chicote segurado firmemente em sua mão. A água havia parado, as pedras impediam a passagem dela, eles estavam seguros.

– Rapunzel - Disse Jack, desta vez sua voz era calma, ele correu até ela - Você está bem?

Jack se ajoelhou ao lado de Rapunzel e a olhou com certa preocupação, Rapunzel olhou para ele e sorriu.

– A água parou! Deu certo! - Ela exclamou animada.

Jack lhe lançou um olhar confuso.

– O que deu certo? - Ele perguntou.

– O tremor, acho que fui eu que fiz!

– Então o seu Cristal controla a...

– A terra! - Exclamou Soluço o interrompendo - O seu Cristal controla a Primavera e a Terra! E estamos no subsolo! Temos terra em todo o nosso redor! Você percebe o quanto isso vai ser útil?

– Soluço tem razão, com o poder do seu cristal, somos mais fortes aqui!- Exclamou Merida

Jack olhou para Rapunzel, ela estava sorrindo, e ele também não podia deixar de sorrir, ao ver aquele rosto que tanto significava para ele, feliz e bem. Ele a ajudou a se levantar, feliz por ela não ter se machucado por conta das pedras como pensava havia pouco tempo.

– Vamos, o espirito do meu Cristal tinha falado comigo enquanto eu dormia, ela disse que esse lugar é cheio de armadilhas, então acho melhor termos cuidado - Disse Jack.

– Ela disse mais alguma coisa? - Perguntou Soluço.

– Ela disse que devemos sempre ir para baixo, quanto mais fundo, mais perto estaremos.

– Então melhor começarmos a andar, algo me diz que isso será bem difícil - Disse Rapunzel

– E dês de quando as coisas são fáceis para nós? - Respondeu Jack com um tom de divertimento que só ele conseguiria produzir nesta situação.

Então eles começaram a andar pelo corredor escuro, a iluminação vinha somente de suas armas, deixando o ambiente um tanto que colorido, mas nem a bela luz que irradiava de suas armas podia tirar o ambiente obscuro daquele local, eles percebiam que, o corredor começava a se inclinar, indo para mais dentro da terra, cada vez mais perto do inimigo, cada vez mais perto de um lugar que eles tinham plena consciência que poderiam nunca mais voltar, havia grande chances daquele ser o último dia deles, grandes chances de que a profecia que encontraram nas ruínas daquele reino se cumprir em poucas horas, mas apenar do perigo iminente, ele não pensavam tanto em si mesmos, o que mais temiam de verdade agora, era ver os outros feridos ou mortos, nesse pouco tempo que passaram juntos, criaram um elo forte, talvez forte demais, um elo que muitas pessoas não podem criar em uma vida inteira, eles haviam criado em dias, há coisa que não se pode fazer com alguém sem criar um elo forte com ela, e eles fizeram todas as coisas que ligariam um ser a outro, enfrentaram perigos juntos, enfrentaram dificuldades e medo, mas nunca sozinhos, se tivessem tentado entrar nesta aventura sozinhos, jamais sobreviveriam, afinal são o The Big Four, não poderiam agir sozinhos sendo que são uma equipe.

O corredor que eles andavam enfim começava a se expandir aos poucos, quanto mais andavam, mais as paredes e o teto ficavam distantes, como se fosse um cone que fora cortado ao meio, eles o percorreram até que se viram em um impasse.

Havia quatro túneis para escolherem, quatro túneis obscuros, quatro túneis intimidadores, quatro tuneis assustadores, quatro túneis iguais.

– Vamos nos separar? - Perguntou Merida

– Não! É isso que ela quer, se nos separarmos, seremos alvos fáceis! - Disse Jack

– Então qual seguiremos? São exatamente iguais! - Disse Soluço

– Acho que não, este túnel - Rapunzel disse apontando para o primeiro túnel a direita - Está indo mais fundo, e é onde precisamos ir certo?

