Na segunda feira seguinte Daniela acordou sentindo-se um pouco melhor. Os remédios que ela começara a tomar na sexta feira fizera efeito mais rápido do que imaginara.

Levantou-se e tomou um banho logo pela manha. Ao lavar seu cabelo, menos fios caíram e ela sentia-se bem melhor do que na semana anterior. Após lavar-se e enxugar-se vestiu um vestido florido que ganhara de sua tia há alguns meses. E vestido ela leve e confortável, uma saia rodada com o corpo justo. Colocou uma sandália rasteira visto que o dia estava ensolarado. Tomou todos os diversos remédios que havia ao lado de sua cama e desceu para o café da manha.

Incrivelmente naquela manha seu pai e sua mãe estavam à mesa, coisa que raramente acontecia, visto que seu pai sempre saia bem cedo para o trabalho.

- Bom dia DaniBird! – seu pai disse levantando-se e indo a sua direção. Abraçou-a e depois lhe beijou a face.

- Bom dia papai. – a menina disse sorrindo.

- Sente-se minha filha. – sua mãe disse também lhe beijando.

- O que aconteceu? – Daniela perguntou após sentar-se.

- Porque deveria ter acontecido algo? – seu pai perguntou.

- É que sempre nessas horas você já foi para o trabalho...

- A sim, então hoje eu pedi uma folga, vou ficar o dia todo com vocês. Daqui a pouco temos sua consulta, e Carlos me disse que convidou você para ir com eles na turnê e você disse que iria então eu resolvi ficar com você hoje e depois do médico, ir comprar algumas roupas para você, certo? Sei que você irá para o Brasil e lá o clima é diferente...

- Papai, não precisa comprar nada... – Daniela tentou argumentar, mas seu pai interrompeu-lhe.

- Esta dizendo que eu não posso mais comprar coisas para a minha pequena? – seu pai fingiu estar chateado e Daniela riu.

- Não é isso papai é que não há necessidade de comprar roupas.

- Mas eu quero ir comprar DaniBird. – Seu pai disse.

- Esta bem né? – Concordou contragosto.

Eles tomaram vossos cafés da manhã conversando normalmente, mas não tocaram no assunto que os afligiram nos dias anteriores.

Após tomar seu café Daniela pegou sua bolsa e alguns documentos. Sua mãe já segurava uma pasta que continha vários exames médicos e receitas do tratamento que Daniela já tinha feito.

Foram até o hospital e todos cumprimentaram o médico, Doutor Simon amigavelmente. Nem parecia que Daniela estava doente.

O médico conversou com ela sobre seu estado de saúde, que como todos tinham ciência, não era dos melhores. Logo após ele removeu uma pequena porção do sangue e da medula de Daniela, apenas alguns poucas Ml para examinar.

Daniela ficou esperando os minutos seguintes aguardando o resultado das amostras retiradas.

- Daniela? – o médico chamou a. – Eu soube que você quer ir a turnê de seus amigos não é? Carlos esteve aqui e perguntou sobre o que poderia ser feito para estar melhor até na semana que vem, e pelo que suas amostras mostraram você esta melhorando muito bem querida. Como seu médico, posso assegurar-lhe que tudo ocorrera bem nessas duas semanas, mas procure não cansar-se muito tudo bem? Coma coisas saudáveis e ingira bastante água. As suas plaquetas sanguíneas e os glóbulos vermelhos estão mais fortes e se multiplicando mais rápido, porem os glóbulos brancos estão em níveis baixos então você ficara meio vulnerável a qualquer tipo de vírus, mantenha-se alerta ok? – o doutor alertou.

- Então eu estou bem? – Ela perguntou sorrindo.

- Dani, não posso dizer que está bem, estou apenas dizendo que você teve uma melhora considerável nesses últimos dois dias, porem quero que durante toda esta semana você descanse, se alimente direito e continue a tomar os remédios. Procure dormir mais e cansar menos. Sexta-feira você deve voltar aqui e veremos novamente seu sangue, se você tiver melhorado ainda mais você poderá ir sossegada na viagem.

- Ah, obrigada Doutor Simon, não sabe como fico feliz em saber disso! – a menina disse animada e abraçou ao médico que cuidava ela desde criança.

