Revenge II escrita por Shiroyuki, teffy-chan


Capítulo 15
Capítulo XV




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Já era quase onze horas da noite, e os guardiões deveriam estar se preparando para ir para casa. Deveriam… mas não estavam. Como Nagihiko pedira por um tempo para conversar com todos ali, eles pensaram em ir para algum restaurante familiar ou algo assim, mas era difícil pensar em um lugar que ficasse aberto depois desse horário, de forma que acabaram concordando em ir para o Café que Tsukasa possuía, que ficava perto da escola. O lugar não estava aberto, obviamente, mas Tadase tinha como conseguir a chave, e dessa forma conseguiriam privacidade total para conversar, também.

Como já imaginavam o rumo que a conversa tomaria, Utau e Ikuto resolveram ir logo para casa, pois não havia nada que pudessem fazer para ajudar de qualquer forma. Kairi também decidiu ir, para acompanhar Amu no caminho. Os quatro estrangeiros teriam que ficar, evidentemente, e dessa forma, aqueles que os acompanhavam, Yaya, Rima, Kukai e Tadase, também ficaram. Tadase fez um pouco de café para todos, e eles se acomodaram ao redor da mesa mais afastada, onde sempre ficavam quando iam ali, apesar de estar tudo vazio. Nagihiko tinha um semblante sério e abatido, que ninguém ali jamais havia visto, e todos se mantiveram em silêncio até ele decidir começar a falar. Stéffanie estava sentada do lado de Yaya no lado oposto, e olhava para a parede do outro lado, com a cabeça apoiada em uma das mãos, evitando todo e qualquer contato visual com Nagihiko. Não demonstrava nenhuma expressão no rosto.

Ela vestia um conjunto de roupas de Nadeshiko, apenas por não ter opção já que o seu vestido de festa havia sido estraçalhado pela naginata na hora do ataque de Matthew, uma saia longa rosa clara, que cobria até abaixo do joelho, uma camisa simples branca e um casaco de malha, amarelo-creme. Ela não se sentia nem um pouco a vontade com aquelas roupas, e ser obrigada a usá-las por causa das circunstâncias só fazia aumentar o seu mau-humor. Os outros ainda usavam as roupas de antes, embora estivessem bem mais desarrumados do que no início da noite. Yaya já havia desamarrado o cabelo, e Rima também; Miguel tirara o paletó e desabotoara o colete, e Tadase retirou a gravata, e emprestou seu paletó para Anna, quando ela comentou que sentia frio.

Sendo assim, Nagihiko narrou cuidadosamente toda a história da sua família, o legado da dança e da tradição que eram mantidos por gerações, e seu destino como herdeiro. Contou sobre como ele foi obrigado a viver como garota durante boa parte da infância, apenas para aperfeiçoar o seu estilo de dança, e como isso afetou sua vida, fazendo dessa forma, Temari nascer. E depois, explicou como seu desejo de voltar a ser um garoto deu origem à Rhythm.

Os charas de todos se reuniram no balcão, e Temari e Rhythm explicavam a eles sobre o mesmo assunto. Como Setsuna ainda estava no ovo, no bolso de Stéffanie, teriam que explicar para ela novamente mais tarde, provavelmente. Grace achou tudo muito fabuloso, é claro, e Peach pensou que seria um ótimo começo para um mangá e já estava até mesmo desenhando painéis para esse enredo. Já Libertá pensava que as pessoas deveriam ser livres para usar as roupas que gostassem, fossem saias ou calças, e seu breve discurso emocionado sobre o assunto arrancou alguns suspiros das garotas Charas presentes, que eram Kusu-kusu, Pepi, Grace, Peach, e até mesmo Temari, enquanto Kiseki, Daichi e Rhythm resmungavam mau-humorados em um canto.

Entre os guardiões, porém, o clima era bem mais pesado. Todos escutaram a história em silêncio, bebericando por vezes o café feito por Tadase.

