Bem, essa conversa não só piorou meu estado emocional. Ver que Draco esta sofrendo também dói mais em mim do que nele, ver ele naquele estado, chorando, o Malfoy chorando, por minha causa. Acho que eu sou uma monstra, que veio nesse mundo para machucar os outros e a mim mesma. O resto do dia foi uma bosta. Não conseguia parar de pensar na nossa conversa, na declaração de Draco, em tudo. Fui para o chalé de Artêmis acreditando que depois de uma bela dormida tudo ficaria melhor.

Nunca estive tão errada na minha vida. Dormir só me fez ficar pior. Ou melhor, tentar dormir, dar um cochilinhos ocasionalmente e ficar pensando em Draco. Merda. Já deu disso. Vou esquecer ele, é o que há. Não posso ficar assim, me remoendo pelos cantos em um lugar maravilhoso como esse. Isso é meu sonho, estar aqui, e eu não posso perder tempo algum. Quando eu chegar em casa eu tenho todo o tempo do mundo pra ficar me remoendo, mas até lá não vou mais pensar, chorar ou me excluir da sociedade por Draco.

Fui tomar café. Motivos de cochichos novamente. Sentei na mesa de Hades e esperei Nico chegar. Peguei a comida, fiz o ritual de jogar a comidinha no fogo (um desperdício, se eles soubessem o tanto de pessoas que estão passando fome não fariam isso não). Fui me levantar e, graças a esses bancos de acampamento que são aqueles em linha, vocês sabem como que é, tropecei e quase fui de costas no chão, mas logo senti umas mãos fortes em minha cintura.

-Te peguei – disse uma voz grossa, simpática e alegre, uma voz que eu reconheceria em qualquer lugar. Lee. Dei uma risadinha pra aliviar.

-Valeu- disse voltando a sentar na cadeira, onde Lee sentou ao meu lado.

-Mas toam cuidado, nem sempre você vai ter esse cara lindo, perfeito e divino para de segurar – disse abrindo o mais lindo dos sorrisos, confesso que me deixou desconcertada.

-A-Aham – disse meio que babando. Essa pessoa só pode ser filho de Apolo mesmo (N/A: Como eu :3).

- Aham – disse Nico, saindo de tras dele. Esse Aham me remete ao primeiro dia e logo sorrio.

-Aham – digo de novo.

-Aham

-Aham- e isso logo vira aposta. Falamos Aham tão rápido e tão sincronizados que Lee parece estar vendo um jogo de ping pong. Logo Nico erra e começamos a rir.

-Percebi que eu to por fora... Tchau Lice, até mais- disse Lee dando-me um beijo na bochecha e se vai. Fico olhando pra ele igual boba. Nossa que homem.

-O que ta olhando Alice? – pergunta sorrindo

-Nada.

-Para de olhar e vai atrás dele mulher! Homem bonito igual o Lee não da em arvore não! – disse brincando e me empurrando da mesa dele.

-Você ta me expulsando? – perguntei brincando, colocando a mão no peito fingindo que estava ferida.

-Estou, agora vai! – disse gargalhando me fazendo gargalhar e correr, mais por medo do Nico do que querer estar na companhia do Lee, mas ele era lindo, legal e simpático, precisa mais do que?

Fui andando pelo acampamento pra ver se eu achava ele, mas nada. Onde essa pessoa foi se enfiar? Estava sentada no píer, hoje estava fazendo um belo dia. Aqueles dia que não está nem muito calor, nem muito frio, no meio termo. Fiquei lá, me aquecendo, até que escuto um barulho na floresta. Como boa curiosa que sou, fui ver o que era. Cheguei e logo me escondi atrás de alguns arbustos. Lee estava tentando acertar uma maça que estava no ponto mais alto da árvore, duvido ele acertar essa. Bem, acho que eu não vou duvidar mais de Lee, ele acertou. Logo depois tentou acertar uma folha, bingo. Depois um galho. E assim foi. Até ele estava tentando acertar um ovo, quando a inteligência aqui pisa em um galho. Ele olha para os lados, a procura do barulho. Eu sento no chão e fecho os olhos. Não quero que ele saiba que eu estou espionando ele. Quando ouço passos se distanciando posso respirar normalmente, mas continuo de olhos fechados, sinto que isso me faz mais invisível, só que na verdade não faz porra nenhuma. Logo sou levantada pela cintura, como um bebê.

