Bem, essa semana foi bem corrida. Aulas de manhã e treino à tarde, isso resumiu os meus sete dias. Ocasionalmente uns beijos com o Draco. A minha vida está sendo perfeita, pela primeira vez na vida não tenho nada do que reclamar e não quero que isso acabe. Agora, já passou nove dias e fico com medo do que possa acontecer comigo.

Estou na biblioteca, encostada no sofá e com as pernas em cima de Draco, lendo um livro qualquer juntamente com minha doninha. Estava chocada com o que estava acontecendo com a menina do livro, como assim ela morre? A vida já não é triste demais para as pessoas escreverem um livro onde a personagem principal morre? Tem que ser um livro feliz, onde todo mundo fica bem no final, pra você poder ver que apesar de tudo a vida pode dar certo, mas não... Já era, fudeu. Sinto as lagrimas jorrarem dos meus olhos e já estou soluçando. Não quero que Draco me veja assim, tão vulnerável e fraca. Me enfio dentro do livro, mas ele já percebeu.

-Alice? Amor? Ta tudo bem? – diz com a voz mais doce que consegue.

-NAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO- digo soluçando e Draco fica preocupado, me abraça e tenta me acalmar.

-Calma meu amor, eu to aqui, fica tranquila- diz afagando meus cabelos, toda vez que ele diz MEU AMOR, meu coração da um pulo que quase voa para fora do meu peito. – Quer me contar o que aconteceu? - disse quando eu já estava mais calma.

- A.. Tifanny morreu- disse com vergonha. Draco fez uma cara de “WTF?”, mas ele viu a capa do livro e abriu aquele sorriso lindo e começou a rir, ou melhor, gargalhar da minha cara.

-Ai amor, você é muito idiota- disse ainda rindo.

-Vai, pode rir, mas ela não devia ter morrido, ela era uma pessoa muito especial e era a personagem principal. Eu vou matar esse autor, ai ele vai ver como é gentil fazer as pessoas e sentirem assim, a vida já é tão difícil e ele ainda escreve essas coisas e ... –comecei meu discurso de leitora revoltada que durou uns bons minutos. Terminei e Draco me olhava com uma cara de sonhador, ia perguntar o que aconteceu quando um menino entra correndo pela biblioteca, chamando minha atenção e a de Draco.

-Alice, um amigo meu queria ficar com você.

-Ah, fala pra ele que eu não quero não- disse dando os ombros.

-Vai sangue-ruim, só um selinho não vai te matar né- disse puxando o meu braço, quando vejo Draco dando um soco no rosto do garoto. Super gentil não? O menino caiu desacordado no chão e eu, invés de socorrer o menino, fui falar com o Draco.

-Draco Malfoy, por que o senhor fez isso? – perguntei com a pose brava.

-Você ainda não percebeu? Eu te amo Alice. Essa é a maior certeza que eu tenho na vida. Não me importa se você não é sangue puro, se você fala coisas que ninguém conheça ou se você ande com o cicatriz, isso te faz única. E não consigo suportar a ideia de te perder, isso faz meu coração doer como se eu levasse um tiro. Só você causa esse efeito em mim e eu não quero que isso passe nunca. To me sentindo um bobo agora falando tudo isso pra você, mas eu não aguento mais esconder de você uma coisa que eu não consigo nem esconder de mim mesmo...

-Cala a boca seu bobão. Eu te amo – disse já chorando de novo. Eu não me emociono fácil não, magina.

...

Já era noite e eu não conseguia tirar a cena do Draco falando que me amava, AI MEU DEUS ELE ME AMA. Me sinto plena, como se eu tivesse achado a minha razão de viver. Eu sei que sou muito nova pra falar uma coisa dessas, 15 anos somente, mas cara, é como eu me sinto. Fui para o salão comunal e sentei ao lado de Draco, que trocava olhares nervosos constantemente com o Zabine.

-Draco, ta tudo bem?

-Aham- disse quase pulando na cadeira de ansiedade.

-Ok então- disse encostando na cadeira e terminando meu jantar. Odeio quando as pessoas escondem as coisas de mim, me irrita profundamente.

Dumbledore começou a falar que sábado iremos a Hogsmeade, Draco já me puxou, um convite discreto, somente assenti. Nosso diretor já estava no fim de seu discurso quando Draco levanta de solavanco e vai em direção ao diretor, diz algo para ele que assente. Medo define. Mil coisas passa pela minha cabeça, me recuso a acreditar em todas elas.

-Ahm.. Oi gente- diz Draco visivelmente com vergonha.

-Oi Malfoy- respondeu os alunos em coro.

-Bem, alguém já comentou que dá muita vergonha falar alguma coisa aqui na frente de vocês? Então, dá muita. Mas vale a pena encarar esse sentimento para falar de um maior. Alice, meu amor, eu te amo. Sei que talvez seja cedo para tudo isso, mas você me mudou, esses nove, dez dias você conseguiu me mudar como ninguém nunca conseguiu. E eu te amo, um sentimento que não cabe mais em mim, um sentimento que se não for amor eu não sei o que é. Alice, você quer namorar comigo?

Preciso dizer que eu estava chorando de novo? Terceira vez no dia, novo recorde. Todos os olhares estavam focados em mim, assenti mais pra mim do que pra ele e vi o seu sorriso mais lindo. Senti meu umbigo ser repuxado e consegui dizer em linguagem labial “EU TE AMO”, vi Draco com uma cara de confuso e desesperado quando desmaiei.

...

Acordei pelo que pareceu horas depois. Levantei e esperei minha visão se estabilizar. Olhei em volta e estava no meio de uma floresta. Cadê o Draco? Cadê Hogwarts? Ai senhor. Não sei porque me lembrou o incidente de quando eu fui parar em Hogwarts. Onde estou? Nossa, eu odeio aquela bruxa filha da mãe, mas não posso reclamar, ela me fez conhecer Draco, e isso eu não posso nunca agradecer. Levando e dou uma olhada em volta. Só vejo árvores, mato e animaizinhos, um leve som de mar também era presente no ambiente. Estava perdida, e não sabia como tinha chegado lá. Ouço uma espécie de rugido. Corro.