Giovanni parecia bem surpreso, mas como não estava ali há tanto tempo, pensava que não deveria dar qualquer opinião, e de qualquer forma, aquilo não dizia respeito a ele, então ele pouco tinha a acrescentar. Miguel estava intrigado. No início, quando conheceu Nagihiko, imaginou que ele pudesse ter uma chara feminina pelo mesmo motivo que ele próprio, e a ideia era até certo ponto reconfortante. Depois de conhecê-lo melhor, porém, e perceber a indiscutível atração que ele sentia por Stéffanie, logo abandonou a hipótese, mas ele estava aliviado por finalmente saber a verdade.

Anna ficou absolutamente maravilhada com a história, e seus olhos brilhavam quando ela escutava Nagihiko conta-la. Parecia algo saído de algum anime! E o fato de Nadeshiko não ser uma garota de verdade, mas sim Nagihiko, que ela já conhecia e sabia bem que não havia como ter qualquer relação com Tadase, a deixava tão aliviada que ela sentia que podia sair flutuando por aí. Porém, ao ver o semblante carregado de Stéffanie, ela não pode deixar de se sentir culpada por estar assim… já que a amiga parecia estar ainda muito magoada.

— … então, é por isso que Fujisaki Nadeshiko e Fujisaki Nagihiko são a mesma pessoa… - ele concluiu, olhando fixamente para Stéffanie. Talvez ela pudesse começar a gritar a agora, e xingá-lo em espanhol, por tê-la visto sem roupa, ou qualquer coisa assim. Era o que ele esperava que fizesse. Mas ela apenas tomou o seu café, em silêncio, e nem mesmo olhava para ele. Suspirando, ele concluiu – Eu sei que foi um erro manter esse assunto em segredo por tanto tempo, eu devia ter contado à vocês muito antes, mas… simplesmente não sabia como chegar ao assunto… - ele baixou o olhar.

Es eso (É só isso)? – todos se surpreenderam quando Stéffanie falou, já que ela não disse nada durante a conversa inteira – Está bien, me voy a casa. (Está bem, eu vou para casa.) Vamos Yaya. – Ela disse, secamente, já erguendo-se em direção à saída. Yaya a segurou pelo braço antes disso.

— Não, Onee-chan! Espera um pouco, o Nagi ainda não terminou! – ela obrigou a espanhola a sentar novamente.

— Pois… acho que isso é um pouco chocante, para todos nós, não é? – Miguel pensou que deveria dizer alguma coisa, em nome dos seus colegas estrangeiros, para aliviar o clima. – Mas acho que podemos nos acostumar bem com a ideia, afinal, todos aqui temos nossas próprias particularidades a lidar, não vamos te julgar…

I think it’s awesome!… (Eu acho que é incrível!...) - Anna entoou, sinceramente. Não era segredo para ninguém que ela adorava crossdressers, genderbenders ou qualquer coisa do tipo, então não era a toa que estava tão empolgada – Você muda so much (tanto) quando it's a girl, I cannot believe in it! (é uma garota, eu não posso acreditar nisso!)– ela juntou as mãos em frente ao corpo, emocionada. Seus óculos quase caiam do rosto quando ela bradava, muito animadamente, e Tadase virou o rosto, incomodado com toda aquela empolgação repentina.

Anche io non ci posso credere ...(Também não posso acreditar) – Giovanni sussurrou, temeroso – È un poco amedrontadore ...(É um pouco assustador…) – se garotas já o assustavam, e muito, um garoto que se tornava uma era demais para ele aguentar.

— E o que você acha, Onee-chan? – Yaya fez mais uma tentativa de inserir Stéffanie novamente no grupo.

Creo que debemos ir embora de una vez (Acho que devemos ir embora de uma vez.)– Stéffanie respondeu apenas, franzindo os lábios com os olhos frios. Nagihiko suspirou, derrotado. Não importava que todos os outros tivessem aceitando bem a verdade, se Stéffanie ainda estava daquele jeito, então nada havia adiantado.

— V-você já está bem? Do ataque do Matt, eu digo… ainda dói em algum lugar? – ele indagou, cautelosamente.