- De nada Dani, lembre-se do que falei em mocinha! – ele disse.

- Vou lembrar! Até mais! – a menina disse e saiu do consultório.

Ela e seus pais estavam felizes pela noticia. Eles foram até um shopping próximo e Daniela começou a comprar algumas roupas. Sua mãe e seu pai ajudavam ela escolher, alias, seu pai pegava vários cabides de roupas e fazia-a experimentar tudo. A menina e a mãe apenas riam daquilo.

Eles compraram roupas, sapatos, bolsas e acessórios, fizeram uma renovação no guarda-roupa de Daniela.

Quando estava saído do shopping Daniela resolveu passar numa loja de brinquedos. Lembrou-se de Bianca.

Entrou na loja e viu diversos brinquedos e bonecas. Acabou por comprar um urso enorme, quase maior que a própria Daniela. O urso era na verdade um urso bem conhecido, um Pooh e ele segurava seu pote de mel. Ela comprou também um ‘Bat-Movél’ para Logan, um ‘Spider-man’ para o Kendall, um cachorro de pelúcia que parecia muito com o Fox que James tem para ele e por ultimo, um casal de ursos que estavam abraçados e tinham uma plaquinha escrita: “Sempre Estarei ao seu lado.” para Carlos. Pediu que embrulhassem todos os presentes e levou-os com a ajuda de seus pais.

Ela e seus pais almoçaram no shopping mesmo e depois foram para casa. Já passavam-se das 14:00 quando ela chegou, e logo foi na casa de Bianca. Seu pai foi com ela para ajuda-la a levar o urso para a menina.

Bianca brincava sozinha no quintal e quando viu Daniela saiu correndo em sua direção. Pulou em seu colo e beijou-a.

- Dani! – a menina disse sorrindo.

- Oi Bia! – Daniela retribuiu o abraço que a menina dava-lhe.

- Você não veio sábado... – Bianca disse tristonha.

- Me desculpe amor, mas eu não estava bem... Mas olha para compensar hoje eu te trouxe um presente... Papai? – Daniela chamou-o e ele tirou o enorme urso de dentro do carro.

- É grande! – a menina disse animada.

- Oi Dani, tudo bem? – Kim apareceu e abraçou Daniela.

- Estou melhor Kim, estive ml durante o final de semana.

- Oh meu Deus, não diga que é...

- Sim, a LLA. – Daniela disse e baixou a cabeça.

- Oh querida – Kim abraçou-a.

- Olha mamãe, a Dani me trouxe um presente! – a pequena disse animada.

- Abre Bia! – Daniela pediu.

A menina rasgou o enorme embrulho e viu o urso.

- É o Pooh! Obrigada Dani! – a menina tentava segurar o urso mais ele era grande e pesado de mais para ela segurar. Kim ajudou a filha.

- Gostou Bia?

- Sim, muito. Ele é lindo! Obrigada Dani! – a menina disse e abraçou a sua amiga.

- De nada minha princesa. – Daniela disse. – Olha eu tenho que ir, não posso ficar hoje, mas amanha eu venho, nem que seja um pouquinho ta?

- Tudo bem, amanha iremos brincar com o Pooh! – Bianca falou e deu um beijo em Daniela.

- Até mais querida, e qualquer coisa me ligue tá? – Kim também a abraçou.

Daniela entrou no carro e seu pai levou-a até o apartamento de James onde todos os meninos estavam. Despediu-se de seu pai e entrou no prédio.

Tocou a campainha e o próprio James abriu a porta.

- Oi Dani, entra! – ele disse dando espaço para ela passar.

- Oi meninos, eu vim aqui trazer alguns presentes... – a menina disse e todos correm até ela.

Ela deu a cada um o seu presente e como ela imaginara, eles gostaram.

- Carlos este é o seu... – ela deu o urso e quando ele abriu ele sorriu imediatamente.

- “Sempre Estarei ao seu lado.” – ele disse em voz alta. – Estes sou eu e você? – ele perguntou e ela assentiu. Ele abraçou-a fortemente enquanto sorria. – Oh My Little Bird, eu sempre estarei ao seu lado... – ele disse a ela e depois lhe deu um beijo no rosto. A menina enrubesceu. – Porque esta vermelha? – ele perguntou segurando o roto dela em suas mãos.

