Carlos pediu formalmente a mão de Daniela a seu pai no dia seguinte, ele sabia que ela poderia não ficar bem por muito tempo, por isso ele queria passar a maior parte do tempo possível com ela. Seu pai aceitou de bom grado o pedido de Carlos. Agora eles eram oficialmente namorados, o que para ele era apenas um momento de alegria.
Daniela porém não estava tão feliz assim como Carlos. Ela o amava, é claro, entretanto ela sabia o quanto ele sofria quando ela partisse e ela não queria que ele sofresse, mas era inevitável. Uma hora todos que estavam a sua volta iam passar pelo sofrimento da morte dela que agora era mais real que antes. Ela prometeu voltar a fazer o tratamento após voltarem da viagem, mas Daniela sentia que não daria tempo. Ela sabia que os médicos a permitiram ir na viagem para pelo menos ela falecesse feliz, mas ela não iria aguentar muito, mas mesmo assim ela queria fazer Carlos feliz, nem que fosse por poucos dias.
Daniela continuou a ir a casa de Bianca todos os dias, mas agora ela ia no horário em que Carlos estava fazendo ensaio pros shows, ficar com Bianca lhe dava alegria, uma sensação incrível, diferente. Ver a garotinha sorrir lhe dava motivação para levantar todas as manhãs para brincar com a menina. Daniela dividia seu tempo com seus pais, Bianca e Carlos passando o maior tempo possível com cada um. Sempre ela dormia um pouco a tarde, depois de brincar com Bia e almoçar, mas antes de seu pai ou Carlos chegarem. Ela ficava com eles na sala, brincava ou saia pra jantar com o namorado, mas os dias se passaram rápido e o dia da viagem chegou. Ela tinha feito as malas já, mas na hora de se despedir de seus pais e de Bianca sentia o coração se contrair. Ela sentia o medo de não vê-los mais dominá-la e então ela chorou ao se despedir. Entrou no avião e logo que ele decolou ela secou as ultimas lagrimas que caiam de seu rosto e apoiou sua cabeça no ombro de Carlos que a abraçou.
– Porquê está chorando meu amor? - ele afagou os cachos da menina ao falar-lhe.
– Estou com medo de não vê-los mais meu amor, eu posso não...
– Shiu. - O garoto a silenciou colocando um dedo em seus lábios. - Não pense nisso meu anjo, voltaremos bem. - ele disse e beijou o topo da cabeça dela.
Ela se aconchegou mais nele e ficou assim por um bom e logo tempo. Eles olhavam pela janela as nuvens e um pouco das cidades que sobrevoavam. Carlos depois de um tempo, passou a mão pelo rosto da menina e disse:
– Você já pensou, você está parado na beira e parece que tudo vai cair, tudo vai desmoronar, ai você pensa em desistir, mas você não pode simplesmente fazer isso, ai você luta para conseguir ficar em pé,mas aos poucos tudo cai.
– O que você quer dizer Carlos?
– A nossa vida. Nós estamos sempre na beira, a qualquer momento poderá desmoronar mas não podemos deixar isso dominar nossa vida. Por exemplo, eu posso estar andando na rua, vir um motorista bêbado e me atropela e eu não posso prever isso ou evitar, a nossa vida não tem um mapa que mostra os riscos de tudo ou onde devemos ir, o que podemos ou não fazer. A única coisa que podemos fazer é vivê-la, aproveitar cada instante, cada momento, principalmente quando estamos com quem amamos. - Carlos disse e beijou o topo da cabeça de Daniela, apertando a em seus braços.
– Eu te amo Carlos e quero aproveitar a cada momento possível ao seu lado. - Daniela disse pouco antes de fechar os olhos cansada e dormir tranqüilamente nos braços de Carlos.
– E eu não quero te perder minha princesa. - Ele disse mas ela já não o ouvia.

***

– Carlos? - A menina chamou-o assustada ao acordar. Percebeu que não estava mais no avião e sim num quarto, em uma cama. Ela não se lembrava de ter saído do avião muito menos de ter chegado ao hotel. Ela ficou ali na cama quieta apenas tentando lembrar-se de como fora parar ali. Ela ouviu o barulho de chuveiro e logo um Carlos enrolado em uma toalha surgiu com os cabelos pingando água.
– Acordou meu amor?
– Como eu cheguei aqui?
– Hmm, digamos que o trem de carga lhe trouxe. - Carlos disse e deu uma piscada. Trem de carga era o segurança de Gustavo e dos meninos, um homem negro alto e muito forte, capas de carregar os quatro meninos de uma vez, porém ele quase nunca fazia isso.
– Porque não me acordou?
– Porque você fica linda enquanto dorme e eu queria que descansasse antes de nosso show de hoje. - ele disse e deu um breve beijo nos lábios da namorada. - Aliás, depois do show quero leva-la a um parque aqui de Montreal*.
– Carlos...
– Minha linda, você esta sentindo algo?
A menina fazia uma cara de dor e seu estomago se contorcia. Ela levantou da cama correndo ate o banheiro e vomitou no vaso sanitário.
Após jogar fora tudo o que havia ingerido ela ficou pálida e um pouco fraca. Carlos ajudou-a a voltar para a cama e deu-lhe alguns remédios.
– Acho que não devia ter comigo aquelas coisas do avião. - ela disse sorrindo.
– Será que foi só algo que você comeu Little Bird?
– Sim. Estou melhor já. Será que pode pedir um chá para mim enquanto eu tomo um banho? - ela pediu.
Carlos assentiu e fez o pedido enquanto ela entrava no chuveiro. Depois de trancar a porta ela ligou a agua deixando que ela caísse por sua pele, para então notar a enorme mancha roxa em seu abdômen.
A LLA estava forte de novo