No siento dolor en cualquier (Não sinto dor em qualquer) parte, aquí ninguém tiene motivos para preocuparse. – Stéffanie falou alto, mas olhava para a direção onde estavam sentados Kukai e Miguel. Nagihiko sentia o gelo da voz dela ferir sua pele, tão intenso. - Sólo quiero ir a casa y dormir, es pedir mucho? (Só quero ir para casa dormir, é pedir muito?)– dessa vez ela olhou para Yaya, que já não sabia mais como segurar Stéffanie ali.

— Blanca-san tem razão, já é tarde e nós deveríamos ter ido embora há muito tempo… - Tadase concordou, complacente. – Amanhã poderemos conversar com calma e resolver todos os problemas, certo?

— Eu vou ligar para minha mãe nos buscar aqui – Rima puxou o celular, falando com Anna, que assentiu com a cabeça.

— Eu posso levar você e a Yaya para casa… é perigoso ir tarde… - Nagihiko disse para Stéffanie, segundos depois.

Usted puede dar una carona para nosotras, Rima? – a espanhola perguntou diretamente para Rima, ignorando completamente a oferta de Nagihiko.

— Ahn… claro. – ela respondeu rapidamente, concordando. Enquanto as quatro garotas esperavam, minutos depois o carro de Rima podia ser visto vindo ao longe.

— Tchaau, meninos! – Yaya acenou, quando o carro estacionou e elas começaram a entrar, enquanto Rima explicava para mãe por que demoraram tanto.

— Ainda tenho que fechar o café, mas eu e o Agostinni-san podemos ir à pé daqui… ?– Tadase indagou, e Giovanni concordou sem pestanejar. – Bem, então, matta ashita, minna… Lewis-san… - ele se despediu, com um sorriso.

— Bye, Prince and Pico… ouch! Your coat?(Ahh, o seu casaco?) – ela já ia tirando o paletó, mas Tadase a impediu.

— Pode ficar com ele e me entregar amanhã – ele disse, antes dela entrar sair.

Ciao… (Tchau…) Giovanni também se despediu, contidamente. Logo que as meninas foram embora, Tadase fechou o café pelo lado de fora, e foi indo, depois de dizer tchau para todos, e ainda algumas palavras de conforto para Nagihiko, como “tudo vai ficar bem”. Giovanni o seguiu a passos rápidos, e logo eles também sumiram.

Nagihiko ainda ficou alguns segundos em silêncio, olhando para o lado onde Stéffanie havia ido embora com as outras, e logo sobressaltou, ao sentir os braços de Kukai ao redor do seu ombro, em um desajeitado abraço.

— Melhor irmos logo para casa também, Fujisaki! – ele tentou sorrir de modo tranquilizador, e Miguel o acompanhou. – Você vai ver, cara, tudo vai se ajeitar…


~


No dia seguinte, obviamente, a situação entre os guardiões não melhorara nem um pouco. Nagihiko já não aguentava, precisava fazer alguma coisa para reverter aquela situação com Stéffanie. Só não sabia direito o que poderia ser. Pensou em falar com algum dos garotos, mas nenhum deles tinha conselhos realmente bons para dar. Tentou conversar com Amu antes da aula começar, mas quando Stéffanie chegou na sala, sentiu-se tão mal que não conseguiu falar mais nada para ela, e permaneceu em silêncio durante o restante da aula. Nem mesmo o seu “bom-dia” ela respondeu, e não olhava na direção dele nem por descuido. A situação era muito, muito pior do que ele poderia prever.

Durante o intervalo entre as aulas, ele pensou em talvez ir até o Royal Garden para falar com Yaya e sondar como é que a espanhola estava agindo em casa, mas de todas as pessoas, Yaya provavelmente era a menos recomendada como aliada em um momento delicado desses. Ele andava pelo corredor, já que se ficasse na sala de aula, a atmosfera desagradável só aumentaria entre eles, e pensava no que fazer, quando viu alguém caindo bem à sua frente, das escadas.

Ouch…

— Você está bem, Lewis-san? – Nagihiko indagou alarmado, vendo a garota levantar sozinha e espanar o pó da saia, como se cair da escada assim de repente fosse algo simples e comum no dia a dia.