-Se quiser abrir os olhos... – diz uma voz parecendo estar puta da vida comigo. Abro um olho e vejo Lee, com a mais cara de séria ever. Com muita coragem abro o outro e Lee está segurando a minha cintura me deixando suspensa no ar. Se ele quiser, ele pode até me matar e creio que ninguém vai ouvir ou saber, já que todos devem estar almoçando.

-Ér... Bem... Eu posso explicar... – disse olhando pra baixo, sem coragem de encarar aquelas incríveis orbitas castanhas.

-Não precisa, ta tudo bem ruivinha – disse rindo e me colocando no chão- era só brincadeira.

-Nossa, nunca mais faz isso comigo menino, achei que você ia me matar- disse batendo em seu peito, ou melhor, tentando. Percebendo que isso não provoca dor alguma dele paro e ele começa a rir da minha cara.

-Isso, ria, pode rir – disse com os braços cruzados, logo começando a rir também.

Sentamos no chão, eu na frente dele e ficamos conversando por um bom tempo. Lee é líder do chalé de Apolo, veio para o acampamento logo depois de sua irmã gêmea Lilian ser morta por uma fúria. Assim, sua mãe entrou em depressão profunda e ele, sem opções resolve vir ao acampamento com um sátiro, que não me recordo o nome e que não o vê a anos. Dessa maneira, está no acampamento desde quando tinha nove anos e quase nunca sai daqui, diz que é seu refúgio, o único lugar que pode verdadeiramente chamar de lar.

-Eu só queria que ela visse que eu existo sabe? Eu sei que a Lilian morreu, mas ela não fica bem, ela devia se recuperar, pra cuidar de mim, me ajudar, mas não... Eu nunca vou perdoar ela... Não mesmo... – diz Lee se referindo a mãe dele. Eu, sem reação abraço-o.

-Fica tranquilo Lee, pode contar comigo viu? Eu me preocupo com você, como tenho certeza que seus irmãos e amigos também – disse segurando sua cabeça em minhas mãos. Estávamos próximos, bem próximos. Eu mesma achei que ele ia me beijar e já estava pronta para para-lo quando ele simplesmente deita no meu obro e sussurra no meu ouvido.

-Sei que você tem um amor mal resolvido, e eu pretendo esperar por você, não quero te forçar a nada ok? – sussurrou e me fez arrepiar. Abracei-o mais forte, como ele era fofo! Com certeza ele superou minhas expectativas.

Voltamos juntos para a arena, depois de passar pra comer um lanche no refeitório, fomos para a aula de arco e flecha, onde Lee era o instrutor. Não posso reclamar, ele era carismático e simpático com todos, de vez em quando me lançava uma piscadela e eu corava. Eu coro bem fácil, odeio quando isso acontece, mas ok. Ele me ajudou a atirar, muito carinhosamente deve ressaltar.

Fui até o meu chalé e logo sinto braços fortes me abraçarem, dou uma gargalhada. Lee era um fofo, e eu achando que ele era metido, como aparentava. Na verdade ele era um lindo, um lindo super fofo. Logo que ele me soltou me virei e dei de cara com ele, com mais um daqueles sorrisos. Não me aguentei e dei um selinho nele, o pegando de surpresa. Logo me abraçou, mas afastei-o sorri e entrei no quarto. Sentei na cama, olhei para o teto. Sentia-me feliz, como raramente estou. Draco. Logo abri a boca em formato O. Não pensei em Draco o dia inteiro.