Me sinto como a Valente, só falta o arco e flecha. Corria e meus cabelos voavam por trás de mim. E eu chorava. Muito. Eu tenho razões concorda? Bem na hora mais feliz da minha vida, eu caio nessa floresta obscura, sozinha e indefesa. O que eu posso fazer invés de correr? O rugido aumenta cada vez mais e já estava ficando dolorida.

Depois de aproximadamente uma hora vejo que a floresta vai ficando mais... viva. As flores são mais coloridas e as árvores mais verdes, isso era perceptível mesmo de noite. Quando eu vejo a entrada do acampamento meio-sangue. Como eu sei? Bem, se você estivesse no meu lugar você saberia. Nunca vi uma entrada tão antiga e tão bem conservada. No alto da colina estava a árvore de Thalia com o velocino de ouro e o dragão ao lado. O rugido estava aumentando e eu estava fudida. Não posso entrar porque obviamente não sou filha de um Deus/ Deusa e graças a barreira protetora ficarei aqui pra sempre, sem meu Draco para cuidar de mim.

Subi em uma árvore, estilo Katniss e fiquei lá sentada até que adormeci. Acordei e cai da árvore. É, quem mandou ser atrapalhada. Sempre soube que não daria certo eu dormir em uma árvore, mas é tipo aquele ditado “Não tem tu, vai tu mesmo”. De dia as plantas pareciam ainda mais saudáveis, nunca encontraria algo parecido, nem mesmo na Amazônia. Percebi que ainda era cedo, parecia ser uma sete da manhã. Ouvi passos e, chorona do jeito que sou, me escondi atrás da árvore que dormi. Os sons iam aumentando até que comecei a ouvir vozes, uma masculina e outra feminina.

– ... não faria nada parecido! - dizia a menina.

– Claro que faria, ela me odeia. Aquela menina só pode ser filha de Ares mesmo. Clarisse é a pior pessoa que eu já conheci! E nem venha defender ela, só ela faz essas pegadinhas idiotas com o objetivo de me machucar, mutilar ou até me matar! - dizia o menino indignado.

– Você não acha que ela tem coisa mais interessante pra fazer jogar todas as suas coisas no meio da floresta enquanto você dormia te deixando somente de cueca e camiseta? - disse a menina visivelmente segurando a vontade de rir e eu não consegui me conter e acabei gargalhando, denunciando meu esconderijo. Ouvi o que pareceu o menino pegando uma espada e os dois estavam vindo em minha direção. Estava com medo, por que eu não sei.

Estava toda encolhida quando um casal pula na minha frente, com uma espada que estava contra a minha garganta. O menino estava tinha os cabelos escuros e os olhos claros, como o oceano, estava somente de cueca e camiseta e segurava uma sacola cheia de roupas e objetos de uso pessoal. Se não estivesse com medo até riria da cara que ele vez. Ao seu lado estava uma menina com cabelos pretos e olhos claros, não tão claros quanto os do menino, mas igualmente bonitos, demostravam audácia, sabedoria e segurança. Logo soube, acabei de conhecer Percy Jackson e Annabeth Chase.
...

Com ajuda deles, de um pouco de drama e do Dionisio, claro, consegui entrar no acampamento. Contei-lhes minha história, de como fui para Hogwarts (felizmente eles já tiveram acesso a obra da J.K, o que facilitou muito a minha vida, porém até agora não acreditavam que fosse de verdade) e daquela bruxa filha da mãe e fada madrinha, porque na verdade ela é as duas coisas e eles me deixaram ficar o tempo que eu precisar no acampamento até que a bruxa faça outro contato comigo ou alguma coisa do tipo. Falaram com Artêmis e a linda me deixou ficar em seu chalé, já que não era filha de nenhum Deus e o chalé dela é o único vazio.

Fui até o chalé, que era lindo por sinal, e descobri que no armário tinha algumas calças jeans, tênis e camisetas do acampamento que eram do meu número. Arrumei o quarto para ficar mais a minha cara, uma vez que eu não sei por quanto tempo eu ficarei lá, tomei banho e guardei, com muito amor, o meu uniforme de Hogwarts. Dei uma deitadinha na cama de casal e apaguei por alguns minutos. Acordei e já era hora do almoço.

Sai correndo pelo acampamento, já atrasada e desesperada por não ser aquela “esquisita” que não faz parte daquele lugar, sei bem como é isso e não é uma coisa legal. Fecho os olhos para reprimir as lembranças que vem como uma avalanche, a minha escola antiga, o primeiro dia, o primeiro trimestre e as pessoas zuando da minha cara por ser diferente. Quando do nada trombo com um menino (N/A: minha especialidade, faço isso sempre) e nós dois caímos no chão. Maravilha. Quando olho para o menino reconheço-o: Nico di Angelo. Filho de Hades. Sou meio fissurada por ele, gosto de pessoas más, o que me faz lembrar de Draco, o que me faz sentir mal.

– Ta tudo bem? – disse Nico com uma mão nas minhas costas me ajudando a levantar e me olhando fixamente nos olhos. Não que eu tenha percebido.

–Aham – disse ainda meio que em choque.

– Ah, ok então. Ta perdida? Você tava indo pra direção errada... – diz apontado para o lado certo com um brilho brincalhão nos olhos me fazendo quase babar.

–Aham – repeti e comecei a segui-lo. Preciso falar que fiquei toda desconcertada depois disso?

–Você é a menina bruxa que veio de Hogwarts? Que está no chalé de Artemis?

– Aham

–Você só sabe falar aham?

–Aham – disse rindo.

–Aham

–Aham- e fomos gargalhando até chegarmos perto do refeitório.

–Venha, a gente vai chegar atrasado- disse pegando na minha mão e me puxando delicadamente, me levando ao delírio internamente. O que me faz pensar em Draco, e me sinto mal novamente e lembro de Nico e me sinto bem. É, sou meio complicada.

Chegamos no refeitório e todos, de todas as mesas olharam para nós e começaram os murmúrios que eram muito fáceis de serem ouvidos, tais como:

–OLHA O NOVO CASAL, OS ESTRANHILDOS

–THRURURURU O FILHO DE HADES E A BRUXINHA.

–Ignora, você é melhor que isso- disse Nico mais pra ele do que pra mim, mas bem, não sou do tipo que ignora.

–SE VOCÊS NÃO TEM ASSUNTO SOBRE AS SUAS VIDAS MEDIOCRES NÃO FALEM DOS OUTROS, AINDA MAIS SE VOCÊS NÃO SABEM SOBRE O QUE ESTÃO FALANDO- gritei e Nico se assustou, depois abrindo um lindo sorriso.

–Bem, isso é bem melhor do que ignorar- disse rindo e me abraçando pelos ombros.