Yes… I just (Sim… eu só) estava esperando o Prince Charming, ele foi comprar bebidas for us… (para nós) - ela respondeu, sorrindo sem graça – Nós vamos ter lunch on the roof, you want (almoço no telhado, você quer) se juntar a nós?

— Ah, não, arigatou. Eu não quero atrapalhar, e… espera aí – ele voltou a olhar para Anna, intrigado – Vocês vão almoçar no telhado? Sozinhos? – ele não podia acreditar que Tadase estava mesmo avançando desmedidamente dessa forma, agindo tão de repente! Isso era inesperado.

— Oh, no. Miss Mashiro, Micchan and Sohma estão waiting for us (esperando por nós) lá em cima – ela respondeu, sem entender muito bem o assombro de Nagihiko. Ele respirou meio aliviado. Apesar de torcer pelo amigo, não ia gostar de ser deixado para trás e ver o loiro tomando a iniciativa antes. Seria humilhante ser ultrapassado por alguém como Tadase… - And… como está a Stéffanie? She is fine? (Ela está bem?)

— Está almoçando com a Amu na sala. Eu resolvi sair, para ela não ficar mais irritada do que já está – ele olhou para trás, meio perdido, e então passou a mão pelo cabelo – Ah, eu já não sei mais o que fazer…

— Apenas give her time to think (tempo para pensar)... I'm sure (tenho certeza de que )quando ela esfriar a cabeça e perceber how cool is the (quão legal é o) Nagi-Naddy, she'll change her mind! (ela vai mudra de ideia) – Anna bradou com otimisto, tentando motivar Nagihiko – Hey, não fique desanimado! Quando eu conheci a Nadeshiko, só consegui pensar no quanto ela era refinada e delicada. You are really, really so good in this kind of thing! Refined and polite like a queen! I wanted so badly to be like you! All my problems would be solved if only I could be more like a perfect girl ... (Você é realmente, realmente tão bom nesse tipo de coisa! Refinado e educado como uma rainha! Eu queria tanto poder ser como você! Todos os meus problemas seriam resolvidos se eu pudesse apenas ser mais como uma garota perfeita…)– ela tagarelou em um inglês rápido que Nagihiko mal pode entender.

— Eu poderia, ahn… pedir à Nadeshiko para ensinar a você como ser uma Yamato Nadeshiko, se é isso o que você está querendo… - Nagihiko sugeriu, rindo da maneira como a expressão de Anna pareceu brilhar com aquela frase. Ela queria ser uma garota mais refinada para conquistar Tadase ou algo assim? Se era isso, ele podia muito bem ajudar. E se fosse legal o bastante, e Stéffanie visse o seu melhor lado, poderia parar de pensar nele como um traidor mentiroso e então perdoá-lo de alguma forma.

Really? (Sério?)

— Ah, Fujisaki-kun. Algum problema? – Tadase surgiu pelo corredor oposto, com uma sacola de caixinhas de sucos e chás. Os olhos de Anna viraram-se imediatamente para Nagihiko, como se pedisse desesperadamente para que ele não contasse a ele sobre a proposta dass “aulas de etiqueta” ou algo assim. Ele entendeu o recado, e sorriu como sempre.

— Nada não… só o de sempre… - ele revirou os olhos, e Tadase entendeu que se tratava de Stéffanie.

— Quer ir almoçar com a gente? – Tadase ofereceu, solidário com o amigo.

— Não, eu estou bem. Acho que vou dar uma passada na quadra e fazer algumas cestas até o fim da hora do almoço, talvez isso me dê energia… – ele riu, e deu de ombros, colocando as mãos no bolso. – Até depois, Hotori-kun, Lewis-san…

— Ele disse alguma coisa sobre a Blanca-san enquanto vocês conversavam antes, Lewis-san? -Tadase indagou, preocupado com o amigo. Anna tentou lembrar-se da conversa anterior rapidamente.