- Na... Nada – ela gaguejou.

- Vamos dar uma volta? Como você está? – ele lhe perguntou.

- Estou bem Carlos. O médico falou que estarei bem para ir a viajem. – ela respondeu.

- Hmm, topa um sorvete? – ele perguntou. Ela mordeu os lábios rindo. Só Carlos mesmo para querer tomar sorvete num dia não tão ensolarado assim. Mas ela aceitou o convite.

Eles desceram no prédio e foi até a sorveteria próxima, comprar dois milk-shakes e sentaram-se em uma das mesas.

- Eu estou com medo Dani... – Carlos disse inesperadamente assustando a menina.

- Medo do que Carlos? – ela perguntou parando seu Milk-shake.

O menino parou também e respirou fundo, ponderando sobre as próximas palavras.

- Eu tenho medo de te perder Dani. – ele falou pausadamente, palavra por palavra.

- Você não vai me perder Los. – ela disse com um meio sorriso.

- Então você vai fazer o novo tratamento? – ele perguntou. Ela apenas negou com a cabeça. – Então... Eu vou te perder Dani... – ele falou triste.

- Você não vai me perder Carlos, porque eu não vou a lugar algum.

- Dani, nós sabemos que sem o tratamento você pode...

- Morrer? – ela o interrompeu. – Carlos, faz onze anos que a morte me rodeia. Desde que eu descobri a doença eu posso morrer a qualquer instante, você sabe disso.

- Mas antes você estava bem, estava reagindo bem, agora você esta vulnerável. Você esta sempre tentando se decidir, você vai ter uma chance ou ficar invisível?

- Eu não estou tentando me decidir Carlos, eu já tomei minha decisão. E, eu sou invisível? – ela perguntou.

- Não, você não é invisível.

- Sim, não sou. Carlos eu estou cansada, você sabe o quanto eu tenho lutado para ficar bem, sabe o quanto isso machuca. Eu não quero mais criar expectativas, pensar no que pode ou não acontecer.

- Dani...

- Carlos. Por favor, não. – ela pediu colocando uma mão sobre a dele, apertando-a.

- Você sabe que se você... – ele engoliu em seco -... Se for, eu estarei indo junto não sabe? – ele disse.

Ela encarou-o perplexa.

- O que você esta dizendo Carlos? Você não...

- Sim. Se você se for, não haverá mais motivos para eu continuar. Você não percebe Daniela? Você é meu mundo, você é tudo o que eu tenho. Eu não posso viver em um mundo que não tem o seu sorriso, em um lugar que não ouço sua voz, que não vejo seus olhos. Eu não posso viver sem seu abraço ou sem sua risada. Eu não posso suportar a ideia de ir à sua casa e você não pular em cima de mim quando abre a porta ou brigar comigo por eu falar de boca cheia. Eu não posso cantar em um palco sabendo que você não esta ali, vendo tudo. Eu não posso respirar um ar em que você não mais respira, eu não posso viver sem você!

- O que você esta dizendo Carlos...

- Estou dizendo que eu não posso viver sem você, eu te amo Daniela. Não apenas como um amigo como você imagina, eu te amo muito mais do que isso.

- Carlos eu não...

- Não diga nada Dani, eu sei que você pode não sentir o mesmo, mas eu quero que você saiba disso. Você é tudo para mim. Por favor, fique. Fique comigo, ao meu lado... – os olhos do menino estavam cheios de lagrimas igual aos olhos de Daniela.

Ela fechou os olhos e abaixou a cabeça.

Um sonho? Um pesadelo? Por que isso?

Ela abriu novamente os olhos e encontrou-os com os de Carlos, marejados.

- Eu não irei a lugar nenhum Carlos, não sem você. – ela disse. O menino sorriu. - Eu irei fazer o tratamento, eu prometo. E nada ira nos separar... – ela disse levantando-se e sentando-se ao lado dele. Ele a abraçou forte, não permitindo nenhum espaço entre eles, e em meio a esse abraço ela disse às palavras que ele mais queria ouvir naquele momento. –... Por que eu também te amo.