Todos olharam para Rapunzel com certa admiração e curiosidade, e não disse nada até Jack quebrar o silencio.

– Então, controle sobre a Terra e de brinde um mapa do subterrâneo é? - Ele disse sorrindo.

Rapunzel sorriu de volta e deu de ombros.

Os quatro nem pensaram em duvidar do que Rapunzel dizia, se podiam confiar na intuição de alguém naquele labirinto subterrâneo era a intuição dela. Eles seguiram pelo corredor, e como Rapunzel havia dito ele se inclinava para ainda mais fundo, ainda estavam dependendo apenas do brilho de suas armas até que começaram a aparecer nas paredes tochas, mas não tocha com chamas comuns, era chamas azuis, belas e fantasmagóricas, deixavam o ambiente ligeiramente macabro. O que eles não sabiam era que havia um motivo para as chamas serem azuis, elas eram impregnadas de magia, e sem que percebessem, estavam sugando a luz de suas armas, deixando-os apenas com as fantasmagóricas chamas azuis, o primeiro a perceber isso fora Soluço.

– É impressão minha ou nossas armas pararam de brilhar?

– Não... Elas realmente pararam de brilhar! - Disse Merida alarmada.

– Isso não é nada bom... - Disse Jack

– Nada bom mesmo... - Completou Rapunzel

E como se adivinhassem, as tochas de repente se apagaram, os deixando na mais completa escuridão, eles não podiam ver nada, estavam naquele corredor como cegos,sem encontrar a luz, essa era uma das armadilhas das quais Elora alertara Jack, mas naquele momento, todos só pensavam em encontrar as paredes para seguir o túnel, o que foi um grande erro.

Novos túneis se abriram nas paredes, e tentando achar desesperadamente algo naquela escuridão, cada um entrou em um túnel. Se não haviam se separado antes, agora iriam se separar, sozinhos no labirinto da bruxa.

Tentaram chamar pelo nomes um dos outros quando perceberam o que aconteceu, mas era tarde demais, a entrada por onde vieram havia se fechado, deixando todos sozinhos na escuridão.

Ou melhor quase todos...

Rapunzel batia desesperadamente nas paredes, seus poderes sobre a terra não estavam funcionando, o medo tomava conte dela, onde estariam os outros? E Jack? Ela estava completamente só naquele túnel, ou era o que pensava.

Uma luz surgiu atrás dela, ela rapidamente se virou e o que viu acalmou seu coração, parada diante dela segurando uma tocha que brilhava, não como as azuis, mas como uma tocha comum, quente e acolhedora, lá estava, sua mãe como assim ela pensava, pois mal sabia ela que estava diante do inimigo.

Gothel deu um sorriso acolhedor para Rapunzel, ele estava com mais rugas do que a garota se lembrava, e em seus cabelos negros era possível ver claramente fios grisalhos brilhando na luz da tocha, mas seu rosto não deixara de ser belo, era o mesmo rosto que Rapunzel tanto conhecia quanto amava.

– Mamãe! - Gritou Rapunzel animada e correu para a direção de Gothel e a abraçou.

A Garota não questionou estava feliz por ver Gothel, por mais que estivesse errada em se sentir feliz por isso. Gothel a abraçou de volta e acariciou seus cabelos, havia um motivo para Gothel querer separar os quatro, ela queria pegar Rapunzel sozinha, sem ninguém para protege-la, e agora ela estava lá bem segura em seus braços, Gothel poderia mata-la agora, mas tinha planos para Rapunzel.

– Minha querida venha! Vou te deixar segura! - Disse Gothel com uma voz de veludo encantadora, e Rapunzel repleta de medo se rendeu a proposta de Gothel.

Rapunzel assentiu nervosavente e Gothel deu um sorriso, com os braços nos ombros de Rapunzel ela a guiou pelo corredor tenebroso.

Rapunzel, oh pobre Rapunzel, nem sabe o que te espera no fim do túnel, mas posso garantir, não é uma luz...