She is still angry… (Ela ainda está com raiva…) - ela recapitulou, enquanto eles voltavam a subir as escadas. – I think he is very sad… (Eu acho que ele está muito triste)… mesmo não demonstrando muito isso…

— Fujisaki-kun sempre foi bom em disfarçar o que sentia… - Tadase comentou - e sobre o que mais vocês conversaram? – ele especulou, curioso, e Anna quase tropeçou, segurando no braço dele para não cair. Não queria contar a ele que queria aprender a ser mais como Nadeshiko. De alguma forma, isso era muito mais constrangedor de admitir para ele do que para qualquer outra pessoa.

About… a-about nothing! (Sobre… sobre nada!)– ela falou rapidamente, e puxou o braço de Tadase para içá-lo para cima mais rápido - Come on, prince, the other must be hungry! Forward! (Vamos lá, Príncipe, os outros devem estar com fome! Em frente!)

— Hai, hai, Lewis-san… - ele se deixou levar, sem querer mais pensar no assunto. se Anna dizia que estava tudo bem, então deveria estar…


~


Como se não bastasse estar irritada o bastante, desejando apenas ter ficado na cama e não sair de lá o dia inteiro, Yaya ainda tinha que testar a sua paciência, esquecendo as coisas na sala de aula, e fazendo-a esperar por ela na entrada. Quanto tempo mais ela pretendia demorar?! Já estava começando a anoitecer.

A reunião dos guardiões já havia sido uma tremenda perda de tempo, e ninguém conseguiu se concentrar direito. Se ao menos Tadase não fosse tão certinho e permitisse que eles saíssem mais cedo, ela já poderia estar em casa, tomando um bom banho e assistindo aquele dorama que passava por essa hora, que era muito interessante.

— Droga, Yaya niña aburrida! Cuánto más va a hacer esperar? (Quanto tempo mais vai me fazer esperar?)

— Blanca-san…

Stéffanie paralisou ao ouvir aquela voz, e não ousou olhar para trás. Sabia muito bem a quem pertencia, e odiava-se por isso. Sentiu que ele se aproximava, e pensou que não havia outro jeito mesmo, teria que afugentá-lo por si mesma.

Lo que quieres…(O que quer)? – o seu tom de voz frio foi morrendo quando ela finalmente virou para trás e viu o rosto de Nagihiko. Ele não parecia nada com o que era usual. Estava com os olhos abatidos, os ombros baixos… até seu cabelo parecia com menos vida do que o normal. Ela engoliu as palavras duras, e não conseguiu dizer mais nada.

— Podemos conversar? – ele pediu, sem levantar o tom de voz. Ela não respondeu, e ele continuou tentando – Mas não aqui, em algum lugar onde… a Yaya não vá… - com um esboço de sorriso, ele indicou o lado oposto do portão, onde havia arbustos altos e atrás deles, um banco de pedra. Deixou livre a escolha para Stéffanie segui-lo ou não, e ela acabou cedendo, andando atrás dele silenciosamente. – Hm… a sua chara, como ela está? – ele indagou antes de qualquer coisa, talvez tentando quebrar o clima tenso entre eles.

Stéffanie sentou no banco, o mais afastada dele que podia, quase na beirada. Ajeitou a saia no colo e puxou o ovo de dentro da pasta, enrolado em um lenço bordado.

Después del ataque de Matthew, ella no se despertó. (Depois do ataque de Matthew ela não acordou mais)– Stéffanie começou a falar, indiferentemente – Yo siento como si ella estivesse aquí, ya veces incluso posso escuchar su voz, pero ella no sai. Creo que todavía (Eu sinto como se ela estivesse aqui, algumas vezes posso até escutar sua voz, mas ela não sai. Acho que de qualquer forma,) ela está se recuperando…

— Espero que ela volte logo. – ele fitou o ovo com expressão indecifrável – Sabe… a Temari também ficou dentro do ovo por algum tempo. Foi logo depois que eu fui para a Europa, e não tinha certeza do que queria da minha vida. Eu pensei em desistir da dança e tudo, e estava tão deprimido que ela acabou presa lá dentro. Foi horrível… eu quase cheguei a desistir…

Por eso ... que haces esa cosa que vestir a una chica (Por isso que você faz essa coisa toda de se vestir de menina)? – ela hesitou antes de falar, mas não olhou na direção de Nagihiko.

— Bem, também… Eu estava cansado de viver como uma garota, queria ser livre, seguir meu próprio ritmo – ele sorriu – Por isso Rhythm nasceu. Tanto ele quanto Temari, os dois fazem parte de mim. Nadeshiko e Nagihiko são uma pessoa só, ambos são partes de mim que eu não posso separar, e não posso viver sem. – olhou fixamente para Stéffanie, e ela o fitou de canto, um tanto perturbada – Eu queria muito que você entendesse isso… e me perdoasse. Eu não tive a intenção de enganá-la, Blanca-san. Jamais. Isso é apenas… algo que nasceu comigo, um destino do qual eu não posso fugir. Por favor… eu não quero que você me odeie… - ele suplicou por fim, segurando-se para não tocar nela, nem deixa-la desconfortável. Ele só queria que ela olhasse para ele novamente. Nem que fosse para gritar, brigar, implicar com qualquer coisa que ele falasse… nem que fosse para xingá-lo em espanhol e sair batendo os pés depois… ele só queria que tudo voltasse a ser como era antes.

Entiendo que este es un deber de la familia, pero ... por qué no lo dijiste? Por qué se oculta durante tanto tiempo? Todo el mundo ya sabía, entonces usted no tiene que mentir! (Entendo que seja um dever de família, mas… por que não me disse? Por que escondeu durante tanto tempo? Todo mundo já sabia, você não tinha que mentir!) – ela alterou a voz uma oitava, e seus olhos se estreitaram – Yo só queria que tivesse me dicho la verdad desde el principio, y yo no me sentiria tan estúpida como me siento en este momento! (Eu só queria que tivesse me dito a verdade desde o início, e eu não me sentiria tão estúpida como me sinto agora!)

— Blanca-san… gomenasai. – ele baixou os olhos – Eu sei que não precisava ter mentido, e eu tive muitas oportunidades de contar sobre tudo, mas… eu simplesmente não sabia como chegar a essa história. Não é como se eu pudesse chegar simplesmente dizendo “Olá, meu nome é Nagihiko, eu jogo basquete, danço e às vezes uso saia, mas eu sou muito legal…” certo?

Stéffanie suprimiu a todo custo uma risada que teimou em quase aparecer com aquele comentário, e virou o rosto corado para o outro lado. Ela podia perdoá-lo mais facilmente do que pensara, e isso a irritava profundamente. Queria estar mais furiosa do que isso.

Todavía no compro esa historia. (Eu ainda não compro essa história) – ela resmungou – No importa que no me dijera la verdad ni nada de eso, pero ... como dice Mateo ... t-te aprovechaste de mí ... (Não importa que não tivesse me dito a verdade nem nada disso, mas.. como disse o Matthew… você se aproveito de mim…)

— Eu não fiz nada com você! – Nagihiko argumentou – Eu até me esforcei para ser discreto, e ficar longe de você, mas você ficou toda amiga da Nadeshiko, o que eu podia fazer?

Ora, podría pelo menos haber puesto un poco más de esfuerzo em se manter longe de mí! – ela acusou, cruzando os braços - Usted fingió ser una chica, para obligarme a hablar de cosas vergonzosas, e incluso entró en el (Você fingiu ser uma garota para me obrigar a falar de coisas vergonhosas, e até mesmo entrou no) provador comigo na loja! U-usted me vio c-casi d-desnuda.. (Você q-q-quase me viu… s-sem roupa…) – a voz dela baixou um pouco na última frase, mas logo ela voltou a gritar. Nagihiko estava quase aliviado por tê-la berrando com ele novamente, era um grande avanço - Es por eso que no puedo perdonar! (É por isso que não posso te perdoar!)

— Bem, se você quer colocar as coisas nesse ângulo – ele se segurou para não sorrir de maneira convencida – Você também me viu trocando de roupa no dia do show. Invadiu meu camarim sem mais nem menos, e me viu sem camisa e tudo!

Stéffanie engasgou. Repentinamente, a imagem daquela noite retornou à sua mente, e ela teve um lampejo da visão rápida, mas muito memorável, de Nagihiko semi-despido, com o kimono de dança quase na cintura, e o peitoral indiscutivelmente masculino dele totalmente exposto a frente de seus olhos. Ela corou. Havia se esquecido completamente disso, por causa da raiva, mas agora que parava para pensar, aquela visão privilegiada estava gravada na sua retina, com todos os detalhes.

No es lo mismo! Yo no queria hacer esto! N-no es como yo quería verte se trocar, ni nada de eso! (Não mesmo! Eu não queria fazer isso! Não é como se eu quisesse ver você se trocar nem nada disso!) ela gritou, indignada.

— Quer dizer que só por que você é uma garota pode fazer essas coisas e espiar os garotos? Que injusto, Blanca-san!

Yo pensé que era Nadeshiko dentro! – Ela tentou se justificar, levantando-se de pé. Quando ela se ergueu, e gritou, Yaya que estava procurando por ela do outro lado a visualizou, e já estava correndo naquela direção, acenando e sorrindo.

— Yaya está vindo, pense rápido. Você quer que eu conte desse pequeno incidente para ela? - ele pressionou, e Stéffanie bufou, estupefata, completamente incrédula.

Me estás chantajeando (Está me chantageando)? – ela exclamou em um tom agudo e sem acreditar. Ele assentiu com um sinal de cabeça.

— Com toda a certeza. Vamos lá, Yaya está chegando. Vai me perdoar ou não?

Y-yo… yo perdoo! Feliz ahora? (E-eu… eu perdoo!! Feliz agora?) – ela praticamente cuspiu as palavras, enquanto olhava alarmada para o lado de Yaya, que estava quase ali.

— Quase. – ele sorriu vitorioso, e apertou a mão da espanhola sem que ela tivesse estendido para ele. Ela bufou mais uma vez, resmungando xingamentos em espanhol para si mesma. Yaya se aproximou, com um sorriso enorme no rosto.

— Ah, vocês já se acertaram? A Yaya está feliz!! – ela gritou, abraçando os dois ao mesmo tempo. Stéffanie soltou a mão de Nagihiko num gesto brusco, ainda com a cara fechada. Nagihiko sorria para ela, calmamente. – Que bom que a Onee-chan não está mais brava! Ureshii~ – ela sorriu para a espanhola, que tinha uma expressão no rosto que dizia tudo, menos “Não estou mais brava.” Provavelmente, tanto ela quanto Nagihiko podia ler facilmente a garota, depois de tanto tempo, e sabiam que a irritação dela não estava nem perto de ser como antes.

Venimos a casa pronto, Yaya! (Vamos logo para casa, Yaya!) – ela bradou, segurando a ruiva pelo braço e a arrastando para longe de Nagihiko - Quiero ver la novela! (Quero ver a novela!)

Assim que se afastaram, com a espanhola batendo o pé, e Yaya querendo mais detalhes da reconciliação, Nagihiko sorriu, genuinamente aliviado. Sentia um peso ser tirado das suas costas. Stéffanie havia o perdoado por suas falhas, ele tinha uma segunda chance. Por que, apesar de ela não ter dito isso diretamente, com todas as palavras, ele sabia como ninguém como interpretar aquela garota, e entendia até mesmo o que ela não demonstrava. Era como ler nas entrelinhas… ele só precisava prestar atenção e saber interpretar bem cada palavra.


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Notas finais do capítulo

Yoo, minna~ Shiroyuki desu ~

Então~ Nagi conseguiu contar a verdade para todos, e ainda, depois de muito custo, fazer a nossa espanhola tsundere perdoá-lo... tem alguma coisa que esse garoto não consiga fazer, afinal??
Agora só resta saber no que essa informação nova irá mudar o curso da história daqui para frente~ e eu espero seus reviews o/

Próximo com a senpai~ bye bye :3